{"id":2845,"date":"2010-05-14T12:00:16","date_gmt":"2010-05-14T12:00:16","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T19:16:54","modified_gmt":"2021-07-10T22:16:54","slug":"parque_nacional_do_itatiaia","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/unidades_de_conservacao\/artigos_ucs\/parque_nacional_do_itatiaia.html","title":{"rendered":"Parque Nacional do Itatiaia"},"content":{"rendered":"\n

Penhasco de muitas pontas. Assim os primeiros habitantes da regi\u00e3o, \u00edndios Puri e Puris, da fam\u00edlia Tupi-Guarani, chamavam Itatiaia. E quem conhece a parte baixa e, principalmente, a parte alta do Parque Nacional reverencia de imediato o nome de batismo do local. Ainda na Via Dutra (BR 116), principal estrada de acesso ao Parque, \u00e9 poss\u00edvel avistar in\u00fameros picos da cadeia de montanhas que forma a regi\u00e3o do Itatiaia. A paisagem fica mais bela ao saber que tal forma\u00e7\u00e3o rochosa al\u00e9m de ser da era glacial e ter cerca de 18 milh\u00f5es de anos, abriga o Pico das Agulhas Negras, o quarto maior do Brasil.<\/p>\n\n\n\n

Situado na fronteira entre os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e quase no limite com S\u00e3o Paulo, o Planalto do Itatiaia fica no meio da Serra da Mantiqueira. Nos s\u00e9culos XIX e XX, devido \u00e0s particularidades incomuns, recebeu visita de diversos naturalistas brasileiros e estrangeiros, motivo o qual foi importante fator na transforma\u00e7\u00e3o da regi\u00e3o no primeiro Parque Nacional do Brasil.<\/p>\n\n\n\n

As terras da reserva, que um dia pertenceram a Visconde de Mau\u00e1, foram adquiridas, em 1908, pela Fazenda Federal para implementa\u00e7\u00e3o de dois n\u00facleos coloniais. Mais tarde, em 1929, a reserva passou a ser de responsabilidade do Minist\u00e9rio da Agricultura transformando Itatiaia numa Esta\u00e7\u00e3o Biol\u00f3gica subordinada ao Jardim Bot\u00e2nico do Rio de Janeiro. Em 1913, o bot\u00e2nico Alberto Lofgren sugeriu que tais terras virassem Parque Nacional. Mesmo ano em que o naturalista Jos\u00e9 Hubmay declarou apoio a causa ap\u00f3s definir a regi\u00e3o como sem igual no mundo, na Confer\u00eancia da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro.<\/p>\n\n\n\n

\u201cPreservar para fins cient\u00edficos, educacionais, paisag\u00edsticos e recreativos o seu patrim\u00f4nio natural cultural\u201d. Afirma o Decreto de Cria\u00e7\u00e3o do Parque Nacional do Itatiaia. Assinado, anos mais tarde, em 14 de junho de 1937, pelo Presidente Get\u00falio Vargas, definindo uma \u00e1rea de 12 mil hectares da regi\u00e3o de Itatiaia como Parque Nacional. Sendo ampliada em 1982, passando a somar 30 mil hectares hoje preservados dentro da reserva.<\/p>\n\n\n\n

Uma vez que os Estados Unidos criaram o primeiro Parque Nacional do mundo \u2013 Yellowstone \u2013 em 1872, podemos concluir que o Brasil seguiu tardiamente a tend\u00eancia internacional de fazer pol\u00edtica voltada ao meio ambiente com a cria\u00e7\u00e3o de \u00e1reas de preserva\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Esse atraso no in\u00edcio da gest\u00e3o ambiental brasileira seja, acredito, maior reflexo das dificuldades encontradas em quase todas as 212 Unidades de Conserva\u00e7\u00e3o do pa\u00eds. A constante falta de verbas, equipamentos adequados, pessoal, invas\u00e3o territorial, combate ao extrativismo ilegal e ca\u00e7a clandestina a animais silvestres s\u00e3o problemas enfrentados com extrema criatividade na busca de parcerias empresariais e at\u00e9 universit\u00e1rias no tocante as pesquisas cient\u00edficas. Se n\u00e3o fosse dessa forma, muitos dos nossos Parques Nacionais teriam sucumbido ao insucesso.<\/p>\n\n\n\n

Guerras no Iraque, Iugosl\u00e1via, Afeganist\u00e3o, Israel, Palestina, ataques terroristas nos EUA, Col\u00f4mbia, pneumonia asi\u00e1tica na China e demais quest\u00f5es nevr\u00e1lgicas observadas no plano mundial, s\u00e3o indicadores de que as riquezas naturais ao longo da nossa extens\u00e3o geogr\u00e1fica podem tornar-se grandes geradoras de recursos e representatividade no exterior. Eco-turismo, esportes radicais, expedi\u00e7\u00f5es para observa\u00e7\u00e3o da fauna e outras quest\u00f5es apontam o Brasil como capital do desenvolvimento sustent\u00e1vel. Tema de destaque na pol\u00edtica internacional.<\/p>\n\n\n\n

O Parque Nacional do Itatiaia junto aos munic\u00edpios do entorno \u00e9 um importante p\u00f3lo tur\u00edstico que podemos citar como exemplo. Canoagem, v\u00f4o livre, cavalgada, hot\u00e9is, montanhismo e s\u00edtio hist\u00f3rico s\u00e3o partes de um leque de op\u00e7\u00f5es de lazer das outras \u00e1reas de prote\u00e7\u00e3o ambiental que a Reserva engloba nessas cidades ( Reserva Ecol\u00f3gica do Papagaio, Parque Municipal da Cachoeira da Fuma\u00e7a e outros). O maior desafio \u00e9 conciliar visita\u00e7\u00e3o p\u00fablica com preserva\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A pr\u00f3pria hist\u00f3ria de coloniza\u00e7\u00e3o da regi\u00e3o relata ind\u00edcios de problemas nesse desafio. No s\u00e9culo XVII, Itatiaia serviu de passagem e pouso de viajantes provenientes do sul de Minas Gerais, o famoso caminho do ouro. Com o esgotamento das jazidas a \u00e1rea foi utilizada para atividades agr\u00edcolas e pecu\u00e1rias. No per\u00edodo de 1908 a 1918 D. Pedro II implementou n\u00facleos coloniais para o desenvolvimento do cultivo de frutas, caf\u00e9, soja e outros produtos agr\u00edcolas. Embora tais atividades tenham fracassado, o chamado ciclo do caf\u00e9 foi um fator econ\u00f4mico que auxiliou a cria\u00e7\u00e3o de diversos povoados, que s\u00e3o as cidades do entorno do Parque.<\/p>\n\n\n\n

Por outro lado, houve grande desmatamento da floresta nativa da regi\u00e3o \u2013 Mata Atl\u00e2ntica \u2013 e os colonos trazidos por D. Pedro II nunca foram desapropriados de suas terras, nem mesmo quando o local foi transformado em Parque Nacional. Ainda hoje existem s\u00edtios, hot\u00e9is e fazendas particulares dentro da Reserva, dificultando controle do lixo, esgoto e da qualidade da \u00e1gua dos rios da regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Com fim dos ciclos do ouro e caf\u00e9, Itatiaia passou a atrair aten\u00e7\u00e3o de aventureiros, expedicion\u00e1rios e amantes da natureza. At\u00e9 a Princesa Isabel escalou o Pico das Agulhas Negras acompanhada de pesquisadores da fauna e flora.<\/p>\n\n\n\n

Anos se passaram e a beleza natural do local atraiu artistas do porte de Vin\u00edcius de Moraes, que residiu na Reserva inspirando-o a escrever diversos poemas. Um dos expoentes da nossa pintura, Guignard, fez do Itatiaia cen\u00e1rio para algumas de suas obras mais famosas. Al\u00e9m deles, as letras de Tom Jobim parecem descrever detalhadamente o Parque, motivo que incentivou a homenagem de intitular o Maestro como padrinho espiritual da regi\u00e3o. Essa heran\u00e7a art\u00edstica \u00e9 notada nos in\u00fameros ateli\u00eas instalados dentro do Parque Nacional. Suas obras tem\u00e1ticas contribuem para a educa\u00e7\u00e3o ambiental.<\/p>\n\n\n\n

Ali\u00e1s, educa\u00e7\u00e3o ambiental \u00e9 levada a s\u00e9rio pelo Chefe do Parque Nacional do Itatiaia, L\u00e9o Nascimento. S\u00f3 em 2002, o N\u00facleo de Educa\u00e7\u00e3o Ambiental do Parque registrou a participa\u00e7\u00e3o de 2789 alunos de 28 munic\u00edpios dos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Din\u00e2micas de grupo, teatro, fantoche e outras atividades v\u00eaem sendo implementadas na conscientiza\u00e7\u00e3o dos alunos.<\/p>\n\n\n\n

Ao lembrar que da vasta extens\u00e3o do Brasil apenas 5% do territ\u00f3rio nacional s\u00e3o \u00e1reas de conserva\u00e7\u00e3o, investimentos em educa\u00e7\u00e3o ambiental ser\u00e3o sempre bem vindos. Para se ter uma id\u00e9ia, s\u00f3 no Parque Nacional do Itatiaia a m\u00e9dia de visitantes nos \u00faltimos oito anos ultrapassou a casa dos 70 mil. No tri\u00eanio de 2000\/2001 e 2002 a fiscaliza\u00e7\u00e3o do Parque, com apenas nove agentes, autuou 239 casos. As multas, que atingiram valor superior a tr\u00eas milh\u00f5es de Reais, foram em decorr\u00eancia dos seguintes delitos: inc\u00eandio florestal, corte e distribui\u00e7\u00e3o ilegal de palmito, desmatamento, constru\u00e7\u00e3o ilegal em \u00e1rea de conserva\u00e7\u00e3o, desvio de cursos de rio, tr\u00e1fico de animais silvestres etc.<\/p>\n\n\n\n

Com todos os cuidados e informa\u00e7\u00f5es de uso devido dentro de uma Unidade de Conserva\u00e7\u00e3o, a maior multa aplicada de 900 mil Reais, foi para o estudante de Engenharia da USP, Rodrigo Fl\u00f3rio Mozer, que, em julho de 2001, colocou fogo no Maci\u00e7o das Prateleiras, parte alta do Parque, queimando 600 hectares de biodiversidade da Reserva.<\/p>\n\n\n\n

Outro t\u00f3pico que requer total cuidado no Parque Nacional do Itatiaia \u00e9 o extrativismo ilegal do Palmito Ju\u00e7ara, uma esp\u00e9cie nativa da Mata Atl\u00e2ntica que representa 40% das \u00e1rvores da Reserva. L\u00e9o Nascimento escreveu v\u00e1rios boletins alertando a situa\u00e7\u00e3o. Em seus informativos pede, inclusive, que visitantes do Parque deixem de comer qualquer iguaria a base de palmito, oferecida pelos restaurantes da regi\u00e3o. Seria um exagero se os n\u00fameros a favor dos extrativistas clandestinos n\u00e3o fosse t\u00e3o alarmantes. Em dezembro do ano passado, com aux\u00edlio do Batalh\u00e3o Florestal da Pol\u00edcia Militar do Estado do Rio de Janeiro, foram apreendidas tr\u00eas toneladas do Palmito Ju\u00e7ara e fechadas duas ind\u00fastrias clandestinas do mesmo produto, na cidade de Volta Redonda.<\/p>\n\n\n\n

 
Biodiversidade<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Rios de \u00e1guas cristalinas, cachoeiras em diferentes forma\u00e7\u00f5es rochosas, penhascos, montanhas, flores exuberantes abrigadas num dos \u00faltimos redutos preservados de Mata Atl\u00e2ntica. A beleza desse cen\u00e1rio natural impressiona qualquer visitante.<\/p>\n\n\n\n

A desmedida import\u00e2ncia da biodiversidade do Itatiaia o torna um patrim\u00f4nio cultural natural. Ao saber que a Mata Atl\u00e2ntica ocupa apenas 7% do seu territ\u00f3rio original, \u00e9 classificada entre os cinco ecossistemas mais ricos do mundo e ainda abriga 70% da popula\u00e7\u00e3o brasileira, aumenta a necessidade de cuidados extremos com a preserva\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A Mata Atl\u00e2ntica ainda protege e regula os mananciais, garante a fertilidade do solo e controla o clima em mais de 3500 munic\u00edpios distribu\u00eddos em 17 estados. Da\u00ed o porque mais da metade da nossa popula\u00e7\u00e3o residir nas proximidades.<\/p>\n\n\n\n

No Parque Nacional do Itatiaia, a Mata Atl\u00e2ntica domina a paisagem da parte baixa e vai cedendo espa\u00e7o para a forma\u00e7\u00e3o dos Campos de Altitude, conforme o pr\u00f3prio nome diz s\u00e3o campos situados na parte mais elevada da Reserva. A atua\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica de ambos os ecossistemas faz com os ventos \u00famidos, provenientes do mar, resfriem-se ao subir as encostas da Serra da Mantiqueira, saturando o ar em vapor d\u00b4\u00e1gua que condensa e se precipita como neblina ou chuva, comuns na parte elevada. Sendo que, no inverno, atingi temperatura de 15 graus negativos, provocando freq\u00fcentes geadas e at\u00e9 neve.<\/p>\n\n\n\n

A Mata atl\u00e2ntica \u00e9 uma floresta tropical \u00famida com plantas de folhas largas e perenes. Da flora foram catalogados 163 casos de esp\u00e9cies end\u00eamicas, ou seja, que s\u00f3 ocorrem no Parque. Jequitib\u00e1s, quaresmeiras, cedros e samambaias s\u00e3o abundantes na regi\u00e3o. A vegeta\u00e7\u00e3o conta com um teto interligado pela jun\u00e7\u00e3o das copas das \u00e1rvores maiores. H\u00e1 ainda extratos intermedi\u00e1rios com \u00e1rvores de m\u00e9dio porte e plantas rasteiras. Outra caracter\u00edstica de f\u00e1cil observa\u00e7\u00e3o \u00e9 que os troncos das \u00e1rvores s\u00e3o revestidos por grande quantidade de plantas que sobem ou ap\u00f3iam-se neles, em busca da luz solar.<\/p>\n\n\n\n

Conforme fazemos a transi\u00e7\u00e3o da parte baixa para parte alta do Parque, \u00e1rvores e arbustos cedem espa\u00e7o \u00e0 vegeta\u00e7\u00e3o aberta e rasteira denominada Campos de Altitude, que embora perten\u00e7a \u00e0 Mata Atl\u00e2ntica, desenvolve-se em cadeias de montanha acima dos 1500\/2000 metros de altitude no sul e sudeste do pa\u00eds. No Parque do Itatiaia, os Campos de Altitude surgem em meio ao imenso vale rochoso a partir de dois mil metros. S\u00e3o verdadeiras ilhas de vegeta\u00e7\u00e3o com a flora de gram\u00edneas, pequenas \u00e1rvores tortuosas, brom\u00e9lias, orqu\u00eddeas e musgos.<\/p>\n\n\n\n

Agulhas Negras, com 2787 metros, \u00e9 o culminante do local e quarto maior pico do Brasil. O Maci\u00e7o das Prateleiras (2548 m), com a Pedra do Altar (2530) e o Vale do Aiuruoca comp\u00f5em o a extensa \u00e1rea da parte alta do Parque.<\/p>\n\n\n\n

A fauna do Itatiaia tamb\u00e9m n\u00e3o fica para tr\u00e1s: 50 mil esp\u00e9cies de insetos, mais de 64 esp\u00e9cies de sapos, 294 aves (sa\u00edras, beija-flores, jacus, guachos, tucanos etc) e 67 mam\u00edferos distribu\u00eddos entre primatas, roedores, marsupiais, carn\u00edvoros etc. Com presen\u00e7a de animais em extin\u00e7\u00e3o como o Bugio, Tamandu\u00e1-Bandeira, Tatu-Canastra e outros.<\/p>\n\n\n\n

 
Aventura<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Aventurar-se nas trilhas do Parque Nacional do Itatiaia requer boa dose de disposi\u00e7\u00e3o. Ainda que na parte baixa se consiga chegar de carro no in\u00edcio da maioria delas, as trilhas s\u00e3o sempre \u00edngremes e normalmente voc\u00ea come\u00e7a o caminho descendo para depois subir tudo outra vez.<\/p>\n\n\n\n

Das op\u00e7\u00f5es de atra\u00e7\u00e3o, o Mirante do \u00daltimo Adeus \u00e9 o mais f\u00e1cil. Com dois quil\u00f4metros de dist\u00e2ncia da portaria do Parque, o carro estaciona ao lado e \u00e9 s\u00f3 subir uns pequenos degraus e logo v\u00ea-se o Rio Campo Belo, principal da Bacia Hidrogr\u00e1fica da regi\u00e3o, cortando a vegeta\u00e7\u00e3o local num vale cercado pela cadeia de montanhas do Itatiaia.<\/p>\n\n\n\n

Com 40 metros de altura, a maior cachoeira do Parque \u00e9 a V\u00e9u de Noiva. Com trilha de 1,5 km \u00e9 um dos principais cart\u00f5es de visita. Fica localizada no final da estrada da parte baixa do Parque junto com a Cachoeira do Itaporani, que tem um lindo lago de \u00e1guas verdes cristalinas convidativas ao banho. Do lado oposto \u00e0s duas cachoeiras fica a praia do Itatiaia, ou seja, a Piscina do Maromba. Como o nome diz, \u00e9 o local mais apropriado para banho. Sua forma\u00e7\u00e3o rochosa amortece as \u00e1guas em quedas at\u00e9 uma imensa piscina de f\u00e1cil acesso ao visitante. Vale lembrar que as \u00e1guas do Itatiaia s\u00e3o g\u00e9lidas em qualquer esta\u00e7\u00e3o do ano, por tanto, mesmo que voc\u00ea esteja de carro hospedado em algum hotel dentro do Parque, uma boa caminhada para esquentar \u00e9 indicada.<\/p>\n\n\n\n

O Lago Azul \u00e9 um recanto maravilhoso. De uma antiga ponte observa-se o constante lavar das \u00e1guas do Campo Belo por cima das rochas. O eterno som das \u00e1guas \u00e9 ideal para fazer reflex\u00f5es da vida, namorar e observar o bal\u00e9 dos p\u00e1ssaros da regi\u00e3o. Mas vale lembrar que a subida de volta arde \u00e0s pernas de tanto esfor\u00e7o. Perto dali fica o Museu do Parque, com informa\u00e7\u00f5es sobre a Reserva e uma significativa cole\u00e7\u00e3o cient\u00edfica da fauna regional. S\u00e3o 400 exemplares de vertebrados divididos entre mam\u00edferos, aves e r\u00e9pteis; 2259 insetos e aracn\u00eddeos e 1328 esp\u00e9cies de plantas herborizadas.<\/p>\n\n\n\n

Os jardins de Museu da Fauna, nome do Museu do Parque, encontram-se esquilos caxinguel\u00ea aos montes comendo frutos. Ver animais no Itatiaia n\u00e3o \u00e9 tarefa das mais dif\u00edceis. Basta estar atento que eles logo aparecem. Macaco-prego, quati, pica-pau, tucano, aranha, besouro, beija-flor, jacu e outras esp\u00e9cies d\u00e3o um show \u00e0 parte no Parque. O melhor hor\u00e1rio para v\u00ea-los \u00e9 bem cedinho, ao raiar do dia ou no fim da tarde.<\/p>\n\n\n\n

Ainda descrevendo a parte baixa temos a Cachoeira do Poronga, que fica numa trilha escorregadia, \u00famida e de dif\u00edcil acesso. Mas o visual \u00e9 deslumbrante. Entre plantas e \u00e1rvores surge um pared\u00e3o negro quase liso, contrastando com \u00e1guas brancas da cachoeira. Ap\u00f3s sua queda forma-se um po\u00e7o verde cristalino. A paisagem \u00e9 bem selvagem.<\/p>\n\n\n\n

Para chegar ao final da trilha dos Tr\u00eas Picos h\u00e1 que se vencer tr\u00eas longos quil\u00f4metros de subida. S\u00f3 a quantidade de orqu\u00eddeas e brom\u00e9lias ao logo do percurso vale o esfor\u00e7o, que \u00e9 compensado com a vista do cume. Para baixo os vales das cidades do entorno do Parque e para cima os Campos de Altitude. Para quem vai encarar a parte alta \u00e9 um \u00f3timo teste.<\/p>\n\n\n\n

Da portaria do Parque at\u00e9 o posto do Ibama na parte alta s\u00e3o 50 km divididos entre a Dutra e a Rio\/Caxambu. Avistar os ex\u00f3ticos Campos de Altitude pela primeira vez \u00e9 divino. Um desmedido vale de imensas rochas espalhadas em grupos, solit\u00e1rias e picos. Junto com a vegeta\u00e7\u00e3o rasteira com flores de diferentes formas e cores e os riachos e lagos em tonalidade azul escuros impressionantes.<\/p>\n\n\n\n

Com o quarto maior pico do Brasil, n\u00e3o \u00e9 preciso explicar muito das dificuldades em vencer as trilhas do Parque. Primeiro caminha-se pelos vales at\u00e9 o sop\u00e9 das montanhas em que escolheu para escalar. Endossando mais a causa, foi em Itatiaia que iniciou o alpinismo no Brasil. Em 1856, Frank Massena conquistou o Pico das Agulhas Negras. A regi\u00e3o atrai praticantes de alpinismo at\u00e9 hoje. E como a atividade exige per\u00edcia t\u00e9cnica, \u00e9 aconselh\u00e1vel escalar acompanhado de um guia do Ibama ou de profissionais do ramo.<\/p>\n\n\n\n

Agulhas Negras \u00e9 um pico enorme com v\u00e1rias fendas e escarpas que assemelha-se com grandes agulhas feitas de rocha. O esfor\u00e7o f\u00edsico ao cume exige bom preparo f\u00edsico. O Maci\u00e7o das Prateleiras n\u00e3o fica muito atr\u00e1s com os seus 2548 metros. S\u00e3o mais lisas e h\u00e1 um verdadeiro labirinto de fendas e pequenas grutas pelo caminho a ser percorrido.<\/p>\n\n\n\n

\u00c1gua, sandu\u00edches, biscoitos, frutas, protetor solar e chap\u00e9u para encarar o forte sol da montanha s\u00e3o imprescind\u00edveis. Como as trilhas s\u00e3o \u00famidas, encharcadas e escorregadias, cal\u00e7ados confort\u00e1veis e resistentes tamb\u00e9m n\u00e3o podem faltar. N\u00e3o esque\u00e7a a sunga, biqu\u00edni e principalmente agasalhos para ag\u00fcentar o frio da serra.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m das trilhas, mirantes e cachoeiras, no Parque Nacional do Itatiaia existe boa infraestrutura em hospedagem. Hot\u00e9is com lareira, piscina aquecida, sauna e excelentes restaurantes. Gel\u00e9ias, pingas com ervas, pimentas, mel, chocolate, doces caseiros, camisetas e bon\u00e9s do Itatiaia s\u00e3o produtos facilmente encontrados no Parque.<\/p>\n\n\n\n

Concluindo, podemos afirmar que, com 66 anos de exist\u00eancia, sendo o primeiro Parque Nacional do Brasil, Itatiaia continua firme em seus prop\u00f3sitos de preserva\u00e7\u00e3o e conserva\u00e7\u00e3o da riqueza ecol\u00f3gica brasileira.<\/p>\n\n\n\n

Texto e fotos: Marcelo de Paula
\nE-mail: mdepaulafoto@globo.com<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Situado na fronteira entre os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e quase no limite com S\u00e3o Paulo, o Planalto do Itatiaia fica no meio da Serra da Mantiqueira. Nos s\u00e9culos XIX e XX, devido \u00e0s particularidades incomuns, recebeu visita de diversos naturalistas brasileiros e estrangeiros, motivo o qual foi importante fator na transforma\u00e7\u00e3o da regi\u00e3o no primeiro Parque Nacional do Brasil. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1580],"tags":[1309],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2845"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2845"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2845\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":3715,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2845\/revisions\/3715"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2845"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2845"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2845"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}