{"id":3095,"date":"2010-08-23T16:23:40","date_gmt":"2010-08-23T16:23:40","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T19:16:26","modified_gmt":"2021-07-10T22:16:26","slug":"a_emergencia_do_conceito_de_arquitetura_sustentavel","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/arquitetura\/artigos\/a_emergencia_do_conceito_de_arquitetura_sustentavel.html","title":{"rendered":"A emerg\u00eancia do conceito de Arquitetura Sustent\u00e1vel"},"content":{"rendered":"\n

Com a difus\u00e3o do conceito de Desenvolvimento Sustent\u00e1vel e \u00e0 medida que crescia a consci\u00eancia sobre o esgotamento dos recursos naturais, muitos estudos foram realizados com o intuito de mapear os grandes vil\u00f5es da temerosa insustentabilidade ambiental, um dos grandes respons\u00e1veis pela gera\u00e7\u00e3o de impactos ambientais negativos. De acordo com Lemos (2005), no panorama de impactos ambientais, a ind\u00fastria da constru\u00e7\u00e3o civil aparece como respons\u00e1vel pela extra\u00e7\u00e3o de aproximadamente 20% dos recursos naturais e como um gerador potencial de polui\u00e7\u00f5es atmosf\u00e9rica e residual.     <\/p>\n\n\n\n

Miguel Aloysio Sattler (2003) classifica os impactos determinados pela ind\u00fastria da constru\u00e7\u00e3o civil em dois tipos: impactos durante a fase de produ\u00e7\u00e3o da constru\u00e7\u00e3o (extra\u00e7\u00e3o, processamento e distribui\u00e7\u00e3o de produtos), considerados de maior interfer\u00eancia no ambiente; e impactos durante a fase de utiliza\u00e7\u00e3o da constru\u00e7\u00e3o (aplica\u00e7\u00f5es no local, desenvolvimento da vida no local e disposi\u00e7\u00e3o dos produtos correspondentes). Na tentativa de equacionar tais impactos, surge em 2003, o conceito de Constru\u00e7\u00e3o Sustent\u00e1vel, definido como: \u201cconjunto de estrat\u00e9gias de utiliza\u00e7\u00e3o do solo, projeto arquitet\u00f4nico e constru\u00e7\u00e3o em si que reduzem o impacto ambiental e visam a um menor consumo de energia, \u00e0 prote\u00e7\u00e3o dos ecossistemas e mais sa\u00fade para os ocupantes\u201d (ADAM, 2001, p.24).     <\/p>\n\n\n\n

Inevitavelmente, em associa\u00e7\u00e3o com o conceito de constru\u00e7\u00e3o sustent\u00e1vel, surge o conceito de arquitetura sustent\u00e1vel, pois, como afirma Corbella (2003, p.8): \u201co arquiteto, sem desprezar o belo e a plasticidade das formas, [teve que] for\u00e7osamente reencontrar o meio ambiente, cujo equil\u00edbrio \u00e9 de fundamental import\u00e2ncia para a sobreviv\u00eancia da esp\u00e9cie humana na Terra\u201d.     <\/p>\n\n\n\n

Ap\u00f3s sofrer algumas mudan\u00e7as e a inser\u00e7\u00e3o\/absor\u00e7\u00e3o de diversos par\u00e2metros em seu conceito, a Arquitetura Sustent\u00e1vel \u00e9 consolidada e ganha lugar de destaque em discuss\u00f5es de todo o mundo. As muitas frentes de discuss\u00e3o sobre o assunto enveredam por aspectos econ\u00f4micos, sociais e ambientais. Uma conceitua\u00e7\u00e3o atual, abrangente e muito bem recebida pelos estudiosos da Arquitetura Sustent\u00e1vel \u00e9 dada por M\u00fclfarth (2003, p.31): \u201cuma forma de promover a busca pela igualdade social, valoriza\u00e7\u00e3o dos aspectos culturais, maior efici\u00eancia econ\u00f4mica e menor impacto ambiental nas solu\u00e7\u00f5es adotadas… garantindo a competitividade do homem e das cidades\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Outro conceito de arquitetura sustent\u00e1vel \u00e9 fornecido por Corbella (2003 p.17) que a define como sendo a concep\u00e7\u00e3o e o desenvolvimento de edifica\u00e7\u00f5es que objetivem \u201co aumento da qualidade de vida do ser humano no ambiente constru\u00eddo e no seu entorno, integrado com as caracter\u00edsticas de vida e do clima locais, al\u00e9m da redu\u00e7\u00e3o do uso de recursos naturais\u201d. J\u00e1 de acordo com Steele (1997, p.11), a arquitetura sustent\u00e1vel \u201cconsiste na produ\u00e7\u00e3o de uma edifica\u00e7\u00e3o que se adapte ao clima, \u00e0 ilumina\u00e7\u00e3o, ventila\u00e7\u00e3o e topografia, tirando proveito das condi\u00e7\u00f5es naturais do lugar reduzindo o desperd\u00edcio energ\u00e9tico\u201d. Para a Ecoplano (2006), por sua vez, a arquitetura sustent\u00e1vel \u00e9 aquela que considera o uso, a economia e a racionaliza\u00e7\u00e3o\/efici\u00eancia de recursos, o ciclo de vida do empreendimento e o bem estar do usu\u00e1rio, reduzindo significativamente, ou at\u00e9 eliminando, poss\u00edveis impactos negativos causados ao meio ambiente e a seus usu\u00e1rios.     <\/p>\n\n\n\n

Apesar da aparente homogeneidade de conceitos, a nova tend\u00eancia mundial de arquitetura n\u00e3o pode ser vista como homog\u00eanea, pois em seu processo de amadurecimento e dissemina\u00e7\u00e3o, surgiram algumas discord\u00e2ncias te\u00f3ricas que induziram a forma\u00e7\u00e3o de duas posturas: a ecocentrista, que valoriza essencialmente o mundo natural e iniciativas individuais de transforma\u00e7\u00e3o na rela\u00e7\u00e3o homem\/natureza; e a tecnocentrista, que defende uma arquitetura baseada na m\u00e1quina, esta supostamente capaz de solucionar os poss\u00edveis problemas ambientais (FOLADORI, 2001).     <\/p>\n\n\n\n

Dessas posturas, importantes movimentos surgiram, sendo a Green Architecture, ou Arquitetura Verde, o mais difundido e utilizado, pois, fugindo de radicalismos, visa a conciliar a tradi\u00e7\u00e3o hist\u00f3rica e as possibilidades modernas, em especial atrav\u00e9s da aplica\u00e7\u00e3o de tecnologias \u201climpas\u201d e recursos renov\u00e1veis (WINES, 2000). Paulatinamente e de forma isolada, uma parcela dos projetos arquitet\u00f4nicos, tanto novos quanto retrofits (reformas), passa ent\u00e3o a ser desenvolvida sob a \u00f3tica da sustentabilidade, estabelecendo padr\u00f5es de sustentabilidade humana e ambiental, introduzindo novas tecnologias de menor impacto e reutiliza\u00e7\u00e3o de mat\u00e9rias-primas envolvidas (SECOVI, 2001).     <\/p>\n\n\n\n

Surgem ent\u00e3o, na primeira d\u00e9cada do s\u00e9culo XXI, as edifica\u00e7\u00f5es denominadas Green Buildings, ou Edif\u00edcios Verdes, empreendimentos nos quais os impactos ambientais gerados no projeto, na constru\u00e7\u00e3o e na opera\u00e7\u00e3o do edif\u00edcio s\u00e3o minimizados sem interferir no atendimento das necessidades dos usu\u00e1rios (SILVA, 2000). Nesses empreendimentos, a preocupa\u00e7\u00e3o com a sustentabilidade est\u00e1 presente desde a fase projetual at\u00e9 a utiliza\u00e7\u00e3o da edifica\u00e7\u00e3o pelos usu\u00e1rios. Isso \u00e9 de suma import\u00e2ncia de acordo com Menegat (2004), pois segundo ele, n\u00e3o se pode restringir a busca de sustentabilidade das edifica\u00e7\u00f5es apenas \u00e0quilo que concerne ao impacto ambiental e imediato da edifica\u00e7\u00e3o no meio ambiente, mas tamb\u00e9m devem ser considerados todos os aspectos sociais, econ\u00f4micos, culturais e pol\u00edticos envolvidos a curto, m\u00e9dio e longo prazo. Segundo Silva (2000), o conceito dos Green Buildings est\u00e1 em concord\u00e2ncia com as instru\u00e7\u00f5es de Menegat e contempla as v\u00e1rias esferas da sustentabilidade, ou seja, as dimens\u00f5es social, econ\u00f4mica e ambiental, que constituem o trip\u00e9 do desenvolvimento sustent\u00e1vel. <\/p>\n\n\n\n

A express\u00e3o Green Building passa a ser adotada de forma a englobar todas as iniciativas dedicadas \u00e0 cria\u00e7\u00e3o de constru\u00e7\u00f5es que utilizassem os recursos de maneira eficiente, promovessem conforto, tivessem vida \u00fatil ampliada e fossem adapt\u00e1veis \u00e0s mudan\u00e7as de necessidades dos usu\u00e1rios. De acordo com Menegat (2004), os benef\u00edcios das constru\u00e7\u00f5es sustent\u00e1veis podem ser classificados em estrat\u00e9gicos (evitam riscos e danos ambientais, al\u00e9m de aumentarem o valor do im\u00f3vel), operacionais (garantem a economia de custos e consumos durante a fase de constru\u00e7\u00e3o) e econ\u00f4micos (tornam os empreendimentos mais atraentes, o que garante um maior valor agregado, al\u00e9m de reduzirem os custos de opera\u00e7\u00e3o e manuten\u00e7\u00e3o).   <\/p>\n\n\n\n

HUMANAE. Revista Eletr\u00f4nica da Faculdade de Ci\u00eancias Humanas ESUDA (ISSN 1517-7606). http:\/\/www.esuda.com.br\/revista_humanae.php. VIEIRA, Luciana Alves; BARROS FILHO, Mauro Normando Mac\u00eado. A emerg\u00eancia do conceito de Arquitetura Sustent\u00e1vel e os m\u00e9todos <\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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