{"id":602,"date":"2008-12-18T14:05:19","date_gmt":"2008-12-18T14:05:19","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:35:50","modified_gmt":"2021-07-10T23:35:50","slug":"dna_o_que_mudou_na_vida_do_homem","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/biotecnologia\/artigos_de_biotecnologia\/dna_o_que_mudou_na_vida_do_homem.html","title":{"rendered":"DNA: o que mudou na vida do Homem?"},"content":{"rendered":"\n

Afinal de contas, o que vem a ser o DNA (em ingl\u00eas) ou chamado de ADN (na l\u00edngua portuguesa), que nos \u00faltimos tempos atrai tanto o notici\u00e1rio quanto a curiosidade popular? A \u201cgrife\u201d DNA ganhou tamanha abrang\u00eancia, que virou mote de publicidade de novos produtos, tais como: \u201ceste shampoo cont\u00e9m DNA vegetal\u201d, \u201ccarne vegetal org\u00e2nica – n\u00e3o cont\u00e9m DNA animal\u201d, e tantos outros que v\u00eam citando a palavra DNA, que ali\u00e1s embora j\u00e1 seja de dom\u00ednio p\u00fablico \u00e9 de origem inglesa.<\/p>\n\n\n\n

\"ab\"\/<\/figure>\n\n\n\n

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\u00c1cido Desoxirribonucleico Nucl\u00e9ico<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Na realidade, DNA significa Desoxiribonucleic Nucleic Acid em ingl\u00eas e traduzido para o portugu\u00eas ADN – \u00c1cido Desoxirribonucleico Nucl\u00e9ico. Na realidade dever\u00edamos come\u00e7ar este artigo mudando o t\u00edtulo e colocando os 50 anos do ADN, pois afinal esta revista \u00e9 brasileira, mas o dom\u00ednio p\u00fablico da palavra DNA \u00e9 t\u00e3o grande, que talvez poucos se dessem conta de que significaria a mesma coisa.<\/p>\n\n\n\n

O DNA ou ADN \u00e9 na realidade a chamada mol\u00e9cula da vida, ou seja, todos os seres vivos (ou mesmo os mortos, que algum dia j\u00e1 foram vivos) possuem na sua ess\u00eancia a mol\u00e9cula do DNA. Esta mol\u00e9cula, que reproduz o C\u00f3digo Gen\u00e9tico, \u00e9 respons\u00e1vel pela transmiss\u00e3o das caracter\u00edsticas heredit\u00e1rias de cada esp\u00e9cie, de pai para filho. quer seja nas plantas, nos animais (a\u00ed inclu\u00eddo o homem) ou nos microrganismos. Na realidade, a mol\u00e9cula do DNA assemelha-se \u00e0 estrutura de uma escada, onde os corrim\u00f5es s\u00e3o formados por fosfato e a\u00e7\u00facar e os degraus da escada por seq\u00fc\u00eancias de 4 bases nitrogenadas, adenina (A), timina (T), citosina (C), e guanina (G), ligadas por pontes de hidrog\u00eanio, formando a dupla h\u00e9lice.<\/p>\n\n\n\n

O final do s\u00e9culo XVIII e o in\u00edcio do s\u00e9culo XIX foram marco de descobertas que propiciaram um grande avan\u00e7o no campo das ci\u00eancias da vida. Em 1953, exatamente h\u00e1 50 anos atr\u00e1s, o cientista estadunidense James Watson com apenas 23 anos, juntamente com Francis Crick, de 35 anos, desvendaram a estrutura da mol\u00e9cula da vida – o DNA. Esta descoberta lhes rendeu em 1962, juntamente com Maurice Wilkins, o Pr\u00eamio Nobel. Este passo foi apenas o come\u00e7o de uma nova Era: A Era da Biotecnologia Moderna, tamb\u00e9m conhecida por engenharia gen\u00e9tica ou tecnologia do DNA recombinante.<\/p>\n\n\n\n

Entretanto, toda descoberta cient\u00edfica \u00e9 um processo constru\u00eddo ao longo dos anos e cada nova descoberta \u00e9 precedida de avan\u00e7os anteriores, sem os quais a descoberta seguinte n\u00e3o seria poss\u00edvel. E assim foi com a descoberta de Watson, onde os trabalhos de cristalografia com Raios-X de Rosalind Franklin, que identificaram a dupla fita foram fundamentais para esta descoberta e para os avan\u00e7os seguintes. Rosalind n\u00e3o viveu o suficiente para ter o reconhecimento desta descoberta, pois faleceu de c\u00e2ncer aos 37 anos de idade.<\/p>\n\n\n\n

A Biotecnologia e a Revolu\u00e7\u00e3o Tecnol\u00f3gica na agricultura e na sa\u00fade<\/strong><\/p>\n\n\n\n

As descobertas da estrutura do DNA e das enzimas de restri\u00e7\u00e3o em 1972 por Paul Berg deram in\u00edcio a uma nova fase do desenvolvimento industrial, tendo como matriz a base biol\u00f3gica. A chamada biotecnologia moderna trouxe sem d\u00favida vantagens ineg\u00e1veis para a humanidade, mas por outro lado trouxe apreens\u00f5es. A transfer\u00eancia de genes entre esp\u00e9cies n\u00e3o relacionadas \u00e9 sem d\u00favida um dos mais inovadores aspectos desta tecnologia, pois permite o rompimento da barreira gen\u00e9tica entre esp\u00e9cies. As aplica\u00e7\u00f5es da tecnologia s\u00e3o limitadas apenas pelo tempo e implica\u00e7\u00f5es \u00e9ticas e de biosseguran\u00e7a. A Biotecnologia apresenta um imenso potencial de a\u00e7\u00e3o para o bem-estar da humanidade, desde que os riscos desta nova tecnologia sejam mensurados e controlados caso a caso.<\/p>\n\n\n\n

Na agricultura, o Homem vem buscando alternativas que permitam o aumento da produtividade por \u00e1rea plantada e a diminui\u00e7\u00e3o do custo de produ\u00e7\u00e3o. Para isto, vem desenvolvendo h\u00e1 centenas de anos novas variedades de plantas utilizando ferramentas convencionais. Cientistas, agr\u00f4nomos e pol\u00edticos esperaram por muito tempo uma nova revolu\u00e7\u00e3o na agricultura que ao mesmo tempo obtivesse incremento na produtividade, m\u00ednimo impacto ambiental e estivesse acess\u00edvel a pequenos produtores. Para muitos a Biotecnologia pode contribuir para o alcance destes objetivos.<\/p>\n\n\n\n

As quest\u00f5es de Biosseguran\u00e7a tornaram-se alvo de um debate polarizado entre grupos que ap\u00f3iam a nova biotecnologia e aqueles que s\u00e3o radicalmente contra. A maior controv\u00e9rsia est\u00e1 centrada na seguran\u00e7a das plantas transg\u00eanicas e alimentos derivados de Organismos Geneticamente Modificados – OGMs. A biotecnologia tem recebido melhor aceita\u00e7\u00e3o p\u00fablica para aplica\u00e7\u00f5es na ind\u00fastria bioqu\u00edmica e sa\u00fade. Novos avan\u00e7os cient\u00edficos, como a clonagem, os testes gen\u00e9ticos, e a terapia g\u00eanica, t\u00eam estimulado diversos questionamentos de natureza \u00e9tica.<\/p>\n\n\n\n

Desde 1994 culturas transg\u00eanicas s\u00e3o plantadas comercialmente. Em 2002, a \u00e1rea global de culturas transg\u00eanicas foi de 60 milh\u00f5es de hectares, utilizadas por cerca de 6 milh\u00f5es de agricultores em 16 pa\u00edses. O plantio de algod\u00e3o transg\u00eanico (resistente a inseto) na China representa mais de 50% da \u00e1rea total plantada com algod\u00e3o naquele pa\u00eds. A introdu\u00e7\u00e3o desta tecnologia na agricultura levou a uma economia de cerca de 25 milh\u00f5es de Kg de pesticidas no ano 2000. Tanto os resultados recentes da China como da \u00cdndia (estudos realizados em mais de 300 fazendas naqueles pa\u00edses) mostram n\u00e3o apenas uma vantagem econ\u00f4mica pelo uso dessas culturas, mas, sobretudo vantagens ambientais tais como: menor contamina\u00e7\u00e3o do solo com pesticidas; possibilidade de uso de pesticidas menos t\u00f3xicos e de menor tempo de perman\u00eancia no solo; menos eros\u00e3o devido a possibilidade do uso de plantio direto; menor desmatamento de novas \u00e1reas; menor consumo de \u00e1gua, devido a maior rendimento por \u00e1rea plantada.<\/p>\n\n\n\n

Certamente, esses motivos s\u00e3o respons\u00e1veis pela ado\u00e7\u00e3o crescente dessas culturas em pa\u00edses onde a agricultura \u00e9 uma das principais fontes de divisas. A atividade agr\u00edcola quer seja convencional ou transg\u00eanica \u00e9 uma das principais atividades humanas degradadoras do meio ambiente. \u00c9 sabido que a agricultura \u00e9 respons\u00e1vel pelo consumo de 70% da \u00e1gua do planeta e pela devasta\u00e7\u00e3o de florestas. A figura 2 mostra uma \u00e1rea devastada em plena floresta Amaz\u00f4nica para o plantio de soja.<\/p>\n\n\n\n

Biodiversidade e Biosseguran\u00e7a<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Os OGMs, oferecem uma multiplicidade de aplica\u00e7\u00f5es e benef\u00edcios, existindo tamb\u00e9m o potencial para efeitos adversos \u00e0 sa\u00fade humana e ao meio ambiente. A utiliza\u00e7\u00e3o de OGMs e derivados \u00e9 precedida de avalia\u00e7\u00e3o de risco, efetuada caso a caso, com base na experimenta\u00e7\u00e3o cient\u00edfica e na familiaridade de conhecimentos. A preocupa\u00e7\u00e3o com a seguran\u00e7a da nova biotecnologia tem sido considerada em acordos internacionais, como a Agenda 21 e a Conven\u00e7\u00e3o da Diversidade Biol\u00f3gica (CDB), ratificada pela grande maioria dos pa\u00edses, inclusive o Brasil. A CDB estabelece o princ\u00edpio da precau\u00e7\u00e3o assim postulado: quando houver risco de redu\u00e7\u00e3o significativa ou perda da biodiversidade, a falta de completo conhecimento cient\u00edfico, n\u00e3o deve ser raz\u00e3o para o postergamento de medidas que evitem ou minimizem o risco. Portanto, o Princ\u00edpio de Precau\u00e7\u00e3o n\u00e3o inviabiliza o desenvolvimento da biotecnologia moderna, mas exige que as medidas de Biosseguran\u00e7a sejam adotadas.<\/p>\n\n\n\n

As a\u00e7\u00f5es na \u00e1rea de Biosseguran\u00e7a est\u00e3o mencionadas nos artigos 8(g) e 19(3) da CBD, recomendando a implanta\u00e7\u00e3o de instrumentos que regulamentem os riscos associados aos OGMs, com potencial de afetar a conserva\u00e7\u00e3o e o uso sustentado da diversidade biol\u00f3gica, incluindo os riscos a sa\u00fade humana. As negocia\u00e7\u00f5es posteriores, no \u00e2mbito da CBD, resultaram na ado\u00e7\u00e3o das recomenda\u00e7\u00f5es de Biosseguran\u00e7a, propostas pela UNEP (1995) e no Protocolo de Cartagena (2000) sobre o movimento transfronteiri\u00e7o de OGMs vivos.<\/p>\n\n\n\n

A legisla\u00e7\u00e3o brasileira de Biosseguran\u00e7a est\u00e1 representada na Lei no 8.974 de 05\/01\/1995, recentemente alterada pela Medida Provis\u00f3ria 2.137 de 28\/12 2000 e regulamentada pelas instru\u00e7\u00f5es normativas elaboradas pela CTNBio (CTNBio 2003) e complementadas por normas espec\u00edficas para OGM do Minist\u00e9rio de Meio Ambiente e Minist\u00e9rio da Sa\u00fade, que internalizam o Princ\u00edpio da Precau\u00e7\u00e3o. A avalia\u00e7\u00e3o de risco da libera\u00e7\u00e3o de OGMs tem sido feita de maneira cautelosa pela Comiss\u00e3o Nacional de Biosseguran\u00e7a (CTNBio), seguindo procedimentos que visam evitar ou minimizar conseq\u00fc\u00eancias adversas dos OGMs e seus derivados ao homem e ambiente.<\/p>\n\n\n\n

Avalia\u00e7\u00e3o de risco de OGMs<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Os procedimentos de Biosseguran\u00e7a visam evitar ou minimizar as conseq\u00fc\u00eancias adversas dos OGMs e seus derivados para o homem e o meio ambiente. Os poss\u00edveis efeitos delet\u00e9rios decorrentes da libera\u00e7\u00e3o de OGMs durante a experimenta\u00e7\u00e3o ou comercializa\u00e7\u00e3o s\u00e3o avaliados juntamente com o estabelecimento de medidas de monitoramento para detec\u00e7\u00e3o de conseq\u00fc\u00eancias adversas e mitiga\u00e7\u00e3o de impactos indesej\u00e1veis.<\/p>\n\n\n\n

Os OGMs s\u00e3o organismos vivos com capacidade de reprodu\u00e7\u00e3o, dispers\u00e3o e evolu\u00e7\u00e3o biol\u00f3gica no ambiente, gerando quest\u00f5es de seguran\u00e7a diferentes, em compara\u00e7\u00e3o com produtos oriundos de tecnologias qu\u00edmicas e f\u00edsicas. Uma analogia sobre o impacto de OGMs tem sido inferida em compara\u00e7\u00e3o com a introdu\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies ex\u00f3ticas no ambiente, tendo em alguns casos trazido benef\u00edcios e em outros consider\u00e1veis danos ecol\u00f3gicos (ex. as abelhas africanas no Brasil, os coelhos na Austr\u00e1lia etc). Ao adquirir novas caracter\u00edsticas gen\u00e9ticas um organismo pode ter seu comportamento alterado no ambiente, da\u00ed a necessidade da avalia\u00e7\u00e3o de riscos para cada ambiente receptor.<\/p>\n\n\n\n

Durante a obten\u00e7\u00e3o de dados para an\u00e1lise de risco \u00e9 fundamental a compara\u00e7\u00e3o entre o OGM e o organismo parental isog\u00eanico.<\/p>\n\n\n\n

Como decidir o que \u00e9 melhor para o Pa\u00eds?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A participa\u00e7\u00e3o da sociedade no processo decis\u00f3rio de quest\u00f5es que decidir\u00e3o sobre o seu destino \u00e9 de fundamental import\u00e2ncia. Entretanto, somente uma sociedade esclarecida \u00e9 que poder\u00e1 julgar de forma racional e n\u00e3o emocional. A socializa\u00e7\u00e3o da informa\u00e7\u00e3o \u00e9 um dever de cada cidad\u00e3o que detenha o conhecimento cient\u00edfico. Ao assumir o novo Governo em 2003 o Ministro da Ci\u00eancia e Tecnologia declarou: \u201cPrecisamos levar a ci\u00eancia para o dia-a-dia de cada brasileiro, para que cada cidad\u00e3o, cada contribuinte, entendendo a import\u00e2ncia da pesquisa e da inova\u00e7\u00e3o na qualidade de sua vida, se transforme em seu defensor. Mobilizaremos todas as for\u00e7as dispon\u00edveis\u201d. E este \u00e9 o compromisso do Governo Lula. Apenas com a informa\u00e7\u00e3o cient\u00edfica a sociedade poder\u00e1 julgar e decidir o que \u00e9 melhor para ela.<\/p>\n\n\n\n

Leila Oda
\nFonte: Revista Eco 21, Ano XIII, Edi\u00e7\u00e3o 76, Mar\u00e7o 2003. (www.eco21.com.br)<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Afinal de contas, o que vem a ser o DNA (em ingl\u00eas) ou chamado de ADN (na l\u00edngua portuguesa), que nos \u00faltimos tempos atrai tanto o notici\u00e1rio quanto a curiosidade popular? <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":603,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1407],"tags":[456,23,457,455,442,425,424],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/602"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=602"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/602\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":5845,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/602\/revisions\/5845"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/603"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=602"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=602"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=602"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}