{"id":580,"date":"2008-12-18T10:20:48","date_gmt":"2008-12-18T10:20:48","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:35:51","modified_gmt":"2021-07-10T23:35:51","slug":"bioglobalizacao_de_pragas_especies_invasoras","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/biotecnologia\/artigos_de_biotecnologia\/bioglobalizacao_de_pragas_especies_invasoras.html","title":{"rendered":"Bioglobaliza\u00e7\u00e3o de pragas: esp\u00e9cies invasoras"},"content":{"rendered":"\n

As mudan\u00e7as nos padr\u00f5es de alimenta\u00e7\u00e3o da sociedade moderna v\u00eam contribuindo para a chamada \u201cinvas\u00e3o biol\u00f3gica\u201d ou seja, o surgimento de organismos em \u00e1reas onde n\u00e3o ocorriam. Define-se como invas\u00e3o biol\u00f3gica ou organismos invasores quaisquer microrganismos (invertebrados), plantas e animais (vertebrados), introduzidos intencionalmente ou n\u00e3o, em novos habitats, causando danos econ\u00f4micos, sociais e ambientais tanto nos diferentes ecossistemas como no setor s\u00f3cio econ\u00f4mico de uma regi\u00e3o. O termo \u201cesp\u00e9cies invasoras ex\u00f3ticas\u201d \u00e9, tamb\u00e9m, sin\u00f4nimo de organismos invasores.<\/p>\n\n\n\n

A entrada de um \u00fanico organismo de efeito daninho em uma regi\u00e3o pode causar um colapso econ\u00f4mico de efeito social devastador, em um pa\u00eds. Na hist\u00f3ria da humanidade, retrocedendo algumas d\u00e9cadas, apesar dos relatos de invas\u00f5es biol\u00f3gicas serem esparsos, mostraram a seriedade do problema, seja na \u00e1rea humana, agr\u00edcola, florestal ou ambiental.<\/p>\n\n\n\n

Na \u00e1rea da sa\u00fade humana, exemplos que n\u00e3o devem ser esquecidos, como a peste bub\u00f4nica, causado pelo bacilo de Yersin, Pasturella pestis e transmitida por pulgas que vivem em ratos (Rattus rattus) se disseminou da regi\u00e3o asi\u00e1tica para o norte da \u00c1frica, Europa e China, matando na Idade M\u00e9dia, um ter\u00e7o da popula\u00e7\u00e3o desses continentes; o v\u00edrus causador da var\u00edola e do sarampo foi introduzido no hemisf\u00e9rio ocidental atrav\u00e9s de colonizadores europeus que praticamente dizimou os \u00edndios dos imp\u00e9rios asteca e inca. Al\u00e9m de outros como a tuberculose, a lepra, v\u00edrus da influenza, gonorr\u00e9ia, s\u00e3o alguns poucos exemplos a serem citados.<\/p>\n\n\n\n

Na agricultura, a fome que assolou a Irlanda, em 1840, provocada pelo fungo, Phytophtora infestans, que ataca a batata. Al\u00e9m dos preju\u00edzos causados aos agricultores da \u00e9poca, o maior agravante foi \u00e0 perda de vidas humanas pela fome com estimativas de um milh\u00e3o de pessoas. Outras (cerca de um milh\u00e3o e meio) deixaram a Irlanda principalmente com destino \u00e0 Am\u00e9rica do Norte, as quais tamb\u00e9m padeceram pela introdu\u00e7\u00e3o do fungo naquela regi\u00e3o. Outras esp\u00e9cies como as moscas das frutas, pulg\u00f5es, cancro c\u00edtrico, foram, igualmente, respons\u00e1veis por grandes preju\u00edzos em \u00e1reas agr\u00edcolas, citando alguns exemplos.<\/p>\n\n\n\n

Entretanto, se em algumas centenas de anos atr\u00e1s, as chamadas barreiras naturais formadas pelos oceanos, cordilheiras e florestas eram impedimentos da dispers\u00e3o r\u00e1pida desses organismos, no momento atual, o aumento da velocidade dos meios de transporte, do tr\u00e2nsito de bens de consumo e de pessoas vem facilitando, cada vez mais, o estabelecimento e dom\u00ednio dos ecossistemas agr\u00edcolas, urbanos e naturais  por diversas outras esp\u00e9cies.<\/p>\n\n\n\n

Recentemente, a entrada de Anoplophora glabripennis, vulgarmente conhecido como besouro chin\u00eas e de Tonicus piniperda (besouro dos brotos do pinheiro), nos Estados Unidos, ocasionaram perdas econ\u00f4micas superiores a US$ 10 milh\u00f5es. Os danos ambientais provocados pelo corte de \u00e1rvores em pra\u00e7as p\u00fablicas e \u00e1reas de produ\u00e7\u00e3o florestal s\u00e3o incalcul\u00e1veis. Outras pragas como o mal-da-vaca louca, a gripe asi\u00e1tica do frango, a febre aftosa, o besouro asi\u00e1tico, a doen\u00e7a do carvalho, a dispers\u00e3o do cancro c\u00edtrico e da mosca-branca, al\u00e9m de causarem perdas e danos na agropecu\u00e1ria, tamb\u00e9m contribuem para a forma\u00e7\u00e3o de barreiras sanit\u00e1rias ao com\u00e9rcio.<\/p>\n\n\n\n

Numa busca para solucionar esses problemas, as comunidades cient\u00edficas de v\u00e1rios pa\u00edses estabeleceram, em 1997, o Programa Global para Esp\u00e9cies Invasoras (GISP). O GISP foi estabelecido para lidar com o problema das esp\u00e9cies invasoras e dar suporte \u00e0 implanta\u00e7\u00e3o do Artigo 8(h) da Conven\u00e7\u00e3o da Diversidade Biol\u00f3gica. Ele \u00e9 operado por um cons\u00f3rcio entre o Comit\u00ea Cient\u00edfico em Problemas Ambientais (SCOPE), CAB Internacional (CABI), Uni\u00e3o Mundial de Conserva\u00e7\u00e3o (IUCN), em parceria com o Programa Ambiental das Na\u00e7\u00f5es Unidas (UNEP). Uma lista das cem piores esp\u00e9cies invasoras do mundo foi elaborada pela IUCN, como forma de alertar os pa\u00edses para a poss\u00edvel introdu\u00e7\u00e3o de alguma dessas esp\u00e9cies.<\/p>\n\n\n\n

Planta terrestre<\/span>
Spathodea campanulata
Ac\u00e1cia mearnsii
Schinus terebinthifolius
Imperata cylindrica
Pinus pinaster
Opuntia stricta
Myrica faya
Arundo donax
Ulex europaeus
Hiptage benghalensis
Polygonum cuspidatum
Hedychium gardnerianum
Clidemia hirta
Pueraria Montana
Lantana camara
Euphorbia esula
Leucaena leucocephala
Melaleuca quinquenervia
Prosopis glandulosa
Miconia calvescens
Mikania micrantha
Mimosa pigra
Ligustrum robustum
Cecropia peltata
Lythrum salicaria
Cinchona pubescens
Ardisia elliptica
Chrmolaena odorata
Psidium cattleianum
Tamarix ramosissima
Wedelia trilobata
Rubus ellipticus<\/p>\n\n\n\n

Planta aqu\u00e1tica<\/span>
Caulerpa taxifolia
Spartina anglica
Undaria pinnatifida
Eichhornia crassipes<\/p>\n\n\n\n

Mam\u00edferos<\/span>
Trichosurus vulpecula
Felis catus
Capra hircus
Sciurus carolinensis
Macaca fascicularis
Mus musculus
Myocastor coypus
Sus scrofa
Oryctolagus cuniculus
Cervus elaphus
Vulpes vulpes
Rattus rattus
Herpestes javanicus
Mustela erminea<\/p>\n\n\n\n

P\u00e1ssaro<\/span>
Acridotheres tristis
Pycnonotus cafer
Sturnus vulgaris
    
Microrganismo<\/span>
Plasmodium relictum
Banana bunch top virus
Cryphonectria paras\u00edtica
Aphanomyces astaci
Ophiostoma ulmi
Batrachochytrium dendrobatidis
Phytophthora cinnamomi
Rinderpest virus<\/p>\n\n\n\n

Invertebrados aqu\u00e1ticos<\/span>
Eriocheir sinensis
Mnemiopsis leidyi
Carcinus maenas
Potamocorbula amurensis
Mytillus galloprovincialis
Asterias amurensis
Cercopagis pengoi
Dreissena polymorpha<\/p>\n\n\n\n

Invertebrado terrestre<\/span>
Linepithema humile
Anoplophora glabripennis
Aedes albopictus
Pheidole megacephala
Anopheles quadrimaculatus
Vespula vugaris
Anoplolepis gracilipes
Cinara cupressi
Platydemus manokwari
Coptotermes formosanus
Achatina fulica
Pomacea canaliculata
Lymantria dispar
Trogoderma granarium
Wasmannia auropunctata
Solenopsis invicta
Euglandina r\u00f3sea<\/p>\n\n\n\n

Peixe<\/span>
Salmo trutta
Cyprinus carpio
Micropterus salmoides
Oreochromis mossambicus
Lates niloticus
Oncorhynchus mykiss
Clarias batrachus
Gambusia affinis<\/p>\n\n\n\n

R\u00e9ptil<\/span>
Boiga irregularis
Trachemys scripta<\/p>\n\n\n\n

Anf\u00edbio<\/span>
Rana catesbeiana
Bufo marinus
Eleutherodactylus coqui<\/p>\n\n\n\n

Maria Regina Vilarinho de Oliveira
\nPesquisadora, Doutora
\ne-mail: vilarinho@cenargen.embrapa.br
\nEmbrapa Recursos Gen\u00e9ticos e Biotecnologia
\n<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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