{"id":56,"date":"2009-02-06T13:38:27","date_gmt":"2009-02-06T13:38:27","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:32:36","modified_gmt":"2021-07-10T23:32:36","slug":"o_genero_na_gestao_da_agua","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agua\/artigos_agua_doce\/o_genero_na_gestao_da_agua.html","title":{"rendered":"O g\u00eanero na gest\u00e3o da \u00e1gua"},"content":{"rendered":"\n

Se tivesse que explicar rapidamente a raz\u00e3o de uma an\u00e1lise das rela\u00e7\u00f5es entre \u201cG\u00eanero\u201d e \u201cGest\u00e3o Integrada dos Recursos H\u00eddricos\u201d, eu me perguntaria: por que \u201cG\u00eanero\u201d? E responderia: porque somos a metade da popula\u00e7\u00e3o do mundo. E por que \u201c\u00c1gua\u201d? Porque a \u00e1gua \u00e9 a fonte da vida e do desenvolvimento. Assim de simples! <\/p>\n\n\n\n

\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n

A partir da \u201cConfer\u00eancia das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre o Ambiente Humano\u201d de 1972, muito tem se discutido e proposto sobre as formas de superar a crise da \u00e1gua. Trinta anos depois, \u00e9 interessante mencionar que algumas das \u201cMetas do Mil\u00eanio\u201d, tamb\u00e9m da ONU, s\u00e3o aquelas que tratam a quest\u00e3o da mulher vinculando-a ao meio ambiente, ao fornecimento de \u00e1gua pot\u00e1vel e ao acesso ao saneamento, principalmente entre as popula\u00e7\u00f5es marginalizadas. Al\u00e9m desses documentos, podemos mencionar o \u201cPlano de A\u00e7\u00e3o de Johanesburgo\u201d aprovado durante a RIO+10, em 2002, que contempla a elabora\u00e7\u00e3o de \u201cPlanos Nacionais de \u00c1gua\u201d que dever\u00e3o ficar prontos j\u00e1 no pr\u00f3ximo ano de 2005. O cumprimento dessas metas representa uma extraordin\u00e1ria oportunidade para introduzir e consolidar o processo de \u201cGest\u00e3o Integrada dos Recursos H\u00eddricos – (GIRH)\u201d e, tamb\u00e9m, para demonstrar que se trata do melhor caminho para atingir a sustentabilidade do uso da \u00e1gua e a preserva\u00e7\u00e3o do meio ambiente. <\/p>\n\n\n\n

Como engenheira hidr\u00e1ulica e hidr\u00f3loga, pude constatar em muitas regi\u00f5es, com destaque para as \u00e1reas rurais – onde a \u00e1gua \u00e9 escassa -, que a dire\u00e7\u00e3o das organiza\u00e7\u00f5es dos usu\u00e1rios estava geralmente integrada por mulheres. No caso dos servi\u00e7os de \u00e1gua nas \u00e1reas rurais, muitas vezes, por diversos problemas, os sistemas s\u00e3o abandonados pelos presidentes das Diretorias e s\u00e3o assumidos pelas mulheres. E com bastante sucesso! Este fato revela que as mulheres permanecem mais e administram muito melhor tanto os Comit\u00eas quanto as cooperativas. Igualmente, nas comunidades ind\u00edgenas, a mulher desempenha um papel diferenciado com rela\u00e7\u00e3o \u00e0 \u00e1gua; n\u00e3o quer dizer que \u00e9 melhor do que o homem, mas, sem d\u00favida, \u00e9 diferente e complementa. <\/p>\n\n\n\n

Quando se trabalha com ag\u00eancias financiadoras de subs\u00eddios agr\u00edcolas e se estuda o funcionamento do mercado dos direitos da \u00e1gua, percebemos que existia uma evidente defasagem entre a posse da terra, o acesso ao cr\u00e9dito e aos subs\u00eddios e, o controle dos direitos da \u00e1gua. Ao se comparar os dados da rela\u00e7\u00e3o entre pobreza, ruralidade e mulher, os resultados comprovam a exist\u00eancia de uma enorme fenda com rela\u00e7\u00e3o aos homens. <\/p>\n\n\n\n

Para diminuir essa brecha, est\u00e3o sendo implementados nos diversos pa\u00edses, com base nas \u201cMetas do Mil\u00eanio\u201d, os \u201cPlanos de Igualdade de Oportunidades\u201d, que buscam consolidar exatamente isso: que, partindo da pr\u00f3pria especificidade de g\u00eanero sejam criadas oportunidades para superar as diferen\u00e7as, respeitando a diversidade. A conclus\u00e3o \u00e9 obvia: fortalecer mediante pol\u00edticas especiais a alguns grupos de usu\u00e1rios, como as comunidades ind\u00edgenas ou rurais e as mulheres, para que possam participar, sendo devidamente informados e educados no tema da \u00e1gua. <\/p>\n\n\n\n

Assim nasceu internacionalmente a \u201cAlian\u00e7a de G\u00eanero e \u00c1gua\u201d, da qual fa\u00e7o parte. Ela tem o prop\u00f3sito de contribuir e apoiar os Governos na execu\u00e7\u00e3o de a\u00e7\u00f5es com a finalidade de que cada mulher, homem e crian\u00e7a, tenham acesso seguro e adequado \u00e0 \u00e1gua pot\u00e1vel, ao saneamento a aos alimentos, al\u00e9m de serem respons\u00e1veis na manuten\u00e7\u00e3o dos ecossistemas. A experi\u00eancia demonstrou que, ao se garantir a participa\u00e7\u00e3o de homens e mulheres – cada um desde a sua pr\u00f3pria especificidade – nos projetos, programas e a\u00e7\u00f5es da GIRH, ela, a gest\u00e3o, melhora seu impacto, efetividade e sustentabilidade, permitindo uma integra\u00e7\u00e3o otimizada destes grupos na sociedade. <\/p>\n\n\n\n

Os pa\u00edses que incorporarem esta linha estrat\u00e9gica t\u00eam maiores possibilidades de atingir e melhorar os objetivos buscados, sobretudo, se o planejamento for feito com a participa\u00e7\u00e3o e o compromisso dos usu\u00e1rios locais, assumindo o papel de atores e n\u00e3o de simples espectadores; se convertendo em tomadores de decis\u00e3o em rela\u00e7\u00e3o ao desenvolvimento do entorno no qual vivem. <\/p>\n\n\n\n

A \u201cGest\u00e3o Integrada dos Recursos H\u00eddricos – (GIRH)\u201d considera como ponto de partida a conceitualiza\u00e7\u00e3o das Bacias Hidrogr\u00e1ficas e seus recursos naturais. Harmoniza o uso e aproveitamento da \u00e1gua administrando-os em benef\u00edcio do conjunto da sociedade. Trata-se de um processo de longo prazo devido \u00e0 lentid\u00e3o dos mecanismos que nele interv\u00eam. Esta gest\u00e3o deve se basear na participa\u00e7\u00e3o de todos os setores de usu\u00e1rios e dos interessados numa determinada Bacia; somente eles garantir\u00e3o a sustentabilidade do processo sempre e quando sintam que a sua participa\u00e7\u00e3o nas decis\u00f5es determinar\u00e1 o desenvolvimento e a conserva\u00e7\u00e3o da bacia hidrogr\u00e1fica. Se todos estiverem convencidos disto, a gest\u00e3o integrada em g\u00eanero permitir\u00e1 que o processo seja est\u00e1vel e duradouro.<\/p>\n\n\n\n

Por Mar\u00eda Ang\u00e9lica Alegr\u00eda
\nEngenheira Hidr\u00e1ulica, membra do Comit\u00ea da Alian\u00e7a G\u00eanero e \u00c1gua
\nFonte: Revista Eco 21, Ano XIV, Edi\u00e7\u00e3o 97, Dezembro 2004. (www.eco21.com.br)
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