O caramujo-gigante-africano, Achatina fulica, grande molusco terrestre nativo no leste-nordeste da África, foi introduzido em 1988 no Brasil visando ao cultivo e comercialização do “escargot” (Helix spp.).
Os animais dessa espécie se alastraram por quase todo o Brasil, estabelecendo populações em vida livre e se tornando séria praga agrícola, especialmente no litoral. Atacam e destroem plantações, com danos maiores em plantas de subsistência de pequenos agricultores (mandioca e feijão) e plantas comerciais da pequena agricultura (mandioca, batata-doce, carás, feijão, amendoim, abóbora, mamão, tomate, verduras diversas e rami).
O descaso dos governos municipais, estaduais e federal pela situação e o incentivo desses governos à criação do molusco contribuem ativamente para o agravamento da invasão, dos danos agrícolas e das doenças transmitidas pelos moluscos dessa espécie.
Descrição
Caracol com concha cônica marrom ou mosqueada de tons mais claros. Adultos dessa espécie podem atingir de 15 a 20 cm de comprimento de concha e mais de 200 gramas de peso total. A espécie pode atingir de 50 a 400 ovos por postura e atingindo cerca de 500 ovos por ano.
Ecologia
Parcialmente arborícola e herbívora generalista, compete com outras espécies nativas por comida ou espaço e ainda pode praticar o canibalismo, devorando ovos e caramujos jovens da mesma espécie para sobreviver em ambientes pobres em cálcio e alimento. É ativa no inverno, resistente ao frio hibernal e à seca.
Impactos
Por ser herbívora generalista ataca desde pequenas hortas até grandes lavouras, causando grandes danos à agricultura. Pode transmitir dois vermes que prejudicam a saúde humana: Angiostrongylus costaricensis, causador da angiostrongilíase abdominal, doença grave que pode causar a perfuração intestinal, peritonite e hemorragia abdominal e pode resultar em óbito; e Agiostrongytus cantonesis, causador da agiostrongilíase meningoencefálica humana, doença que causa, entre outros sintomas, distúrbios do sistema nervoso e fortes e constantes dores de cabeça
Manejo e Controle
O exemplo de sucesso no controle de A. fulica na Flórida, EUA, mostra que o método de controle mais eficaz dessa espécie é a coleta manual dos moluscos e de seus ovos (com luvas descartáveis ou sacos plásticos), colocando-os em sacos plásticos e fazendo incineração total. Pode-se, com os devidos cuidados, usar iscas molusquicidas ou iscas das plantas preferidas por eles, umedecidas e colocadas perto de pontos que servem como refúgio para os caramujos no fim da madrugada (borda de florestas e brejos, montes de palha grossa, montes de telhas e madeiras emborcadas) onde devem ser coletados pela manhã com os devidos cuidados e incinerados. A catação deve ser repetida com freqüência, ao longo do ano, sem interrupção (dada a grande fecundidade da espécie) e deve incluir áreas urbanas, áreas agrícolas (especialmente hortas e roças), áreas agrícolas abandonadas, capoeiras e bordas de florestas e de brejos.
Controle Biológico
Está mais que provado através de experiências em outros países que a introdução de outras espécies de caramujos como agentes de controle biológico de Achatina fulica não só resultaram em insucesso, como também agravaram os impactos a espécies nativas. A introdução de Euglandina rosea como agente de controle biológico mostrou-se tão danosa quanto a de A. fulica e precisa ser evitada a todo custo.
Fontes: www.geocities.com
www.institutohorus.org.br