Silvicultura do Eucalipto II – Pragas e Doenças

Pragas e Doenças

Principais doenças abióticas do Eucalipto

 Ainda como doenças abióticas pode-se citar:

Déficit hídrico em eucalipto

 A falta de água acarreta distúrbios fisiológicos no eucalipto, em viveiros a falta de irrigação pode levar as mudas à murcha permanente.

Sintomas

Em eucaliptos de 0,5 a 1,5 anos, há seca dos ponteiros, de galhos, e da haste principal; a necrose é em forma de V invertido em folhas ainda fixas; folhas com sintomas de deficiência mineral (clorose marrom pálida); necroses irregulares (trips); cancros pequenos; fendas e rugosidade na haste principal.

Eucalitptos com mais de 1,5 anos, são pouco afetados pelo déficit hídrico, com exceção do Eucalyptus grandis.

Em eucaliptos com mais de 4 anos, não se apresentam sintomas externos.

Solos encharcáveis

Devido à retenção de água ou ao levantamento do lençol freático, ocorre a deficiência de oxigênio para as raízes e microorganismos, elevando a concentração de gás carbônico.

Sintomas

Plantas raquíticas que morrem prematuras.

Ocorre a seca dos ponteiros em galhos e na haste principal em árvores tolerantes.

Há o lançamento de folhas anormais em árvores adultas e vários sintomas de deficiência de minerais.

Excesso de folhas nos talhões, principalmente após o primeiro corte.

Seca de ponteiros do eucalipto

Ocorre em regiões encharcadas, e onde a drenagem é insatisfatória ou onde o lençol freático é muito alto.

Sintomas

Lesões na extremidade da haste principal e dos pontos de inserção dos seus galhos e ramos; tais lesões podem causar anelamento e cancro. Esta doença é caracterizada pela inserção dos galhos com a haste principal, e pela inserção dos ramos e pecíolos.

Causas

Devido à ocorrência de um distúrbio fisiológico nas árvores de eucalipto, aparecem como consequência a inserção dos galhos com a haste principal, e a inserção dos ramos e pecíolos, predispondo as árvores ao ataque de fungos parasitas facultativos.

Controle

Plantio de procedências ou clones de eucalipto tolerantes à doença.

Principais doenças abióticas do Eucalipto

 Doença  Características   Ação   Controle 

Tombamento de mudas (dampong off)

Fungo:

Cylindrocladium scoparium

Rhizoctomia solani

Pythirium sp.

Fusarium sp.

Ocorrem em locais que apresentam as características:

Elevada umidade de solo e do ar decorrentes de irrigação e chuvas muito freqüentes.

Viveiros instalados em área combrada e solos de má drenagem.

Elevada densidade de mudas por área.

Adubações orgânicas ou nitrogenadas em excesso.

Na pré emergência parte das sementes que não germinam.

Anelamento do coleto.

Lesão escura nas hastes.

Queda das hastes.

Anelamento das hastes, com as mudas murchando, morrendo e secando em pé.

Técnicas especiais de produção demudas e por meios químicos.

Produção em tubetes deve receber prioridade em relação à semeadura direta em sacos plásticos.

Fumigação do substrato com Brometo de metila.

Em semeadura direta, recomendam-se desbstes na fase em que as mudas tem de 4 a 7 cm de altura.

Efetuar vistorias 2 vezes por semana (base e haste).

 Podridão de estacas

Fungo: 

Cylindrocladium sp.

Rhizoctonia sp.

Ocorre em locais que apresentam:

Elevada temperatura.

Umidade excessiva.

Material vegetal debilitado. 

Lesão escuta que se alastra da base para o ápice da estaca.  Fumigação do substrato com brometo de metila, suspensão dos recipientes para evitar contaminação vinda do chão. 

 Oidium

Fung:

Oidium sp.

Ocorrem freqüentemente em ápoca de estiagem.

Geralmente ataca em viveiros e em casa de vegetação, mas não costuma causar muita preocupação. 

Manchas isoladas ou em toda planta, com aparêmcia de talco.

Folhas com visível encanoamento.

Estrangulamento e deformação dos limbos mais novos.

Morte dos rebentos foliares.

Pulcerizações quinzenais de 35 gramas de Benomil/100 litros de água ou semanais de 250gramas de enxofre molhável/100 litros de água.

No campo, as medidaas de controle são dispensadas, uma vez que só são atacadas as folhas jovens de E. Citriodora.

 Ferrugem de eucalipto

Fungo:

Puccinia psidii

Ocorrem em locais com umidade elevada e temperaturas baixas ou moderadas. 

 Minúsculas pontuações verde claras ou vermelho amareladas, com posterior desenvolvimento de urédias, seguidas de coloração amarelo-gema-de-ovo.

Raramente mata as plantas, exceto quando ataca com severiade brotações novas após o corte raso.

Evitas plantios de espécies suscetíveis à doença.

Pulverizações semanais com fungicidas.

Seleção de espécies, procedências de clones ausentes de doença e que precicemente atiginssem o crescimento em altura e desrama natural nos dois primeiros anos de vida.

 Cancro

Fungo:

Cryphonectria cubebsis

 Geralmente ocorre em regiões com temperatura maior que 23oC e precipitação anual maior ou igual a 1.200 mm, sendo uma doença típica de regiões tropicais. 

Mortes esporádicas e lesões basais em plantas jovens.

As plantas respondem à doença formando uma nova casca, resistente, abaixo da infectada (sapatas). A casca se desgarra do tronco sob a forma de tiras.

Cancro típico, que se caracteriza por uma lesão margeada por calos, resultando em lesão profunda, matando o câmbio. 

Quebra das árvores pelo vento à altura das lesões.

 Na resistência interprocedência, o reflorestamento deve ser feito com procedências moderadamente ou altamente resistentes. Na resistência intraprocedência, são feitas plantações adultas pesadamente infectadas de modo natural.

Recomenda-se a utilização do maior número de clones possíveis nas plantações clonais, evitando estreitas demasiadamente a base genética.

 Fungo: 

Corticum salmonicolor

 Ocorre em ambientes com precipitação anual de 1200 a 1500 mm.

Araca plantas fisiologicamente debilitadas e que se encontram inadaptadas ecologicamente.

Formaçao de um denso micélio cor-de-rosa, que representa a sintomatologia típica da doença.

Os órgãos atacados se ressecam e perdem a sintomatologia característica da doença, resultando em áreas necorsadas, escuras e com calos. 

 Calda bordaleza.

Utilização de espécies resistentes à doença E. Deglupta e E. torrealiana

Estromas negros

Fungo:

Hypoxylon mummularium

Hypoxylon stygium

Interferem negativamente na qualidade da celulose produzida, isenta de sujeira, pois os constituintes químicos do processo Kraft não conseguem dissolver os estômatos negros. É caracterizado pela presença de estromas negors em crostas irregularmente elíticas, de marrons a negras, superfícies rugosas. Após o abate das árvores, consumir a matéria-prima o mais rápido. o local de estocagem deverá ser bem drenado, limpo e capinado, e a estocagem, no máximo de 2 meses. Manejar o pátio de forma que se utilize a madeira com no máximo 3 meses de estocagem. Limpar o páto de forma a diminuir a quantidade de inóculos iniciais de fungo.

Outra doença biótica do eucalipto é a mancha da folha, a qual apresenta as seguintes características conforme o fungo que a ataca:

Culindrocladium sp. e Coniella fragarie: inicialmente apresentam colônias esverdeadas e, posteriormente, azuladas. Ocorrem em clima tropical em épocas chuvosas, atacando principalmente as espécies E. dunnii, E. grandis, E. Saligna. Provoca perdas da fotossíntese (local transparente).

Phaeoseptoria eucalypti: inicialmente ocorrem manchas marrom arroxeadadas agrupadadas por todo limbo; posteriormente salpiques negros pela folha, até que esta fique completamente necrosada. O controle é realizado com pulverizações químicas com Mancozeb.

Aulographina eucalypti: ocorrem manchas de marrons a pretas circularescoriáceas, pontuações negras e calosidade. Ocorre em regiões quentes, atacando principalmente as espécies E. saligna, E. globulus, E. viminalis. Não há controle.

Altenaria tenuissima: inicialmente manchas marrons avermelhadas e irregularmente circulares, contornadas por halo marrom vermelho, no centro amarelo claro, ocorrendo de 1 a 20 manchas por folha. Ocorre em regiões quentes, atacando principalmente as espécies E. alba, E. grandis, E. globulus. O controle é realizado através de adequado suprimento de macro e micronutrientes e pulverização com Mancozeb.

Trimmatostroma excentricum: manchas marrons escuras, coriáceas e várias por folha. Em E. Citriodora.

Micosphaerella sp: manchas marrons claras, coriáceas e salpicadas de negro, no viveiro e em campo, irregularmente circulares. E. grandis, E. camadulensis.

Cercospora sp: ocorre em mudas passadas, maduras, manchas retangulares e irregulares. E. grandis, E. dunnii.

Exigências e Tolerância das Espécies mais recomendadas para plantios nos estados do Paraná e de Santa Catarina

 Fatores  E.dunnii  E.viminalis  E.grandis  E.saligna
 Solos  Úmidos e férteis  Úmidos, bem drenados  Profundos e bem drenados  Férteis, úmidos mas bem drenados.
 Geadas  Tolerante, susceptível a geadas tardis.  Tolerante  Média tolerância a geadas severas  Média tolerância a geadas severas.
 Deficiência hídrica  Baixa tolerância  Baixa tolerância  Baixa tolerância   Baixa tolerância
 Capacidade de rebrota  Boa  Boa  Reduzida ante deficiência hídrica  Alta
 Crescimento   Bom  Bom  Supera as demais espécies  Bom
 Locais recomendados  Altitude entre 500 metros até 1000 metros  Altitudes entre 650 e 1100m  Partes superiores do terreno  Partes superiores do terreno
 Procedências indicadas*

 Telêmaco Borba -PR

 Canela – RS

 Canela – RS  Telêmaco Borba – PR  Telêmaco Borba – PR

*para plantios no centro sul do Paraná e Planalto Catarinense.

Considerações sobre o Cultivo dos Eucaliptos nos estados do Paraná e de Santa Catarina 

No sul do Brasil, o cultivo do eucalipto enfrenta problemas com o inverno e as geadas severas. O uso de material genético adequado é fundamental, priorizando espécies e procedências, que, entre outras características desejáveis, sejam tolerantes ao frio e com boa capacidade de rebrota, o que possibilita a regeneração dos talhões na eventualidade de ocorrência de geadas severas.

Para a região centro sul do Estado do Paraná e em Santa Catarina (região do planalto catarinense), segundo o Zoneamento Ecológico para Plantios Florestais, as espécies recomendadas são:

 Observações   Espécie   Usos
 Mais recomendadas para regiões com invernos rigorosos   E. viminalis   Madeira para serraria, laminação,construções, caixotaria, escoras.
   E. dunnii  Madeira para serraria e laminação, papel (mais restrito; estudos mais apurados em andamento).
 Recomendação de cuidados extras em regiões de invernos severos  E.saligna  Madeira para laminação, móveis, estruturas, caixotarias, papel e celulose.
   E.grandis   Madeira para construções, laminação e serraria. Principal fonte de matéria-prima para celulose e papel em São Paulo.

Redação Ambiente Brasil