{"id":3013,"date":"2010-04-21T16:12:44","date_gmt":"2010-04-21T16:12:44","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T19:17:37","modified_gmt":"2021-07-10T22:17:37","slug":"o_ciclo_hidrologico","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/saneamento\/abastecimento_de_agua\/o_ciclo_hidrologico.html","title":{"rendered":"O Ciclo Hidrol\u00f3gico"},"content":{"rendered":"\n
Ao seu permanente movimento de mudan\u00e7as de estado (s\u00f3lido, l\u00edquido ou gasoso) ou de posi\u00e7\u00e3o (superficial, subterr\u00e2nea ou atmosf\u00e9rica) em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 superf\u00edcie da Terra, denominou-se de ciclo hidrol\u00f3gico. Por defini\u00e7\u00e3o, ent\u00e3o, ciclo hidrol\u00f3gico \u00e9 a descri\u00e7\u00e3o do comportamento natural da \u00e1gua em volta do globo terrestre. Essencial para o desenvolvimento da vida na Terra, \u00e9 composto de tr\u00eas fen\u00f4menos principais: evapora\u00e7\u00e3o para a atmosfera, condensa\u00e7\u00e3o em forma de nuvens e precipita\u00e7\u00e3o, mais freq\u00fcentemente em forma de chuva, sobre a superf\u00edcie terrestre, onde ela se dispersa sobre as mais variadas maneiras, de acordo com a superf\u00edcie receptora, escoando sobre a superf\u00edcie, infiltrando-se e\/ou evaporando-se.<\/span><\/p>\n\n\n\n A cada ano, a energia do Sol faz com que um volume de aproximadamente 500.000 Km3 de \u00e1gua se evapore, especialmente dos oceanos, embora tamb\u00e9m de \u00e1guas e rios. Essa \u00e1gua retorna para os continentes e ilhas, ou para os oceanos, sob a forma de precipita\u00e7\u00f5es: chuva ou neve. Os continentes e ilhas t\u00eam um saldo positivo nesse processo. Estima-se que eles \u201cretirem\u201d dos oceanos perto de 40.000 Km3 por ano. \u00c9 esse saldo que alimenta as nascentes dos rios, recarrega os dep\u00f3sitos subterr\u00e2neos, e depois retorna aos oceanos pelo des\u00e1g\u00fce dos rios.<\/span><\/p>\n\n\n\n A \u00e1gua \u00e9 encontrada na atmosfera mais freq\u00fcentemente sob a forma de vapor ou de part\u00edculas l\u00edquidas, embora n\u00e3o seja raro sob a forma de neve ou de gelo. Para que ocorra uma precipita\u00e7\u00e3o \u00e9 necess\u00e1rio que o vapor atmosf\u00e9rico sofra condensa\u00e7\u00e3o em got\u00edculas que, ao atingir determinado peso, n\u00e3o podem continuar em suspens\u00e3o, caindo em forma de chuva. Se durante essa precipita\u00e7\u00e3o essas gotas atravessarem camadas atmosf\u00e9ricas com temperaturas negativas poder\u00e1 ocorrer o congelamento e a precipita\u00e7\u00e3o ocorrer na forma de part\u00edculas de gelo, o granizo. Se essa condensa\u00e7\u00e3o ocorrer sob temperaturas de congelamento, a precipita\u00e7\u00e3o se dar\u00e1 em forma de neve.<\/span><\/p>\n\n\n\n Embora sem import\u00e2ncia para estudos de abastecimento de \u00e1gua, em fun\u00e7\u00e3o de sua insignificante contribui\u00e7\u00e3o para a forma\u00e7\u00e3o de escoamentos superficiais, ainda se pode registrar que quando a condensa\u00e7\u00e3o for originada do contato do vapor atmosf\u00e9rico com uma superf\u00edcie s\u00f3lida, o solo por exemplo, e em temperaturas do ar circundante muito baixas, n\u00e3o necessariamente de congelamento, ocorre a forma\u00e7\u00e3o do orvalho ou das geadas. A ocorr\u00eancia destes tipos de condensa\u00e7\u00e3o \u00e9 de extrema import\u00e2ncia em \u00e1reas agr\u00edcolas, assim como a precipita\u00e7\u00e3o em forma de granizo.<\/span><\/p>\n\n\n\n Resumindo, as precipita\u00e7\u00f5es pluviom\u00e9tricas podem ocorrer tanto da forma mais comum conhecida como chuva, como em formas mais moderadas como neblinas, garoas ou geadas, ou mais violentas como acontecem nos furac\u00f5es, precipita\u00e7\u00f5es de granizo, nevascas, etc.<\/span><\/p>\n\n\n\n Quando a chuva alcan\u00e7a o solo, parte da \u00e1gua se infiltra e parte fica temporariamente sobre a superf\u00edcie, em fun\u00e7\u00e3o da intensidade da chuva e da capacidade de infiltra\u00e7\u00e3o do solo. Da parcela superficial parte \u00e9 retida, passa do estado l\u00edquido para o gasoso pelo processo de evapora\u00e7\u00e3o natural, e volta a atmosfera. A intensidade desse fen\u00f4meno natural depende da temperatura ambiente, da ventila\u00e7\u00e3o e da umidade relativa do ar. O restante escoa sobre a superf\u00edcie livre do terreno indo abastecer os corpos receptores naturais como rios lagos e oceanos. Da parcela infiltrada, a que fica retida nos interst\u00edcios pr\u00f3ximos \u00e0 superf\u00edcie volta a atmosfera na forma de vapor e o restante penetra mais profundamente e vai abastecer o len\u00e7ol fre\u00e1tico e outros aq\u00fc\u00edferos subterr\u00e2neos. <\/span><\/p>\n\n\n\n Em \u00e1reas cobertas por densa vegeta\u00e7\u00e3o o volume de \u00e1gua que \u00e9 transferido para a atmosfera, atrav\u00e9s do fen\u00f4meno de transpira\u00e7\u00e3o, pode ser bastante significativo, em fun\u00e7\u00e3o da dimens\u00e3o dessa \u00e1rea. Nesse processo a \u00e1gua \u00e9 retirada do solo pelas ra\u00edzes, transferida para as folhas e, ent\u00e3o, evaporada. Assim, numa \u00e1rea de floresta, por exemplo, a superf\u00edcie de exposi\u00e7\u00e3o das folhas \u00e9 muito grande e em fun\u00e7\u00e3o da temperatura ambiente e da insola\u00e7\u00e3o, pode se tornar o fator determinante do teor de umidade atmosf\u00e9rica <\/span>(numa \u00e1rea equatorial, por exemplo).<\/span><\/p>\n\n\n\n Evidentemente o ciclo hidrol\u00f3gico, embora seja um fen\u00f4meno cont\u00ednuo da natureza, n\u00e3o tem comportamento uniforme em cada uma de suas fases, principalmente quanto \u00e0 evapora\u00e7\u00e3o e \u00e0 precipita\u00e7\u00e3o, Essas variam de intensidade aleatoriamente com o tempo, principalmente ao longo das esta\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. Na realidade qualquer observa\u00e7\u00e3o sistem\u00e1tica de chuvas em determinado local caracterizar-se-\u00e1 por not\u00e1veis varia\u00e7\u00f5es nas quantidades precipitadas anualmente e n\u00e3o mostrar\u00e1 ocorr\u00eancias c\u00edclicas dos fen\u00f4menos. A maior quantidade de observa\u00e7\u00f5es ao longo de um tempo mais longo (mais de trinta anos) permitir\u00e1 condi\u00e7\u00f5es de se apurar valores m\u00e9dios mais consistentes.<\/span><\/p>\n\n\n\n <\/span><\/p>\n\n\n\n A fase atmosf\u00e9rica do fen\u00f4meno das precipita\u00e7\u00f5es \u00e9 de interesse dos meteorologistas, por\u00e9m a partir do momento em que ela atinge o solo, torna-se o elemento fundamental dos estudos ligados \u00e0 Hidrologia. Segundo o United States Federal Council of Science and Tecnology, Committee for Scientific Hidrology (1962), Hidrologia \u00e9 a ci\u00eancia que estuda a \u00e1gua da terra, sua ocorr\u00eancia, circula\u00e7\u00e3o e distribui\u00e7\u00e3o, suas propriedades f\u00edsicas e qu\u00edmicas, e suas rea\u00e7\u00f5es com o meio-ambiente, incluindo suas rela\u00e7\u00f5es com a vida (Villela & Mattos, 1975, p. 1), ou seja, \u00e9 a ci\u00eancia que estuda a presen\u00e7a da \u00e1gua na natureza. Ainda denomina-se de Hidrologia de superf\u00edcie o estudo referente ao movimento da \u00e1gua sobre o solo, isto \u00e9, do escoamento superficial das \u00e1guas, que \u00e9 o que interessa para projetos de drenagem superficial. Pode-se dizer que como ci\u00eancia \u00e9 um estudo recente, pois seus fundamentos te\u00f3ricos s\u00f3 come\u00e7aram a se formar nos tempos do cientista italiano Leonardo da Vinci (1452-1519), com a concep\u00e7\u00e3o do ciclo hidrol\u00f3gico, e s\u00f3 foi aceita como disciplina espec\u00edfica em fins do s\u00e9culo XIX, embora os antigos eg\u00edpcios j\u00e1 ensaiassem o controle das cheias do Rio Nilo, a cerca de 3000 anos antes de Cristo.<\/span><\/p>\n\n\n\n No entanto, o ritmo acelerado de desmatamentos das \u00faltimas d\u00e9cadas, e o crescimento urbano e industrial, que necessita sempre de mais \u00e1gua, vem alterando esse ciclo hidrol\u00f3gico. Estudos da ONU mostraram que o desmatamento e o pastoreio excessivo diminuem a capacidade do solo em atuar como uma grande esponja, absorvendo \u00e1guas das chuvas e liberando seus conte\u00fados lentamente. Na aus\u00eancia de coberturas vegetais, e com solos compactados, a tend\u00eancia das chuvas \u00e9 escorrer pela superf\u00edcie <\/span>e escoar rapidamente pelos cursos de \u00e1gua, o que traz como conseq\u00fc\u00eancia as inunda\u00e7\u00f5es, acelera\u00e7\u00e3o no processo de eros\u00e3o e diminui\u00e7\u00e3o das estabilidade dos cursos de \u00e1gua, que ficam diminu\u00eddos fora do per\u00edodo de cheias, comprometendo assim a agricultura e a pesca. N\u00e3o faltam sinal de escassez de \u00e1gua doce. O n\u00edvel dos len\u00e7\u00f3is fre\u00e1ticos baixa constantemente, muitos lagos encolhem e p\u00e2ntanos secam. Na agricultura, na ind\u00fastria e na vida dom\u00e9stica, as necessidades de \u00e1gua n\u00e3o param de aumentar, paralelamente ao crescimento <\/span>demogr\u00e1fico e ao aumento nos padr\u00f5es de vida, que multiplicam o uso da \u00e1gua. Nos anos 50, por exemplo, a demanda de \u00e1gua por pessoa era de <\/span>400 m3 por ano, em m\u00e9dia no planeta, ao passo que hoje essa demanda j\u00e1 \u00e9 de 800 m3 por indiv\u00edduo. Em pa\u00edses cada vez mais populosos, ou com car\u00eancia em recursos h\u00eddricos, j\u00e1 se atingiu o limite de utiliza\u00e7\u00e3o de \u00e1gua. Constatou-se que atualmente 26 pa\u00edses, a maioria situada no continente africano, totalizando 235 milh\u00f5es de pessoas, sofrem de escassez de \u00e1gua. As outras regi\u00f5es do mundo tamb\u00e9m n\u00e3o s\u00e3o poupadas. Sintomas de crises j\u00e1 se manifestam em pa\u00edses que disp\u00f5em de boas reservas. Nos locais onde o n\u00edvel de bombeamento (extra\u00e7\u00e3o) das \u00e1guas subterr\u00e2neas \u00e9 mais intenso que sua renova\u00e7\u00e3o natural, se constata um rebaixamento do n\u00edvel de len\u00e7\u00f3is fre\u00e1ticos, que, por esse motivo, exigem maiores investimentos para serem explorados e ao mesmo tempo v\u00e3o se tornando mais salinos. <\/span><\/p>\n\n\n\n
Foto por desconhecido.
http:\/\/www.saojosedoscampos.com.br <\/span><\/div>\n\n\n\n