{"id":393,"date":"2009-03-03T13:53:55","date_gmt":"2009-03-03T13:53:55","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:15:36","modified_gmt":"2021-07-10T23:15:36","slug":"severas_mudancas_na_salinidade_dos_oceanos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agua\/artigos_agua_salgada\/severas_mudancas_na_salinidade_dos_oceanos.html","title":{"rendered":"Severas mudan\u00e7as na salinidade dos oceanos"},"content":{"rendered":"\n

Os oceanos do mundo est\u00e3o se tornando mais salgados perto da linha do Equador e mais doces na proximidade dos P\u00f3los. Esta preocupante constata\u00e7\u00e3o \u00e9 o resultado final de um informe apresentado no final de 2003 e confirma uma s\u00e9rie de previs\u00f5es elaboradas nos \u00faltimos anos por diversos modelos clim\u00e1ticos.<\/p>\n\n\n\n

O estudo, que foi realizado durante cinco d\u00e9cadas no Oceano Atl\u00e2ntico entre a Groenl\u00e2ndia e a Am\u00e9rica do Sul, vaticina severas altera\u00e7\u00f5es no sistema clim\u00e1tico global e nas reservas mundiais de \u00e1gua.<\/p>\n\n\n\n

A etapa final do informe foi elaborada pelos cientistas Ruth Curry, da Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI); Bob Dickson, do Centre for Environment, Fisheries, and Aquaculture Science de Lowestoft, Reino Unido e por Igor Yashayaev, do Bedford Institute of Oceanography de Dartmouth, Canad\u00e1, mas o trabalho completo \u00e9 obra de centenas de pesquisadores e de algumas dezenas de institui\u00e7\u00f5es especializadas em mudan\u00e7as clim\u00e1ticas e oceanografia.<\/p>\n\n\n\n

No relat\u00f3rio, os cientistas e as institui\u00e7\u00f5es que representam conclu\u00edram que a evapora\u00e7\u00e3o oce\u00e2nica est\u00e1 aumentando de forma simult\u00e2nea que a eleva\u00e7\u00e3o da temperatura do Planeta, provocando substanciais mudan\u00e7as na salinidade dos oceanos, tanto nas regi\u00f5es tropicais e subtropicais, que est\u00e3o se tornando cada vez mais salgados; quanto nas dos P\u00f3los, que est\u00e3o mais doces.<\/p>\n\n\n\n

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A confirma\u00e7\u00e3o dessas altera\u00e7\u00f5es leva a uma simples equa\u00e7\u00e3o: quanto mais elevada \u00e9 a temperatura global, maior ser\u00e1 a evapora\u00e7\u00e3o da \u00e1gua do mar. Esta progressiva evapora\u00e7\u00e3o aumentar\u00e1 por sua vez as precipita\u00e7\u00f5es pluviais em raz\u00e3o de que a atmosfera n\u00e3o tem capacidade para sustentar tanta \u00e1gua. Quando a evapora\u00e7\u00e3o acontece nas \u00e1reas tropicais, a \u00e1gua se torna mais salgada porque o mar perde volume, ao mesmo tempo em que a evapora\u00e7\u00e3o aumenta as precipita\u00e7\u00f5es nas latitudes polares, tendo como conseq\u00fc\u00eancia mares mais doces.<\/p>\n\n\n\n

Processo de mudan\u00e7a acelerado<\/strong><\/p>\n\n\n\n

As altera\u00e7\u00f5es na composi\u00e7\u00e3o qu\u00edmica dos oceanos est\u00e3o acontecendo numa dimens\u00e3o que excede a capacidade de circula\u00e7\u00e3o h\u00eddrica para compensar este tipo de efeito nos mares, fato que converte as mudan\u00e7as num fen\u00f4meno duradouro em longo prazo com severas conseq\u00fc\u00eancias para o sistema global. O fen\u00f4meno foi constatado com particular intensidade nos \u00faltimos 5 anos.<\/p>\n\n\n\n

O efeito retro-alimentador deste processo \u00e9 evidente. As mudan\u00e7as, j\u00e1 constatadas na salinidade dos oceanos, afetam o modelo de chuvas que regula a distribui\u00e7\u00e3o, intensidade e freq\u00fc\u00eancia das esta\u00e7\u00f5es, das secas, das inunda\u00e7\u00f5es e das tempestades. Este fen\u00f4meno, por sua vez, potencializa o aquecimento global que origina as mudan\u00e7as na salinidade dos oceanos, visto que a evapora\u00e7\u00e3o captura o calor na atmosfera e aumenta o Efeito Estufa, fechando um ciclo que resulta no adocicamento das \u00e1guas nas regi\u00f5es polares e numa total mudan\u00e7a do clima global.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 importante observar que os oceanos e a atmosfera vivem um processo de interatividade permanente. A evapora\u00e7\u00e3o que se produz nas latitudes c\u00e1lidas, tropicais e subtropicais, transfere vapor de \u00e1gua para a atmosfera que \u00e9 a encarregada de transladar esse vapor para os P\u00f3los.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 nos P\u00f3los, este vapor de \u00e1gua em chuva ou neve, acaba voltando para os oceanos, os quais, finalmente, transferem \u00e1gua doce para as \u00e1reas tropicais, facilitando a evapora\u00e7\u00e3o. Este \u00e9 o processo que mant\u00e9m o equil\u00edbrio da distribui\u00e7\u00e3o de \u00e1gua ao redor do mundo.<\/p>\n\n\n\n

Os oceanos cont\u00eam 96 por cento do total da \u00e1gua existente no Planeta, fornecem 86 por cento da evapora\u00e7\u00e3o total e recebem 78 por cento de todas as precipita\u00e7\u00f5es. O papel que os oceanos desempenham no ciclo da vida \u00e9 fundamental; por isso, os oceanos s\u00e3o considerados a chave de toda a exist\u00eancia sobre o Planeta, em especial concomit\u00e2ncia com as regi\u00f5es mais \u00famidas, como a Amaz\u00f4nia, por exemplo.<\/p>\n\n\n\n

O informe, durante as \u00faltimas cinco d\u00e9cadas, analisou milhares de medi\u00e7\u00f5es relativas \u00e0 salinidade das \u00e1guas em estado de tranq\u00fcilidade, tanto nas \u00e1reas costeiras como em alto mar, numa faixa do Atl\u00e2ntico limitada pelos c\u00edrculos polares, boreal e austral.<\/p>\n\n\n\n

Os cientistas descobriram que, a partir de 1990, o processo ficou particularmente acelerado coincidindo com os registros das mais altas temperaturas documentadas desde 1861. O estudo tamb\u00e9m revelou que a evapora\u00e7\u00e3o atl\u00e2ntica aumentou entre 5 e 10 por cento nos \u00faltimos 40 anos.<\/p>\n\n\n\n

Ren\u00e9 Capriles – Editor da ECO21
\nFonte: Revista Eco 21, Ano XIV, Edi\u00e7\u00e3o 86, Janeiro 2004. (www.eco21.com.br)<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"