{"id":2671,"date":"2009-04-29T13:54:17","date_gmt":"2009-04-29T13:54:17","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:00:34","modified_gmt":"2021-07-10T23:00:34","slug":"o_sabor_apimentado_do_estado_de_roraima","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agropecuario\/programas_e_projetos\/o_sabor_apimentado_do_estado_de_roraima.html","title":{"rendered":"O sabor apimentado do Estado de Roraima"},"content":{"rendered":"\n

A EMBRAPA-Roraima, numa parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amaz\u00f4nia – INPA e com o Museu Integrado de Roraima – MIRR, a partir de 2000, iniciou um levantamento de pimentas do g\u00eanero Capsicum cultivadas no Estado, com o objetivo de conhecer a rede de produ\u00e7\u00e3o, comercializa\u00e7\u00e3o e uso deste condimento, visando impulsionar esta atividade como um novo tipo de agroneg\u00f3cio voltado para os pequenos agricultores de Roraima.<\/p>\n\n\n\n

Foram identificadas 4 esp\u00e9cies entre os 162 acessos pertencentes ao grupo das \u201cdomesticadas\u201d: C. chinense Jacq. (120 ou 74,1%), C. frutescens L. (12,3%), C. annuum L. (8,6%) e C. baccatum L. (4,9%). O n\u00edvel de pung\u00eancia (ard\u00eancia) com maior n\u00famero de registros foi o \u201calto\u201d (103 ou 63,6%), seguido do \u201cm\u00e9dio\u201d (16,0%), \u201cbaixo\u201d (14,8%) e \u201cmuito alto\u201d (5,6%). Dos 104 acessos de colora\u00e7\u00e3o avermelhada, 59 (56,7%) possu\u00edam pung\u00eancia \u201calta\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Pimentas deste g\u00eanero cultivadas em Roraima possuem uma enorme diversidade de formas, cor e de n\u00edvel de ard\u00eancia. Conforme o pesquisador da EMBRAPA Roraima, Joaci Freitas, as pimentas malagueta, murupi e olho-de-peixe s\u00e3o as usadas com maior intensidade e volume nas comunidades ind\u00edgenas locais.<\/p>\n\n\n\n

As pimentas de cheiro s\u00e3o as que mais circulam e t\u00eam movimento comercial entre os produtores rurais do centro-sul do Estado.<\/p>\n\n\n\n

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Conforme o pesquisador, as pimentas s\u00e3o utilizadas regularmente em muitas comunidades ind\u00edgenas na \u201cdamorida\u201d, um caldo \u00e0 base de \u00e1gua, prote\u00edna animal e pimenta que \u00e9 levado ao fogo e ingerido com o beiju. Outras formas de uso popular s\u00e3o os molhos \u00e0 base de soro de leite, tucupi (escorrido da mandioca) ou vinagre. Quando h\u00e1 excedente de produ\u00e7\u00e3o, as comunidades secam e moem as pimentas at\u00e9 obter um p\u00f3 fino localmente conhecido como \u201cjiquitaia\u201d.<\/p>\n\n\n\n

As pimentas de \u201ccheiro\u201d (m\u00e9dia e baixa ard\u00eancia) s\u00e3o as mais comercializadas.<\/p>\n\n\n\n

Os plantios variam de 2.000 a 5.000 p\u00e9s, sempre em unidades familiares. A produ\u00e7\u00e3o \u00e9 vendida no mercado local a R$ 30,00 o saco de 20 kg in natura (verde), e tamb\u00e9m, \u201cexportada\u201d para Manaus.<\/p>\n\n\n\n

Nas feiras livres da cidade de Boa Vista, horticultores e agricultores ind\u00edgenas comercializam pimentas in natura e na forma de molhos e, tamb\u00e9m, em p\u00f3. Para o pesquisador Joaci Freitas, este agroneg\u00f3cio tem crescido muito entre os feirantes, demonstrando ser atraente para produtores, vendedores e consumidores, no entanto, aspectos relacionados com tecnologia de processamento, controle de qualidade, embalagem e estudo de novos mercados podem ampliar a atividade, agregando valor \u00e0 produ\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Observa-se com o estudo que o cultivo das pimentas t\u00eam demonstrado a possibilidade de desenvolver um agroneg\u00f3cio com diversas formas de beneficiamento como plantas ornamentais, hortali\u00e7as para temperos, doces, inseticida natural, molhos, licores atrav\u00e9s do processamento simples, diz o pesquisador.<\/p>\n\n\n\n

Para ele, a pimenta \u00e9 uma grande alternativa de cultivo tanto para a agricultura familiar como para os empres\u00e1rios, pois o rendimento bruto chega a R$ 45 mil por cada hectare\/ano, com um custo de produ\u00e7\u00e3o em torno de R$ 10 mil, entre a implanta\u00e7\u00e3o e a condu\u00e7\u00e3o da cultura. Existem variedades que produzem 30 toneladas por hectare a cada ano, obtendo um pre\u00e7o no mercado de R$ 1,50 por quilo in natura. Existem empres\u00e1rios que j\u00e1 est\u00e3o desenvolvendo um trabalho artesanal na produ\u00e7\u00e3o de gel\u00e9ias, doces, bombons, pastas e licores de pimenta doce. Na sede da EMBRAPA-Roraima existe uma vitrine com amostras de diversas esp\u00e9cies de pimenta.<\/p>\n\n\n\n

Plantas medicinais, cosm\u00e9ticas e arom\u00e1ticas<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Os pequenos produtores rurais do Estado de Roraima est\u00e3o cultivando plantas medicinais tanto para o uso medicinal como para uma alternativa de fonte de renda. Para atender esta demanda, a EMBRAPA identifica e realiza estudos agron\u00f4micos de diversas esp\u00e9cies de plantas em Roraima.<\/p>\n\n\n\n

A EMBRAPA j\u00e1 identificou cerca de 120 esp\u00e9cies de uso popular entre plantas nativas e introduzidas. Fazem parte do rol das nativas a salva do campo, arueira, sucuba, doradinha, orelha de on\u00e7a e o caimb\u00e9. O chamb\u00e1, a\u00e7afroa, capim santo, cidreira, jambu, malvarisco, magarataia, vick, pathcouli, citronela s\u00e3o plantas introduzidas que possuem amplo uso na medicina popular, nos cosm\u00e9ticos e xomo arom\u00e1ticas.<\/p>\n\n\n\n

As plantas medicinais ocupam um espa\u00e7o cada vez maior como alternativa terap\u00eautica vi\u00e1vel, especialmente entre as comunidades carentes, que mant\u00eam a tradi\u00e7\u00e3o do uso de plantas medicamentosas e n\u00e3o t\u00eam acesso aos dispendiosos rem\u00e9dios da medicina alop\u00e1tica. Para uma gera\u00e7\u00e3o mais atenta \u00e0s contra-indica\u00e7\u00f5es e aos efeitos colaterais resultantes do uso de medicamentos sint\u00e9ticos, as plantas e seus derivados naturais representa uma fonte de sa\u00fade eficaz que, a cada dia, adquire maior import\u00e2ncia na medicina moderna. Com rela\u00e7\u00e3o ao agroneg\u00f3cio destas plantas, na Amaz\u00f4nia j\u00e1 existem algumas empresas manipuladoras e produtoras de rem\u00e9dios \u00e0 base de ervas naturais.<\/p>\n\n\n\n

O acesso \u00e0s plantas medicinais se d\u00e1 pelo extrativismo ou pelo cultivo. O extrativismo sem planejamento, como \u00e9 realizado de forma geral hoje em dia, \u00e9 respons\u00e1vel pela amea\u00e7a de extin\u00e7\u00e3o de v\u00e1rias esp\u00e9cies vegetais. Para se manter constante o fornecimento de mat\u00e9ria-prima e evitar a extin\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies, se procede ao cultivo das plantas, que, em pequena escala, n\u00e3o requer grandes espa\u00e7os e habilidades especiais. A combina\u00e7\u00e3o de conhecimentos sobre preparo do solo, irriga\u00e7\u00e3o e manejo adequado das plantas \u00e9 essencial para a produ\u00e7\u00e3o dos f\u00e1rmacos utilizados na medicina natural.<\/p>\n\n\n\n

Joaci salienta que em Roraima \u00e9 comum a disponibilidade de espa\u00e7os f\u00edsicos ao redor das casas, os chamados quintais. Nesse ambiente, a composi\u00e7\u00e3o de plantas adaptadas \u00e0 sombra ou ao pleno sol, composta de ervas, arbustos ou pequenas \u00e1rvores medicinais, pode resultar numa farm\u00e1cia viva dispon\u00edvel para as fam\u00edlias.<\/p>\n\n\n\n

As plantas medicinais podem ser cultivadas em qualquer local desde que se obede\u00e7am as caracter\u00edsticas de cada esp\u00e9cie. Algumas s\u00e3o cultivadas a pleno sol; outras requerem ambientes sombreados.<\/p>\n\n\n\n

As plantas medicinais s\u00e3o cultivadas em canteiros, covas ou recipientes, dependendo da esp\u00e9cie e da disponibilidade de espa\u00e7o. As esp\u00e9cies de crescimento rasteiro s\u00e3o cultivadas em canteiros, que devem ter a largura de 1 metro e comprimento vari\u00e1vel. V\u00e1rias plantas podem ser cultivadas seq\u00fcencialmente em um mesmo canteiro. A aduba\u00e7\u00e3o e corre\u00e7\u00e3o do solo do canteiro obedecem \u00e0s especifica\u00e7\u00f5es j\u00e1 citadas.<\/p>\n\n\n\n

Para o cultivo em recipientes como vasos, latas e pneus usados recomenda-se o uso de solo preparado tal qual os dos canteiros. \u00c9 necess\u00e1rio que os recipientes tenham orif\u00edcios para o escoamento do excesso de \u00e1gua no solo.<\/p>\n\n\n\n

A multiplica\u00e7\u00e3o das plantas pode ser feita por sementes ou por peda\u00e7os da planta, como ramos e rizomas. As sementes s\u00e3o plantadas em canteiros. Os ch\u00e1s, a infus\u00e3o, o banho, o cataplasma, o suco ou sumo, a tintura, o xarope s\u00e3o algumas formas de preparo de rem\u00e9dios caseiros.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m de novos agroneg\u00f3cios para a Regi\u00e3o Norte, a riqueza em biodiversidade da Amaz\u00f4nia \u00e9 uma realidade que, aos poucos, vai sendo apresentada ao mundo nas diversas formas de utiliza\u00e7\u00e3o dos seus recursos naturais. Tal como o guaran\u00e1 e o a\u00e7a\u00ed, que j\u00e1 conquistaram um mercado garantido no pa\u00eds, as plantas medicinais, as pimentas e seus derivados s\u00e3o, h\u00e1 muito tempo, utilizadas na Amaz\u00f4nia, mas, s\u00f3 recentemente \u00e9 que o incremento da produ\u00e7\u00e3o regional tem feito dessa atividade uma importante fonte de renda para colonos e ind\u00edgenas da regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Por Daniela Collares
\nRevista Eco 21, Ano XII, No 71, Outubro de 2002 (www.eco21.com.br)<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"