Apresentação
O Projeto Roda d’água é um programa de educação ambiental integrado aos currículos nacionais do ensino básico, às leis que regem o tema no Brasil (Lei de Diretrizes e Bases e Lei Ambiental) e às diretrizes definidas pela Agenda 21.
É apresentado como uma metodologia de ensino que abrange os oito anos do ensino fundamental e os três anos do ensino médio. Por sua característica de projeto, sua aplicação respeita as questões locais de cada região, bem como as diversidades culturais, econômicas e sociais do Brasil.
Como o nome do projeto sugere, a água (mais especificamente os recursos hídricos delimitados regionalmente por uma bacia hidrográfica) é o ponto de partida para a abordagem, o conhecimento, a aprendizagem, as discussões, as conclusões e, finalmente, a conscientização e a tomada de atitudes pró-ativas em relação aos temas ambientais.
Todos os elementos de uma bacia hidrográfica estão inevitavelmente ligados em um único sistema hídrico. Assim, ações descuidadas em relação a qualquer componente da bacia repercutirão naquele sistema como um todo. Questões como crescimento urbano desordenado, uso e ocupação do solo, recursos energéticos, geração de resíduos, deterioração e depreciação de patrimônios devem ser consideradas no âmbito do conhecimento do meio em estudo, para possibilitar um diagnóstico claro que reporte a ações criativas, rápidas e controláveis para o uso racional dos recursos hídricos.
É importante que se tenha uma clara visão sobre a possível relação entre desenvolvimento – quer seja urbano industrial ou rural agrícola – e necessidade de proteção dos recursos hídricos e dos outros recursos naturais.
O Projeto Roda d’água procura trazer, para o educador, instrumentos que facilitem a compreensão e o conhecimento da bacia hidrográfica de sua região e de todos os impactos causados e sofridos por ela como resposta à ação do homem. A utilização de mapas das bacias hidrográficas, fundamental para essa compreensão, é um dos pontos mais fortes deste Projeto. Vale destacar que, para algumas bacias, o Roda d’água desenvolveu mapas específicos; para as bacias que não estão mapeadas , orienta-se a utilização de um mapa local. Tal como uma representação cartográfica , o mapa ilustrativo tem a excelência de aproximar as pessoas do local em que vivem, através da simples observação de sua cidade, seu entorno, suas áreas naturais, habitadas ou não. Por isso, desde o início deste Projeto, o mapa tem representado a ferramenta-base da dinâmica dos demais recursos educacionais desenvolvidos.
Para qualquer projeto em educação ambiental, é fundamental o conhecimento e a compreensão de todas as iniciativas locais sobre o assunto, para que os esforços possam ser somados na busca do melhor resultado. Dessa forma, o Projeto Roda d’água contempla a necessária interatividade entre a escola e o Comitê de Bacia Hidrográfica (CBH) das regiões.
Os Comitês de Bacias Hidrográficas, criados em 1997 pela lei federal número 9433, são órgãos colegiados compostos por representantes públicos estaduais e municipais e da sociedade civil, organizados para a gestão dos recursos hídricos de uma dada região. Constituem importantes fóruns para que a população e suas organizações, sobretudo as escolas, possam participar ativamente na condução e administração mais nobre dos recursos hídricos de sua região, município ou estado.
Assim, o Projeto Roda d’água oferece algumas ferramentas para que, a partir de ações locais – a serem iniciadas na escola e nas comunidades, sejam trilhados os caminhos necessários à transformação social em que a natureza e suas águas sejam contempladas nas mudanças das regras até então vigentes no cotidiano. A responsabilidade dos envolvidos no projeto, como cidadãos, é constantemente abordada e todas as etapas do projeto motivam para ações e para a difusão de valores.
Em um processo constante de integração, alunos e professor são convidados a conhecer e a discutir as questões ambientais através de atividades lúdicas, artísticas, reflexivas, de pesquisa, de estudo do meio etc. As características regionais, em suas perspectivas históricas, culturais, econômicas e sociais são sempre o ponto de partida para o desenvolvimento de uma abordagem mais ampla, aquela que permitirá que os jovens construam uma visão adequada sobre sua comunidade, sobre seu país e, enfim, sobre o grande planeta que habitam.
Histórico
Em 1997, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e do Médio Tietê, sentindo a necessidade de mapear a bacia, encomendou a Beth Kok um mapa ilustrado que contivesse as informações sobre as características comuns de uso e reuso das águas superficiais e as principais atividades geradoras de impactos ambientais na região.
A aplicação piloto do Projeto Roda d’água aconteceu em escolas públicas do Comitê de Bacia Hidrográfica de Sorocaba e Médio Tietê. O método, os procedimentos e os materiais didáticos escolhidos para o treinamento dos professores mostraram-se ferramentas adequadas para a inserção das questões ambientais nas diferentes disciplinas dos programas curriculares.
Após a experiência e a avaliação de seus resultados, sob a coordenação da equipe técnica da OAK Educação e Meio Ambiente, o projeto passou por dois anos de aprimoramento técnico, científico, sociológico, antropológico, pedagógico e artístico.
Esta versão atualizada, contempla os estudos e informações mais recentes sobre as questões ambientais.
O que é?
As unidades hidrográficas definidas como bacias hidrográficas e microbacias incluem o conjunto de atividades antrópicas e naturais localizadas nas áreas delimitadas. Assim, todas as conseqüências das atividades estão inevitavelmente ligadas em um sistema hídrico.
Questões como uso e reuso da água, crescimento urbano desordenado, uso e ocupação do solo, recursos energéticos, geração de resíduos, deterioração e depreciação de patrimônios podem ser abordadas de forma mais racional a partir do conhecimento dos recursos hídricos de uma região.
Conhecer esses recursos a nível local, além de auxiliar para que as questões ambientais sejam reconhecidas dentro da história e da cultura regionais, pode possibilitar um diagnóstico claro que reporte a soluções criativas, rápidas e controláveis para um desenvolvimento racional, com a proteção da água e dos mananciais, e o conseqüente beneficio ao meio ambiente e à qualidade de vida.
O Projeto permite ainda a ampliação de conceitos a partir das questões ambientais como cidadania, ética e responsabilidade social.
Como é aplicado?
O Projeto Roda d’água compõe-se de um programa de capacitação para professores do Ensino Básico e agentes comunitários, realizado por equipes técnicas formadas por profissionais das áreas de Educação e Meio Ambiente.
Por meio de atividades orientadas para ambientes externo e interno, workshops e treinamentos para uso do material a ser utilizado como orientador da aplicação com crianças e adolescentes, os participantes terão condições de atingir os seguintes objetivos:
- Conhecer os recursos hídricos do país;
- Entender o que é uma bacia hidrográfica;
- Conhecer e delimitar a bacia hidrográfica de sua região;
- Conhecer os recursos naturais de sua bacia;
- Compreender o contexto econômico-social de sua região e sua relação com a bacia hidrográfica;
- Reconhecer os impactos naturais e antrópicos existentes na região da bacia;
- Identificar as ações que interferem no sistema natural da região da bacia;
- Estabelecer relações mais amplas entre os elementos físicos e sociais que compõem e interferem no meio ambiente;
- Orientar as crianças e jovens para atitudes conscientes em relação aos recursos hídricos de sua bacia hidrográfica e conseqüentemente em relação ao seu meio natural e social.
O Roda d´Água é um projeto de Educação Ambiental voltado especialmente às questões mais relevantes sobre proteção, recuperação e conservação dos recursos hídricos dentro de uma bacia hidrográfica.
Numa bacia hidrográfica, muitas vezes o problema de um é a consequência da ação descuidada de outros. Este fato nos remete a um conceito fundamental, o de integração das soluções para os diferentes problemas.
Neste ponto justifica-se o caráter interdisciplinar e aplicado da Educação Ambiental e, em termos de gestão de recursos hídricos, a necessidade de busca de soluções coletivas e integradas.
Apesar da bacia do Rio Sorocaba assim como a do trecho do Médio Tietê serem muito extensas e com características muito diferentes, elas são interligadas por um elemento comum que integra todas essas diferenças, suas águas, que inevitavelmente, sofrem as consequências da ação antrópica em toda a extensão dessa bacia.
Exemplo claro de um conflito e busca de soluções integradas em bacias hidrográficas é o nosso Médio Tietê, que por culpa da região metropolitana de São Paulo recebe as águas já em estado deplorável, sendo objeto de negociações entre os Comitês do Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT) e do Alto Tietê (CBH-AT).
Questões como crescimento urbano desordenado, uso e ocupação do solo, usos de energia, limites geográficos e políticos, têm que serem trazidas à tona de forma objetiva e concreta de associação das questões ambientais ao dia-a-dia, visando a construção de ovos valores sociais e interpretação da relação sociedade / natureza / desenvolvimento.
Para gerenciar essa situação extremamente complexa de proteção, prevenção e recuperação dos recursos hídricos, foram criados os Comitês de Bacias Hidrográficas em 1991.
São colegiados paritários, democráticos e deliberativos, com representantes das prefeituras, da sociedade civil organizada e de órgãos do Estado. Neste contexto, a Educação Ambiental passa a ser um grande aliado na configuração dos esforços técnicos e políticos na construção dessa nova relação sociedade / natureza / desenvolvimento.
O projeto de capacitação em Educação Ambiental Roda d´Água, representa uma alternativa de parceria inovadora (empresa privada-comitê-escola) ao propor um diálogo entre os participantes como uma forma de aperfeiçoamento, desenvolvimento e cidadania.
Todo o projeto está pautado na valorização profissional do professor enquanto agente multiplicador e formador de opinião, e na Educação Ambiental como um processo transformador e participativo no aprimoramento e busca de parâmetros que permitam identificar e aplicar o conhecimento multidisciplinar e integrador, presente em muitas propostas de Educação que envolvem o Meio Ambiente.
Também para o Comitê, a tentativa de recolocação das questões ambientais sob o ponto de vista social requer um esforço constante de análise e participação que contrapõe-se à imagem romântica e desconectada da realidade.
Embora com uma configuração bem definida, esse projeto não representa uma fórmula mágica. Sem a convicção e o comprometimento de todos os envolvidos, professores, técnicos, coordenadores, diretores e membros do Comitê, todo o trabalho de pesquisa e produção não é suficiente para seu sucesso.
O CBH-SMT acredita, dessa maneira, estar contribuindo para que as intervenções do homem em nosso Meio Ambiente possam se dar de forma mais consciente e responsável.
Em 1997 por ocasião do segundo aniversário do CBH-SMT, sua Secretaria Executiva contratou um serviço bastante especial: a produção de um mapa da bacia que fosse ilustrativo, auto explicativo com informações sobre as características da bacia e dos principais fatores causadores de impactos ambientais no Rio Sorocaba e no trecho Médio Tietê.
A repercussão desse trabalho pela sua qualidade didática deu origem a um projeto de Educação Ambiental, o Roda D’Água.
Foi lançado como projeto – piloto da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê em 16 escolas públicas do Município de Sorocaba, em 05 de junho de 1998, dia Mundial do Meio Ambiente.
Com isso demos início a uma proposta de parceria com o Estúdio Girassol, autor do projeto, que nos permitiu o desenvolvimento conjunto do material “Cadernos de Atividades”, para os professores do Ensino Fundamental e Médio, que passaram então a fazer parte do KIT de material distribuído gratuitamente às escolas participantes do projeto.
A luz da experiência obtida em 1998, que apresentou resultados surpreendentes, todo o material foi revisto, ampliado e integrado ao curriculo das escolas da rede estadual, através de suas Delegacias Regionais de Ensino, e das escolas municipais em 1999.
Fonte: www.rodagua.com.br