{"id":423,"date":"2009-03-04T14:26:25","date_gmt":"2009-03-04T14:26:25","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:15:30","modified_gmt":"2021-07-10T23:15:30","slug":"praias_arenosas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agua\/ecossitema_costeiro\/praias_arenosas.html","title":{"rendered":"Praias Arenosas"},"content":{"rendered":"\n<p>O Brasil possui 7.367 km de linha costeira, sem levar em conta os recortes litor\u00e2neos (ba\u00edas, reentr\u00e2ncias, golf\u00f5es etc.), que ampliam significativamente essa extens\u00e3o, elevando-a para mais de 8,5 mil km. A zona costeira brasileira abriga um mosaico de ecossistemas de alta relev\u00e2ncia ambiental, como dunas, restingas, cost\u00f5es rochosos, manguezais e praias arenosas.<\/p>\n\n\n\n<figure class=\"wp-block-image\"><img decoding=\"async\" src=\"midia\/imagens\/1066.jpg\" alt=\"q\"\/><\/figure>\n\n\n\n<div class=\"pic\" style=\"text-align: justify; \"><\/div>\n\n\n\n<p>O ecossistema de praias arenosas pode ser definido, de uma maneira simples, como a regi\u00e3o costeira onde as ondas retrabalham ativamente o sedimento. O sedimento das praias arenosas usualmente inclui uma variedade de tipos e tamanhos de part\u00edculas, como areias grosseiras e areias finas. Ele abrange desde o mesolitoral, ou regi\u00e3o entremar\u00e9s, at\u00e9 aproximadamente 20 m de profundidade. &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;<\/p>\n\n\n\n<p>Proximidade de cost\u00f5es rochosos, regime de ondas, caracter\u00edsticas do sedimento, proximidade de rios e estu\u00e1rios e freq\u00fc\u00eancia de fen\u00f4menos meteorol\u00f3gicos como ressacas, est\u00e3o entre os fatores que determinam o tipo de praia. Uma diversa e bem adaptada biota se desenvolve nestes ecossistemas, embora os mesmos apresentem a apar\u00eancia de um deserto.<\/p>\n\n\n\n<p>Muitos destes organismos representam importantes recursos pesqueiros, sendo alguns extensivamente explorados. Atrav\u00e9s do estudo da intera\u00e7\u00e3o entre os organismos e o meio f\u00edsico, poderemos caracterizar melhor o ambiente praial e termos uma no\u00e7\u00e3o mais apurada dos principais fatores que estruturam o mesmo. O entendimento de como a praia funciona \u00e9 imprescind\u00edvel para um correto uso dos ecossistemas de praias arenosas.<\/p>\n\n\n\n<p>As praias mansas ou duras, com seu declive muito suave, que permite realizar longos percursos mar adentro sem perder o p\u00e9, abrigam uma fauna abundante e variada. Esta comunidade passa desapercebida da maioria das pessoas devido ao fato de seus componentes encontrarem-se tipicamente ocultos na areia ou expostos ao ar apenas durante os per\u00edodos de baixamar. Representantes da maioria dos grupos de animais marinhos podem a\u00ed ser encontrados, por\u00e9m as plantas macrosc\u00f3picas est\u00e3o praticamente ausentes, sendo os vegetais representados apenas por diversas categorias de algas microsc\u00f3picas.<\/p>\n\n\n\n<p>Para a observa\u00e7\u00e3o ou o estudo deste ecossistema \u00e9 necess\u00e1rio um m\u00ednimo de conhecimento dos fen\u00f4menos que regem a subida e descida das \u00e1guas, ou seja, as mar\u00e9s. As \u00e1guas que comp\u00f5e os oceanos est\u00e3o sujeitas \u00e0 atra\u00e7\u00e3o gravitacional do sol e da lua. Embora seja muito menor que o sol, a lua, por se encontrar mais pr\u00f3xima da terra, exerce uma influ\u00eancia maior sobre a massa l\u00edquida, determinando o regime b\u00e1sico das mar\u00e9s:<\/p>\n\n\n\n<ul><li style=\"text-align: justify;\">mar\u00e9s vivas ou de siz\u00edgia nas fases de lua cheia e lua nova, quando a atra\u00e7\u00e3o lunar soma-se ao m\u00e1ximo \u00e0 solar, produzindo grandes oscila\u00e7\u00f5es do n\u00edvel da \u00e1gua<\/li><li style=\"text-align: justify;\">mar\u00e9s mortas ou de quadratura, nos quartos crescentes e minguante, quando, devido ao n\u00e3o alinhamento do sol, terra e lua, os efeitos da atra\u00e7\u00e3o s\u00e3o atenuados e, portanto, o fluxo e refluxo das \u00e1guas.<\/li><\/ul>\n\n\n\n<p>Estas diferen\u00e7as peri\u00f3dicas de amplitude entre as mar\u00e9s determinam nas praias tr\u00eas faixas distintas:<\/p>\n\n\n\n<ul><li style=\"text-align: justify;\">uma superior, constantemente umedecida por borrifos, mas apenas coberta pelo mar por ocasi\u00e3o de mar\u00e9s altas excepcionais, ressacas ou tempestades;<\/li><li style=\"text-align: justify;\">uma faixa mediana sempre coberta e descoberta pelas mar\u00e9s duas vezes por dia;<\/li><li style=\"text-align: justify;\">uma faixa inferior, quase sempre submersa, eventualmente exposta durante as mar\u00e9s baixas de siz\u00edgia, ou seja, nas fases de lua nova e lua cheia.<\/li><\/ul>\n\n\n\n<p>Nestas tr\u00eas faixas, os organismos marinhos distribuem-se em fun\u00e7\u00e3o principalmente de sua capacidade de evitar a exposi\u00e7\u00e3o ao ar e, conseq\u00fcentemente, a perda de \u00e1gua por evapora\u00e7\u00e3o. Assim, na faixa superior, encontramos esp\u00e9cies melhor adaptadas \u00e0 vida terrestre do que \u00e0 aqu\u00e1tica.<\/p>\n\n\n\n<p>Da fauna marinha, apenas o grau\u00e7\u00e1 e as pulgas da praia desenvolveram estas adapta\u00e7\u00f5es, mas v\u00e1rios insetos, como por exemplo a tesourinha, e alguns aracn\u00eddeos, vindos do continente, aventuram-se nesta faixa, \u00e0s custas de tolerar a influ\u00eancia da \u00e1gua salgada. A faixa mediana, menos exposta, \u00e9 povoada por um maior n\u00famero de esp\u00e9cies &#8211; principalmente crust\u00e1ceos, poliquetos e moluscos &#8211; todas de origem marinha, apresentando particularidades morfol\u00f3gicas ou comportamentais para impedir a perda de \u00e1gua durante a baixamar.<\/p>\n\n\n\n<p>A faixa inferior \u00e9 habitada por formas quase sem adapta\u00e7\u00f5es para a vida fora d&#8217;\u00e1gua, tanto que algumas, como por exemplo a Renilla, podem at\u00e9 morrer quando ocorrem mar\u00e9s excepcionalmente baixas e de longa dura\u00e7\u00e3o, principalmente durante dias de calor intenso.<\/p>\n\n\n\n<p>Al\u00e9m dos organismos residentes, isto \u00e9, aqueles que permanecem durante toda sua fase adulta no sedimento, as praias arenosas recebem visitantes ocasionais, tais como gaivotas e ma\u00e7aricos, que exploram a areia em busca de alimento. Resta ainda mencionar a presen\u00e7a de componentes de outras comunidades marinhas que s\u00e3o trazidos \u00e0 praia pelos ventos, ondas ou correntes. Destes, merece destaque a caravela, pela sua capacidade de produzir queimaduras perigosas que podem at\u00e9 requerer cuidados m\u00e9dicos.<\/p>\n\n\n\n<p>Alguns organismos que habitam as praias arenosas:<\/p>\n\n\n\n<p>Emerita brasilienisis (tatu\u00edra &#8211; crust\u00e1ceo)<\/p>\n\n\n\n<p>Lepidopa richmondi (tatu\u00edra &#8211; crust\u00e1ceo)<\/p>\n\n\n\n<p>Americonuphis casamiquelorum (poliqueto)<\/p>\n\n\n\n<p>Coronis scolopendra (tamburutaca &#8211; crust\u00e1ceo)<\/p>\n\n\n\n<p>Ocypode quadrata (maria-farinha ou grau\u00e7\u00e1 &#8211; crust\u00e1ceo)<\/p>\n\n\n\n<p>Tellina sp (unha-de-mo\u00e7a &#8211; molusco)<\/p>\n\n\n\n<p>Tivella mactroides (molusco bivalve)<\/p>\n\n\n\n<p>Arenaeus cribarius (siri-chita &#8211; crust\u00e1ceo)<\/p>\n\n\n\n<p>Callinectes sp (siri-azul- crust\u00e1ceo)<\/p>\n\n\n\n<p>Balanoglossus clavigerus (enteropneusto)<\/p>\n\n\n\n<p>Luidia senegalensis (estrela de nove bra\u00e7os- equinodermata)<\/p>\n\n\n\n<p>Olivancillaria brasiliensis (molusco gastr\u00f3pode)<\/p>\n\n\n\n<p>Donax hanleyanus (sarnambi &#8211; molusco)<\/p>\n\n\n\n<p>Encope emarginata (bolacha-da-praia &#8211; equinodermata)<\/p>\n\n\n\n<p>Renilla sp (rim-do-mar)<\/p>\n\n\n\n<p>Callichirus major (corrupto- crust\u00e1ceo)<\/p>\n\n\n\n<p>Callichirus mirim (camar\u00e3o da areia &#8211; crust\u00e1ceo)<\/p>\n\n\n\n<p>Hastula cinerea (molusco gastr\u00f3pode)<\/p>\n\n\n\n<p>As praias v\u00eam sofrendo uma crescente descaracteriza\u00e7\u00e3o em raz\u00e3o da ocupa\u00e7\u00e3o desordenada e das diferentes formas de efluentes tanto de origem industrial quanto dom\u00e9stica, o que tem levado a um s\u00e9rio comprometimento da sua balneabilidade, principalmente daquelas pr\u00f3ximas a centros urbanos. 0 problema dos esgotos dom\u00e9sticos e do lixo s\u00e3o bastante s\u00e9rios e exigem medidas imediatas. Al\u00e9m do lixo de origem local, h\u00e1 aquele lan\u00e7ado ao mar pelos navios e o de origem ex\u00f3gena transportado pelos rios.<\/p>\n\n\n\n<p>Tamb\u00e9m merecem destaque a crescente especula\u00e7\u00e3o imobili\u00e1ria, a minera\u00e7\u00e3o com retirada de areia das praias e dunas, e o crescimento explosivo e desordenado do turismo sem qualquer planejamento ambiental e investimentos em infra-estrutura, como por exemplo saneamento b\u00e1sico.<\/p>\n\n\n\n<p>Como medida de prote\u00e7\u00e3o recomenda-se portanto o emprego de estrat\u00e9gias de conserva\u00e7\u00e3o dos habitats, associada \u00e0 implanta\u00e7\u00e3o de programas de educa\u00e7\u00e3o ambiental. Muito ainda falta para que se tenha um adequado conhecimento da fauna e flora de praias e dunas, devido a inexist\u00eancia de programas tem\u00e1ticos ou individuais que objetivem o conhecimento da biodiversidade destes ambientes.<\/p>\n\n\n\n<p>Aten\u00e7\u00e3o especial deve ser direcionada \u00e0s \u00e1reas com maior adensamento demogr\u00e1fico, onde as descargas de poluentes podem estar gerando altera\u00e7\u00f5es ambientais severas. Sugere-se tamb\u00e9m a implanta\u00e7\u00e3o de unidades de prote\u00e7\u00e3o ambiental.<\/p>\n\n\n\n<p>Muitas unidades de conserva\u00e7\u00e3o protegem v\u00e1rios destes ecossistemas que abrigam in\u00fameras esp\u00e9cies marinhas e\/ou terrestres.<\/p>\n\n\n\n<p><em>Reda\u00e7\u00e3o Ambiente Brasil<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"<div class=\"mh-excerpt\"><p>O ecossistema de praias arenosas pode ser definido, de uma maneira simples, como a regi\u00e3o costeira onde as ondas retrabalham ativamente o sedimento. <a class=\"mh-excerpt-more\" href=\"http:\/\/localhost\/agua\/ecossitema_costeiro\/praias_arenosas.html\" title=\"Praias Arenosas\"><\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":424,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1400],"tags":[7,1117],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/423"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=423"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/423\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":4736,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/423\/revisions\/4736"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/424"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=423"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=423"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=423"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}