{"id":892,"date":"2009-03-24T09:41:32","date_gmt":"2009-03-24T09:41:32","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:13:51","modified_gmt":"2021-07-10T23:13:51","slug":"a_universidade_do_seculo_xxi_rumo_ao_desenvolvimento_sustentavel","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/educacao\/artigos\/a_universidade_do_seculo_xxi_rumo_ao_desenvolvimento_sustentavel.html","title":{"rendered":"A Universidade do S\u00e9culo XXI Rumo ao Desenvolvimento Sustent\u00e1vel"},"content":{"rendered":"\n

1 \u2013 Introdu\u00e7\u00e3o <\/strong><\/p>\n\n\n\n

O r\u00e1pido crescimento demogr\u00e1fico, o esbanjamento dos recursos naturais e a degrada\u00e7\u00e3o do meio ambiente, a pobreza persistente de grande parte da humanidade, a opress\u00e3o, a injusti\u00e7a e a viol\u00eancia de que padecem ainda milh\u00f5es de pessoas exigem a\u00e7\u00f5es corretivas de grande envergadura. <\/p>\n\n\n\n

Segundo Mayor (1998, p. 46), a educa\u00e7\u00e3o \u00e9 a chave do desenvolvimento sustent\u00e1vel, auto-suficiente \u2013 uma educa\u00e7\u00e3o fornecida a todos os membros da sociedade, segundo modalidades novas e com a ajuda de tecnologias novas, de tal maneira que cada um se beneficie de chances reais de se instruir ao longo da vida. Devemos estar preparados, em todos os pa\u00edses, para remodelar o ensino, de forma a promover atitudes e comportamentos que sejam portadores de uma cultura da sustentabilidade. <\/p>\n\n\n\n

\u00c9 a\u00ed que entram em jogo as universidades, assim como todos os estabelecimentos de ensino superior, que assumem uma responsabilidade essencial na prepara\u00e7\u00e3o das novas gera\u00e7\u00f5es para um futuro vi\u00e1vel. Pela reflex\u00e3o e por seus trabalhos de pesquisa b\u00e1sica, esses estabelecimentos devem n\u00e3o somente advertir, ou mesmo dar o alarme, mas tamb\u00e9m conceber solu\u00e7\u00f5es racionais. Devem tomar a iniciativa e indicar poss\u00edveis alternativas, elaborando esquemas coerentes para o futuro. Devem, enfim, fazer com que se tome consci\u00eancia maior dos problemas e das solu\u00e7\u00f5es atrav\u00e9s de seus programas educativos e dar, eles mesmos, o exemplo. <\/p>\n\n\n\n

Esta tarefa se materializa na promo\u00e7\u00e3o de programas de ensino novos e\/ou reorientados, de acesso mais abrangente e cont\u00ednuo, na cria\u00e7\u00e3o de pain\u00e9is de peritos que aconselham os governos e fazem um acompanhamento cr\u00edtico da atua\u00e7\u00e3o destes e de outros agentes da sociedade. <\/p>\n\n\n\n

Neste sentido, os trabalhos desenvolvidos dentro das institui\u00e7\u00f5es de ensino de n\u00edvel superior t\u00eam um efeito multiplicador, pois cada estudante, convencido das boas id\u00e9ias da sustentabilidade, influencia o conjunto, a sociedade, nas mais variadas \u00e1reas de atua\u00e7\u00e3o. <\/p>\n\n\n\n

A educa\u00e7\u00e3o est\u00e1 sendo, nos dias de hoje, repensada como uma prepara\u00e7\u00e3o para a vida: trata-se de garantir a seguran\u00e7a do emprego e a aptid\u00e3o para o trabalho, de permitir a cada um satisfazer \u00e0s demandas de uma sociedade em r\u00e1pida evolu\u00e7\u00e3o, assim como as mudan\u00e7as tecnol\u00f3gicas que condicionam hoje, direta ou indiretamente, cada aspecto da exist\u00eancia e, finalmente, de conseguir responder \u00e0 busca da felicidade, do bem-estar e da qualidade de vida. <\/p>\n\n\n\n

2 \u2013 Meio ambiente<\/strong> <\/p>\n\n\n\n

A concep\u00e7\u00e3o ecol\u00f3gica concebe o universo como um todo interligado e interconectado entre si. Reconhece a interdepend\u00eancia fundamental de todos os seres vivos, n\u00e3o como uma cole\u00e7\u00e3o de partes dissociadas, mas como uma rede de fen\u00f4menos articulados e fortemente imbricados, dentro da qual seres humanos e sociedades participam de forma c\u00edclica dos processos da natureza. <\/p>\n\n\n\n

Neste sentido, Bertalanffy (1977, p. 35), com sua Teoria Geral dos Sistemas, enfatiza que tudo est\u00e1 unido a tudo e que cada organismo n\u00e3o \u00e9 um sistema est\u00e1tico fechado ao mundo exterior, mas sim um processo de interc\u00e2mbio com o meio circunvizinho, ou seja, um sistema aberto num estado quase estacion\u00e1rio, onde materiais ingressam continuamente, vindos do meio ambiente exterior, e neste s\u00e3o deixados materiais provenientes do organismo. <\/p>\n\n\n\n

Para Bateson (1987, p. 17), um sistema vivo n\u00e3o se sustenta somente com a energia que recebe de fora, mas fundamentalmente pela organiza\u00e7\u00e3o da informa\u00e7\u00e3o que o sistema processar. <\/p>\n\n\n\n

Esse processo de interliga\u00e7\u00e3o foi sabiamente descrito no s\u00e9culo passado por um chefe \u00edndio, numa carta enviada ao Presidente dos Estados Unidos que, de acordo com Dias (1993, p. 47), em sua obra A carta do Chefe Ind\u00edgena Seattle , dizia: \u201c [ … ] ensinem \u00e0s suas crian\u00e7as o que ensinamos \u00e0s nossas, que \u00e0 Terra \u00e9 nossa m\u00e3e. Tudo o que acontecer a Terra, acontecer\u00e1 aos filhos da Terra. Se os homens cospem no solo, est\u00e3o cuspindo em si mesmos [ … ] \u00e0 Terra n\u00e3o pertence ao homem; o homem pertence a Terra [ … ] todas as coisas est\u00e3o ligadas como o sangue que une uma fam\u00edlia. H\u00e1 uma liga\u00e7\u00e3o em tudo. Os rios s\u00e3o nossos irm\u00e3os, saciam nossa sede\u201d. <\/p>\n\n\n\n

Foi com a Revolu\u00e7\u00e3o Industrial que o homem come\u00e7ou realmente a transformar a face do planeta, a natureza de sua atmosfera e a qualidade de sua \u00e1gua. O meio ambiente est\u00e1 sendo agredido, devido ao r\u00e1pido crescimento da popula\u00e7\u00e3o humana, que provoca decl\u00ednio cada vez mais acelerado de sua qualidade e de sua capacidade para sustentar a vida. <\/p>\n\n\n\n

O impacto da esp\u00e9cie humana sobre o meio ambiente tem sido comparado, por alguns cientistas, \u00e0s grandes cat\u00e1strofes do passado geol\u00f3gico da Terra. A humanidade deve reconhecer que agredir o meio ambiente p\u00f5e em perigo a sobreviv\u00eancia de sua pr\u00f3pria esp\u00e9cie e pensar que o que est\u00e1 em jogo n\u00e3o \u00e9 uma causa nacional ou regional, mas sim a exist\u00eancia da humanidade como um todo. \u00c9 a vida que est\u00e1 em jogo. N\u00e3o podemos conceber um ecossistema sem o homem, n\u00e3o podemos encontrar o homem sem algum ecossistema. <\/p>\n\n\n\n

Com todos os desastres que t\u00eam acontecido com o meio ambiente, percebemos que o ser humano tem sido capaz de modificar seu meio ambiente para adapt\u00e1-lo \u00e0s suas necessidades. <\/p>\n\n\n\n

Com o r\u00e1pido crescimento da popula\u00e7\u00e3o, criou-se uma demanda sem precedentes, que o desenvolvimento tecnol\u00f3gico pretende satisfazer, submetendo o meio ambiente a uma agress\u00e3o que est\u00e1 provocando o decl\u00ednio cada vez mais acelerado de sua qualidade e de sua capacidade para sustentar a vida. <\/p>\n\n\n\n

Um dos impactos que o uso de combust\u00edveis f\u00f3sseis tem produzido sobre o meio ambiente terrestre \u00e9 o aumento da concentra\u00e7\u00e3o de di\u00f3xido de carbono (CO2) na atmosfera, dando lugar a um aumento da temperatura global da Terra. <\/p>\n\n\n\n

Outros males importantes causados pelo ser humano ao meio ambiente s\u00e3o o uso de pesticidas que contaminam regi\u00f5es agr\u00edcolas e interferem no metabolismo do c\u00e1lcio das aves; a eros\u00e3o do solo, que est\u00e1 degradando de 20 a 35% das terras de cultivo de todo o mundo; a perda das terras virgens; o crescente problema mundial do abastecimento de \u00e1gua, como conseq\u00fc\u00eancia do esgotamento dos aq\u00fc\u00edferos subterr\u00e2neos, assim como pela queda na qualidade e disponibilidade da \u00e1gua e a destrui\u00e7\u00e3o da camada de oz\u00f4nio. <\/p>\n\n\n\n

Percebe-se, portanto, que hoje os problemas vividos no mundo s\u00e3o realmente em decorr\u00eancia da interven\u00e7\u00e3o humana no planeta e nos ecossistemas. A t\u00edtulo de exemplo, podemos citar: destrui\u00e7\u00e3o da biodiversidade ou a extin\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies; destrui\u00e7\u00e3o progressiva da camada de oz\u00f4nio por gases; efeito estufa ou aquecimento global; crescimento da popula\u00e7\u00e3o mundial; polui\u00e7\u00e3o e indisponibilidade de \u00e1gua pot\u00e1vel. <\/p>\n\n\n\n

Desde a d\u00e9cada de 50, a deteriora\u00e7\u00e3o ambiental e sua rela\u00e7\u00e3o com o estilo de crescimento econ\u00f4mico j\u00e1 eram objeto de estudo e preocupa\u00e7\u00e3o internacional. Cita-se o te\u00f3logo luterano Albert Shweitzer, fil\u00f3sofo, organista int\u00e9rprete de Bach e m\u00e9dico mission\u00e1rio que em 1952 recebeu o Pr\u00eamio Nobel da Paz por popularizar a \u00e9tica ambiental e pelos seus esfor\u00e7os em defesa da \u201cIrmandade das Na\u00e7\u00f5es\u201d. Durante confer\u00eancia proferida em 20 de outubro de 1952 na Academia Francesa de Ci\u00eancias (Paris), sobre o tema \u201cO problema da \u00e9tica na evolu\u00e7\u00e3o do pensamento\u201d, ele declarou: \u201cquando o homem aprender a respeitar at\u00e9 o menor ser da cria\u00e7\u00e3o, seja animal ou vegetal, ningu\u00e9m precisar\u00e1 ensin\u00e1-lo a amar seu semelhante\u201d. <\/p>\n\n\n\n

Nos anos 60, nos Estados Unidos, houve uma profunda mudan\u00e7a na atitude do povo americano com rela\u00e7\u00e3o \u00e0 necessidade de normas ambientais federais, suscitada pela obra \u201cSilent Spring \u201d (Primavera Silenciosa), de Rachel Carson, uma bi\u00f3loga marinha norte-americana que provocou os pol\u00edticos \u00e0 a\u00e7\u00e3o. O livro, publicado em 1962, presidiu o rito de passagem para o momento novo na hist\u00f3ria humana: o da preocupa\u00e7\u00e3o com os rumos do desenvolvimento pr\u00f3prio da sociedade industrial. <\/p>\n\n\n\n

\u201cPrimavera Silenciosa\u201d relata os efeitos da m\u00e1 utiliza\u00e7\u00e3o dos pesticidas e inseticidas qu\u00edmico-sint\u00e9ticas, alertando sobre as conseq\u00fc\u00eancias danosas de in\u00fameras a\u00e7\u00f5es humanas sobre o ambiente. <\/p>\n\n\n\n

Carson iniciou o debate sobre o custo ambiental dessa contamina\u00e7\u00e3o para o homem. J\u00e1 nessa \u00e9poca, apontava para os preju\u00edzos do uso de produtos qu\u00edmicos no controle de pragas e doen\u00e7as, advertindo que estavam interferindo nas defesas naturais do pr\u00f3prio ambiente e, segundo Dias (1993, p. 54), a autora dizia que \u201cn\u00f3s permitimos que esses produtos qu\u00edmicos fossem utilizados com pouca ou nenhuma pesquisa pr\u00e9via sobre seu efeito no solo, na \u00e1gua, animais selvagens e sobre o pr\u00f3prio homem\u201d. O livro teve os direitos comprados por uma multinacional de agroqu\u00edmica e, diz-se, isto impede sua republica\u00e7\u00e3o. <\/p>\n\n\n\n

Nos \u00faltimos anos, a preocupa\u00e7\u00e3o em defender a natureza passou a ser mundial, devido a afirma\u00e7\u00f5es aterradoras como: <\/p>\n\n\n\n