{"id":2608,"date":"2009-04-13T11:24:06","date_gmt":"2009-04-13T11:24:06","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:01:39","modified_gmt":"2021-07-10T23:01:39","slug":"tratamento_dos_dejetos_de_suinocultura","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agropecuario\/dejetos_de_suinocultura\/tratamento_dos_dejetos_de_suinocultura.html","title":{"rendered":"Tratamento dos Dejetos de Suinocultura"},"content":{"rendered":"\n
\u00c9 desej\u00e1vel que todo suinocultor tenha um programa racional de controle dos dejetos, visando a sua correta utiliza\u00e7\u00e3o, evitando problemas de polui\u00e7\u00e3o. O programa deve atender \u00e0s exig\u00eancias e as caracter\u00edsticas espec\u00edficas de cada criador. Deve-se levar em conta, no planejamento, cinco etapas quais sejam: a produ\u00e7\u00e3o; coleta; armazenagem; tratamento; distribui\u00e7\u00e3o e utiliza\u00e7\u00e3o dos dejetos na forma s\u00f3lida, pastosa ou l\u00edquida. O conhecimento de cada etapa \u00e9 fundamental para o sucesso e a sustentabilidade do sistema.<\/p>\n\n\n\n
a) Produ\u00e7\u00e3o<\/strong><\/p>\n\n\n\n O primeiro passo \u00e9 determinar o volume e o grau de dilui\u00e7\u00e3o dos dejetos, pois diferentes consist\u00eancias exigem t\u00e9cnicas espec\u00edficas de manejo, tratamento e de distribui\u00e7\u00e3o. Uma caracteriza\u00e7\u00e3o completa inclui a determina\u00e7\u00e3o do tipo de dejeto, volume e consist\u00eancia, local de produ\u00e7\u00e3o e tempo de opera\u00e7\u00e3o. Essa fase \u00e9 fundamental para o dimensionamento correto das demais etapas do sistema.<\/p>\n\n\n\n O volume pode ser determinado em fun\u00e7\u00e3o do tamanho do rebanho e das pr\u00e1ticas de manejo ou pela observa\u00e7\u00e3o na pr\u00f3pria granja, enquanto a consist\u00eancia \u00e9 dada pela quantidade de mat\u00e9ria s\u00f3lida (MS) dos dejetos. Os desperd\u00edcios de bebedouros e a quantidade de \u00e1gua para a limpeza de ba\u00edas e animais t\u00eam enorme influ\u00eancia sobre o volume e a consist\u00eancia dos dejetos.<\/p>\n\n\n\n b) Coleta<\/strong><\/p>\n\n\n\n Consiste em coletar os dejetos produzidos nas diferentes fontes e conduz\u00ed-los atrav\u00e9s de uma rede de ductos ou calhas para um local de capta\u00e7\u00e3o central, visando facilitar o fluxo operacional (manejo e distribui\u00e7\u00e3o), reduzir os custos e a necessidade de equipamentos, uniformizar a consist\u00eancia e equalizar a vaz\u00e3o hor\u00e1ria dos dejetos. \u00c9 importante evitar a entrada de \u00e1gua da chuva no sistema.<\/p>\n\n\n\n A capacidade do tanque de capta\u00e7\u00e3o deve ser suficiente para armazenar o volume m\u00e1ximo de dejetos produzidos num dia. A presen\u00e7a de registros para o controle da vaz\u00e3o hor\u00e1ria de descarga \u00e9 necess\u00e1ria.<\/p>\n\n\n\n c) Armazenagem<\/strong><\/p>\n\n\n\n Conv\u00e9m lembrar que a armazenagem \u00e9 tempor\u00e1ria e visa facilitar o uso dos dejetos em lavouras, pastagens e outros na \u00e9poca adequada, sendo preciso estabelecer um plano de utiliza\u00e7\u00e3o, determinar o per\u00edodo e local de estocagem; o fluxo de opera\u00e7\u00e3o; o impacto da estocagem sobre a consist\u00eancia e as caracter\u00edsticas dos dejetos. N\u00e3o se deve armazenar dejetos para uso agr\u00edcola al\u00e9m do limite m\u00e1ximo de aduba\u00e7\u00e3o que a propriedade pode suportar. O excedente deve ser tratado adequadamente.<\/p>\n\n\n\n d) Tratamento<\/strong><\/p>\n\n\n\n Esta fase se destina a reduzir o potencial poluente dos dejetos. Um pr\u00e9 tratamento, com uso de separadores de fase (decantador), al\u00e9m de valorizar os dejetos para a aduba\u00e7\u00e3o, reduz os custos de tratamento, armazenamento e distribui\u00e7\u00e3o. A combina\u00e7\u00e3o do decantador com lagoas naturais ligadas em s\u00e9rie, permite a remo\u00e7\u00e3o de 98% da carga org\u00e2nica poluente e 99,9 % dos coliformes fecais. O decantador deve ser dimensionado pela vaz\u00e3o de dejetos hora da granja, mas o n\u00famero, tipo e tamanho das lagoas, devem ser calculados pelo volume di\u00e1rio e carga org\u00e2nica (kg de DBO5\/dia).<\/p>\n\n\n\n A escolha de um decantador de palhetas para realizar a separa\u00e7\u00e3o das fases s\u00f3lida e l\u00edquida dos dejetos deve-se a sua boa efici\u00eancia, baixo custo e f\u00e1cil operacionalidade. Sua fun\u00e7\u00e3o \u00e9 importante, n\u00e3o s\u00f3 para redu\u00e7\u00e3o do volume, remo\u00e7\u00e3o da carga org\u00e2nica e de nutrientes, diminui\u00e7\u00e3o do mau cheiro mas, tamb\u00e9m, para evitar o assoreamento das lagoas.<\/p>\n\n\n\n A parte s\u00f3lida (lodo) representa mais ou menos 15% do volume total de dejetos e ser\u00e1 destinada ao uso como fertilizante. O decantador retira dos dejetos brutos cerca 48% dos s\u00f3lidos totais, 40% da carga org\u00e2nica, 16% do nitrog\u00eanio e 39% do f\u00f3sforo total, mantendo a mesma concentra\u00e7\u00e3o de pot\u00e1ssio e uma efici\u00eancia de remo\u00e7\u00e3o de coliformes fecais de 27%. O volume de lodo produzido \u00e9 cerca de 0,45 m3\/dia. Isso significa que a carga org\u00e2nica e de nutrientes que sai do decantador ainda continua elevada (8.029 mg\/l de DBO5, 10.006 mg\/l de s\u00f3lidos totais, 1.954 mg\/l de nitrog\u00eanio e 402 mg\/l de f\u00f3sforo total) e precisa de tratamento.<\/p>\n\n\n\n A concentra\u00e7\u00e3o m\u00e9dia de NPK por m3 de lodo \u00e9 de 4,98 Kg de f\u00f3sforo, 1,1 de pot\u00e1ssio e 3,2 de nitrog\u00eanio, ou seja, 9,2 Kg de N-P2O5-K2O por m3 de lodo. Isso representa um aumento de concentra\u00e7\u00e3o de nutrientes 30% superior ao dos dejetos brutos.<\/p>\n\n\n\n A principal fun\u00e7\u00e3o das lagoas anaer\u00f3bias \u00e9 reduzir a carga org\u00e2nica e facilitar os tratamentos subseq\u00fcentes. Sua vantagem \u00e9 a de exigir menor \u00e1rea superficial, mas exige uma profundidade adequada para obter boa efici\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n Lagoa anaer\u00f3bia 1<\/strong>: com base na vaz\u00e3o di\u00e1ria dejetos e num tempo de deten\u00e7\u00e3o hidr\u00e1ulico de 35 dias, estimou-se ser necess\u00e1rio uma lagoa com volume de 106 m3. A lagoa anaer\u00f3bia 1 remove dos dejetos oriundos do decantador, cerca de 51% dos s\u00f3lidos totais, 80% da carga org\u00e2nica, 28% do nitrog\u00eanio e 70% do f\u00f3sforo total e 97,7% de coliformes fecais. A carga org\u00e2nica e de nutrientes que sai da lagoa, ainda que atenda \u00e0s exig\u00eancias da legisla\u00e7\u00e3o ambiental, continua elevada (1.541 mg\/l de DBO5, 4.888 mg\/l de s\u00f3lidos totais, 1.411 mg\/l de nitrog\u00eanio e 120 mg\/l de f\u00f3sforo total) e precisa de tratamento. Sugere-se uma segunda lagoa anaer\u00f3bia, uma vez que a carga org\u00e2nica ainda \u00e9 elevada.<\/p>\n\n\n\n A efici\u00eancia combinada do decantador e da primeira lagoa anaer\u00f3bia \u00e9 de remo\u00e7\u00e3o de 75% dos s\u00f3lidos totais, 89% da mat\u00e9ria org\u00e2nica (MO), 40% de nitrog\u00eanio e 82% do f\u00f3sforo total.<\/p>\n\n\n\n Lagoa anaer\u00f3bia 2:<\/strong> com base na vaz\u00e3o di\u00e1ria de dejetos (3 m3) e num tempo de deten\u00e7\u00e3o hidr\u00e1ulico de 46 dias, estimou-se ser necess\u00e1rio uma lagoa com volume de 137 m3.<\/p>\n\n\n\n A lagoa anaer\u00f3bia 2 remove dos dejetos oriundos da primeira lagoa, cerca de 27% dos s\u00f3lidos totais, 64% da carga org\u00e2nica, 29% do nitrog\u00eanio e 44% do f\u00f3sforo total e 97,5% de coliformes fecais. A carga org\u00e2nica e de nutrientes que sai da lagoa, ainda que atenda \u00e0s exig\u00eancias da legisla\u00e7\u00e3o ambiental, continua elevada (674 mg\/l de MO, 3.436 mg\/l de s\u00f3lidos totais, 982 mg\/l de nitrog\u00eanio e 60 mg\/l de f\u00f3sforo total) e precisa ainda de tratamento.<\/p>\n\n\n\n Como a carga org\u00e2nica \u00e9 mais leve, sugere-se uma lagoa facultativa. A efici\u00eancia combinada do decantador e das duas lagoas anaer\u00f3bias \u00e9 de remo\u00e7\u00e3o de 82% dos s\u00f3lidos totais, 95% da carga org\u00e2nica, 58% de nitrog\u00eanio e 91% do f\u00f3sforo total.<\/p>\n\n\n\n As lagoas facultativas s\u00e3o indicadas para \u00e1guas residu\u00e1rias brutas que j\u00e1 tenham recebido algum tratamento anterior. Com base na vaz\u00e3o di\u00e1ria de dejetos e num tempo de deten\u00e7\u00e3o hidr\u00e1ulico de 24 dias, estimou-se ser necess\u00e1rio uma lagoa com volume de 73 m3.<\/p>\n\n\n\n Efluente l\u00edquido: a lagoa facultativa remove dos dejetos oriundos da lagoa anaer\u00f3bia 2, cerca de 42% dos s\u00f3lidos totais, 42% da carga org\u00e2nica, 57% do nitrog\u00eanio e 29% do f\u00f3sforo total e 97,3% de coliformes fecais. A carga org\u00e2nica e de nutrientes que sai da lagoa, ainda que atenda \u00e0s exig\u00eancias da legisla\u00e7\u00e3o ambiental, continua elevada (442 mg\/l de M.O., 2 097 mg\/l de s\u00f3lidos totais, 446 mg\/l de nitrog\u00eanio e 44 mg\/l de f\u00f3sforo total) e precisa ainda de tratamento. Sugere-se uma lagoa de aguap\u00e9 para a depura\u00e7\u00e3o final. A efici\u00eancia combinada do decantador, das duas lagoas anaer\u00f3bias e da facultativa \u00e9 de remo\u00e7\u00e3o de 89% dos s\u00f3lidos totais, 97% da carga org\u00e2nica, 81% de nitrog\u00eanio e 93% do f\u00f3sforo total.<\/p>\n\n\n\n As lagoas com aguap\u00e9s constituem uma excelente alternativa de tratamento terci\u00e1rio para a remo\u00e7\u00e3o de nitrog\u00eanio e de dejetos, dada a sua grande capacidade de produ\u00e7\u00e3o de biomassa e da ramifica\u00e7\u00e3o de suas ra\u00edzes. Com base na vaz\u00e3o di\u00e1ria de dejetos (3 m3) e num tempo de deten\u00e7\u00e3o hidr\u00e1ulico de 20 dias, estimou-se ser necess\u00e1rio uma lagoa com volume de 58 m3.<\/p>\n\n\n\n A efici\u00eancia combinada do decantador, lagoas anaer\u00f3bias e aguap\u00e9 \u00e9 de remo\u00e7\u00e3o de 98% dos s\u00f3lidos totais, 99% da carga org\u00e2nica (DBO5), 94% de nitrog\u00eanio e 98% do f\u00f3sforo total e 99,999% de coliformes fecais.<\/p>\n\n\n\n e) Distribui\u00e7\u00e3o e utiliza\u00e7\u00e3o<\/strong><\/p>\n\n\n\n \u00c9 a fase de movimenta\u00e7\u00e3o, de reciclagem e reintrodu\u00e7\u00e3o dos dejetos gerados na propriedade, de forma a melhorar a efici\u00eancia produtiva do sistema, reduzir custos e minimizar os riscos de degrada\u00e7\u00e3o ambiental.<\/p>\n\n\n\n A transfer\u00eancia dos dejetos envolve desde o transporte do ponto de capta\u00e7\u00e3o, armazenamento e tratamento at\u00e9 o seu destino final. Isso exige uma an\u00e1lise da consist\u00eancia dos dejetos, do meio de transporte e da dist\u00e2ncia a percorrer, da frequ\u00eancia de aplica\u00e7\u00e3o e do tipo de equipamento utilizado. No caso de dejetos muito dilu\u00eddos, o uso de tanques de distribui\u00e7\u00e3o (3 a 6 m3) pode n\u00e3o ser t\u00e3o eficiente e econ\u00f4mico quanto o sistema de aspers\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n Fontes: SETI – Secretaria de Ci\u00eancia, Tecnologia e Ensino Superior Visando a sua correta utiliza\u00e7\u00e3o, evitando problemas de polui\u00e7\u00e3o, tratamento deve atender \u00e0s exig\u00eancias e as caracter\u00edsticas espec\u00edficas de cada criador. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1555],"tags":[1249,833],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2608"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2608"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2608\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":4214,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2608\/revisions\/4214"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2608"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2608"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2608"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}
\nEng. Agr., D. Sc. Carlos Cl\u00e1udio Perdomo, Embrapa Su\u00ednos e Aves
\nEng. Agr., Ph. D. Gustavo J.M.M. de Lima, Embrapa Su\u00ednos e Aves
\nJornalista T\u00e2nia Maria Giacomelli Scolari, Embrapa Su\u00ednos e <\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"