Tipos de Agricultura

q

A seguir são apresentados os tipos de agricultura:

Agricultura natural – Outra corrente importante do movimento orgânico é a agricultura natural. Em meados da década de 1930, o filósofo japonês Mokiti Okada fundava uma religião baseada no princípio da purificação, hoje Igreja Messiânica, que tinha como um de seus alicerces a chamada agricultura natural.

O princípio da Agricultura Natural é o de que as atividades agrícolas devem potencializar os processos naturais, evitando perdas de energia no sistema. Suas ideias foram reforçadas e difundidas internacionalmente pelas pesquisas de Masanobu Fukuoka, que defendia a ideia de artificializar o menos possível a produção, mantendo o sistema agrícola o mais próximo possível dos sistemas naturais.

Algumas particularidades diferenciam a agricultura natural dos outros modelos. A primeira delas diz respeito ao uso de microrganismos eficientes ou effective microrganisms, conhecidos como EM. Esses microrganismos são utilizados como inoculantes para o solo, planta e composto. Outra particularidade é a não utilização de dejetos animais nos compostos. Argumenta-se que os dejetos animais aumentam o nível de nitratos na água potável, atraem insetos e proliferam parasitas.

Agricultura biológica – Desenvolvida no início dos anos 30, pelo biologista e homem político Dr. Hans Müller, trabalhou na Suíça em estudos sobre fertilidade de solo e microbiologia, nascendo a agricultura organo – biológica, mais tarde conhecida como agricultura biológica.  A agricultura biológica destaca-se pelo Controle Biológico e pelo Manejo Integrado de pragas e doenças. Essas ideias se concretizaram muitos anos mais tarde, por volta da década de 1960, quando o médico austríaco Hans Peter Rusch difundiu este método.

Nessa época, as preocupações da corrente de agricultura biológica vinham de encontro às do movimento ecológico, ou seja, proteção do meio ambiente, qualidade biológica dos alimentos e desenvolvimento de fontes de energia renováveis.

Segundo Rusch, o mais importante era a integração das unidades de produção com o conjunto das atividades socioeconômicas regionais. Esse movimento fez numerosos adeptos, destacadamente, na França (Fundação Nature & Progrès), na Alemanha (Associação Bioland) e na Suíça (Cooperativas Müller).

Os princípios da agricultura biológica foram introduzidos na França, após a segunda guerra mundial, pelos consumidores e médicos inquietos com os efeitos dos alimentos sobre a saúde humana. A partir da década de 1960 até os dias atuais, o desenvolvimento da agricultura biológica ocorreu em várias etapas ligadas aos contextos socioeconômicos e aos movimentos de ideias das épocas correspondentes. Foi no início dos anos 60 que o agrônomo Jean Boucher e o médico Raoul Lemaire deram uma conotação comercial muito forte ao movimento, criando o “método Lemaire-Boucher”, que preconizava, entre outras coisas, a utilização de substâncias de origem marinha, que era comercializada pela sociedade formada entre ambos.

Destacam-se dentro do movimento da agricultura biológica, dois pesquisadores franceses, como Claude Aubert, que publicou L’Agriculture Biologique ou “A Agricultura Biológica”, em que destaca a importância de manter a saúde dos solos para melhorar a saúde das plantas (qualidade biológica do alimento) e, em consequência, melhorar a saúde do homem. O segundo personagem importante é Francis Chaboussou, que publicou em 1980, Les plantes malades des pesticides, traduzido para o português como “Plantas doentes pelo uso de agrotóxicos: A teoria da trofobiose”. Sua obra mostra que uma planta em bom estado nutricional torna-se mais resistente ao ataque de pragas e doenças. Outro ponto que o autor destaca é que o uso de agrotóxicos causa um desequilíbrio nutricional e metabólico à planta, deixando-a mais vulnerável e causando alterações na qualidade biológica do alimento.

Permacultura – pode ser definida como uma agricultura integrada com o ambiente, que envolve plantas semi-permanentes e permanentes, incluindo a atividade produtiva dos animais. Ela se diferencia das demais atividades produtivas porque no planejamento leva-se em conta os aspectos paisagísticos e energéticos. Foi desenvolvida na Austrália, utilizando as ideias da agricultura natural, sendo trabalhadas por Dr. Bill Mollison e deram origem a um novo método conhecido como permacultura que significa um sistema evolutivo integrado de espécies vegetais e animais perenes (de onde vem o nome) ou autoperpetuantes úteis ao homem.

Agricultura biodinâmica – esta agricultura se desenvolve em relação aos princípios filosóficos do humanista científico Rudolph Steiner (década de 30). Ele julga possível praticar uma agricultura que tem como princípio integrar os recursos naturais da agricultura em conexão com as forças cósmicas e suas diversas formas de valores espirituais e éticos, para chegar a ter uma aproximação mais compreensível das relações: agricultura e estilos de vida.

A agricultura biodinâmica possui uma base comum com as demais formas de produção orgânica no que diz respeito a diversificação e integração das explorações vegetais, animais e florestais; adota esquemas de reciclagem de resíduos vegetais e animais, via compostagem, e o uso de nutrientes de baixa solubilidade e concentração.

A diferença da agricultura biodinâmica das demais correntes orgânicas é basicamente em dois pontos. O primeiro é o uso de preparados biodinâmicos, que são substâncias de origem mineral, vegetal e animal, altamente diluídas, que potencializam forças naturais para vitalizar e estimular o crescimento das plantas ao serem aplicados no solo e sobre os vegetais. O segundo princípio é efetuar as operações agrícolas (plantio, poda, raleio e outros tratos culturais e colheita) de acordo com o calendário astral, com observações da posição da lua e posição dos planetas em relação as constelações.

Agricultura orgânica – O inglês Sir Albert Howard deu início a partir de 1920 a uma das mais difundidas correntes do movimento orgânico, a agricultura orgânica. Sir Howard trabalhou com pesquisas na Índia, durante aproximadamente 40 anos, procurando demonstrar a relação da saúde e da resistência humana às doenças com a estrutura orgânica do solo, publicando obras relevantes entre 1935 e 1940 e, por isso, é considerado o fundador da agricultura orgânica.

Um dos princípios básicos defendidos por Howard era o não uso de adubos artificiais e, particularmente, de adubos químicos minerais. Em suas obras destacava a importância do uso da matéria orgânica na melhoria da fertilidade e vida do solo.

Agricultura atual ou convencional – A agricultura convencional é descrita como o conjunto de técnicas produtivas que surgiram em meados do século 19, conhecida como a 2ª revolução agrícola, que teve como suporte o lançamento dos fertilizantes químicos por Liebig. Este sistema expandiu-se após as grandes guerras, com o emprego de sementes manipuladas geneticamente para o aumento da produtividade, associado ao emprego de agroquímicos (agrotóxicos e fertilizantes) e da maquinaria agrícola. O agricultor é dependente por tecnologias/recursos/capital do setor industrial, que devido seu fluxo unidirecional leva à degradação do ambiente e à descapitalização, criando uma situação insustentável à longo prazo.

Fontes:
Penteado, Silvio Roberto. Agricultura orgânica / Silvio Roberto Penteado. – – Piracicaba: ESALQ – Divisão de Biblioteca e Documentação, 2001. 41 p. (Série Produtor Rural, Edição Especial). 1. Agricultura alternativa 2. Agricultura orgânica I. Esco