<\/div>\n\n\n\n
A principal meta do projeto \u00e9 criar novas \u00e1reas de pesca no litoral do Cear\u00e1 que estimulem a aglomera\u00e7\u00e3o e a perman\u00eancia de peixes, crust\u00e1ceos, algas e outros organismos de valor comercial. Tamb\u00e9m visa reverter um pouco o perfil econ\u00f4mico do pequeno produtor que vive da pesca.<\/p>\n\n\n\n
A vantagem do projeto, que o diferencia das atividades de pesca tradicionais, \u00e9 que esses novos locais de pesca s\u00e3o previamente escolhidos pelos seus usu\u00e1rios. Isso evita em grande parte o gasto dos insumos (combust\u00edvel, gelo, isca, etc.) utilizados na busca de bons lugares onde o pescador encontra boa produ\u00e7\u00e3o de pescado.<\/p>\n\n\n\n
A menor estrutura para iniciar a forma\u00e7\u00e3o de um recife \u00e9 um m\u00f3dulo de 8 pneus. A partir da\u00ed, eles formam conjuntos que podem chegar a 1.024 pneus ou mais. Atualmente, o projeto vem desenvolvendo estruturas que envolvem de 4 mil a 6 mil pneus para cada comunidade. O lado t\u00e9cnico do projeto est\u00e1 na montagem das estruturas, nos cuidados com a fixa\u00e7\u00e3o e com a estabilidade do material sobre o fundo marinho. A profundidade m\u00e9dia adequada para a instala\u00e7\u00e3o dos recifes gira em torno dos 20 metros. De acordo com diversos trabalhos j\u00e1 desenvolvidos, pede-se um tempo de tr\u00eas meses para que ocorra a coloniza\u00e7\u00e3o das estruturas submersas por esp\u00e9cies comerciais, isto \u00e9, para que nas pescarias ap\u00f3s esse per\u00edodo sejam mais produtivas. Nesse per\u00edodo de repouso, os peixes que aparecem s\u00e3o, na maioria juvenis, e n\u00e3o representam pescarias vi\u00e1veis. Vale a pena esperar o per\u00edodo recomendado porque os peixes menores s\u00e3o os respons\u00e1veis pela vinda das esp\u00e9cies maiores, as que realmente interessam aos pescadores.<\/p>\n\n\n\n
Na regi\u00e3o Nordeste, diversos s\u00e3o os relatos da cria\u00e7\u00e3o de pequenos pesqueiros particulares, conhecidos como marambaias, pesqueiros ou cai\u00e7aras, constru\u00eddos por pescadores artesanais atrav\u00e9s da aglomera\u00e7\u00e3o de material lan\u00e7ado sobre o fundo marinho. O nosso projeto come\u00e7ou em 1993 e hoje conta com mais de 30 recifes artificiais instalados em comunidades pesqueiras do litoral do Estado do Cear\u00e1.<\/p>\n\n\n\n
O tipo de material utilizado pelos pescadores \u00e9 um s\u00e9rio problema no Cear\u00e1, porque os pescadores artesanais, sem um suporte econ\u00f4mico e sabendo dos resultados obtidos com o uso dos recifes artificiais, utilizam madeira de mangue na forma de fardos, que s\u00e3o lan\u00e7ados ao mar formando uma pequena pir\u00e2mide submersa. O inconveniente do uso desse material \u00e9 que, ao destruir o mangue para solucionar o problema da escassez de peixe no mar, os pescadores indiretamente criam um problema futuro para eles mesmos, pois o mangue \u00e9 o lugar escolhido por grande parte das esp\u00e9cies marinhas para realizar a reprodu\u00e7\u00e3o. Assim, estando esse ambiente comprometido, a abund\u00e2ncia dos futuros cardumes poder\u00e1 ser gravemente afetada, sem contar com os efeitos sobre os animais que passam toda a vida no mangue, como muitos caranguejos, aves, roedores, etc.<\/p>\n\n\n\n
Comparados a outros materiais, os pneus apresentam os menores custos de instala\u00e7\u00e3o e tempo de vida praticamente indefinido. Entre as v\u00e1rias vantagens do uso de pneus de autom\u00f3veis em recifes artificiais, a principal \u00e9 que este material est\u00e1 dispon\u00edvel a baixo custo nas grandes cidades e, justamente por isso, faz-se necess\u00e1rio dar-lhes um destino adequado e definitivo. Ao evitar sua exposi\u00e7\u00e3o inadequada em terrenos baldios, lix\u00f5es, oficinas mec\u00e2nicas, etc., estamos impedindo a prolifera\u00e7\u00e3o de insetos transmissores de doen\u00e7as, como o dengue, a mal\u00e1ria, etc. Al\u00e9m disso, deixando de incinerar os pneus nos aterros sanit\u00e1rios, estamos diminuindo a contamina\u00e7\u00e3o do ar nas grandes cidades.<\/p>\n\n\n\n
A hip\u00f3tese de contamina\u00e7\u00e3o do mar a partir dos pneus \u00e9 descartada por diversos pesquisadores no Mundo. A degrada\u00e7\u00e3o de pneus leva dezenas de anos, enquanto que a cobertura dos mesmos pelos organismos incrustantes ocorre muito mais rapidamente. Ap\u00f3s a instala\u00e7\u00e3o das estruturas no fundo do mar, os pneus come\u00e7am a ser cobertos por corais e algas, resultando em uma cobertura cada vez mais espessa e r\u00edgida, como revelam registros j\u00e1 realizados pelos t\u00e9cnicos do projeto.<\/p>\n\n\n\n <\/figure>\n\n\n\n<\/div>\n\n\n\n
O projeto j\u00e1 foi implantado em diversos munic\u00edpios do litoral cearense e envolve, principalmente, as associa\u00e7\u00f5es e col\u00f4nias de pescadores e prefeituras. Al\u00e9m disso, ap\u00f3iam o projeto diversas institui\u00e7\u00f5es como a Universidade Federal do Cear\u00e1 (UFC), a Funda\u00e7\u00e3o Nacional de Sa\u00fade (FUNASA), a PETROBR\u00c1S, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov\u00e1veis (IBAMA-DF), a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMACE), a Funda\u00e7\u00e3o Cearense de Aux\u00edlio \u00e0 Pesquisa (FUNCAP) e algumas empresas privadas envolvidas no setor.<\/p>\n\n\n\n
Os pescadores participam diretamente de todo o andamento do projeto, que culmina na instala\u00e7\u00e3o dos recifes. Logo ap\u00f3s o primeiro contato, que \u00e9 representado pelo interesse da comunidade em adotar o projeto, s\u00e3o realizadas diversas reuni\u00f5es de esclarecimento e tomada de decis\u00f5es sobre os crit\u00e9rios de execu\u00e7\u00e3o das atividades. O projeto oferece tamb\u00e9m aos pescadores e a suas fam\u00edlias diversos cursos, tais como, alfabetiza\u00e7\u00e3o de adultos, t\u00e9cnicas de navega\u00e7\u00e3o, m\u00e1quinas e motores mar\u00edtimos, t\u00e9cnicas para a elabora\u00e7\u00e3o de produtos derivados de pescado, no\u00e7\u00f5es de higiene e conserva\u00e7\u00e3o do pescado, entre outros. Em recente vers\u00e3o do projeto pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, os pescadores foram remunerados pelas atividades de prepara\u00e7\u00e3o do material.<\/p>\n\n\n\n
Aos t\u00e9cnicos cabe a publica\u00e7\u00e3o dos resultados, tanto na forma de trabalhos cient\u00edficos em revistas especializadas e eventos, como em peri\u00f3dicos municipais. Ap\u00f3s o final da instala\u00e7\u00e3o das estruturas dos recifes no mar, o que pode durar v\u00e1rios meses, os pescadores passam a administrar os novos pesqueiros e s\u00e3o os respons\u00e1veis pela manuten\u00e7\u00e3o e explora\u00e7\u00e3o racional.<\/p>\n\n\n\n
De 1994 a 2001, foram instalados mais de 30 recifes artificiais em diferentes Munic\u00edpios costeiros do Estado do Cear\u00e1. Deste total, os recifes artificiais da Praia da Baleia (Itapipoca) e da Barra da Sucatinga (Beberibe) foram monitorados sistematicamente quanto \u00e0 produtividade e \u00e0 diversidade das esp\u00e9cies, atrav\u00e9s do controle do desembarque pesqueiro. Os demais v\u00eam sendo administrados diretamente pelas Col\u00f4nias de Pesca ou Associa\u00e7\u00f5es de Pescadores.<\/p>\n\n\n\n
Comparando-se com dados anteriores \u00e0 instala\u00e7\u00e3o dos recifes, os resultados indicam um incremento na produtividade de pescado ao redor de 5 a 8%. Em termos de aumento da diversidade, os resultados do monitoramento da coloniza\u00e7\u00e3o dos recifes da Praia da Baleia (Itapipoca) indicam um incremento de 4 para 27 na ocorr\u00eancia de esp\u00e9cies, em um per\u00edodo de apenas 19 meses.<\/p>\n\n\n\n
A localiza\u00e7\u00e3o geogr\u00e1fica do Cear\u00e1 favorece a diversidade biol\u00f3gica devido \u00e0 riqueza em organismos que formam a base alimentar e \u00e0s condi\u00e7\u00f5es ambientais prop\u00edcias ao desenvolvimento da vida marinha.<\/p>\n\n\n\n
Nos \u00faltimos dois anos, os t\u00e9cnicos do projeto t\u00eam adotado uma postura um pouco mais r\u00edgida ao atender demandas de implanta\u00e7\u00e3o de recifes no mar, aqui na regi\u00e3o nordeste. Verifica-se que os resultados econ\u00f4micos obtidos com os Recifes Artificiais Marinhos t\u00eam atra\u00eddo bastante o interesse de pequenos investidores particulares, que n\u00e3o t\u00eam o compromisso de desenvolver um projeto de cunho social. Al\u00e9m disso, observa-se, com freq\u00fc\u00eancia, iniciativas de instala\u00e7\u00e3o de material no mar praticadas por pequenos grupos de pescadores ou aficcionados da pesca esportiva. Com essa preocupa\u00e7\u00e3o, a coordena\u00e7\u00e3o do projeto elaborou, no final de 2001, um balan\u00e7o de todos os recifes implantados pelo grupo de pesquisa, indicando os envolvidos, as caracter\u00edsticas do material utilizado e dos locais onde foram instalados.<\/p>\n\n\n\n
O trabalho tamb\u00e9m ressalta o risco da cria\u00e7\u00e3o de recifes artificiais com os chamados materiais de oportunidade, onde se utilizam restos de eletrodom\u00e9sticos e sucatas de autom\u00f3veis e at\u00e9 velhas embarca\u00e7\u00f5es. Contatos com as institui\u00e7\u00f5es que regulam as atividades de pesca no mar indicam a prov\u00e1vel realiza\u00e7\u00e3o de um evento sobre o tema, que possa subsidiar a elabora\u00e7\u00e3o de uma futura legisla\u00e7\u00e3o para tratar dessa atividade t\u00e3o espec\u00edfica.<\/p>\n\n\n\n
Raimundo Nonato de Lima Concei\u00e7\u00e3o, colaborador no Instituto de Ci\u00eancias do Mar, da Universidade Federal do Cear\u00e1 (LABOMAR\/UFC), onde desenvolve o Projeto Recifes Artificiais Marinhos (Marambaias), como uma alternativa para a viabilidade da pesca artesanal em comunidades pesqueiras. Em 2001, este projeto foi certificado pela Funda\u00e7\u00e3o Getulio Vargas e pela Funda\u00e7\u00e3o Banco do Brasil, destacado entre projetos sociais geradores de renda no Brasil.<\/p>\n\n\n\n
Fonte: www.adital.org.br \nCaixa Postal 131 – CEP 60.001-970 – Fortaleza – Cear\u00e1 – Brasil \n<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"A principal meta do projeto \u00e9 criar novas \u00e1reas de pesca no litoral do Cear\u00e1 que estimulem a aglomera\u00e7\u00e3o e a perman\u00eancia de peixes, crust\u00e1ceos, algas e outros organismos de valor comercial. Tamb\u00e9m visa reverter um pouco o perfil econ\u00f4mico do pequeno produtor que vive da pesca. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":522,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1394],"tags":[1100],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/521"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=521"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/521\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":4685,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/521\/revisions\/4685"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/522"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=521"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=521"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=521"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}