{"id":2617,"date":"2009-04-13T16:00:32","date_gmt":"2009-04-13T16:00:32","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:01:37","modified_gmt":"2021-07-10T23:01:37","slug":"ferrugem_asiatica_ou_ferrugem_da_soja_phakopsora_sp","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agropecuario\/doencas_agropecuarias\/ferrugem_asiatica_ou_ferrugem_da_soja_phakopsora_sp.html","title":{"rendered":"Ferrugem asi\u00e1tica ou ferrugem da soja (Phakopsora sp.)"},"content":{"rendered":"\n
\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n
<\/div>\n\n\n\n

A ferrugem da soja \u00e9 causada por duas esp\u00e9cies de fungo do g\u00eanero Phakopsora: a Phakopsora meibomiae (Arth.) Arth., causadora da ferrugem “americana”, que ocorre naturalmente em diversas leguminosas desde Porto Rico, no Caribe, ao sul do Estado do Paran\u00e1 (Ponta Grossa) e a Phakopsora pachyrhizi Sydow & P. Sydow, causadora da ferrugem “asi\u00e1tica”, presente na maioria dos pa\u00edses que cultivam a soja e, a partir da safra 2000\/01, tamb\u00e9m no Brasil e no Paraguai. A distin\u00e7\u00e3o das duas esp\u00e9cies \u00e9 feita atrav\u00e9s da morfologia de teli\u00f3sporos e da an\u00e1lise do DNA.<\/p>\n\n\n\n

A ferrugem da soja \u00e9 causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, foi relatada pela primeira vez em 1902 no Jap\u00e3o. No Brasil, foi relatada pela primeira vez em 1947, em Minas Gerais, ficando, no entanto, restrita a pequenas \u00e1reas. Em 1998, foi relatada no Zimb\u00e1bue onde tornou-se epid\u00eamica, causando perdas de 60 % a 80 % na produ\u00e7\u00e3o de soja. No ano de 2001, foi observada no Paraguai e em Mato Grosso. Presentemente a doen\u00e7a se encontra em diversos estados brasileiros, inclusive no Rio Grande do Sul.<\/p>\n\n\n\n

Sintomatologia da doen\u00e7a<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Os principais sintomas da ferrugem da soja s\u00e3o observados nas folhas. Normalmente, a doen\u00e7a se inicia pelas folhas localizadas nas partes baixas da planta. Os primeiros sintomas s\u00e3o caracterizados por min\u00fasculos pontos escuros (no m\u00e1ximo 1mm de di\u00e2metro), no tecido sadio da folha, com colora\u00e7\u00e3o esverdeada \u00e0 cinza-esverdeada, observados mais facilmente contra um fundo claro, como o c\u00e9u, por exemplo. Na face inferior das folhas podem ser observadas sali\u00eancias que correspondem a estruturas de frutifica\u00e7\u00e3o do fungo (ur\u00e9dias).<\/p>\n\n\n\n

S\u00e3o essas sali\u00eancias que diferenciam a ferrugem das outras doen\u00e7as sendo sua observa\u00e7\u00e3o facilitada com aux\u00edlio de uma lupa com capacidade de aumentar de 10 a 20 vezes.<\/p>\n\n\n\n

A presen\u00e7a de \u00e1gua na superf\u00edcie da folha \u00e9 um fator essencial para o in\u00edcio do processo de infec\u00e7\u00e3o pelo fungo. \u00c9 necess\u00e1rio pelo menos um m\u00ednimo de seis horas de molhamento foliar, sendo ideal para o fungo, molhamento acima de 10 horas. Esse “molhamento foliar” pode ser ocasionado tanto pelo orvalho como pela chuva. Regi\u00f5es mais altas, com temperaturas noturnas mais amenas (20\u00ba C), apresentam um maior n\u00famero de horas de orvalho, favorecendo o processo de infec\u00e7\u00e3o. A ocorr\u00eancia de chuvas bem distribu\u00eddas tamb\u00e9m favorece a infec\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Monitoramento regional<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O monitoramento semanal da lavoura \u00e9 importante para que se identifique logo no in\u00edcio a ocorr\u00eancia da ferrugem. Produtores e t\u00e9cnicos devem estar atentos \u00e0s informa\u00e7\u00f5es de sua regi\u00e3o. Se a ferrugem for identificada em alguma propriedade da regi\u00e3o, o ideal \u00e9 fazer a aplica\u00e7\u00e3o antes que o fungo se espalhe pelo vento. N\u00e3o h\u00e1 uma fase espec\u00edfica para que a doen\u00e7a se manifeste na planta.<\/p>\n\n\n\n

Com o desenvolvimento, a les\u00e3o de colora\u00e7\u00e3o acinzentada torna-se marrom e s\u00e3o delimitada pelas nervuras. As les\u00f5es s\u00e3o mais numerosas na face inferior da folha.<\/p>\n\n\n\n

Em ataques severos, as les\u00f5es podem ser encontradas nas vagens, nas hastes e nos pec\u00edolos. As p\u00fastulas de ferrugem s\u00e3o mais vis\u00edveis na face inferior da folha que exuda uma massa de esporos (ured\u00f3sporos), formados em uma ur\u00e9dia. A colora\u00e7\u00e3o das p\u00fastulas \u00e9 vari\u00e1vel e depende da idade da intera\u00e7\u00e3o entre o gen\u00f3tipo e a ra\u00e7a do pat\u00f3geno.<\/p>\n\n\n\n

Hospedeiros<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O fungo Phakopsora pachyrizi \u00e9 um parasita obrigat\u00f3rio. A perpetua\u00e7\u00e3o do fungo depende de hospedeiros alternativos existentes em grande quantidade na natureza, cerca de 95 esp\u00e9cies em 42 g\u00eaneros da fam\u00edlia Fabaceae s\u00e3o relatados.<\/p>\n\n\n\n

Condi\u00e7\u00f5es favor\u00e1veis<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A ocorr\u00eancia da ferrugem est\u00e1 diretamente associada \u00e0s condi\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. Temperaturas m\u00e9dias menores que 28\u00ba C e molhamento foliar de mais de 10 horas favorecem a infec\u00e7\u00e3o da planta. \u00c9 por isso que nas regi\u00f5es mais quentes \u00e9 mais dif\u00edcil aparecer a doen\u00e7a, ou quando aparece, n\u00e3o desenvolve de forma explosiva. As regi\u00f5es com altitude superior a 700 metros s\u00e3o mais favor\u00e1veis \u00e0 ocorr\u00eancia da doen\u00e7a devido as temperaturas noturnas mais amenas associadas a um maior n\u00famero de horas de orvalho. Regi\u00f5es mais baixas, por\u00e9m com chuvas bem distribu\u00eddas, tamb\u00e9m s\u00e3o favor\u00e1veis para um desenvolvimento mais r\u00e1pido da doen\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

Perdas<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Com o aparecimento das les\u00f5es, o desfolhamento da planta \u00e9 r\u00e1pido resultando em redu\u00e7\u00e3o do n\u00famero de vagens, do n\u00famero de gr\u00e3os, e do peso dos gr\u00e3o. Na \u00c1frica do Sul, perdas relatadas variam de 10 % a 80 %. Em algumas \u00e1reas, houveram perdas de 100 %. No Brasil, por tratar-se de uma doen\u00e7a nova, faltam estudos sobre o impacto da ferrugem no rendimento da soja. Entretanto, a julgar por relatos de perdas em outras regi\u00f5es onde a doen\u00e7a vem ocorrendo de forma epid\u00eamica \u00e9 de se imaginar que a ferrugem poder\u00e1 ter um impacto significante no cultivo da soja no Brasil.<\/p>\n\n\n\n

Controle<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A \u00fanica forma de controle \u00e9 a aplica\u00e7\u00e3o de fungicida, mas \u00e9 preciso saber reconhecer o momento certo de aplicar. Estudos da Embrapa Soja mostram que os fungicidas protegem, em m\u00e9dia, por cerca de 25 dias. Se aplicar no momento errado, o agricultor pode ter que fazer v\u00e1rias aplica\u00e7\u00f5es, o que aumenta sensivelmente os custos de produ\u00e7\u00e3o. Por outro lado, se o produtor n\u00e3o estiver monitorando a lavoura, s\u00f3 vai perceber os sintomas quando for tarde demais, comprometendo assim a efici\u00eancia dos produtos.<\/p>\n\n\n\n

T\u00e9cnica ajuda a identificar a ferrugem da soja<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Uma t\u00e9cnica simples pode facilitar a vida dos produtores e t\u00e9cnicos que est\u00e3o monitorando a evolu\u00e7\u00e3o da ferrugem a campo. Segundo o pesquisador Jos\u00e9 Tadashi Yorinori, utilizando um saco pl\u00e1stico \u00e9 poss\u00edvel facilitar a visualiza\u00e7\u00e3o das estruturas de frutifica\u00e7\u00e3o (ur\u00e9dias e urediniosporos) do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem. Veja como \u00e9 f\u00e1cil:<\/p>\n\n\n\n