Cachoeiro de Itapemirim: 100% de esgoto tratado

No momento em que o Brasil contabiliza um enorme passivo ambiental e de saneamento básico ao registrar que 3 em cada 4 municípios não possuem tratamento de esgoto e apenas 25% dos domicílios dispõem de serviços sanitários, uma empresa do Espírito Santo mostra que, a partir de uma parceria entre a iniciativa pública e a privada, é possível obter bons resultados.

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A precariedade dos serviços de abastecimento de água e, principalmente, a falta de coleta e tratamento de esgoto afligem uma enorme parcela da população, representando um importante fator de exclusão social. Aproximadamente, 50 brasileiros morrem por dia devido a doenças decorrentes da falta de saneamento básico.

Estima-se que será necessário efetuar investimentos de mais de R$ 100 bilhões em 10 anos para mudar o cenário e se chegar à universalização do atendimento. Para tal, os investimentos no setor, que atualmente montam a cerca de 0,25% do PIB, precisariam ser ampliados em quatro a cinco vezes. O Brasil possui 43 concessões privadas de serviço de água e esgoto, que atendem a 6 milhões de pessoas. Concessionária do serviço de saneamento básico de Cachoeiro de Itapemirim há cinco anos, a Citágua Águas de Cachoeiro inaugurou a sua Estação de Tratamento de Esgoto – ETE, que resultará em dispor de esgoto tratado para 175 mil habitantes, garantindo saneamento básico integral para 100% da área urbana do município.

Há cinco anos, Cachoeiro de Itapemirim experimenta avanços no saneamento básico. Após a concessão do serviço de água e saneamento para Citágua, o município conseguiu modernizar as redes de abastecimento, diminuir todos os índices negativos e alcançar metas como a ampliação de 60% na oferta de água tratada, garantido o fornecimento 24 horas por dia. Em comparação com os índices nacionais, Cachoeiro representa exemplo de solução para os graves problemas de saneamento.

A nova estação tem capacidade para tratar 450 litros de esgoto por segundo e a tecnologia adotada permitirá a redução da carga orgânica em 95%, até o final de 2004. Com esgoto tratado, os moradores de Cachoeiro de Itapemirim ganham mais qualidade de vida e saúde, uma vez que a falta de saneamento básico (principalmente esgoto não-tratado) é a principal causa de 65% das internações hospitalares. A previsão é a de atingir os distritos localizados na zona rural a partir de 2005.

Parte do projeto “Rio Vida”, a nova estação também contribuirá na despoluição do Rio Itapemirim, que atualmente recebe 21 milhões de litros de esgoto diários. Com um investimento de R$ 35 milhões, o “Rio Vida” coloca Cachoeiro de Itapemirim numa posição diferenciada da maioria das cidades do Brasil (incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte), já que dados do IBGE apontam que 75,6% dos domicílios brasileiros despejam esgoto sem tratamento em rios, lagos e praias.

A nova ETE é 100% informatizada; isto significa que todos os procedimentos são operados por uma central que consegue identificar problemas e controlar cada etapa do processo. Agora o atendimento ao cliente é todo computadorizado. A partir do momento em que o usuário faz uma reclamação, o sistema já aponta o problema e o encaminha para o setor responsável. Inclusive o prazo de atendimento é monitorado. Antes da concessão, o tempo médio para atendimento era de três dias; hoje a média é de 12 horas.

Inovações tecnológicas, sistema da qualidade, atendimento 24 horas e ampliação da oferta de água, todos estes avanços efetuados no setor de saneamento básico em Cachoeiro de Itapemirim, após a concessão do serviço para Citágua, mudaram a vida de 97% dos moradores, segundo pesquisa de opinião.

Educação ambiental

Além de investir na construção da ETE, a Citágua, através do “Rio Vida”, colocou em prática um programa de educação ambiental que tem como objetivo conscientizar os moradores de Cachoeiro para a necessidade de mudar os hábitos em relação à preservação.

Já foram capacitados cerca de 500 professores; eles receberam suporte pedagógico para avançar no processo educacional em relação à questão ambiental em sala de aula. Com treinamento realizado por profissionais multidisciplinares, os professores transformam-se em agentes ambientais, disseminando informações sobre recursos naturais, preservação e desenvolvimento sustentável para mais de 5 mil alunos das redes pública e privada, que passaram a conhecer a importância do saneamento e da preservação ambiental.

por Caroline Polese Jornalista
Fonte: Revista Eco 21, Ano XIII, Edição 79, Junho 2003. (www.eco21.com.br)