O Martim-pescador do Rio Xerém
O nosso Martim vivia
nas barrancas do Xerém.
Pescava o dia inteirinho,
a cuidar de sua cria,
que o esperava lá no ninho.
Eram tempos de fartura,
com peixes de qualidade.
Ele acordava com o dia…
Quando o sol ganhava altura,
um cesto bom ele enchia.
De certa feita, porém,
após fazer uns mergulhos,
Martim notou algo estranho
nas correntes do Xerém.
“-Que água turva que apanho!…”.
Mergulhava e nada via…
Nem mesmo sombra de peixe!…
Tudo era escuro demais!
Foi assim, dia após dia…
“- Peixe que é bom, nunca mais!”.
O rio bem poluído!…
A mortandade dos peixes!
Martim ficou bem tristonho…
Tudo estaria perdido?
Chegara ao fim um bom sonho?
O Martim- pescador do Rio Xerém
Eram peixões e peixinhos
descendo o rio, boiando…
E Martim falou com brio:
“- Que vale o choro?!… Sozinho,
não mudo a água do rio!…
Seguindo o rio, a montante,
Martim-pescador descobre
a razão de seu sofrer:
uma usina, a todo instante,
faz descargas a valer.
Dela saem poluentes
que tombam num ribeirão…
E conclui, com desconforto:
“- Contaminam afluentes…
O Xerém tem peixe morto!”
Ante um crime tão patente,
decide ir à usina.
Mostra o samburá vazio,
ao falar com o presidente:
“- Não há mais peixe no rio!…”.
Adeus à poluição!
A usina instalou os filtros.
E Martim, com seu menino,
volta a pescar de montão
num Xerém bem cristalino!
Wagner Marques Lopes