Bacia do Prata – Locais de Pesca

A bacia do Prata é a segunda maior bacia da América do Sul. É formada pelos rios Paraguai, Paraná e Uruguai que juntos drenam uma área correspondente a 10,5% do território brasileiro, com 3,2 milhões de km². Das cabeceiras até a foz, atravessa quatro países: Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. No Brasil, abrange os Estados Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O rio Paraguai é um dos mais importantes rios de planície do Brasil, superado apenas pelo Amazonas. De sua nascente, na chapada dos Parecis, nas proximidades da cidade de Diamantino-MT, até sua confluência com o rio Paraná, na fronteira do Paraguai com a Argentina, ele percorre 2.621km, sendo 1.683km em território brasileiro. Os principais tributários do rio Paraguai são os rios Jauru, Cuiabá, São Lourenço, Piquiri, Taquari, Negro, Miranda, Aquidauana, Sepotuba e Apa. A bacia do alto Paraguai possui uma área de 496.000km², sendo que 396.800km² pertencem ao Brasil e 99.000km² ao Paraguai e Bolívia. Da porção brasileira, 207.249km² pertencem ao Estado de Mato Grosso do Sul e 189.551km² a Mato Grosso. Desta área, 64% corresponde a planaltos e 36% ao Pantanal Matogrossense, uma extensa planície sedimentar, levemente ondulada, situada na região Centro-Oeste do Brasil. Com uma área de cerca de 17 milhões de ha, o Pantanal abrange, além do Estado de Mato Grosso do Sul e parte do Mato Grosso, áreas menores na Bolívia e Paraguai. Ao norte, leste e sul, o Pantanal é limitado pelas terras altas dos planaltos Central e Meridional e a oeste pelo rio Paraguai, que, junto com 132 tributários principais, drena todo o sistema. Os períodos de seca (maio a setembro) e enchentes (outubro a março) podem ser algumas vezes muito severos. A superfície da área inundada pode variar de 10.000 a 70.000km². O clima é predominantemente tropical, com umidade relativa entre 60 a 80%, temperatura média anual de 25°C, podendo durante curtos períodos, apresentar temperaturas próximas a 0°C. Janeiro é o mês mais chuvoso.

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As cheias do Pantanal ocorrem em conseqüência das chuvas locais e estão relacionadas a problemas de drenagem, que dificultam o escoamento das águas. Junto às margens do rio Paraguai, as cheias formam um lençol contínuo que chega a atingir 4m de profundidade; mais para leste, para o interior do Pantanal, as inundações se limitam às áreas mais baixas do terreno chamadas baías, sendo que entre uma baía e outra há escoamento de água através de cursos denominados vazantes que podem ter muitos quilômetros de extensão. As vazantes de caráter permanente, que ligam baías contíguas, são conhecidas como corixos. Estas terras mais baixas estão separadas por elevações, denominadas cordilheiras que não ultrapassam 6m de altura. Existem também as salinas, depressões sem ligação com os rios, que armazenam água de chuva, salobra, e não possuem peixes. A vegetação da região é conhecida como Complexo Pantanal por conter diversas formações vegetais: matas, cerrados, campos limpos e vegetação aquática. O Pantanal é famoso pela grande quantidade e diversidade de animais, principalmente animais aquáticos (aves pernaltas e mergulhadoras, jacarés e peixes). As espécies mais capturadas pelos pescadores amadores são: pacu, pintado, cachara, piranha, piavuçu, barbado, dourado, jaú, curimbatá, piraputanga, jurupensém, jurupoca, e tucunaré (peixe da bacia amazônica introduzido em algumas áreas do Pantanal).

Em virtude da abundância e diversidade de peixes, a pesca sempre foi uma atividade econômica tradicional no Pantanal. A partir de meados da década de 80, o setor turístico se estruturou para oferecer transporte, hospedagem e serviços especializados para o pescador amador, que se tornou seu principal cliente. Cerca de 56.000 pescadores amadores, principalmente de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, visitaram o Mato Grosso do Sul em 1998. Dados do mesmo período indicam que a maior captura ocorreu nos meses de outubro a novembro (época de cheia), nos rios Paraguai, Miranda, Taquari e Aquidauana (Catella et al., 1996).

O rio Paraná, principal formador da bacia do Prata, é o décimo maior do mundo em descarga, e o quarto em área de drenagem, drenando todo o centro-sul da América do Sul, até a Serra do Mar, nas proximidades da costa atlântica. De sua nascente, no planalto central, até a foz, no estuário do Prata, percorre 4.695km. Em território brasileiro, drena uma área de 891.000km². Os principais tributários do rio Paraná são o Grande e o Paranaíba (formadores), Tietê, Paranapanema e Iguaçu. 

Na bacia do Paraná, em seu trecho brasileiro, encontra-se a maior densidade demográfica do País. As águas da bacia são utilizadas para consumo humano e, também, para a indústria e irrigação. Atualmente, grandes extensões dos principais afluentes do trecho superior do rio Paraná já são consideradas impróprias para uso humano e para a vida aquática, em virtude da poluição orgânica e inorgânica (efluentes industriais e agrotóxicos) e da eliminação da mata ciliar. De certa forma, as barragens ao longo dos rios têm contribuído para a auto-depuração e retenção de poluentes, sendo constatado melhoria da qualidade da água, a jusante das barragens.

Entre as principais bacias hidrográficas da América do Sul, a bacia do Paraná, é a que sofreu maior número de represamentos para geração de energia. Existem mais de 130 barragens na bacia, considerando apenas aquelas com alturas superiores a 10m, que transformaram o rio Paraná e seus principais tributários (Grande, Paranaíba, Tietê, Paranapanema e Iguaçu) em uma sucessão de lagos. Dos 809km originais do rio somente 230km ainda são de água corrente. Com a construção de Ilha Grande, a última porção lótica do rio irá desaparecer, e os últimos 30km, ainda em território brasileiro, abaixo do reservatório de Itaipu, também irá desaparecer com a construção do reservatório de Corpus (Argentina/Paraguai).

O último trecho não represado do rio Paraná apresenta um amplo canal, ora com uma extensa planície fluvial com pequenas ilhas (mais de 300), ora com grandes ilhas e uma planície alagável mais restrita. A planície chega a 20km de largura, apresentando numerosos canais secundários e lagoas. As flutuações dos níveis da água, embora mais prolongadas pelos represamentos, ainda mantêm a sazonalidade e uma amplitude média de cinco metros. Este remanescente de várzea tem importância fundamental na manutenção das espécies de peixes já eliminadas dos trechos superiores da bacia, especialmente espécies de grande porte que realizam extensas migrações reprodutivas. Cerca de 170 espécies de peixes são encontradas neste trecho do rio Paraná.

O rio Uruguai nasce na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, na junção dos rios Canoas e Pelotas, e possui cerca de 1500km de extensão. O trecho de 625kmm entre Borba e Uruguaiana é navegável. A pesca amadora ainda não é muito praticada na bacia, apesar do grande potencial.

Fonte: PNDPA