{"id":2609,"date":"2009-04-13T10:45:44","date_gmt":"2009-04-13T10:45:44","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:01:39","modified_gmt":"2021-07-10T23:01:39","slug":"utilizacao_dos_dejetos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agropecuario\/dejetos_de_suinocultura\/utilizacao_dos_dejetos.html","title":{"rendered":"Utiliza\u00e7\u00e3o dos Dejetos"},"content":{"rendered":"\n

Embora os dejetos possam ser utilizados como fonte de energia e nutriente para outras esp\u00e9cies animais, considera-se mais adequado utiliz\u00e1-los como fertilizante, pois melhoram as condi\u00e7\u00f5es f\u00edsicas, qu\u00edmicas e biol\u00f3gicas do solo, al\u00e9m de fornecer nutrientes essenciais \u00e0s plantas. Seu emprego deve ser planejado em fun\u00e7\u00e3o das caracter\u00edsticas do solo, exig\u00eancias das culturas, declividade, taxa e \u00e9poca de aplica\u00e7\u00e3o, formas e equipamentos de aplica\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Os produtores, de uma forma geral, preferem os “adubos qu\u00edmicos”, face a menor necessidade de investimentos e maior facilidade de manejo quando comparado ao org\u00e2nico. Al\u00e9m disso, no caso dos dejetos, o grande volume produzido na granja, o relevo acidentado e a reduzida \u00e1rea para lavouras, dificultam o seu aproveitamento como adubo. Por outro lado, os investimentos para viabilizar a sua utiliza\u00e7\u00e3o, a exemplo de tratores e tanques distribuidores, geralmente est\u00e3o muito acima da capacidade de endividamento dos pequenos e m\u00e9dios criadores, levando-os ao despejo cont\u00ednuo na natureza. O lan\u00e7amento indiscriminado de dejetos n\u00e3o tratados em rios, lagos e no solo, no entanto, podem provocar doen\u00e7as (verminoses, alergias, hepatites, hipertens\u00e3o, c\u00e2ncer de est\u00f4mago e es\u00f4fago). Al\u00e9m disso trazem desconforto \u00e0 popula\u00e7\u00e3o (prolifera\u00e7\u00e3o de moscas, borrachudos, mau cheiro) e, ainda, a degrada\u00e7\u00e3o do meio ambiente (morte de peixes e animais, toxicidade em plantas e eutrofiza\u00e7\u00e3o dos recursos de \u00e1gua). Constitui-se, dessa forma, um risco para a sustentabilidade e expans\u00e3o da suinocultura como atividade econ\u00f4mica.<\/p>\n\n\n\n

A utiliza\u00e7\u00e3o de dejetos su\u00ednos na alimenta\u00e7\u00e3o animal \u00e9 uma quest\u00e3o bastante complexa e demanda maiores conhecimentos para uma discuss\u00e3o mais aprofundada. Entretanto, essa pr\u00e1tica vem acontecendo e algumas considera\u00e7\u00f5es s\u00e3o pertinentes.<\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 refer\u00eancias na literatura internacional, publicadas na d\u00e9cada de 70, apresentando desempenhos satisfat\u00f3rios de su\u00ednos alimentados com dejetos da mesma esp\u00e9cie. Entretanto, quando se avaliou, nas condi\u00e7\u00f5es brasileiras, o valor nutricional de dejetos de su\u00ednos processados de diferentes formas, verificou-se que o conte\u00fado energ\u00e9tico e o coeficiente de digestibilidade da mat\u00e9ria seca desses res\u00edduos s\u00e3o muito baixos, inviabilizando um poss\u00edvel uso em ra\u00e7\u00f5es de su\u00ednos. Se dejetos de su\u00ednos viessem a ser utilizados na alimenta\u00e7\u00e3o de outros su\u00ednos, mesmo sem considerar as implica\u00e7\u00f5es com a sa\u00fade humana, haveria sempre o risco de contamina\u00e7\u00e3o e dissemina\u00e7\u00e3o de doen\u00e7as entre os animais, independente da utiliza\u00e7\u00e3o de dejetos da pr\u00f3pria granja ou n\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Com rela\u00e7\u00e3o aos ruminantes, foram verificados bons desempenhos de bovinos de corte alimentados com dejetos de su\u00ednos. Esses resultados s\u00e3o decorr\u00eancia da capacidade de digest\u00e3o microbiana dos ruminantes, que os capacita a aproveitar alimentos considerados de baixa qualidade nutricional para os monog\u00e1stricos. Contudo, n\u00e3o foram realizados estudos sobre a qualidade da carne e das v\u00edsceras desses animais do ponto de vista de sa\u00fade p\u00fablica, qualidade nutricional e palatabilidade, o que desautoriza o emprego de dejetos na alimenta\u00e7\u00e3o animal nos dias de hoje. Mesmo que a quest\u00e3o da qualidade da carne seja contornada, haver\u00e1 tamb\u00e9m, indubitavelmente, questionamentos quanto \u00e0 aceitabilidade de carne desses animais por parte do p\u00fablico consumidor, o que por si s\u00f3 poder\u00e1 definir o uso ou n\u00e3o dessa pr\u00e1tica. Uma preocupa\u00e7\u00e3o importante \u00e9 com rela\u00e7\u00e3o a utiliza\u00e7\u00e3o desses dejetos na alimenta\u00e7\u00e3o de vacas de leite.<\/p>\n\n\n\n

Sabendo-se que a secre\u00e7\u00e3o de leite funciona tamb\u00e9m como ve\u00edculo excretor de nutrientes, elementos e metab\u00f3litos encontrados na dieta, h\u00e1 poucas possibilidades de que o leite desses animais atenda os n\u00edveis de qualidade requeridos para o consumo humano. Sem d\u00favida h\u00e1 necessidade emergente de estudos que esclare\u00e7am essas quest\u00f5es e que subsidiem uma ampla discuss\u00e3o do assunto, para que se possa decidir sobre a recomenda\u00e7\u00e3o t\u00e9cnica dessa pr\u00e1tica. <\/p>\n\n\n\n

Fontes: SETI – Secretaria de Ci\u00eancia, Tecnologia e Ensino Superior
\nEng. Agr., D. Sc. Carlos Cl\u00e1udio Perdomo, Embrapa Su\u00ednos e Aves
\nEng. Agr., Ph. D. Gustavo J.M.M. de Lima, Embrapa Su\u00ednos e Aves
\nJornalista T\u00e2nia Maria Giacomelli Scolari, Embrapa Su\u00ednos e <\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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