{"id":2826,"date":"2009-04-30T15:47:56","date_gmt":"2009-04-30T15:47:56","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:00:31","modified_gmt":"2021-07-10T23:00:31","slug":"as_trilhas_circulares_do_parque_nacional_da_tijuca","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/unidades_de_conservacao\/artigos_ucs\/as_trilhas_circulares_do_parque_nacional_da_tijuca.html","title":{"rendered":"As trilhas circulares do Parque Nacional da Tijuca"},"content":{"rendered":"\n

Uma hist\u00f3ria de seu planejamento, implanta\u00e7\u00e3o e conserva\u00e7\u00e3o<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Administrar um Parque Nacional no Brasil, hoje em dia, \u00e9 uma tarefa que exige criatividade e grande conhecimento t\u00e9cnico. Nas Unidades de Conserva\u00e7\u00e3o de Mata Atl\u00e2ntica, onde a visita\u00e7\u00e3o \u00e9 muito grande, \u00e9 fundamental que o administrador conhe\u00e7a t\u00e9cnicas de manejo de trilhas; via de regra, s\u00e3o estas o principal produto de lazer oferecido ao visitante, seja como fim nelas mesmas, seja como vias de acesso a cachoeiras, grutas, rotas de escalada e outras atra\u00e7\u00f5es similares. No geral os administradores de Parques no Brasil procuram gerir as trilhas que j\u00e1 existem em seus Parques h\u00e1 muito tempo, regulando seu acesso, minimizando a eros\u00e3o e provendo sinaliza\u00e7\u00e3o interpretativa. Raros s\u00e3o os casos em nosso Pa\u00eds em que o administrador age de maneira pr\u00f3-ativa, planejando trilhas como objeto de manejo de uma Unidade de Conserva\u00e7\u00e3o (UC).<\/p>\n\n\n\n

\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n
<\/div>\n\n\n\n

No contexto de um Parque Nacional, uma trilha bem planejada \u00e9 muito mais do que um equipamento de lazer. Ela \u00e9 um instrumento de manejo e uma poderosa ferramenta de educa\u00e7\u00e3o ambiental. Nesse sentido, nos anos 1999 e 2000 foram planejadas e implantadas duas trilhas de longo curso no Parque Nacional da Tijuca (PNT), no Rio de Janeiro. O objetivo dessas trilhas vai muito al\u00e9m do lazer: visa torn\u00e1-las objetos de manejo e instrumentos de educa\u00e7\u00e3o ambiental do Parque.<\/p>\n\n\n\n

Em tese, o manejo de trilhas deve ser feito de modo a:<\/p>\n\n\n\n

1) evitar que o tr\u00e2nsito de pessoas provoque degrada\u00e7\u00e3o no meio ambiente;<\/p>\n\n\n\n

2) proporcionar ao excursionista uma experi\u00eancia agrad\u00e1vel em comunh\u00e3o com a natureza;<\/p>\n\n\n\n

3) dar ao caminhante uma vis\u00e3o geral da UC, ao inv\u00e9s de concentrar a visita\u00e7\u00e3o em uma pequena \u00e1rea;<\/p>\n\n\n\n

4) ser um instrumento de educa\u00e7\u00e3o ambiental;<\/p>\n\n\n\n

5) prover \u00e0 UC com uma malha de caminhos bem conservados que permitam o r\u00e1pido acesso a locais onde a presen\u00e7a institucional \u00e9 importante, seja por raz\u00f5es ligadas a inc\u00eandios, fiscaliza\u00e7\u00e3o, erradica\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies ex\u00f3ticas ou outras;<\/p>\n\n\n\n

6) onde poss\u00edvel, servir como \u201ccorredores verdes\u201d, ainda que t\u00eanues, unindo por\u00e7\u00f5es de mata que, de outra forma, estariam isoladas .<\/p>\n\n\n\n

Em 1999 havia mais de 100 trilhas individuais no PNT, todas sem sinaliza\u00e7\u00e3o ou conserva\u00e7\u00e3o. Algumas eram centen\u00e1rias estradas bem planejadas, embora muito degradadas; outras eram grosseiras picadas \u00edngremes e fortemente erodidas. Mesmo as trilhas mais tradicionais, tais como a do \u201cPico da Tijuca\u201d e a do \u201cBico do Papagaio\u201d, estavam t\u00e3o abandonadas que seus tra\u00e7ados originais (em belo ziguezague) encontravam-se obstru\u00eddos e em desuso, sendo feito o acesso por atalhos erosivos. A essas duas trilhas somavam-se diversos outros caminhos ligando o asfalto aos demais picos do Parque, bem como a suas cachoeiras, grutas e ru\u00ednas de maior interesse.<\/p>\n\n\n\n

A falta total de sinaliza\u00e7\u00e3o era a maior causa da degrada\u00e7\u00e3o existente na Floresta da Tijuca. Seu impacto negativo podia ser observado de diversas formas:<\/p>\n\n\n\n

  • Uma m\u00e9dia de 100 pessoas perdidas nas matas da Tijuca a cada ano, causando pisoteio indevido em \u00e1reas sem trilhas, tanto por parte dos excursionistas extraviados quanto por parte das turmas de resgate que chegavam a reunir at\u00e9 80 pessoas em cada opera\u00e7\u00e3o de busca e salvamento.<\/li>
  • A cria\u00e7\u00e3o de uma sinaliza\u00e7\u00e3o \u201cpirata\u201d e altamente impactante, feita por leigos. Essa sinaliza\u00e7\u00e3o se caracterizava por cortes em \u00e1rvores feitos a fac\u00e3o e setas pintadas sem m\u00e9todo, muitas vezes direcionando o excursionista para trechos degradados e impactantes.<\/li>
  • A exist\u00eancia de v\u00e1rias trilhas paralelas partindo de um mesmo ponto \u201cA\u201d e chegando em um mesmo ponto \u201cB\u201d, causando assim impacto desnecess\u00e1rio em mais de um trecho de mata. O caso da \u201cTrilha do Conde\u201d, com tr\u00eas variantes paralelas \u00e9 representativo.<\/li><\/ul>\n\n\n\n

    Analogamente, a falta de manuten\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m era respons\u00e1vel por impactos negativos na mata pois acarretava:<\/p>\n\n\n\n

    • Forma\u00e7\u00e3o de atalhos erosivos. S\u00f3 na trilha do \u201cPico da Tijuca\u201d foram fechados e recuperados mais de 70 deles.<\/li>
    • Forma\u00e7\u00e3o de variantes, sempre que um obst\u00e1culo ca\u00eddo n\u00e3o era removido, causando o alargamento da trilha original.<\/li>
    • Eros\u00e3o progressiva dos solos pela \u00e1gua pluvial, devido \u00e0 falta de manuten\u00e7\u00e3o dos canais de drenagem e mecanismos de controle de \u00e1gua nas trilhas.<\/li><\/ul>\n\n\n\n

      Com colabora\u00e7\u00e3o de Luiz Ot\u00e1vio Langlois, Vice-Diretor-Executivo do Parque, procedemos a um s\u00e9rio planejamento de recupera\u00e7\u00e3o da malha de trilhas existente. Mais do que isso: optamos por implementar na Floresta da Tijuca uma \u201cTrilha Circular de Longo Curso\u201d, com 60 km de extens\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

      Nesse sentido, buscou-se planejar uma trilha que servisse como instrumento de manejo para a a Floresta da Tijuca. Para tanto, foram estudados o planejamento, implanta\u00e7\u00e3o e manejo de trilhas de longo curso em 22 pa\u00edses. Tamb\u00e9m foram visitadas trilhas de longo curso nos Estados Unidos, Austr\u00e1lia, Nova Zel\u00e2ndia, Canad\u00e1 e \u00c1frica do Sul, onde se verificou seu manejo. Os administradores das Unidades de Conserva\u00e7\u00e3o onde tais trilhas estavam inseridas foram entrevistados.<\/p>\n\n\n\n

      De posse desse vasto cabedal te\u00f3rico, uma equipe de t\u00e9cnicos capacitados foi formada. Essa equipe incluiu, inicialmente, o Pedro da Cunha e Menezes e Luiz Ot\u00e1vio Langlois, Diretor e Vice-Diretor do Parque, respectivamente, e M\u00f4nica Bandeira de Mello, Chefe de Gabinete. Em seguida, juntaram-se \u00e0 equipe, o cart\u00f3grafo Denis Gahyva, dos quadros do Instituto Pereira Passos, e Alu\u00edsio, agente do IBAMA, treinado para ser chefe de uma turma de funcion\u00e1rios de campo, dedicados \u00e0 faina de recupera\u00e7\u00e3o ambiental, manuten\u00e7\u00e3o, drenagem e sinaliza\u00e7\u00e3o da trilha de longo curso.<\/p>\n\n\n\n

      O planejamento da Trilha tomou em conta as seguintes vari\u00e1veis:<\/strong><\/p>\n\n\n\n

      A Trilha deveria ser de longo curso. A op\u00e7\u00e3o por uma trilha de longo curso deveu-se ao fato de o \u201cPico da Tijuca\u201d e o \u201cBico do Papagaio\u201d estarem, \u00e0quela \u00e9poca, concentrando mais de 90% da visita\u00e7\u00e3o \u00e0s trilhas do Parque, com s\u00e9rias conseq\u00fc\u00eancias ambientais para ambos os trechos. Uma trilha de longo curso \u00e9, por si s\u00f3, um atrativo. O excursionista sente-se tentado a complet\u00e1-la, percorrendo em cada dia uma parte de seu trajeto, at\u00e9 t\u00ea-la completada por inteiro. Com isso, se reduz a press\u00e3o antes existente sobre as trilhas mais curtas e mais famosas do Parque, distribuindo a visita\u00e7\u00e3o por um maior n\u00famero de trilhas, que formam os trechos componentes da trilha de longo curso. Ao final, optou-se por uma \u201cGrande Trilha Circular do Parque Nacional da Tijuca\u201d composta por duas trilhas circulares conc\u00eantricas: a externa, \u201cMajor Archer\u201d (com cerca de 35 km) e a interna, \u201cCastro Maya\u201d (com cerca de 15 km); esta \u00faltima a uma altitude inferior \u00e0 primeira e desenhada de modo a incorporar em seu tra\u00e7ado grutas, pr\u00e9dios hist\u00f3ricos, ru\u00ednas e restaurantes.<\/p>\n\n\n\n

      A implanta\u00e7\u00e3o da Trilha deveria ser feita utilizando-se apenas trilhas ou picadas pr\u00e9-existentes, que para tanto deveriam ser restauradas e sinalizadas. O tra\u00e7ado da trilha deveria ser planejado de modo a possibilitar o fechamento da maior quilometragem poss\u00edvel de trilhas paralelas e atalhos, proporcionando assim um ganho ambiental ao Parque Nacional da Tijuca.<\/p>\n\n\n\n

      Durante um ano e meio, uma equipe do Parque visitou os principais atrativos da Floresta da Tijuca, inventariado seus acessos, as trilhas que os interconectavam e a eventual duplicidade de caminhos levando a um mesmo lugar. Tamb\u00e9m foram feitas diversas consultas aos usu\u00e1rios tradicionais do Parque. No final, a implanta\u00e7\u00e3o das trilhas \u201cMajor Archer\u201d e \u201cCastro Maya\u201d usou apenas trilhas pr\u00e9-existentes.<\/p>\n\n\n\n

      A trilha deveria ser dividida em se\u00e7\u00f5es, com sa\u00eddas peri\u00f3dicas para o asfalto, que permitissem ao usu\u00e1rio percorr\u00ea-la em diversos dias.<\/p>\n\n\n\n

      O planejamento de uma trilha de longo curso deve dividi-la em trechos que possam ser percorridos independentemente. O objetivo \u00e9 que mesmo pessoas que n\u00e3o tenham a disponibilidade de tempo para percorrer toda a trilha de uma vez, possam faz\u00ea-lo em dias separados, ao longo de diversos fins de semana.<\/p>\n\n\n\n

      Os diversos trechos n\u00e3o devem ser longos demais nem curtos demais, demorando cada um, preferencialmente, entre cinco e seis horas de excurs\u00e3o para o caminhante comum. Ademais, ao planejar os trechos, o administrador deve tentar emprestar a cada um deles uma individualidade pr\u00f3pria que permita ao excursionista identific\u00e1-lo como trilha independente com atrativos pr\u00f3prios. Em outras palavras, uma trilha de longo curso deve ao mesmo tempo prover um card\u00e1pio diversificado de prazerosas caminhadas de um dia de dura\u00e7\u00e3o, para excursionistas de todos os n\u00edveis de experi\u00eancia e preparo f\u00edsico, bem como uma grande trilha para os iniciados. A separa\u00e7\u00e3o de uma trilha de longo curso em trechos tamb\u00e9m deve ter por meta a ado\u00e7\u00e3o, de trechos individuais, por ONGs ou empresas que se responsabilizem por sua manuten\u00e7\u00e3o. Por fim, dividir uma trilha de longo curso em trechos, facilita a montagem de uma rotina de fiscaliza\u00e7\u00e3o e manuten\u00e7\u00e3o. Na Floresta da Tijuca, a Trilha Circular foi dividida em seis trechos de aproximadamente 10 quil\u00f4metros cada um (4 trechos na Trilha Circular Externa Major Archer e 2 trechos na Trilha Circular Interna Castro Maya).<\/p>\n\n\n\n

      De uma forma resumida, eis o que se planejou ao implementar a Grande Trilha Circular da Floresta da Tijuca:<\/p>\n\n\n\n

      (A) Port\u00e3o de Entrada – Estrada do Excelsior (Trilha do Estudante):<\/strong> O trecho inicial foi pensado para percorrer \u00e1rea de uso intensivo do Parque. Assim o caminhante sem experi\u00eancia tem a oportunidade de familiarizar-se com a sinaliza\u00e7\u00e3o e com o conceito da trilha. Tem tamb\u00e9m tempo suficiente de caminhada em trecho de uso intensivo e de f\u00e1cil locomo\u00e7\u00e3o e orienta\u00e7\u00e3o. Assim, pode auto-avaliar seu preparo f\u00edsico e sua habilidade antes de entrar em partes da trilha que exigem maior preparo f\u00edsico e maior capacidade de orienta\u00e7\u00e3o. Por ser o trecho inicial, foi pensado para incorporar mais de uma \u00e1rea com banheiros (Cascatinha, Centro de Visitantes e Meu Recanto), uma \u00e1rea onde h\u00e1 oportunidade para o visitante adquirir mantimentos e l\u00edquidos (restaurante Cascatinha) e, sobretudo, um local onde o visitante pode se informar com detalhes sobre a trilha (seu estado de conserva\u00e7\u00e3o, seu grau de dificuldade, tempo de caminhada etc), bem como adquirir os mapas dos trechos a serem percorridos (Centro de Visitantes). Colocar o Centro de Visitantes no primeiro trecho da Trilha tamb\u00e9m objetiva expor o excursionista, logo no in\u00edcio da empreitada, a informa\u00e7\u00f5es que interessam ser passadas ao visitante pela administra\u00e7\u00e3o do Parque, por meio de, contato direto com funcion\u00e1rios do PNT, al\u00e9m de brochuras, pain\u00e9is e v\u00eddeos de educa\u00e7\u00e3o ambiental. Por fim, o primeiro trecho foi planejado para incorporar atrativos e informa\u00e7\u00f5es educativas, entre os quais destacam-se: o complexo natural-cultural da Cascatinha, a Capela Mairinque, o Pico do Conde, a planta\u00e7\u00e3o de eucaliptos ex\u00f3ticos no topo do Anhang\u00fcera e o Mirante do Excelsior. O planejamento levou em considera\u00e7\u00e3o a conveni\u00eancia de chegar-se ao in\u00edcio da Trilha utilizando-se transporte p\u00fablico.<\/p>\n\n\n\n

      (B) Estrada do Excelsior – Bom Retiro:<\/strong> Este \u00e9 um trecho de dificuldade alta e incorpora em seu trajeto os principais picos do Parque (Andara\u00ed Maior, Tijuca Mirim e Tijuca). O planejamento visou, sob um ponto de vista de manejo, manter aberto e bem conservado, o acesso ao Vale do Elefante. Ao fim do Trecho, no Bom Retiro, h\u00e1 banheiros e estacionamento para autom\u00f3veis.<\/p>\n\n\n\n

      (C) Bom Retiro – Cova da On\u00e7a:<\/strong> trata-se do trecho mais dif\u00edcil da Trilha Circular do PNT. Foi planejado para incorporar os Picos do Archer, Papagaio, Cocanha e Taquara e, sob um ponto de vista de manejo, manter abertos e bem conservados, os acessos ao Quitite e Sert\u00e3o. Tamb\u00e9m foi planejado de modo a incorporar em seu trajeto o hist\u00f3rico Caminho Colonial do Sert\u00e3o, que ainda tem alguns trechos em p\u00e9 de moleque. No in\u00edcio do trecho h\u00e1 banheiro e local para estacionar autom\u00f3veis. Ao fim do Trecho, h\u00e1 um restaurante (Esquilos), banheiro e local para estacionar autom\u00f3veis.<\/p>\n\n\n\n

      (D) Cova da On\u00e7a – Restaurante Floresta:<\/strong> Neste ponto a Grande Trilha Circular da Tijuca foi planejada para oferecer um ponto de contato entre as trilhas Major Archer e Castro Maya. Aqui, o Caminhante interessado em percorrer toda a trilha Grande Trilha Circular da Tijuca, emenda a Trilha Circular Externa com a Interna. O planejamento para a trilha interna, leva em conta um excursionista menos acostumado a caminhar no mato e com menor preparo f\u00edsico. Analogamente, h\u00e1 maior relevo em atrativos culturais. O trecho leva ao A\u00e7ude da Solid\u00e3o, \u00e0 ru\u00edna da antiga fazenda de Caf\u00e9 do Almeida, re-visita, por acesso diferente, o Centro de Visitantes, sobe \u00e0 Caveira e termina no Restaurante A Floresta. No caminho, o visitante passa por \u00e1reas populadas com esp\u00e9cies ex\u00f3ticas e nativas, v\u00ea as ru\u00ednas que marcam a antiga ocupa\u00e7\u00e3o do Parque, tem acesso ao Centro de Visitantes (\u00e9 importante que tanto a Trilha Externa quanto a Interna passem pelo centro de Visitantes de modo a contemplar os excursionistas que decidam percorrer apenas uma das duas). O trecho foi pensado para incorporar banheiros em quatro locais diferentes (Esquilos, Centro de Visitantes, Sede do Parque-Barrac\u00e3o e Floresta). Ao fim do Trecho, h\u00e1 um restaurante (Floresta), banheiro e local para estacionar autom\u00f3veis.<\/p>\n\n\n\n

      (E) Restaurante Floresta – Cova da On\u00e7a (Trilha das Grutas):<\/strong> Esse trecho foi planejado para incorporar em seu trajeto todas as grutas mais conhecidas do Parque. Ele come\u00e7a e termina em restaurantes, permitindo a aquisi\u00e7\u00e3o de mantimentos ao longo do caminho. Tamb\u00e9m foi pensado para incorporar banheiros em tr\u00eas locais diferentes (Floresta, Paulo e Virg\u00ednia e Esquilos). Foram incorporados trechos naturais e culturais. Estes \u00faltimos inclu\u00edram a Fonte Wallace, as Ru\u00ednas da Fazenda de Caf\u00e9 Humait\u00e1, o pr\u00f3prio restaurante Esquilos e a Ponte do Barcellos, entre outros. Levou-se tamb\u00e9m, em considera\u00e7\u00e3o os planos do Parque de instalar em A Fazenda um museu do 1o Ciclo do Caf\u00e9. Assim, planejou-se a trilha para passar por A Fazenda. Ao fim do Trecho, h\u00e1 um restaurante (Esquilos), banheiro e local para estacionar autom\u00f3veis.<\/p>\n\n\n\n

      (F) Cova da On\u00e7a – Port\u00e3o de Entrada (Trilha do Museu do A\u00e7ude):<\/strong> Neste ponto as trilhas Major Archer e Castro Maya voltam a se encontrar. Aqui, o caminhante interessado em percorrer toda a Grande Trilha Circular da Tijuca emenda novamente a Trilha Circular Externa com a Interna. Trata-se do \u00faltimo trecho da Grande Trilha Circular da Tijuca. O Trecho foi planejado para incorporar atrativos naturais e culturais, incluindo o Museu do A\u00e7ude e todos os seus atrativos e o magn\u00edfico Mirante da Cascatinha, onde se tem uma vis\u00e3o \u00edmpar do Parque Nacional da Tijuca. O trecho foi pensado para incorporar banheiros em tr\u00eas locais diferentes (Esquilos, Museu do A\u00e7ude e Port\u00e3o do PNT). Ao fim do Trecho, h\u00e1 um restaurante (Na Pra\u00e7a Afonso Viseu), banheiro, local para estacionar autom\u00f3veis e transporte p\u00fablico.<\/p>\n\n\n\n

      4) A Trilha deveria proporcionar ao excursionista uma vis\u00e3o geral do parque, permitindo uma compreens\u00e3o do seu todo. De modo a servir como instrumento de educa\u00e7\u00e3o ambiental \u00e9 importante que uma trilha de longo curso d\u00ea ao usu\u00e1rio a vis\u00e3o do Parque como uma Unidade de Conserva\u00e7\u00e3o, seus atrativos e seus desafios de manejo. Assim, ao tempo em que se evitou nichos de esp\u00e9cies end\u00eamicas ou em perigo de extin\u00e7\u00e3o, planejou-se a trilha para incorporar em seu trajeto \u00e1reas invadidas por esp\u00e9cies ex\u00f3ticas, \u00e1reas de uso intensivo, \u00e1reas degradadas por queimadas, \u00e1reas modificadas por atividade antr\u00f3pica, \u00e1reas de mata prim\u00e1ria ou em avan\u00e7ado est\u00e1gio de regenera\u00e7\u00e3o, \u00e1reas em que era poss\u00edvel a vis\u00e3o da amea\u00e7a ao Parque por favelas, \u00e1reas secas e \u00e1reas ricas em recursos h\u00eddricos, \u00e1reas de patrim\u00f4nio cultural e arquitet\u00f4nico e assim por diante. Para cada um dos seis trechos da trilha foi produzido um mapa guia bil\u00edng\u00fce portugu\u00eas-ingl\u00eas, com um texto hist\u00f3rico e de educa\u00e7\u00e3o ambiental que era distribu\u00eddo gratuitamente aos visitantes do Parque. Analogamente, em cada intercess\u00e3o da trilha com o asfalto foram instalados conjuntos de placas com informa\u00e7\u00f5es de educa\u00e7\u00e3o ambiental. Nesse sentido, n\u00e3o se hesitou em incluir as trilhas do Museu do A\u00e7ude no tra\u00e7ado da Grande Trilha Circular do Parque Nacional da Tijuca. Embora o Museu do A\u00e7ude, administrativamente, n\u00e3o fa\u00e7a parte do Parque Nacional da Tijuca, sua mata \u00e9 a extens\u00e3o natural da Floresta da Tijuca e suas edifica\u00e7\u00f5es est\u00e3o cultural e historicamente irmanadas \u00e0 Tijuca. Sua inclus\u00e3o nas Trilhas Castro Maya e Major Archer visou dar ao excursionista a medida da import\u00e2ncia de que Unidades de Conserva\u00e7\u00e3o cont\u00edguas sejam administradas de forma coordenada, garantindo a integridade da fauna e da flora, que n\u00e3o conhecem as fronteiras administrativas tra\u00e7adas pelo homem. Essa inclus\u00e3o tem objetivos de manejo e educativo e visa a cumprir o esp\u00edrito do Sistema Nacional de Unidades de Conserva\u00e7\u00e3o \u2013 SNUC, que recomenda a administra\u00e7\u00e3o de UCs cont\u00edguas como mosaicos.<\/p>\n\n\n\n

      5) A Sinaliza\u00e7\u00e3o da Trilha deveria ser de tr\u00eas tipos: (a) direcional, (c) ambiental (c) interpretativo. Em uma trilha bem pensada e bem manejada, a sinaliza\u00e7\u00e3o \u00e9 fundamental. Ao contr\u00e1rio do que muitos leigos pensam, a fun\u00e7\u00e3o da sinaliza\u00e7\u00e3o em trilhas vai muito al\u00e9m do objetivo de mostrar a dire\u00e7\u00e3o do caminho a ser percorrido. Nas Trilhas Major Archer e Castro Maya, sempre que necess\u00e1rio, a sinaliza\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m foi pensada de modo a fazer com que o excursionista optasse pelo caminho mais longo e menos danoso ao meio ambiente. Isso foi feito por meio da fixa\u00e7\u00e3o ou pintura de diversas setas que captam o olhar do caminhante atraindo sua aten\u00e7\u00e3o para o percurso que se quer que ele percorra, em detrimento de op\u00e7\u00e3o mais curta e mais degradada. O que pode parecer polui\u00e7\u00e3o visual, na verdade tem valor indutivo e faz com que o excursionista v\u00e1 por onde o melhor manejo exige. A sinaliza\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m \u00e9 educativa, pois chama a aten\u00e7\u00e3o para procedimentos de risco ou danosos \u00e0 natureza, tais como n\u00e3o se aproximar de precip\u00edcios, n\u00e3o jogar lixo e n\u00e3o trafegar em atalhos. Em um ano de projeto, mais de 400 atalhos foram fechados no Parque Nacional da Tijuca. Em muitos deles j\u00e1 s\u00e3o evidentes os sinais de rebrota da vegeta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

      6) A Trilha deveria provocar o menor impacto poss\u00edvel, portanto, o acesso a banheiros deveria ser maximizado. O planejamento da trilhas Major Archer e Castro Maya levou em considera\u00e7\u00e3o a necessidade de se minimizar o impacto de eventuais dejetos humanos na Floresta da Tijuca e direcionou seus tra\u00e7ados de modo a passar por todos os banheiros existentes no Parque.<\/p>\n\n\n\n

      7) A trilha deveria contemplar diversos n\u00edveis de dificuldade, facultando assim o uso de, pelo menos, partes dela por todos os tipos de usu\u00e1rios. 1O planejamento das trilhas Major Archer e Castro Maya levou em considera\u00e7\u00e3o o fato de que, se bem manejadas pelos administradores da Tijuca, acabariam por ser vistas como fragmentos de um todo (ou seja, partes da Grande Trilha Circular do Parque Nacional da Tijuca). Assim turistas e cariocas teriam a vontade de percorr\u00ea-la pelo menos uma vez na vida, sen\u00e3o em sua totalidade, pelo menos um de seus trechos. Sendo assim, o planejamento da Trilha incorporou trechos com diferentes n\u00edveis de dificuldade e sinaliza\u00e7\u00e3o, variando desde trechos com o solo em estado natural at\u00e9 trechos pavimentados e, desde trechos com pouca ou nenhuma sinaliza\u00e7\u00e3o, at\u00e9 trilhas interpretativas. Dessa forma, a Trilha passa hoje por trechos f\u00e1ceis de percorrer at\u00e9 com um carrinho de beb\u00ea ou uma cadeira de rodas, tais como o Caminho da Saudade; tem em seu trajeto, planejado e or\u00e7ado um trecho para uma trilha sensorial\/braile e, por outro lado, incorpora trechos mais selvagens e de grande dificuldade t\u00e9cnica, como \u00e9 o caso da descida do Morro da Cocanha para o Plat\u00f4 do C\u00e9u.<\/p>\n\n\n\n

      8) A Trilha deveria servir como instrumento de manejo e fiscaliza\u00e7\u00e3o do Parque. O Planejamento da Trilha levou em considera\u00e7\u00e3o as necessidades de manejo do Parque. Assim priorizou-se incorporar, em seu tra\u00e7ado, trechos que d\u00e3o acesso a \u00e1reas priorit\u00e1rias de fiscaliza\u00e7\u00e3o, como as trilhas que levam \u00e0s partes altas do Quitite, do Andara\u00ed Menor e do Sert\u00e3o. Tamb\u00e9m se levou em considera\u00e7\u00e3o a necessidade de manter abertas e limpas vias necess\u00e1rias ao uso dos bombeiros em caso de inc\u00eandios florestais, como \u00e9 o caso do caminho que leva \u00e0 bifurca\u00e7\u00e3o dos morros Andara\u00ed Maior e Tijuca Mirim, passagem obrigat\u00f3ria para o muitas vezes incendiado Morro do Elefante.<\/p>\n\n\n\n

      9) A Grande Trilha Circular da Tijuca deveria ser planejada de forma a poder, um dia, ser ampliada incorporando-se a uma eventual trilha de longo curso, ligando os extremos do Parque Nacional da Tijuca (Represa dos Ciganos e Cristo Redentor). O planejamento da Grande Trilha Circular da Tijuca insere-se em um plano maior que prev\u00ea a implanta\u00e7\u00e3o de uma trilha ligando os extremos do Parque, cujo trajeto desde a Represa dos Ciganos at\u00e9 o Cristo Redentor (e Parque Lage) j\u00e1 foi estudado. Era inten\u00e7\u00e3o do grupo ent\u00e3o \u00e0 frente do Parque Nacional da Tijuca implementar essa trilha at\u00e9 fins de 2003. Tal trilha, por sua vez, foi pensada para se ligar com uma trilha maior que serviria de Corredor Ecol\u00f3gico entre a Pedra Branca e a Tijuca e cujos pressupostos est\u00e3o explanados no Livro \u201cTranscarioca-Todos os Passos de um Sonho\u201d.<\/p>\n\n\n\n

      Considera\u00e7\u00f5es finais<\/strong><\/p>\n\n\n\n

      A implanta\u00e7\u00e3o de uma trilha de longo curso visa a proporcionar ao visitante a experi\u00eancia de caminhar por uma s\u00e9rie de trilhas interligadas que podem ser percorridas independentemente, ou em seq\u00fc\u00eancia. Idealmente, seu conjunto fornecer\u00e1 ao visitante uma vis\u00e3o completa da Unidade de Conserva\u00e7\u00e3o em que est\u00e1 inserida e servir\u00e1 como um instrumento de educa\u00e7\u00e3o ambiental e de manejo. Uma trilha de longo curso deve passar por atrativos naturais e hist\u00f3rico-culturais, bem como por \u00e1reas degradadas e em diferentes est\u00e1gios de regenera\u00e7\u00e3o. Seu trajeto deve ter v\u00e1rias sa\u00eddas para o asfalto, restaurantes e estacionamentos, de modo a permitir ao visitante percorr\u00ea-la ao longo de diferentes dias.<\/p>\n\n\n\n

      O planejamento da Grande Trilha Circular da Tijuca aproveitou os caminhos, as atra\u00e7\u00f5es e a infra-estrutura previamente existentes na Floresta da Tijuca. Sua implanta\u00e7\u00e3o foi muito bem sucedida e resultou em um aumento imediato de visita\u00e7\u00e3o, combinado a substancial redu\u00e7\u00e3o da degrada\u00e7\u00e3o ambiental, advinda das m\u00e1s pr\u00e1ticas de excursionismo de alto impacto outrora em pr\u00e1tica. Como exemplo de bons resultados podem ser citados os quase 10 km lineares de trilhas e atalhos erosivos fechados e que se encontram hoje em avan\u00e7ado estado de regenera\u00e7\u00e3o e o fato de que, h\u00e1 quatro anos, n\u00e3o h\u00e1 casos de excursionistas perdidos nas matas da Tijuca.<\/p>\n\n\n\n

      A continuidade das atividades de manuten\u00e7\u00e3o e de uma rotina adequada de fiscaliza\u00e7\u00e3o e monitoramento, ambas a cargo da administra\u00e7\u00e3o do Parque Nacional da Tijuca, s\u00e3o a garantia de que este ganho ambiental se perpetuar\u00e1 por muitos anos, beneficiando tanto os visitantes quanto o pr\u00f3prio meio ambiente. <\/p>\n\n\n\n

      Pedro da Cunha e Menezes – Diretor-Executivo do Parque Nacional da Tijuca (1999 \u2013 2000)<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

      Nesse sentido, buscou-se planejar uma trilha que servisse como instrumento de manejo para a a Floresta da Tijuca. Para tanto, foram estudados o planejamento, implanta\u00e7\u00e3o e manejo de trilhas de longo curso em 22 pa\u00edses. Tamb\u00e9m foram visitadas trilhas de longo curso nos Estados Unidos, Austr\u00e1lia, Nova Zel\u00e2ndia, Canad\u00e1 e \u00c1frica do Sul, onde se verificou seu manejo. Os administradores das Unidades de Conserva\u00e7\u00e3o onde tais trilhas estavam inseridas foram entrevistados. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1580],"tags":[1308,303],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2826"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2826"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2826\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":4069,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2826\/revisions\/4069"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2826"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2826"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2826"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}