Captação de Águas Subterrâneas

A captação das águas subterrâneas constitui uma parte fundamental dos sistemas de abastecimento de água necessários a qualquer tipo de utilização, pelo que é fundamental adaptar o método à origem da água na natureza, com recurso a métodos geofísicos, levantamentos geológicos, estruturais e hidrogeológicos, entre outros.

Qualquer perfuração feita para obter água de um aquífero pode ser designada de poço ou furo.

A escolha entre um poço e um furo é também ela influenciada pelas características geohidrológicas da formação da captação, assim como das dificuldades que a execução possa implicar ao nível da estrutura e dos caudais que se deseja obter.

Apesar de as águas subterrâneas se encontrarem mais protegidas da poluição que as águas superficiais, não se encontram imunes á ação do Homem e das suas diversas atividades. Uma vez poluídas, a sua descontaminação pode ser extremamente difícil.

Entre as principais razões de poluição e contaminação de águas subterrâneas destacam-se algumas:

– A deposição de lixos humanos em aterros;

– O uso intensivo de adubos e pesticidas em atividades agrícolas;

– A deposição no solo de dejetos animais resultantes de atividades agropecuárias;

– A construção incorreta de fossas sépticas;

– A deposição de resíduos industriais sólidos ou líquidos, passíveis de serem arrastados por águas de infiltração.

Poluição das Águas Subterrâneas

Se tiveres um furo ou um poço cheio de água isto não significa que podes bebê-la. A água é um excelente solvente e pode conter inúmeras substâncias dissolvidas. Ao longo do seu percurso a água vai interagindo com o solo e formações geológicas, dissolvendo e incorporando substâncias. Por esta razão a água subterrânea é mais mineralizada (tem mais minerais) que a água de superfície.

Apesar do solo e da zona não saturada apresentarem excelentes mecanismos de filtragem podendo reter inúmeras partículas e bactérias patogênicas, existem substâncias e gases dissolvidos que dificilmente deixarão a água subterrânea podendo ser responsáveis pela sua poluição.

Uma água está poluída quando a sua composição foi alterada de tal maneira que a torna imprópria para um determinado fim. A deterioração da qualidade da água subterrânea pode ser provocada de maneira direta ou indireta, por atividades humanas ou por processos naturais, sendo mais frequente a ação combinada de ambos os fatores.

Um aspecto relevante a ser considerado é que a dinâmica das águas subterrâneas é distinta daquela das águas superficiais. O rio, do ponto de vista do gestor do recurso hídrico, é o “antônimo” do aquífero. O rio tem uma baixa capacidade de armazenar água, mas, por outro lado, pode entregar uma vazão instantânea muito maior do que os aquíferos. Adicionalmente, a exploração dos aquíferos é feita por poços e nascentes que, geralmente, têm vazões estáveis (pouco influenciado pela sazonalidade climática), mas, geralmente reduzidas quando comparadas às observadas em captações superficiais.

O aproveitamento dessa dinâmica própria das duas manifestações da água é muito pouco utilizado no país. Mesmo em cidades que fazem uso desses dois mananciais, não há um planejamento integrado que se beneficie das vantagens de cada recurso. Em algumas cidades, como Madri (Espanha), por exemplo, o excesso de água superficial no período de chuvas ajuda a recarregar o aquífero após o período em que ele foi mais demandado, na estiagem, quando os rios estavam sem água e a água subterrânea supria a cidade.

Assim, é essencial repensar a matriz hídrica, tanto na escala municipal (envolvendo a concessionária e os poderes públicos locais e municipais), como na escala de bacia hidrográfica (envolvendo os comitês de bacia) e aperfeiçoá-la a partir dessa óptica, trazendo grandes benefícios econômicos, sociais e ecológicos. Nesta linha, a Agência Nacional de Águas está desenvolvendo o Atlas de Abastecimento Urbano de Água, que visa a otimizar a escolha do manancial e a propor alternativas técnicas para o suprimento de água dos municípios brasileiros até o horizonte do ano 2015.

Fonte:
ÁGUA SUBTERRÂNEA: RESERVA ESTRATÉGICA OU EMERGENCIAL. Ricardo Hirata; José Luiz Gomes Zoby; Fernando Roberto de Oliveira.