O manejo tem como objetivo recuperar, manter ou aumentar o nível de produtividade do sistema e favorecer a conservação dos recursos disponíveis. Desse modo, as técnicas de manejo visam manter a capacidade produtiva do sistema, o balanço de nutrientes e o suprimento de água aos componentes.
Manejo das Plantas
Escolha das espécies
Na escolha das espécies, são considerados os aspectos inerentes a cada espécie (biologia, ecologia e fenologia), às condições ambientais, ao desenho do SAF (Sistema Agroflorestal), aos de ordem cultural (hábitos alimentares, materiais e crendices) e aos de ordem econômica (mercado – comercialização e preço). As informações sobre biologia e ecologia das espécies indicam as necessidades nutricionais, de temperatura, luz e água, dando uma idéia da densidade de plantio e das associações possíveis.
Arranjo Espacial
Depende de vários aspectos, tais como espécies associadas, função de cada componente no sistema, características dos produtos a serem obtidos, ciclo desejado de cada componente, tratamentos culturais previstos, tipo de tecnologia empregada e colheita da produção de cada componente.
Atualmente, existe a tendência de se utilizar o plantio em fileiras ou faixas, pois permite uma melhor ocupação da área e facilita a sistematização dos tratos culturais e da colheita. É possível estabelecer SAF a partir da introdução de cultivos agrícolas ou animais em áreas de vegetação natural arbustiva ou do componente arbóreo em sistemas agrícolas já estabelecidos.
A introdução do componente arbóreo nas áreas agrícolas pode ser feita através da regeneração natural ou artificial, sendo mais comum esta última, devido ao esgotamento do banco de sementes do solo e à ausência da vegetação natural remanescente nas áreas circunvizinhas.
Os tratos silviculturais empregados no manejo de regeneração são os mesmos aplicados na condução de florestas naturais ou plantadas.
Arranjo espacial com regeneração artificial – existe uma ampla flexibilidade na distribuição espacial dos componentes, o que permite um melhor controle das condições ambientais, obtido também através do uso de tratamentos silviculturais como a poda e o desbaste.
Arranjo espacial com regeneração natural – nas áreas de vegetação nativa, as espécies de interesse estão distribuídas em diferentes padrões, podendo estar dispersas regular ou aleatoriamente na área, ou em grupos, dependendo das características dos processos de dispersão. Esta distribuição natural poderá ser alterada com desbaste ou adensamentos.
A introdução de espécies domesticadas, nestas áreas, pode se dar a partir de tratamentos de refinamento, podas e de aberturas no dossel, procurando-se privilegiar as espécies florestais de interesse e compatibilizando a intensidade dos tratamentos silviculturais às condições ambientais (luz, umidade, temperatura e solo) exigidas pela espécie introduzida.
Arranjo temporal – aproveitam-se as diferenças nas exigências das espécies através das etapas de crescimento e desenvolvimento e as mudanças ecológicas ocorridas na sucessão da vegetação. A variável tempo amplia as dimensões do sistema agrícola que, na maioria das vezes, pode ser considerado bidimensional: Área (A²), enquanto que os sistemas agroflorestais (SAF) possuem, mais duas dimensões: Área (A²) x Altura (H) x Tempo (T), o que confere a estes sistemas uma maior complexidade e dinamismo.
Manejo dos Solos
O manejo do solo nos SAF deve ser entendido sob o ponto de vista sistêmico. O ecossistema possui um potencial produtivo natural, cujos nutrientes encontram-se distribuídos entre os componentes bióticos (vegetação e animais) e no solo. As entradas ocorrem através de precipitações atmosféricas, fertilizantes químicos ou orgânicos, de rações e sais minerais, e as saídas pela erosão, lixiviação e colheita.
Um dos objetivos do manejo é a redução das perdas (saídas). A perda por erosão e lixiviação pode ser parcialmente reduzida com práticas adequadas No entanto, a colheita é uma atividade desejável e fundamental nos SAF.
As técnicas de manejo do SAF devem cumprir os seguintes objetivos:
- Manter o solo coberto com vegetação ou com seus resíduos, durante a maior parte do ano.
- Manter o conteúdo de matéria orgânica das camadas superficiais do solo.
- Manter um sistema de raízes superficiais para contribuir na estrutura e na ciclagem de nutrientes.
- Minimizar a remoção de matéria orgânica e nutrientes, através da colheita.
- Evitar queimadas.
Manejo dos Animais nos Sistemas Agroflorestais
Os princípios de manejo são semelhantes aos que regem o manejo dos animais em outros sistemas. Deve-se observar a carga animal, a capacidade suporte da pastagem e a sua variação ao longo do ano. Observa-se, ainda, a variedade de fonte alimentar, a suplementação alimentar (sal mineral, ração), fornecimento de água, controle de patologias e do hábitat, incluindo as condições microclimáticas e as instalações. Em geral, são usadas espécies domésticas como bovinos, ovinos, caprinos, suínos, aves, peixes, camarões, abelhas e bicho da seda, podendo ser manejada ainda a fauna silvestre (capivara, queixada, etc.).
Cuidados especiais devem ser tomados quanto à introdução das espécies exóticas de animais no SAF para que não se tornem pragas.
No caso de pastagens, deve-se ter cuidado quanto à compactação do solo. É preferível o uso de um número maior de piquetes como pequenas áreas ao uso de um número reduzido de piquetes como extensas áreas.
Redação Ambiente Brasil