De origem japonesa – tsunami designa ondas oceânicas de grande altura. Embora sejam erroneamente denominadas de ondas de maré, as tsunamis não são causadas por influência das forças de maré (forças astronômicas de atração do Sol e da Lua).
Tsunamis são ondas de grande energia geradas por abalos sísmicos. Tem sua origem em maremotos, erupções vulcânicas e nos diversos tipos de movimentos das placas do fundo submarino.
Portanto uma boa definição para a tsunami seria uma onda sísmica que se propaga no oceano. Historicamente, é no Oceano Pacífico onde ocorreu a maioria dos tsunamis, por ser uma área cercada por atividades vulcânicas e frequentes abalos sísmicos. Ao norte do Oceano Pacífico, desde o Japão até o Alasca, existe uma faixa de maior incidência de maremotos e erupções vulcânicas que originariam os tsunamis mais frequentes do nosso planeta.
Talvez a tsunami mais famosa tenha sido a provocada pela explosão vulcânica da Ilha de Krakatoa no Oceano Pacífico em 26 e 27 de agosto de 1883. O tsunami resultante atingiu as ilhas da Indonésia com ondas de até 35 metros de altura.
Os tsunamis ao se propagarem no oceano possuem comprimento da ordem de 150 a 200 km de extensão e apenas 1 metro de altura. Portanto, em alto mar elas são quase imperceptíveis. Entretanto, ao se aproximar de zonas costeiras mais rasas, a redução da velocidade, devido ao atrito com fundo do seu comprimento, porém a energia continua a mesma. Consequentemente, a altura da onda aumenta bastante em pouco tempo. Neste ponto, ela pode atingir 10, 20 e até 30 metros de altura, em função de sua energia e da distância do epicentro do tsunami.
Na recentemente levantada hipótese sobre o perigo de um maremoto de grandes proporções, ele seria tão catastrófico quanto maior for presumida explosão vulcânica nas Ilhas Canárias, local onde foi detectada importante atividade sísmica no subsolo.
Uma analogia a esse processo seria uma panela de pressão que tem a sua válvula reguladora obstruída enquanto aumenta o calor interno gerado pelo fogo. A pressão interna vai aumentando proporcionalmente ao acúmulo de energia potencial. Este processo tem continuidade até que ocorra uma ruptura em algum ponto da estrutura da panela redundando em uma explosão, ou seja, na liberação instantânea de grande quantidade de energia.
No caso das Ilhas Canárias foi observado um aumento da atividade sísmica/vulcânica no interior da ilha. Como a mesma estava inerte a várias dezenas de anos, o topo do cone vulcânico, que é a própria ilha, se consolidou de tal forma que se extinguiu o respiro ou válvula de alívio da pressão interna do vulcão. Assim, quanto mais sinais ela der de atividade vulcânica no seu interior maior será o risco de haver uma erupção vulcânica de grandes proporções. O tamanho da onda tsunami gerada será proporcional à quantidade de energia transmitida ao mar no momento da erupção.
Por outro lado, uma erupção vulcânica não é um evento comum e, se levarmos em conta outros fatores, veremos que a probabilidade de formação de uma onda tsunami destruidora é pequena.
Outro fator a ser considerado é a distância do litoral brasileiro, especificamente dos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Piauí, Pará e Amapá, em relação à Ilhas Canárias. São aproximadamente 4,500 km/h, o que equivaleria a 8 horas de percurso até chegar ao litoral brasileiro.
Assim, quanto maior for a distância entre a origem (epicentro) e o litoral de impacto, maior será a perda de sua intensidade por espalhamento e mesmo dissipação de sua energia. Outro fator de reflexão é que quanto menor for a profundidade das zonas por onde a onda propaga maior vai ser a redução de sua energia pelo atrito com o fundo submarino.
Se somarmos a probabilidade e os registros históricos de erupções e/ou abalos sísmicos em ilhas do Oceano Atlântico, que são mínimos, veremos que as chances de ocorrer um acidente ambiental de grandes proporções são baixas.
Desta forma, antes do Brasil, Portugal, Norte da África e o arquipélago de Cabo Verde serão as vítimas potenciais devido à proximidade do epicentro da eventual explosão vulcânica, recebendo diretamente o impacto da onda de grande altura.
Por outro lado se existe a probabilidade é preciso ter cuidado de alterar para as possíveis consequências do fenômeno. A conjunção de fatores intervenientes pode provocar estragos catastróficos, daí a importância de que a população seja informada e que as autoridades competentes tomem as devidas precauções. Um bom exemplo desse tipo de política de seguranças é o desenvolvimento através de informações de satélite pela Organização Meteorológica Mundial – OMM.
Devido a frequência da ocorrência de tsunamis no Pacífico, existe uma rede internacional de sismógrafos ao longo do cinturão de fogo que altera para a formação de qualquer onda catastrófica. Como resultado dessa iniciativa nenhuma morte foi contabilizada com a passagem de um tsunami no Havaí em 1957. Já a tsunami de 1946, com altura inferior à de 1957, causou inúmeras vítimas fatais pela ausência de um sistema de alerta.
Portanto, medidas preventivas são muito menos onerosas e possíveis de serem tomadas do que medidas corretivas, muito mais dolorosas. O medo é gerado pela ignorância, o respeito é gerado pelo conhecimento.
Água em Fúria
Tsunami é a palavra japonesa pela qual são mundialmente conhecidos os maremotos, uma catástrofe de extraordinária violência que se abate sobre zonas costeiras. A causa mais frequente para os tsunamis são terremotos no assoalho marítimo; também podem decorrer de erupções vulcânicas submarinas ou de explosões causadas por gases acumulados no subsolo do oceano.
Podem ainda vir associados com um terremoto terrestre (foi o que ocorreu em Lisboa, no século XVII: trinta minutos após um gigantesco abalo sísmico, ergueu-se no mar uma onda de dez metros de altura, colhendo milhares de pessoas que haviam fugido do interior da cidade para a costa).
A ação do tsunami é rápida e aterradora. Quando ele começa no meio do oceano, forma ondas de cerca de seis metros, que avançam em alta velocidade. Ao aproximar-se da costa, a velocidade da onda diminui. O processo se assemelha ao de uma parada brusca, que projeta a água para frente – e aí pode alcançar até 30 metros adiante.
Os maiores, os piores, os últimos:
Janeiro de 1700: um terremoto de 9,0 graus sacudiu o que é hoje o norte da Califórnia, o Oregon, Washington e British Colômbia e provocou um tsunami que destruiu povoados no Japão;
Julho de 1730: um terremoto de 8,7 graus em Valparaíso, no Chile, matou ao menos 3 mil pessoas;
Novembro de 1755: um terremoto de 8,7 graus provocou um tsunami em Lisboa, em Portugal, matando cerca de 60 mil pessoas;
Abril de 1868: um terremoto de 7,9 graus em Big Island, no Havaí, matou 77 pessoas, incluindo 46 vítimas de um tsunami;
Agosto de 1868: um terremoto de 9,0 graus em Árica, no Peru, que agora faz parte do Chile, gerou tsunamis catastróficos, mais de 25 mil pessoas morreram na América do Sul;
Janeiro de 1906: um terremoto de 8,8 graus na costa do Equador e da Colômbia gerou um tsunami que matou ao menos 500 pessoas;
Abril de 1946: um terremoto de 8,1 graus de magnitude perto das ilhas Unimak, no Alaska, provocou um tsunami, matando 165 pessoas, a maioria no Havaí;
Agosto de 1950: um terremoto de 8,6 graus em Assam, no Tibete, matou ao menos 780 pessoas;
Novembro de 1952: um terremoto de 9 graus em Kamchatka causou destruição, mas não foram registradas mortes, apesar das ondas terem alcançado 9,1m no Havaí;
Maio de 1960: um terremoto de 9,5 graus no sul do Chile e um tsunami mataram ao menos 1.716 pessoas;
Março de 1964: um terremoto de 9,2 graus em Prince William Sound, no Alasca, matou 131 pessoas, incluindo 128 vítimas de um tsunami;
Agosto de 1976: um terremoto de 8 graus atingiu as ilhas de Mindanao e Sulu nas Filipinas, gerando um tsunami e deixando ao menos 5 mil mortos;
1992: Nicarágua (100 mortos);
1998: Papua-Nova Guiné (3 mil mortos);
2001: Arequipa, Peru (20 mortos);
2004: Países Asiáticos e Africanos (Índia, Indonésia, Sri Lanka, Maldivas, Malásia, Tailândia, Bangladesh e Mianma, na Ásia; e Somália, Tanzânia, Seichelas e Quênia, na costa leste da África – aproximadamente 240 mil mortos);
7 de julho de 2006: Indonésia – Um tremor submarino de magnitude 7,7 provoca um tsunami na costa sul da ilha de Java (654 mortos).
2 de abril de 2007: Ilhas Salomão – 52 pessoas morrem em um tsunami que afeta o oeste das Ilhas Salomão (sul do Pacífico). O maremoto, causado por um tremor de magnitude 8, destrói 13 povoados costeiros;
Setembro de 2007: um terremoto de 7,8 graus atingiu a ilha de Sumatra, causando alertas de tsunamis locais e danos em vários prédios;
29 de setembro de 2009: Samoa – Mais e 190 pessoas morrem nas ilhas Samoa e Tonga, assim como nas Samoa americanas, depois de terremoto de magnitude 8 que origina um tsunami;
27 de fevereiro de 2010: Chile – Um tremor e um tsunami consecutivo afetam o centro-sul do Chile, deixando 555 mortos e desaparecidos, a maioria deles na região de Maule;
25 de outubro de 2010: Indonésia – Mais de 400 pessoas morrem em um tsunami provocado por um tremor de magnitude 7,7 no arquipélago de Mentawai, frente à Sumatra;
11 de março de 2011: Japão – Um tsunami de 10 metros de altura arrasa as costas de Sendai, nordeste do Japão, depois de um violento tremor de 8,9 de magnitude registrado frente às costas do arquipélago. São emitidos alertas praticamente em todas as costas do Pacífico, incluindo Austrália, América Central e do Sul.
Fontes: Tsunamis – Revista ECO 21 – www.eco21.com.br – outubro, 2001;
Água em Fúria Como cuidar da nossa água. Coleção Entenda e Aprenda. BEI. São Paulo-SP, 2003;
mariavanildes.blogspot.com.br;
g1.globo.com.