Para diagnóstico e prognóstico da atmosfera, tornam-se indispensáveis a instalação e operação de um sistema global de observações meteorológicas. Este sistema deve ser apto a promover a exploração global da atmosfera, tanto na superfície quanto nos níveis superiores, além de realizar medições em intervalos de tempo curtos para permitir o monitoramento da origem e do desenvolvimento dos fenômenos.
Sendo a atmosfera um meio contínuo, o que existe é uma interligação de fenômenos que se desenvolvem na superfície, interagindo com as camadas superiores da atmosfera e vice-versa. Desse modo a ONU mantém um órgão especializado, denominado ORGANIZAÇÃO METEOROLÓGICA MUNDIAL – OMM, que congregava em 1990 cerca de 161 países, coordenando o mundo todo, por todas as atividades meteorológicas de caráter operacional, bem como os programas de pesquisas de interesse mundial.
A OMM não propõe soluções imediatas para todos os problemas meteorológicos. Em mais de 100 anos de cooperação internacional, os importantes progressos da Meteorologia já se situaram em um lugar destacável entre os programas e as atividades destinados a solucionar ou aliviar graves problemas da humanidade.
As atividades da OMM são controlados pelos Diretores dos Serviços Meteorológicos Nacionais, baseando-se na mútua cooperação entre eles. Isso faz com que a OMM seja um organismo coordenador e executor, que explica o êxito que tem alcançado ao responder às necessidades de todos os países, tanto os desenvolvidos quanto aqueles em vias de desenvolvimento.
Segue abaixo o organograma da OMM:
A – Congresso: órgão supremo, em que estão representados todos os países membros, que se reúnem há 4 anos, com a subdivisão relacionada abaixo:
A1 – Associações Regionais: África (I), Ásia (II), América do Sul (III), América do Norte e Central (IV), Sudoeste do Pacífico (V), Europa (VI), reunindo-se a cada 4 anos. Cada país membro tem direito a pertencer à Associação Regional na qual se localiza sua rede de estações meteorológicas.
A2 – Comissões Técnicas: sistemas básicos, instrumentos e métodos de observações, ciências atmosféricas, meteorologia aeronáutica, meteorologia agrícola, hidrologia, meteorologia marítima, aplicações especiais da meteorologia e da climatologia, sendo que se reúnem a cada 4 anos, tendo cada país membro direito de representar comissão.
A3 – Comitê Executivo: constituído por 24 membros, entre os quais figuram os seis presidentes das Associações Regionais, na qualidade de membros ex-ofício. Reúnem-se todos os anos. O Comitê Executivo subdivide-se em:
A3.1 – Comitê conjunto da OMM: Conselho Internacional de Uniões Científicas – CIUC e de organizações do Programa de Pesquisas Atmosféricas Globais – GARP.
A3.2 – Secretaria: responsável pela execução e gestão. Integrada pelo secretário geral e secretário adjunto, responsáveis pelos planejamento do programa e questões relativas a ONU, relações exteriores. Informações e boletim da OMM. Divide-se em:
- Departamento da Vigilância Meteorológica Mundial
- Departamento de Investigação e Desenvolvimento
- Departamento de Hidrologia e Recursos Humanos
- Escritórios Regionais África e América Latina
- Departamento de Administração, Conferências e Publicações
- Escritórios de Atividades do GARP
- Departamento de Aplicações Meteorológicas e Meio Ambiente
- Departamento de Cooperação Técnica
- Departamento de Ensino e Formação Profissional
Todo o Globo Terrestre está representado na OMM. Um dos mais notáveis resultados dos 100 anos de cooperação internacional foi a criação do programa básico da OMM e constitui-se de um sistema mundial composto de instalação e serviços nacionais oferecidos por cada um dos países envolvidos. No Brasil, o Departamento Nacional de Meteorologia – DNMET, sediado em Brasília é o órgão executor.
O objetivo principal do VMM (Vigilância Meteorológica Mundial) é fazer com que todos os países membros obtenham as informações meteorológicas necessárias. A VMM atualiza-se a cada 4 anos, mediante os Congressos da OMM.
A VMM possui três sistemas específicos:
- Sistema Mundial de Observações – SM
- Sistema Mundial de Preparação de Dados – SMPD
- Sistema Mundial de Telecomunicações – SMT
Sistema Mundial de Observações – SMO
Efetua várias observações meteorológicas que são realizadas em todos postos de observação dos diversos países membros e obedece a normas e critérios técnicos padronizados. Entretanto, isso é considerado deficiente, sendo que as lacunas mais amplas estão nas regiões oceânicas, especialmente no Hemisfério Sul.
Existem 2 tipos de satélites quanto à órbita: os da órbita polar e os geoestacionários, equipados para transmissão automática de imagens e com elementos sensores. Os de órbita polar estão situados entre 800 e 1.400 km de altura e os geoestacionários encontram-se a 36.000 km. Os satélites observam as camadas de nuvens, as distribuições verticais de temperatura, a umidade, a superfície (mar e terra ) e as regiões cobertas de gelo e neve.
A VMM programou uma série de 5 satélites geoestacionários, de tal forma que a cada 30 minutos se tenha uma imagem completa de toda a atmosfera terrestre. Estes satélites são os mais utilizados para previsão do tempo, pois fornecem imagens a cada 30 minutos, tanto na faixa visível (durante o dia) quanto ao infravermelho (dia e noite). Essas imagens são digitais e podem ser processados por computadores, o que irá gerar outras informações, como precipitação, radiação solar, temperatura e ventos em várias camadas da atmosfera.
Os satélites baixos, de órbita polar, fornecem melhor resultado espacial e são capazes de determinar a posição de plataformas de coletas de dados móveis, como bóias à deriva e navios. As plataformas de coleta-PCD são importantes para regiões com escassez de postos de observação convencionais, como na Amazônia brasileira e mesmo nos oceanos. Esta plataforma é acoplada ao satélite e coleta inúmeros parâmetros para fins meteorológicos, etc.
O Brasil pode receber informações dos satélites TIROS-N, GOES (75ºW) e METEOSAT (0º) (OMM, nº72, 1990).
Sistema Mundial de Preparação de Dados – SMPD
Os Centros Meteorológicos Mundiais (CMM), os Centros Meteorológicos Regionais (CMR) e os Centros Meteorológicos Nacionais (CMN) trabalham com os dados que recebem do SMO, via satélites.
Os CMM estão em Melbourne, Moscou e Washington D.C., cada um equipado com enormes computadores e operando dados que recebem em horas fixas, duas vezes ao dia. Distribuem suas análises e previsões mundiais para os outros centros.
Mais de 100 CMN cooperam com a VMM e lhe enviam dados. A função é satisfazer às necessidades nacionais no que se refere às informações elaboradas.
Sistemas Mundiais de Telecomunicações
Transmitem a enorme quantidade de dados meteorológicos que chegam à VMM e distribui aos usuários os resultados das análises e das previsões realizadas nos CMM, CMR, CMN. Utiliza todos os meios de comunicação, tais como telégrafo, telefone, rádio, cabos, linhas terrestres, satélites, etc., estando organizado segundo o Circuito Principal de Enlace (CPE), que liga Melbourne, Moscou e Washington e tem 4 ramificações, sendo a mais recente a de Pequim.
O Departamento Nacional de Meteorologia -– DNMET possui atualmente 650 Estações Climatológicas e cerca de 20 estações de Radiossondagem, além de órgãos operacionais, como a Aeronáutica e a Marinha, que também possuem redes de observações, visando atender suas próprias necessidades.
Em níveis estadual e local, Secretarias de Estado e empresas possuem ainda redes de observações. Mas o Brasil caracteriza-se por uma marcante escassez de observações meteorológicas, o que causa sérias dificuldades tanto às previsões do tempo quanto aos estudos climatológicos.
Fonte: www.wwiuma.org.br