O rápido crescimento do número de usuários da telefonia celular (bem como de outros meios de comunicação sem fio) tem chamado a atenção, em todo o mundo, para os possíveis riscos que poderiam ser causados pela exposição humana aos campos eletromagnéticos gerados por aparelhos celulares ou estações rádio-base (torres de celular).
Estudos científicos sobre os efeitos das radiações eletromagnéticas no corpo humano vêm sendo realizados há aproximadamente 45 anos, e foram intensificados na última década. Com base nos resultados destes estudos, acredita-se, hoje, que as configurações utilizadas nas estações rádio-base não causam qualquer efeito adverso à saúde ou ao meio ambiente. Diretrizes e normas foram criadas por organizações reconhecidas mundialmente, tal como a Organização Mundial da Saúde, para fixarem limites bastante seguros de exposição aos campos eletromagnéticos. A Telefonia Celular ressalta sua preocupação em cumprir todas as normas e recomendações de organismos nacionais e internacionais que tratam do assunto.
O consumidor terá de esperar ao menos dois anos pela primeira pesquisa que visa responder se a radiação eletromagnética emitida pelos celulares faz mal à saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) pretende divulgar, em 2003, um estudo que procurará esclarecer a polêmica questão. Por enquanto, as opiniões de cientistas e de médicos ainda se dividem. Dependendo da quantidade de radiação absorvida pelo corpo humano, o usuário poderá desenvolver doenças como glaucoma e catarata. “Os riscos a longo prazo, como o desenvolvimento de tumores cancerígenos, é que ainda não foram comprovados e serão o principal tema de investigação por parte da OMS”, acrescenta.
Para o neurologista e professor da Universidade Federal do Paraná Affonso Antoniuk, todo tipo de radiação é preocupante e pode, inclusive, contribuir para o aparecimento de doenças como o câncer. No caso dos celulares, o tempo de exposição faz diferença. “O ideal é que uma pessoa adulta use o aparelho por, no máximo, seis minutos ao dia. Já uma criança, cujo cérebro ainda está em formação, nunca deve chegar perto dos telefones celulares”.
As diferentes versões sobre o tema reforçam que o celular é mais um exemplo de descaso com a saúde do consumidor. Em nome dos interesses comerciais, a tecnologia foi introduzida em larga escala no mercado sem que sua segurança fosse atestada.
O problema da radiação começa já na concepção do aparelho. As antenas dos celulares são uma adaptação das antenas utilizadas em rádios portáteis, ou seja, elas não foram feitas para emitir ondas eletromagnéticas e sim, para apenas recebê-las. O ideal seria uma antena bidirecional. Assim, a radiação seria emitida apenas na direção contrária à cabeça do usuário (as antenas comuns emitem radiação em todo o entorno da cabeça), o que diminuiria em até dez vezes a absorção das ondas eletromagnéticas.
O sistema de telefonia celular é responsável pela emissão de ondas eletromagnéticas de 10 MHz a 300 GHz. Alguns pesquisadores estabelecem uma correlação entre a exposição a esse tipo de radiação e o surgimento de alguns tipos de doenças, em especial o câncer, enquanto outros, simplesmente, negam qualquer possibilidade de que isso ocorra, apontando total falta de consenso sobre o assunto.
Entre os possíveis danos associados aos efeitos térmicos da radiação emitida pelos aparelhos celulares e as antenas de transmissão, estão a exaustão, choque térmico, estresse, queda no desempenho de tarefas, pressão cardíaca, alterações em funções neurais e neuromusculares e ocorrência de catarata. Embora ainda não exista consenso acerca do tema, vários estudos sugerem que esta radiação possa interferir nas ondas cerebrais, alterando a pressão sangüínea, reduzindo respostas imunológicas e provocando enxaqueca, insônia, síndrome de fadiga com prejuízo da memória de curto prazo e epilepsia.
O aparelho, no geral, já é uma somatória de defeitos e quem paga é o consumidor. A indústria de telefonia tem projetos patenteados de aparelhos com novos tipos de antena e com menor nível de radiação. Mesmo assim, esses modelos não estão disponíveis ao consumidor.
Se não há consenso entre os especialistas sobre o assunto, o que impera na indústria da telefonia é o silêncio. Quando falam a respeito, os fabricantes apenas ressaltam que a radiação não faz mal à saúde. Além da radiação, as ondas aquecem o cristalino, e isso pode tornar a lente cada vez mais opaca, como se cozinhasse num microondas. E cataratas, que pode ser desencadeada a médio e a longo prazo.
A ICNIRP é uma organização não-governamental, ligada à OMS, que definiu a quantidade de energia que o corpo humano pode absorver sem trazer prejuízos à sua saúde, pelo menos no que diz respeito aos efeitos a curto prazo ou térmicos, como catarata ou degeneração dos neurônios. Este nível, calculado em 2 watts por quilograma de tecido, é chamado de SAR ou taxa de absorção específica (os Estados Unidos adotaram um nível mais baixo ainda, de 1,6 W/kg).
No Brasil, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou uma resolução que obrigará os fabricantes de celulares a comprovar o nível de SAR de seus aparelhos. O problema é que a Agência estabeleceu um prazo muito extenso para o cumprimento da resolução: 180 dias, contados a partir do dia 12 de abril de 2001. Na prática, ainda vai demorar alguns meses até que as empresas tenham de informar o valor na embalagem ou no manual de seus celulares. Enquanto isso, o consumidor, que continua sem informações claras e precisas a respeito, só tem uma opção: ligar para o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) das empresas ou acessar seus sites para saber qual celular emite o menor nível de radiação.
Uma pesquisa feita pelo Idec descobriu que as empresas Ericsson e Motorola oferecem o limite de SAR de alguns de seus modelos em suas páginas na internet. Entre os sete SACs pesquisados, três não souberam informar qual de seus aparelhos tem o menor índice de radiação: da Samsung, da Motorola e da Qualcomm. O nível máximo encontrado foi de 1,35 W/kg. Portanto, todos os que responderam ao Idec estão de acordo com a norma vigente.
As estações rádio-base (ERBs), ou torres de transmissão de celular, também podem representar um risco para a saúde humana. “A instalação das torres de celulares é caótica, principalmente na região metropolitana. Muitas são instaladas perto de janelas de prédios e andaimes”, acrescenta um especialista. Portanto, é importante que a população fique atenta para que as torres não sejam instaladas a menos de cinco metros de sua residência, escola ou trabalho.
Além da proximidade, outro problema, é o longo período de exposição de quem mora perto das antenas. Assim como acontece com os aparelhos, não existe um estudo definitivo sobre os danos à saúde da radiação emitida pelas torres.
Enquanto o cenário permanece indefinido, o consumidor deve ter cautela. Algumas recomendações podem ajudá-lo a ter uma atitude preventiva:
- Use o celular o menos possível.
- Mantenha o aparelho o mais longe que puder de sua cabeça. Não esqueça de puxar completamente a antena antes de ligá-lo.
- Prefira não usar o aparelho em automóveis. Como os carros são metálicos, o celular opera na máxima potência. Isso quer dizer que a radiação emitida é maior, o que, além da saúde, também pode ocasionar problemas na comunicação entre o celular e a torre de transmissão e diminuir a potência da bateria.
- Estudos desaconselham o uso de celular por crianças e jovens de até 16 anos. O departamento de saúde britânico recentemente obrigou os fabricantes de celular a informar os consumidores, por meio de folhetos, sobre esse risco.
Antes de comprar um celular, faça uma pesquisa para saber qual modelo tem o menor nível de SAR, ou seja, os que emitem menos radiação. Fique atento à embalagem e ao manual dos aparelhos, que devem ter essas informações, segundo a assessoria da Anatel, a partir do dia 12 de outubro de 2001. Se possível, use o fone de ouvido ou o recurso de viva-voz.
O mercado de telecomunicações não pára de crescer, com a incorporação de novas tecnologias, principalmente sem fio (wireless), ao dia-a-dia de pessoas e empresas. No Brasil, esse crescimento criou um modelo de negócios em que chegar ao usuário antes do concorrente significava atender parte importante de uma demanda reprimida por décadas de monopólio estatal e atraso tecnológico.
Um dos lados mais visíveis (e polêmicos) dessa corrida – nem sempre caracterizada pelo cavalheirismo entre as operadoras são as torres nas quais as antenas ficam penduradas. Visível porque além de feias, elas são imensas: fincadas no solo, chegam a medir 70 metros de altura.
Polêmico porque proliferam em ritmo tão acelerado quanto desordenado, ajudando a degradar a paisagem, principalmente nos grandes centros urbanos, onde o tráfego de comunicação é maior.
Segundo a Anatel, as operadoras de celular têm mais de 14.000 estações rádio-base (ou ERBs, que no jargão técnico significa antenas) em funcionamento. Há mais um tanto pertencente a outros prestadores de serviços de comunicação wireless, como emissoras de rádio e TV, empresas de paging e trunking, operadoras de telefonia por satélite e também de telefonia fixa. E como o modelo de negócios vigente levava à demarcação de território para se obter vantagem competitiva, a maior parte dessas torres é de uso exclusivo de uma única empresa. E nem todas estão regulamentadas, quer porque em certas localidades não houvesse legislação à época de sua implantação, quer porque as operadoras tenham contornado a burocracia partindo para a prática.
Redação Ambiente Brasil