Com o objetivo de levar à sociedade o tema e despertar a consciência das pessoas sobre as atrocidades cometidas, em 2002 a Caravana Ecológica ganhava as ruas . Uma peça de teatro itinerante, destinada principalmente ao público caminhoneiro, elemento chave na rota do tráfico. O projeto foi idealizado pela Revista Carga Pesada, de Londrina, no norte do Paraná, e patrocinado pela Volvo do Brasil. Uma união que veio dar corpo à alma de uma proposta desafiadora. A denúncia virou arte com a ambição de garantir aos animais silvestres o direito básico de viver livre em seu habitat natural.
Realizado desde 2000, o projeto Caravana Ecológica tem levado informação e consciência ambiental a centenas de crianças e caminhoneiros de todo o País. Protagonizado por atores formados pela Escola Municipal de Teatro (EMT), da Fundação Cultural e Artística de Londrina (Funcart), a iniciativa utiliza a linguagem teatral para motivar a transformação social. No dia 4 de junho – antecedendo o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no dia 5 – foi a vez dos alunos da Escola Municipal Ruth Lemos, de Londrina, receber a visita dessa trupe especial que veio para falar de um assunto muito sério: o tráfico de animais silvestres.
O espetáculo já foi visto por milhares de pessoas. A Caravana faz suas apresentações principalmente em postos de gasolina de grande circulação de caminhoneiros e grandes eventos de concentração de motoristas profissionais. Afinal, cerca de 60% do tráfico é feito por rodovias, quando os animais silvestres pegam caronas involuntárias em cargas e cabines de veículos cujos motoristas muitas vezes não têm sequer consciência do crime que cometem.
Os resultados já começaram a ser computados. A Caravana Ecológica conquistou o IPRA 2001, da Associação Internacional de Relações Públicas, o maior prêmio conferido a trabalhos de cidadania no mundo. Os resultados crescem a cada apresentação, quando novas pessoas são sensibilizadas. Trata-se de resultados de vida. A vida livre de animais indefesos. A Volvo acredita que está fazendo sua contribuição. É sua promessa de respeito ao meio ambiente.
Depois de se apresentarem em diversas escolas londrinenses, o projeto percorre, até o fim do ano, cidades como Curitiba (PR), Itabaiana (SE), Aparecida (SP), Guarulhos (SP), Itajaí (SC) e Garibaldi (RS).
A circulação do projeto conta com a parceria da Volvo e da revista Carga Pesada. Sentados no pátio da escola, os alunos prestaram atenção e se divertiram com a abordagem lúdica do tema. Como cenografia, um caminhãozinho que acaba se tornando um cenário móvel criativo e dinâmico. Em cena, os atores Priscila Souza e Adalberto Severiano dão vida aos personagens Raimundo e Raimundinha, que relatam a história de dois amigos caminhoneiros que se deparam com a triste realidade do tráfico de animais quando um deles acaba se rendendo a essa prática criminosa e é pego pela polícia. Ainda muito comum no País, esse crime é conhecido pelas práticas cruéis, como mutilar os animais para que possam ser acondicionados em lugares inusitados – como canos de PVC e fundos de mala – para driblar a fiscalização e reduzir a capacidade de reação do animal. Mesmo que o animal fique machucado, a intenção é que o material genético seja preservado e chegue ao seu destino final.
Animais Preferidos
As aves brasileiras são o principal alvo dos traficantes. Em seguida, estão os macacos como o mico, macaco-aranha, mico-de-cheiro e sagüis. Depois vêm os répteis como jibóia, serpente e sapos amazônicos.
Atos de Crueldade
Os animais traficados sofrem verdadeiras atrocidades: as aves têm seus olhos furados para não cantarem ao amanhecer e, assim não chamarem a atenção da fiscalização. Com a arara é ainda pior, ela tem o osso do peito quebrado para que pareça mansa ao comprador, mas depois de dois ou três dias ela morre.
A Rota do Tráfico
A maioria dos animais vendidos ilegalmente sai das Regiões Norte e Nordeste com destino ao Sudeste, principalmente ao eixo Rio-São Paulo. O destino de muitos bichos é a Europa, a Ásia e a América do Norte.
Números Alarmantes
· O comércio ilegal de animais silvestres movimenta US$ 1 bilhão ao ano.
· No Brasil, 60% do tráfico é feito por rodovias.
· De cada 10 animais traficados, 9 morrem no momento da captura ou durante o transporte.
A Punição
Quem for flagrado transportando um animal silvestre está sujeito a prisão de um ano, pagamento de multa no valor de R$ 5 mil reais por animal e até apreensão do veículo.
A atriz Priscila Souza destaca a importância desse trabalho atingir as pessoas que convivem mais diretamente com o tráfico: “e realmente eles dão depoimentos pessoais após a apresentação”, observa. Já o ator Adalberto Severiano ressalta que apesar da temática da montagem não utilizar uma linguagem infantil, ela “chega de uma forma tranquila para as crianças, com toda a mágica que o teatro pode fazer”. A diretora da escola, Ivanete da Silva Teixeira, aprovou a iniciativa: “É muito legal e isso ajuda a variar a rotina escolar, promovendo um maior movimento no ambiente e ampliando o repertório cultural dos alunos”. Ao longo de duas décadas de existência, a Fundação Cultura Artística de Londrina (Funcart), procura realizar, paralelamente aos projetos estéticos, iniciativas que usam a arte como instrumento de transformação social. Já foram montados espetáculos com o apoio da Secretaria da Mulher, da Secretaria da Educação, além de instituições filantrópicas e de empresas públicas e privadas.
Fonte: Volvo
Ana Paula Nascimento – Reportagem Local –http://www.bonde.com.br (17/06/2014)