{"id":585,"date":"2015-07-10T13:12:54","date_gmt":"2015-07-10T13:12:54","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T19:15:50","modified_gmt":"2021-07-10T22:15:50","slug":"embrapa_faz_enzima_inseticida_para_algodao_transgenico","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/biotecnologia\/artigos_de_biotecnologia\/embrapa_faz_enzima_inseticida_para_algodao_transgenico.html","title":{"rendered":"Embrapa faz enzima inseticida para algod\u00e3o transg\u00eanico"},"content":{"rendered":"\n
\"ab\"\/<\/figure>\n\n\n\n

O foco da pesquisa de Roseane, desenvolvida na Embrapa Algod\u00e3o em parceria com a Embrapa Recursos Gen\u00e9ticos e Biotecnologia (Cenargen), est\u00e1 centrado na toler\u00e2ncia ao bicudo por ser uma das principais pragas da cotonicultura. O agricultor destina 40% dos custos do plantio \u00e0 compra de defensivos. Com o custo de US$ 1.000 para cada hectare plantado de algod\u00e3o, o gasto m\u00e9dio com defensivos \u00e9 de R$ 1.100. “A perspectiva \u00e9 reduzir os custos com a ado\u00e7\u00e3o de variedades geneticamente modificadas. Veja que isso \u00e9 o custo m\u00e9dio de um produtor que use sementes boas e fertilizantes adequados. H\u00e1 casos em que se gasta ainda mais”, afirma a pesquisadora.<\/p>\n\n\n\n

\u201cA pesquisa est\u00e1 baseada na identifica\u00e7\u00e3o e isolamento de um gene que codifica para uma enzima com potencial inseticida\u201d, detalha Roseane Cavalcanti dos Santos, pesquisadora da Embrapa Algod\u00e3o, que defendeu tese de doutorado sobre o algod\u00e3o transg\u00eanico no ano passado na UnB. Segundo ela, a enzima \u00e9 t\u00f3xica para o inseto porque ataca o colesterol de suas membranas intestinais, interferindo no crescimento e levando-o \u00e0 morte.<\/p>\n\n\n\n

\u201cA enzima, coletada de uma bact\u00e9ria de plantas, j\u00e1 se mostrou at\u00f3xica contra mam\u00edferos, em testes conduzidos anteriormente. Posteriormente o gene inseticida ser\u00e1 introduzido em plantas de algod\u00e3o. Essa pesquisa traz uma perspectiva animadora para o controle desse inseto, que no momento \u00e9 feito com aplica\u00e7\u00f5es massivas de inseticidas qu\u00edmicos, onerando o sistema de produ\u00e7\u00e3o e poluindo o meio ambiente\u201d, acrescenta Roseane.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisadora conseguiu isolar cerca de 50% do gene com previs\u00e3o para isolar a parte restante no final de 2004. \u201cA partir da\u00ed, ser\u00e3o iniciados os testes de introdu\u00e7\u00e3o da seq\u00fc\u00eancia codante do gene na planta e posteriores ensaios relativos ao potencial inseticida da nova planta melhorada sobre os insetos. O resultado dessa pesquisa ser\u00e1 de grande repercuss\u00e3o para o soerguimento definitivo da lavoura algodoeira no Brasil.<\/p>\n\n\n\n

Em termos econ\u00f4micos, a redu\u00e7\u00e3o com o uso de inseticidas ser\u00e1 significativa considerando–se que dos cerca de US$ 2,5 bilh\u00f5es investidos em agrot\u00f3xicos em 2002, foram destinados 28% para compra de inseticidas\u201d, destaca. O Brasil gasta atualmente cerca de US$ 900 milh\u00f5es para o controle de insetos do algod\u00e3o. O bicudo \u00e9 um inseto com grande capacidade reprodutiva. Durante um ciclo do algodoeiro, que fica entre 150 e 160 dias, o bicudo pode reproduzir at\u00e9 seis vezes, de modo que, no campo, podem ser encontrados cerca de 500 mil insetos por hectare. Os preju\u00edzos na produ\u00e7\u00e3o ocorrem porque o bicudo se alimenta e coloca seus ovos em bot\u00f5es florais novos, elevando o percentual de queda de frutos.<\/p>\n\n\n\n

Em 2000, ao desenvolver tese de doutorado na Universidade de Bras\u00edlia (UnB), Roseane identificou o gene que produz a prote\u00edna chamada colesterol oxidase, uma enzima que ataca o intestino do besouro, prejudicando seu crescimento. A prote\u00edna \u00e9 naturalmente produzida por uma bact\u00e9ria que ataca plantas, a Streptomyces. A fase, agora, \u00e9 de isolamento do gene, etapa com praticamente 90% de conclus\u00e3o. “Com essa etapa conclu\u00edda, vamos inserir o gene na planta”, conta Roseane.<\/p>\n\n\n\n

O grupo de pesquisadores fez testes de biosseguran\u00e7a e avaliou a a\u00e7\u00e3o da enzima no organismo de camundongos. Testes preliminares realizados em 2002 indicaram que n\u00e3o houve altera\u00e7\u00e3o nem no f\u00edgado, nem nos rins, nem no intestino dos roedores que receberam a enzima em seu c\u00f3digo gen\u00e9tico. “Isso abre o precedente para que consideremos a prote\u00edna inofensiva. Ou seja, \u00e9 de se esperar que a prote\u00edna n\u00e3o fa\u00e7a mal ao homem”, conclui. Segundo Roseane, isso se explica porque as enzimas digestivas do animal t\u00eam o poder de quebrar a prote\u00edna, tirando sua fun\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A valida\u00e7\u00e3o da seguran\u00e7a com o uso da tecnologia, no \u00e2mbito da sa\u00fade humana, \u00e9 necess\u00e1ria porque o algod\u00e3o entra na cadeia alimentar humana. Animais como cabra, ovelha e boi se alimentam do farelo de algod\u00e3o e da torta, produzida com restos de semente e casca de algod\u00e3o. “Avaliamos os camundongos e os filhos dos camundongos modificados e n\u00e3o houve altera\u00e7\u00e3o fisiol\u00f3gica”, disse Roseane.<\/p>\n\n\n\n

Os pr\u00f3ximos testes de biosseguran\u00e7a ser\u00e3o feitos no pr\u00f3ximo semestre, com as abelhas. Principal agente polinizador do algod\u00e3o, a abelha seria, potencialmente, um transporte para o gene da prote\u00edna a outras esp\u00e9cies. Roseane alerta, no entanto, para o resultado de algumas pesquisas que demonstraram haver redu\u00e7\u00e3o de 70% no cruzamento entre esp\u00e9cies diferentes de algod\u00e3o, quando houve separa\u00e7\u00e3o superior a 20 metros. A constata\u00e7\u00e3o foi feita com esp\u00e9cies melhoradas pelo sistema convencional. “Cabe ao agricultor fazer as barreiras naturais, caso adote uma tecnologia como a do algod\u00e3o transg\u00eanico. Afinal, com as variedades melhoradas dispon\u00edveis hoje, j\u00e1 se faz assim, para diminuir o risco”, observou.<\/p>\n\n\n\n

O Brasil gasta cerca de U$ 900 mil no controle de insetos que atacam o algod\u00e3o. Sua planta \u00e9 uma das preferidas de insetos e \u00e1caros, porque suas flores s\u00e3o vistosas, coloridas e grandes. Al\u00e9m disso, os bot\u00f5es florais, ma\u00e7\u00e3s e dep\u00f3sitos de n\u00e9ctar s\u00e3o suculentos, chegando a produzir uma quantidade de a\u00e7\u00facares sol\u00faveis superior a de outras esp\u00e9cies vegetais. Apesar de ocupar menos de 2% da \u00e1rea plantada com todas as culturas, no mundo, a cultura do algod\u00e3o \u00e9 a que mais consome inseticidas para se obter boa produtividade. Em torno de 25% de todo o inseticida usado pelo homem na agricultura vai para a cotonicultura.<\/p>\n\n\n\n

Fontes:Dalmo Oliveira – Jornalista Eco 21 Ano XIV – n\u00ba 93 – Agosto – 2004; www.eco21.com.br;
\nmemoria.ebc.com.br<\/em>\n<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

O algod\u00e3o receber\u00e1 um gene capaz de produzir uma enzima inseticida que o tornar\u00e1 resistente ao bicudo do algodoeiro. Por causa do inseto, o Brasil saiu da condi\u00e7\u00e3o de um dos maiores exportadores de algod\u00e3o para a de maior importador, na d\u00e9cada de 80. A pesquisa \u00e9 conduzida pela agr\u00f4noma, especializada em biologia molecular, Roseane Cavalcanti, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu\u00e1ria (Embrapa). O objetivo, segundo a pesquisadora, \u00e9 oferecer aos produtores uma tecnologia que reduza os custos de plantio. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":586,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1407],"tags":[23,92,423],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/585"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=585"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/585\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":3550,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/585\/revisions\/3550"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/586"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=585"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=585"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=585"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}