{"id":2653,"date":"2015-01-02T11:38:39","date_gmt":"2015-01-02T11:38:39","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T19:16:15","modified_gmt":"2021-07-10T22:16:15","slug":"historico_da_agricultura_brasileira","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agropecuario\/historico_da_agricultura\/historico_da_agricultura_brasileira.html","title":{"rendered":"Hist\u00f3rico da Agricultura Brasileira"},"content":{"rendered":"\n
\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n
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O crescimento da produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola no Brasil se dava, basicamente, at\u00e9 a d\u00e9cada de 50, por conta da expans\u00e3o da \u00e1rea cultivada. A partir da d\u00e9cada de 60, o uso de m\u00e1quinas, adubos e defensivos qu\u00edmicos, passaram a ter, tamb\u00e9m, import\u00e2ncia no aumento da produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola. De acordo com os par\u00e2metros da \u201cRevolu\u00e7\u00e3o Verde\u201d, incorporou-se um pacote tecnol\u00f3gico \u00e0 agricultura, tendo a mudan\u00e7a da base t\u00e9cnica resultante passado a ser conhecida como moderniza\u00e7\u00e3o da agricultura brasileira (Santos,1986).<\/p>\n\n\n\n

O processo de moderniza\u00e7\u00e3o intensificou-se a partir dos anos 70, quando houve, de acordo com dados da Funda\u00e7\u00e3o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat\u00edstica – IBGE, um aumento de mais de 1.000% no n\u00famero de tratores utilizados, em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 d\u00e9cada de 50, chegando este incremento a 6.512% na d\u00e9cada de 80, e um aumento de 254% e 165%, respectivamente, no uso de arados a tra\u00e7\u00e3o animal e nas colheitadeiras, nos anos 80, tamb\u00e9m em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 d\u00e9cada de 50. A utiliza\u00e7\u00e3o de adubos qu\u00edmicos tamb\u00e9m se intensificou no Brasil, na d\u00e9cada de 70, atingindo um incremento de 1.380%, entre 1965 e 1980, o mesmo ocorrendo com o uso de defensivos, que aumentou 377% neste mesmo per\u00edodo, com destaque para a utiliza\u00e7\u00e3o de herbicidas, que cresceu mais de 8.000%, segundo informa\u00e7\u00f5es colhidas no Sindicato das Ind\u00fastrias de Adubos e Corretivos de Estado de S\u00e3o Paulo.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m da mudan\u00e7a na base t\u00e9cnica no campo surgem, nos anos 70, como produto da moderniza\u00e7\u00e3o agr\u00edcola, os complexos agroindustriais representando a integra\u00e7\u00e3o t\u00e9cnica entre a ind\u00fastria que produz para a agricultura, a agricultura e a agroind\u00fastria.<\/p>\n\n\n\n

Entender, portanto, a moderniza\u00e7\u00e3o da agricultura brasileira como uma simples mudan\u00e7a da base t\u00e9cnica \u00e9 simplificar, em muito, o seu significado. \u00c9 importante levar em considera\u00e7\u00e3o que a agricultura brasileira sempre se apresentou, ao longo da sua hist\u00f3ria, subordinada \u00e0 l\u00f3gica do capital, sendo um setor de transfer\u00eancia de riquezas. Assim sendo, dentro do seu processo de moderniza\u00e7\u00e3o deve-se dar significado maior \u00e0 sua transnacionaliza\u00e7\u00e3o e \u00e0 sua inser\u00e7\u00e3o na divis\u00e3o internacional do trabalho ou, ainda, \u00e0 penetra\u00e7\u00e3o do modo de produ\u00e7\u00e3o capitalista no campo brasileiro (Aguiar, 1986).<\/p>\n\n\n\n

Diante do exposto e tendo em vista as leis excludentes do capitalismo, n\u00e3o se pode pensar em um processo homog\u00eaneo de moderniza\u00e7\u00e3o da agricultura. O capital, ao ser introduzido no campo, reproduziu suas diferen\u00e7as, gerando um processo de moderniza\u00e7\u00e3o heterog\u00eaneo, excludente e parcial.<\/p>\n\n\n\n

A moderniza\u00e7\u00e3o agr\u00edcola concentrou-se nas regi\u00f5es Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil e na monocultura de produtos export\u00e1veis, como soja e cana-de-a\u00e7\u00facar, deixando \u00e0 margem regi\u00f5es mais pobres, Norte e Nordeste, onde predominam os pequenos produtores e a policultura alimentar.<\/p>\n\n\n\n

No bojo da desigualdade da moderniza\u00e7\u00e3o da agricultura brasileira encontra-se o Estado, utilizado como principal agente indutor desse processo que, atrav\u00e9s do Sistema Nacional de Cr\u00e9dito Rural – SNCR, dos subs\u00eddios e das pol\u00edticas de maxidesvaloriza\u00e7\u00e3o cambial, atuou em benef\u00edcio dos grandes propriet\u00e1rios e das multinacionais, assumindo seus custos e riscos de produ\u00e7\u00e3o e repassando-os \u00e0 sociedade. Pode-se, ent\u00e3o, afirmar que a efici\u00eancia econ\u00f4mica dos grandes produtores nada mais \u00e9 que a express\u00e3o do seu poder em obter aux\u00edlio do Estado. \u00c9 muito mais uma efici\u00eancia pol\u00edtica do que econ\u00f4mica, deixando claro que a moderniza\u00e7\u00e3o s\u00f3 foi poss\u00edvel mediante a interven\u00e7\u00e3o do Estado, sendo um processo totalmente induzido pelas pol\u00edticas p\u00fablicas concentradoras (Martine, 1990).<\/p>\n\n\n\n

Ao se utilizar o Estado para promover a moderniza\u00e7\u00e3o agr\u00edcola desigual, n\u00e3o se usou, em contrapartida, mecanismos que atenuassem os impactos negativos da pol\u00edtica gerando, assim, o que Cordeiro (1996) denomina de um modelo agr\u00edcola bimodal, isto \u00e9, conviv\u00eancia de sistemas produtivos intensivos e extensivos, modernos e tradicionais, de ricos e de pobres.<\/p>\n\n\n\n

No per\u00edodo de 1970 a 1980, foi reduzida a participa\u00e7\u00e3o dos estabelecimentos com at\u00e9 10 h\u00e1 no total da \u00e1rea do pa\u00eds, de 52,2% para 50,4%, enquanto foi aumentada a dos estabelecimentos com mais de 1.000 ha, de 0,7 para 0.9%. Al\u00e9m da redu\u00e7\u00e3o de quantidade, ocorreu redu\u00e7\u00e3o de \u00e1rea dos pequenos estabelecimentos em rela\u00e7\u00e3o aos grandes. Terras antes ocupadas por pequenos produtores familiares foram incorporadas por grandes propriet\u00e1rios.<\/p>\n\n\n\n

Esses pequenos produtores e suas fam\u00edlias perderam o lugar que tinham para morar e para trabalhar, perderam suas lavouras de autoconsumo e, principalmente, foram deslocados do seu principal meio de produ\u00e7\u00e3o \u2013 a terra (Martine, 1990).<\/p>\n\n\n\n

Com a mecaniza\u00e7\u00e3o promoveu-se uma verdadeira expuls\u00e3o do homem do campo. No per\u00edodo de auge do processo, entre 1970 e 1980, foram 30 milh\u00f5es de pequenos produtores expulsos de suas terras. Sem terra e sem emprego suficiente para todo o contingente que perdia suas terras, vender a for\u00e7a-de-trabalho nas \u00e1reas metropolitanas era a \u00fanica sa\u00edda, aumentando consideravelmente o \u00eaxodo rural (Martine, 1990).<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 na d\u00e9cada de 70, per\u00edodo \u00e1ureo da moderniza\u00e7\u00e3o, as taxas de crescimento das principais culturas que comp\u00f5em a cesta b\u00e1sica dos brasileiros foram inferiores \u00e0 do crescimento populacional. O arroz cresceu 1,5%, o milho 1,7%, a mandioca 2,1% e o feij\u00e3o teve crescimento negativo de \u20131,9%, enquanto a popula\u00e7\u00e3o cresceu 2,5%; j\u00e1 as lavouras de exporta\u00e7\u00e3o apresentaram significativas taxas de crescimento: soja 22,5%; laranja 12,6%; cana-de-a\u00e7\u00facar 6,3%. Em decorr\u00eancia, verificou-se aumento do pre\u00e7o dos alimentos nas cidades, redu\u00e7\u00e3o do consumo alimentar, agravamento dos \u00edndices de subnutri\u00e7\u00e3o cr\u00f4nica e de doen\u00e7as causadas pela fome. \u201cGasta-se mais para comer menos e pior\u201d <\/em>(Aguiar, 1986).<\/p>\n\n\n\n

O setor agr\u00edcola brasileiro foi marcado, nos anos 90, a exemplo de toda a economia, pelo processo de globaliza\u00e7\u00e3o, tido aqui como mais uma sa\u00edda do capital frente \u00e0s diversas crises enfrentadas ao longo da sua hist\u00f3ria, que consolidou a transnacionaliza\u00e7\u00e3o da agricultura e sua inser\u00e7\u00e3o definitiva da divis\u00e3o internacional do trabalho. Nesse sentido, se nos anos 60 e 70, durante a fase \u00e1urea da moderniza\u00e7\u00e3o, ocorreu a forma\u00e7\u00e3o dos complexos agroindustriais, em tempos de economia globalizada tem-se o fortalecimento e a internacionaliza\u00e7\u00e3o dos complexos, especialmente os de carne e gr\u00e3os.<\/p>\n\n\n\n

No atual contexto surgem novos agentes ligados \u00e0 produ\u00e7\u00e3o e ao consumo, o \u201cconsumidorsa\u00fade\u201d e o \u201cprodutor-verde\u201d. O primeiro, aquele que rejeita as tecnologias oriundas na Revolu\u00e7\u00e3o Verde, como o uso de agrot\u00f3xicos e de fertilizantes, optando por uma dieta mais natural e disposto a pagar mais por isso; o segundo, atendendo \u00e0s exig\u00eancias do primeiro, produz produtos ecol\u00f3gicos e come\u00e7a a trabalhar com modelos alternativos de agricultura, fora dos padr\u00f5es estabelecidos na Revolu\u00e7\u00e3o Verde.<\/p>\n\n\n\n

Na atual situa\u00e7\u00e3o, destaca-se ainda o que vem sendo chamado de \u201cnovo rural brasileiro\u201d. O mundo rural brasileiro n\u00e3o \u00e9 mais caracterizado apenas como o local das atividades agr\u00edcolas; ao contr\u00e1rio, a agricultura vem perdendo participa\u00e7\u00e3o relativa no valor final dos produtos, no PIB setorial e, o que \u00e9 mais alarmante, na Popula\u00e7\u00e3o Economicamente Ativa \u2013 PEA \u2013 do pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

Esta situa\u00e7\u00e3o pode ser demonstrada atrav\u00e9s da evolu\u00e7\u00e3o do PEA agr\u00edcola e n\u00e3o-agr\u00edcola. O PEA rural vem crescendo mais que o PEA agr\u00edcola: em 1990, o PEA agr\u00edcola apresenta uma taxa de crescimento de 0,7%, tomando como base o ano de 1981, enquanto o PEA rural cresce tr\u00eas vezes mais, 2,1% (Silva, 1996:80).<\/p>\n\n\n\n

O Brasil \u00e9 o quinto maior pa\u00eds do mundo em termos de extens\u00e3o territorial. Isso significa potencialidades gigantescas para agricultura, pecu\u00e1ria e ecologia. O territ\u00f3rio nacional conta com uma \u00e1rea de 851,1 milh\u00f5es de hectares, sendo 64,7 milh\u00f5es de hectares, ou 7,60%, ocupados por lavouras perenes e tempor\u00e1rias.<\/p>\n\n\n\n

Anexo: 1852.pdf<\/a><\/p>\n\n\n\n

Fontes:
\nNadine Gualberto Agra; Rob\u00e9rio Ferreira dos Santo. AGRICULTURA RASILEIRA: SITUA\u00c7\u00c3O ATUAL E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO.;
\nReda\u00e7\u00e3o Ambiente Brasil<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

A grande transforma\u00e7\u00e3o da agricultura brasileira se deu com o processo de moderniza\u00e7\u00e3o, nos anos 60 e 70, caracterizado como excludente e parcial, por ter gerado um modelo dual de produ\u00e7\u00e3o, situa\u00e7\u00e3o refletida na atualidade do mundo rural brasileiro e com perspectivas de agravamento diante do processo de globaliza\u00e7\u00e3o. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":2654,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1560],"tags":[21,351,167,1099],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2653"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2653"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2653\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":3603,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2653\/revisions\/3603"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/2654"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2653"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2653"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2653"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}