{"id":651,"date":"2009-01-05T15:40:24","date_gmt":"2009-01-05T15:40:24","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:35:40","modified_gmt":"2021-07-10T23:35:40","slug":"trilhas_-_ecoturismo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/ecoturismo\/artigos\/trilhas_-_ecoturismo.html","title":{"rendered":"Trilhas – Ecoturismo"},"content":{"rendered":"\n

Trilhas<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Boa parte das trilhas hoje utilizadas em ecoturismo s\u00e3o caminhos tradicionalmente utilizados por determinadas comunidades para se locomoverem. Desde a \u00e9poca do Brasil col\u00f4nia os portugueses utilizavam os caminhos abertos pelos ind\u00edgenas para alcan\u00e7arem o interior do pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

Hoje em dia, especialistas (ec\u00f3logos, bi\u00f3logos e ambientalistas) det\u00e9m conhecimentos que transformam a abertura de trilhas em um trabalho cient\u00edfico, pedag\u00f3gico e paisag\u00edstico. Desta forma, trilhas s\u00e3o caminhos existentes ou estabelecidos, com diferentes formas, comprimentos e larguras, que possuam o objetivo aproximar o visitante ao ambiente natural, ou conduz\u00ed-lo a um atrativo espec\u00edfico, possibilitando seu entretenimento ou educa\u00e7\u00e3o atrav\u00e9s de sinaliza\u00e7\u00f5es ou de recursos interpretativos.<\/p>\n\n\n\n

Podem ser estabelecidas diversos tipos de trilhas, que podem ser classificadas quanto a fun\u00e7\u00e3o (vigil\u00e2ncia, recreativa, educativa, interpretativa e de travessia), quanto \u00e0 forma (circular, oito, linear e atalho), quanto ao grau de dificuldade (caminhada leve, moderada e pesada) e quanto \u00e0 declividade do relevo (ascendentes, descendentes ou irregulares).<\/p>\n\n\n\n

Quanto aos recursos utilizados para a interpreta\u00e7\u00e3o ambiental da trilha, elas podem ser classificadas de duas maneiras: guiadas (monitoradas) ou autoguiadas.<\/p>\n\n\n\n

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Trilhas Guiadas<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Nas trilhas guiadas a interpreta\u00e7\u00e3o do guia\/condutor de ecoturismo \u00e9 a alma de uma boa trilha. Sua principal caracter\u00edstica \u00e9 o estabelecimento de um canal de comunica\u00e7\u00e3o e uma rela\u00e7\u00e3o afetiva entre o int\u00e9rprete e os visitantes.<\/p>\n\n\n\n

A prepara\u00e7\u00e3o f\u00edsica e t\u00e9cnica e os conhecimentos ecol\u00f3gicos do guia\/condutor de ecoturismo s\u00e3o os principais instrumentos de investiga\u00e7\u00e3o e interpreta\u00e7\u00e3o da regi\u00e3o a ser conhecida. Al\u00e9m disso, a voca\u00e7\u00e3o natural e a experi\u00eancia do guia\/condutor de ecoturismo tamb\u00e9m s\u00e3o fundamentais para o sucesso da trilha.<\/p>\n\n\n\n

A prepara\u00e7\u00e3o, o conhecimento e a experi\u00eancia para a interpreta\u00e7\u00e3o de trilhas s\u00e3o adquiridas em cursos especializados, em livros, praticando caminhadas e acompanhando o trabalho de guias\/condutores de ecoturismo mais experientes ou de mateiros.<\/p>\n\n\n\n

V\u00e1rios tipos de passeios guiados podem ser desenvolvidos. O int\u00e9rprete pode fixar previamente os locais de parada e os temas trabalhados, sem que o p\u00fablico possa designar novas investiga\u00e7\u00f5es, ou naquelas em que as observa\u00e7\u00f5es v\u00e3o acontecendo conforme os eventos aparecem (animais, flora\u00e7\u00e3o etc.) ou de acordo com as motiva\u00e7\u00f5es dos usu\u00e1rios. Entretanto, as mais interessantes s\u00e3o aquelas em que o int\u00e9rprete trabalha estabelecendo uma estrat\u00e9gia de abordagem que satisfa\u00e7a interesses espec\u00edficos de determinado grupo.<\/p>\n\n\n\n

Trilhas Autoguiadas<\/strong><\/p>\n\n\n\n

As trilhas interpretativas autoguiadas tem como principal fun\u00e7\u00e3o facilitar a caminhada e permitir o contato dos visitantes com o meio ambiente sem a presen\u00e7a do guia. Assim, recursos visuais e gr\u00e1ficos indicam a dire\u00e7\u00e3o a seguir, os elementos a serem destacados (\u00e1rvores nativas, plantas medicinais, ninhos de p\u00e1ssaros etc.) e os temas desenvolvidos (mata ciliar, recursos h\u00eddricos, etc.).<\/p>\n\n\n\n

Podem ser autoguiadas atrav\u00e9s de placas numeradas ou por meios escritos ou visuais dispostos na trilha<\/p>\n\n\n\n

Capacidade de Suporte<\/strong><\/p>\n\n\n\n

S\u00e3o classificados em capacidade de suporte f\u00edsica, biol\u00f3gica e psicol\u00f3gica ou perceptiva. A metodologia desenvolvida por Cifuentes, para a Costa Rica, \u00e9 que melhor permite a implanta\u00e7\u00e3o de trilhas de maneira relativamente equilibrada. Ela determina tr\u00eas grandes par\u00e2metros para se chegar ao n\u00famero de usu\u00e1rios em determinado tempo.<\/p>\n\n\n\n

A Capacidade de Suporte F\u00edsica (CSF) \u00e9 o limite m\u00e1ximo de visitantes em uma \u00e1rea definida em um determinado tempo. A Capacidade de Suporte Real (CSR) \u00e9 o limite m\u00e1ximo de visitantes, por\u00e9m aplicando-se os Fatores de Corre\u00e7\u00e3o que limitam a atividade, composto por diversas vari\u00e1veis de ordem f\u00edsica, ecol\u00f3gica, social entre outras. Finalmente, chega-se \u00e0 Capacidade de Suporte Efetiva (CSE), partindo-se da CSR, por\u00e9m considerando-se a Capacidade de Manejo e Gest\u00e3o. Assim, a intensidade e o per\u00edodo de uso, o tamanho do grupo, as atividades realizadas, o n\u00famero de monitores etc ser\u00e1 aquela apontada pela Capacidade de Suporte Efetiva.<\/p>\n\n\n\n

Planejamento<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O planejamento da implanta\u00e7\u00e3o de trilhas visa assegurar que os impactos negativos estar\u00e3o dentro dos limites aceit\u00e1veis de mudan\u00e7a. Pode ser entendida como os limites aceit\u00e1veis de mudan\u00e7a que um determinado n\u00edvel de uso de um s\u00edtio ou \u00e1rea pode suportar sem causar danos significativos aos recursos e sistemas ecol\u00f3gicos necess\u00e1rios para o seu equil\u00edbrio, garantindo a qualidade da experi\u00eancia do visitante.<\/p>\n\n\n\n

– Avaliar o local, impactos e objetivos.<\/p>\n\n\n\n

– Definir tipo de p\u00fablico.<\/p>\n\n\n\n

– Trilha a ser mais informativa, sensibilizadora e educadora poss\u00edvel.<\/p>\n\n\n\n

– Dever\u00e1 localizar-se em uma paisagem comum, do dia a dia, viabilizando uma rela\u00e7\u00e3o direta.<\/p>\n\n\n\n

– A mensagem deve ser simples, abrindo horizontes, suscitando a observa\u00e7\u00e3o e o respeito \u00e0 vida.<\/p>\n\n\n\n

A Forma<\/strong><\/p>\n\n\n\n

– Os meios e materiais devem ser simples, sem agredir ou poluir visualmente o ambiente.<\/p>\n\n\n\n

– Em c\u00edrculos ou ovais, ou seja, n\u00e3o retornarem pelo mesmo local.<\/p>\n\n\n\n

– N\u00e3o serem longas, por\u00e9m objetivas.<\/p>\n\n\n\n

– Viabilizem uma interpreta\u00e7\u00e3o com informa\u00e7\u00f5es necess\u00e1rias concisas, transmitidas de forma mais completa.<\/p>\n\n\n\n

Impactos Ambientais<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Podemos citar alguns impactos negativos que qualquer tipo de trilha pode gerar no solo (eros\u00e3o e compacta\u00e7\u00e3o), na fauna (altera\u00e7\u00f5es nas popula\u00e7\u00f5es) e na flora (desmatamento), tanto nas fases de implanta\u00e7\u00e3o como no uso. Por\u00e9m, a lista \u00e9 muito mais ampla e ainda n\u00e3o se conhece todas as consequ\u00eancias de sua implanta\u00e7\u00e3o. As t\u00e9cnicas para minimizar os impactos basicamente restringem-se aos cuidados com o solo e a vegeta\u00e7\u00e3o. A fauna precisaria ser estudada durante meses (talvez anos) para que se conhe\u00e7a todos os h\u00e1bitos comportamentais de todas as esp\u00e9cies presentes em determinada \u00e1rea, podendo-se, assim, estabelecer sua capacidade de suporte.<\/p>\n\n\n\n

Medidas de Controle de Impactos<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Salvo as interven\u00e7\u00f5es de ordem estrutural e de seguran\u00e7a, os s\u00edtios de visita\u00e7\u00e3o n\u00e3o devem ser adaptados aos visitantes, estes \u00e9 que dever\u00e3o ser preparados para a visita\u00e7\u00e3o. Para elaborar medidas preventivas de impactos negativos em trilhas, minimizando os custos de implanta\u00e7\u00e3o e manuten\u00e7\u00e3o, deve-se estabelecer primeiramente um zoneamento das \u00e1reas de uso e n\u00e3o- uso e o manejo das \u00e1reas de uso, seguido do estabelecimento de t\u00e9cnicas que identifique o impacto potencial e os par\u00e2metros para monitoramento da vida silvestre.<\/p>\n\n\n\n

Por fim, a educa\u00e7\u00e3o ambiental \u00e9 o instrumento de fundamental import\u00e2ncia para minimizar os impactos da visita\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Alguns Lembretes<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A trilha interpretativa \u00e9, para muitos, o meio mais eficiente de interpreta\u00e7\u00e3o, por atender facilmente aos seus princ\u00edpios e objetivos, destacando-se ainda seu baixo custo. Para isso, recomendam-se algumas “regras”b\u00e1sicas:<\/p>\n\n\n\n

a) As rotas devem ser planejadas com ajuda de conhecedores da \u00e1rea, incluindo-se os recursos interpretativos mais importantes e evitando-se os recursos fr\u00e1geis e raros desprotegidos.<\/p>\n\n\n\n

b) Sua “constru\u00e7\u00e3o” deve ser de baixo impacto e deixar poucos vest\u00edgios.<\/p>\n\n\n\n

c) Devem apresentar uma est\u00e9tica condizente com a “alma”do local, evitando-se excessos.<\/p>\n\n\n\n

d) Devem ser em forma geom\u00e9trica fechada com o local de sa\u00edda e chegada coincidentes ou quase.<\/p>\n\n\n\n

e) Geralmente s\u00e3o curtas (1 a 4 km), mas devem ser diversificadas para as diferentes idades, prefer\u00eancias e habilidades.<\/p>\n\n\n\n

f) Devem ser espec\u00edficas quanto ao tipo de locomo\u00e7\u00e3o dos usu\u00e1rios.<\/p>\n\n\n\n

g) Devem informar suas caracter\u00edsticas gerais no in\u00edcio, como tempo de percurso ou grau de dificuldade.<\/p>\n\n\n\n

h) Devem ser mantidas limpas.<\/p>\n\n\n\n

i) Devem ter sua capacidade de uso estudada e monitorada.<\/p>\n\n\n\n

S\u00e3o caminhos tra\u00e7ados em um s\u00edtio natural, degradado ou n\u00e3o, como explica\u00e7\u00e3o sobre o meio ambiente.<\/p>\n\n\n\n

Estas trilhas, localizam-se dentro da floresta ou do ecossistema objeto, aproveitando- se quando poss\u00edvel, tra\u00e7ados j\u00e1 existentes.<\/p>\n\n\n\n

Quando bem elaboradas, conseguem promover o contato mais estreito entre o homem e a natureza, possibilitando conhecimento das esp\u00e9cies, animais e vegetais, da hist\u00f3ria local, da geologia, da pedologia, dos processos biol\u00f3gicos, das rela\u00e7\u00f5es ecol\u00f3gicas, ao meio ambiente e sua prote\u00e7\u00e3o, constituindo instrumento pedag\u00f3gico muito importante.<\/p>\n\n\n\n

Texto baseado nos seguintes autores: Marco Aur\u00e9lio Leite Fontes, Maria Rachel Vitorino (Ecoturismo – UFLA) e S\u00e9rgio Salazar Salvati.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"