{"id":641,"date":"2009-01-05T14:48:23","date_gmt":"2009-01-05T14:48:23","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:35:40","modified_gmt":"2021-07-10T23:35:40","slug":"turismo_em_cavernas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/ecoturismo\/artigos\/turismo_em_cavernas.html","title":{"rendered":"Turismo em Cavernas"},"content":{"rendered":"\n

O Brasil tem 2.700 cavernas catalogadas, concentradas no Distrito Federal, Goi\u00e1s, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, S\u00e3o Paulo e Paran\u00e1. Estima-se, por\u00e9m, que isso corresponda a menos de 10% do n\u00famero total de cavernas existentes no pa\u00eds, j\u00e1 que, desde 1985, cerca de 100 novas cavidades s\u00e3o descobertas a cada ano.<\/p>\n\n\n\n

\"qq\"\/<\/figure>\n\n\n\n

<\/span><\/div>\n\n\n\n

Diversas organiza\u00e7\u00f5es n\u00e3o-governamentais – a maioria afiliada \u00e0 Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE) – suprem esta car\u00eancia, como parceiras fundamentais dos \u00f3rg\u00e3os de governo, seja na descoberta e estudo das cavernas, seja na forma\u00e7\u00e3o de guias especializados para atender os visitantes e na elabora\u00e7\u00e3o de normas de uso adequadas a cada tipo de cavidade.<\/p>\n\n\n\n

A mais alta entrada de cavernas est\u00e1 no Brasil, na Gruta Casa de Pedra, em S\u00e3o Paulo, com 215 metros de altura. Em Minas Gerais est\u00e1 o mais profundo abismo (caverna vertical) em quartzito do planeta, a Caverna do Centen\u00e1rio, com 481 metros de profundidade. O Brasil possui, ainda, a maior caverna conhecida em micaxisto, a Gruta dos Ecos, no Distrito Federal, com 1.380 metros de desenvolvimento e um magn\u00edfico lago subterr\u00e2neo que chega a atingir 300 metros de comprimento.<\/p>\n\n\n\n

A presen\u00e7a de gigantescos sal\u00f5es subterr\u00e2neos, cachoeiras com mais de 20 metros de queda, lagos com mais de 120 metros de profundidade e enormes espeleotemas, como a estalactite de 28 metros da Gruta de Janel\u00e3o, em Minas Gerais, considerada a maior do mundo, aliada ao grande potencial de descoberta de novas cavidades, tamb\u00e9m contribu\u00edram para transformar o Brasil em um dos pa\u00edses mais procurados por expedi\u00e7\u00f5es espeleol\u00f3gicas internacionais.<\/p>\n\n\n\n

Para cuidar do licenciamento das cavernas e da educa\u00e7\u00e3o ambiental de seus visitantes, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renov\u00e1veis (Ibama) tamb\u00e9m criou um Centro Nacional de Estudo, Prote\u00e7\u00e3o e Manejo de Cavernas (Cecav), com nova sede, em Bras\u00edlia, desde fevereiro deste ano. O Cecav vem trabalhando principalmente com a prote\u00e7\u00e3o das cavernas brasileiras contra a depreda\u00e7\u00e3o, o turismo mal planejado, minera\u00e7\u00f5es e desmatamentos no entorno (que afetam, sobretudo, os cursos d’\u00e1gua, formadores das cavernas).<\/p>\n\n\n\n

Como s\u00e3o ambientes muito espec\u00edficos, com uma fauna \u00fanica e condi\u00e7\u00f5es de temperatura e umidade muito constantes, as cavernas precisam de regras especiais de uso e prote\u00e7\u00e3o. Problemas aparentemente menores, como o excesso de visitantes podem ser muito destrutivos, seja pelo pisoteio ou depreda\u00e7\u00e3o de espeleotemas (forma\u00e7\u00f5es calc\u00e1rias ou cristalinas t\u00edpicas) seja pelo excesso de g\u00e1s carb\u00f4nico, proveniente da respira\u00e7\u00e3o dos turistas.<\/p>\n\n\n\n

O turismo em cavernas \u00e9 uma op\u00e7\u00e3o de desenvolvimento sustent\u00e1vel que atrai muitas comunidades. Mas a regulamenta\u00e7\u00e3o desse turismo ainda tem muitas arestas a serem aparadas entre espele\u00f3logos, agentes de viagens e os diversos tipos de turistas: os aventureiros, dispostos a fazer rapel, canyoning, mergulho ou escaladas radicais; os religiosos, que realizam cerim\u00f4nias dentro das cavernas e os turistas tradicionais, que muitas vezes deixam um rastro de lixo e depreda\u00e7\u00f5es ao longo dos caminhos que percorrem.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o existe visita a caverna, que n\u00e3o interfira em seu ambiente interno. Mas podem existir planos de manejo do turismo em cavernas, com as melhores alternativas para minimizar esta interfer\u00eancia. As solu\u00e7\u00f5es s\u00e3o diferentes para cada caverna e at\u00e9 para cada galeria de uma mesma caverna, por isso os planos de manejo dependem de avalia\u00e7\u00f5es t\u00e9cnicas de espele\u00f3logos, especialistas que, no Brasil, n\u00e3o tem profiss\u00e3o regulamentada, nem forma\u00e7\u00e3o acad\u00eamica espec\u00edfica e, via de regra, trabalham voluntariamente, por amor \u00e0s cavernas.<\/p>\n\n\n\n

As cavernas tamb\u00e9m tem uma fun\u00e7\u00e3o ambiental, freq\u00fcentemente esquecida, que \u00e9 a recarga de aq\u00fciferos – elas s\u00e3o galerias cavadas pela \u00e1gua e de sua preserva\u00e7\u00e3o dependem muitos mananciais. Abrigam, ainda, importantes s\u00edtios paleontol\u00f3gicos e arqueol\u00f3gicos, com pinturas rupestres, f\u00f3sseis e vest\u00edgios de ocupa\u00e7\u00e3o humana, em \u00f3timas condi\u00e7\u00f5es de conserva\u00e7\u00e3o, justamente devido \u00e0 estabilidade do ambiente.<\/p>\n\n\n\n

O turismo afeta o ambiente das cavernas – o risco do aumento do turismo para a fauna das cavernas brasileiras vai depender da freq\u00fc\u00eancia e do tipo de turismo – demarcado e n\u00e3o-demarcado. Em termos gerais, os principais impactos s\u00e3o a compacta\u00e7\u00e3o dos solos (n\u00e3o permitindo que organismos que vivam no local consigam sobreviver), polui\u00e7\u00e3o do ar, solos e \u00e1guas (incluindo eutrofiza\u00e7\u00e3o), introdu\u00e7\u00e3o de animais e plantas (que podem competir com os presentes, amea\u00e7ando especialmente os trogl\u00f3bios – animais que s\u00f3 vivem nas cavernas).<\/p>\n\n\n\n

No Brasil existem leis para prote\u00e7\u00e3o do patrim\u00f4nio espeleol\u00f3gico (geol\u00f3gico e biol\u00f3gico). Mas ainda \u00e9 necess\u00e1rio demarcar \u00e1reas de prote\u00e7\u00e3o, assim como restringir a visita\u00e7\u00e3o a algumas cavernas, que contenham forma\u00e7\u00f5es geol\u00f3gicas e animais especiais. O mais urgente, por\u00e9m, \u00e9 controlar essas \u00e1reas. N\u00e3o adianta restringir se n\u00e3o existe controle.<\/p>\n\n\n\n

Os primeiros planos de manejo est\u00e3o saindo do papel, gra\u00e7as ao trabalho de espele\u00f3logos e dos esfor\u00e7os do Centro Nacional de Estudo, Prote\u00e7\u00e3o e Manejo de Cavernas do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renov\u00e1veis (Cecav-Ibama). A prioridade, no momento, s\u00e3o as \u00e1reas com maior concentra\u00e7\u00e3o de cavernas e mais visita\u00e7\u00e3o, na Bahia (Chapada Diamantina), Mato Grosso do Sul (Bonito) e Minas Gerais (circuito de cavernas em torno de Belo Horizonte). Os planos de manejo indicam como usar e como proteger as cavernas, para que a visita\u00e7\u00e3o seja permanente.<\/p>\n\n\n\n

O turismo provoca impactos negativos nos ambientes naturais:<\/p>\n\n\n\n