Se observarmos as diversas estatísticas, com relação a disposição dos resíduos sólidos, nos deparamos com uma situação alarmante, visto que 75% das cidades brasileiras dispõem seus resíduos sólidos em lixões. Esta situação trás diversos comprometimentos ao meio ambiente e à saúde da população. Podemos citar problemas como: surgimento de focos de vetores transmissores de doenças, mau cheiro, possíveis contaminação do solo e corpos d’água, além da inevitável destruição da paisagem urbana das cidades, principalmente. Como agravante, deve ser mencionada a presença de catadores nestes locais colocando em risco, não apenas a sua integridade física e de saúde, mas também submetendo-se à uma condição de marginalidade social e econômica, que muitas vezes se confunde com o próprio conceito de lixo, situação esta que deve ser repudiada e melhor administrada pelos governantes.
Diante destes fatos é fundamental que governo e sociedade assumam novas atitudes, visando gerenciar de modo mais adequado a grande quantidade e diversidade de resíduos que são produzidos diariamente nas empresas e residências. Portanto, é preciso inverter a pirâmide, o que significa colocar em prática a desejável política dos “3 Rs” (Reduzir, Reusar e Reciclar) e não continuar produzindo e gerando mais resíduos, deixando que “alguém”assuma a responsabilidade de tratar e dispor adequadamente. Para isso, é preciso modificar atitudes, por exemplo: usar o papel dos dois lados ; imprimir somente o que é necessário ; otimizar o tamanho do papel ao real espaço da mensagem ; usar embalagens recicláveis (papel ou papelão) ; adotar práticas de reciclagem e reuso, como levar sacolas para as compras em vez de sempre usar embalagens novas ; separar resíduos “sujos” de resíduos “limpos” que impedem ou dificultam a reciclagem ; utilizar frutas e legumes com cascas ou incorporá-las ao solo ; separar resíduos perigosos, como pilhas, lâmpadas, medicamentos, material de limpeza, tinta de cabelo e outros produtos químicos igualmente danosos ao meio ambiente e à saúde humana.
Todas estas práticas não só reduzirão o volume de resíduos gerados diariamente, mas também permitirão o exercício de reuso, culminando num melhor gerenciamento dos resíduos. São atitudes simples e viáveis que poderemos incorporar cada vez mais, a fim de proteger o ar, o solo e a água, trazendo como conseqüência melhores condições de saúde humana, qualidade de vida e saúde ambiental.
Lauro Charlet Pereira1
Dr. em Planejamento Ambiental Pesquisador da Embrapa Meio Ambiente – SP
Marta Regina Lopes Tocchetto2
Doutoranda. em Eng. de Metalúrgica e de Minas Prof. da Universidade Federal de Santa Maria – RS