O Parque Nacional do Iguaçu foi criado em 1939 e está localizado na região oeste do Paraná, na fronteira com Argentina e Paraguai. Na época da sua criação, essa região era uma imensa massa florestal praticamente despovoada. Atualmente abrange áreas dos municípios de Foz do Iguaçu, Medianeira, Matelândia, Céu Azul e São Miguel do Iguaçu.
O caminho que hoje se chama de Estrada do Colono foi aberto pelo governo do Paraná na década de 50. A intenção era favorecer a colonização do oeste. Inicialmente ligava a estrada Foz do Iguaçu-Guarapuava, que acompanhava o limite norte do Parque Nacional do Iguaçu, até a margem do rio. Só alguns anos depois foi aberto o trecho que continuava a partir do rio Iguaçu e chegava até Capanema, então uma vila em início de implantação, e acabou por se conectar com as vias de acesso que vinham do sul.
Sua existência foi admitida porque naquele momento ela era a única alternativa de circulação para os novos habitantes que migravam para a região, bem como para o fluxo de mercadorias. Seu impacto era muito menos significativo, porque além de um volume de tráfego pequeno, o Parque Nacional ainda não estava ilhado como hoje. Todo o seu entorno era completamente coberto pela floresta nativa.
Mas a região passou por mudanças profundas que alteraram completamente a situação do Parque. Onde antes existiam dois municípios hoje existem 128. No município de Foz do Iguaçu, que antes tinha 3 milhões de hectares e englobava todo o Parque, viviam menos de 17 mil pessoas. Hoje, com uma área 50 vezes menor, abriga uma população 100 vezes maior. Da imensa e contínua floresta que cobria milhões de hectares restou apenas o Parque Nacional do Iguaçu.
Foram construídas estradas asfaltadas que ligam todos os pontos da região e a estrada do Colono passou a ter uma função de menor importância, tornando-se desnecessária. Uma ponte internacional sobre o rio Santo Antônio, ligando Capanema com a Argentina foi construída para compensar o fim daquela via através do Parque.
A Estrada do Colono foi motivo de discórdias no Paraná desde a sua criação. Com a pressão de ambientalistas, em 1986, o trecho foi interditado por uma ação do Ministério Público Federal. Permaneceu fechada durante mais de 10 anos, tendo sido invadida e reaberta à força em 1996 e 1997, por moradores e autoridades locais, que se recusaram a atender a ordem judicial de fechamento e até cobraram ilegalmente pedágio dos 300 veículos que a usavam diariamente.
Agentes da Polícia Federal e soldados do Exército fecharam a estrada no dia 13 de junho deste ano, cumprindo ordem judicial do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre (RS), que determina o seu fechamento definitivo. Houve conflito entre as forças de segurança e os integrantes da Associação de Integração Pró-Estrada do Colono, que tentaram impedir o fechamento da estrada. Os soldados e agentes usaram escavadeiras para fazer buracos no leito da rodovia e usaram explosivos para destruir a balsa que faz a travessia do Rio Iguaçu.
Mesmo que para uma minoria ela ainda tenha uma importância significativa, é inegável que seu fechamento não traz nenhum transtorno grave. Para o Parque, ao contrário, sua manutenção significa o empobrecimento gradativo que fatalmente irá levar à extinção de espécies a médio e longo prazos, comprometendo a função ecológica desta que é uma das mais importantes áreas de preservação ambiental do país. Segundo a diretoria do Ibama, a estrada afeta toda a vida do parque, porque impede o fluxo gênico das espécies (fauna e flora), colocando-as em risco de extinção.
O Parque Nacional do Iguaçu foi a primeira unidade de conservação brasileira a ser reconhecida pela Unesco, órgão da ONU, como Patrimônio Natural da Humanidade, em 1986, devido ao seu expressivo papel na conservação do meio ambiente. Atualmente corre o risco de perder o título por causa da Estrada do Colono. A Unesco o incluiu, no ano passado, na lista de patrimônio em perigo.
Redação Ambientebrasil