{"id":2582,"date":"2009-04-07T16:03:48","date_gmt":"2009-04-07T16:03:48","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:01:43","modified_gmt":"2021-07-10T23:01:43","slug":"desertificacao","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agropecuario\/artigo_agropecuario\/desertificacao.html","title":{"rendered":"Desertifica\u00e7\u00e3o"},"content":{"rendered":"\n
No dia 17 de junho, de todos os anos, comemora-se o Dia Mundial de Combate \u00e0 Desertifica\u00e7\u00e3o e \u00e0 Seca.<\/p>\n\n\n\n A Desertifica\u00e7\u00e3o \u00e9 definida como processo de destrui\u00e7\u00e3o do potencial produtivo da terra nas regi\u00f5es de clima \u00e1rido, semi-\u00e1rido e sub-\u00famido seco. O problema vem sendo detectado desde os anos 30, nos Estados Unidos, quando intensos processos de destrui\u00e7\u00e3o da vegeta\u00e7\u00e3o e solos ocorreu no Meio Oeste americano.<\/p>\n\n\n\n Muitas outras situa\u00e7\u00f5es consideradas como graves problemas de desertifica\u00e7\u00e3o foram sendo detectadas ao longo do tempo em v\u00e1rios pa\u00edses do mundo. Am\u00e9rica Latina, \u00c1sia, Europa, \u00c1frica e Austr\u00e1lia oferecem exemplos de \u00e1reas onde o homem, atrav\u00e9s do uso inadequado e\/ou intensivo da terra, destruiu os recursos e transformou terras f\u00e9rteis em desertos ecol\u00f3gicos e econ\u00f4micos.<\/p>\n\n\n\n A medida que o estudo sobre a origem dos desertos evoluiu, surgiram conceitos a respeito do assunto:<\/p>\n\n\n\n Deserto<\/strong>: regi\u00e3o de clima \u00e1rido; a evapora\u00e7\u00e3o potencial \u00e9 maior que a precipita\u00e7\u00e3o m\u00e9dia anual. Caracteriza-se por apresentar solos ressequidos; cobertura vegetal esparsa, presen\u00e7a de xer\u00f3filas e plantas tempor\u00e1rias.<\/p>\n\n\n\n Desertifica\u00e7\u00e3o<\/strong>: origina-se pela intensa press\u00e3o exercida por atividades humanas sobre ecossistemas fr\u00e1geis, cuja capacidade de regenera\u00e7\u00e3o \u00e9 baixa.<\/p>\n\n\n\n Processo de desertifica\u00e7\u00e3o<\/strong>: diz respeito a atividade predat\u00f3ria que ir\u00e1 conduzir a forma\u00e7\u00e3o de desertos.<\/p>\n\n\n\n \u00c1rea de desertifica\u00e7\u00e3o<\/strong>: \u00e9 a \u00e1rea onde o fen\u00f4meno j\u00e1 se manifesta.<\/p>\n\n\n\n \u00c1rea propensa \u00e0 desertifica\u00e7\u00e3o<\/strong>: \u00e1rea onde a fragilidade do ecossistema favorece o processo de instala\u00e7\u00e3o da desertifica\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n Deserto espec\u00edfico<\/strong>: a desertifica\u00e7\u00e3o j\u00e1 se manifesta em grau m\u00e1ximo.<\/p>\n\n\n\n As causas mais freq\u00fcentes da desertifica\u00e7\u00e3o est\u00e3o associadas ao uso inadequado do solo e da \u00e1gua no desenvolvimento de atividades agropecu\u00e1rias, na minera\u00e7\u00e3o, na irriga\u00e7\u00e3o mal planejada e no desmatamento indiscriminado.<\/p>\n\n\n\n Principais problemas:<\/p>\n\n\n\n A desertifica\u00e7\u00e3o ocorre em mais de 100 pa\u00edses do mundo. Por isso \u00e9 considerada um problema global. No Brasil existem quatro \u00e1reas, que s\u00e3o chamadas n\u00facleos de desertifica\u00e7\u00e3o, onde \u00e9 intensa a degrada\u00e7\u00e3o. Elas somam 18,7 mil km\u00b2 e se localizam nos munic\u00edpios de Gilbu\u00e9s, no Piau\u00ed; Serid\u00f3, no Rio Grande do Norte; Irau\u00e7uba, no Cear\u00e1 e Cabrob\u00f3, em Pernambuco. As regi\u00f5es \u00e1ridas, semi-\u00e1ridas e sub\u00famidas secas, tamb\u00e9m chamadas de terras secas, ocupam mais de 37% de toda a superf\u00edcie do planeta, abrigando mais de 1 bilh\u00e3o de pessoas, ou seja, 1\/6 da popula\u00e7\u00e3o mundial, cujos indicadores s\u00e3o de baixo n\u00edvel de renda, baixo padr\u00e3o tecnol\u00f3gico, baixo n\u00edvel de escolaridade e ingest\u00e3o de prote\u00ednas abaixo dos n\u00edveis aceit\u00e1veis pela Organiza\u00e7\u00e3o Mundial de Sa\u00fade – OMS. Mas a sua evolu\u00e7\u00e3o ocorre em cada lugar de modo espec\u00edfico e apresenta din\u00e2micas influenciadas por esses lugares.<\/p>\n\n\n\n As regi\u00f5es sul-americana e caribenha t\u00eam in\u00fameros pa\u00edses com expressivas \u00e1reas de seus territ\u00f3rios com problemas de desertifica\u00e7\u00e3o. Os mais significativos s\u00e3o Argentina, Bol\u00edvia, Brasil, Chile, Cuba, Peru e M\u00e9xico.<\/p>\n\n\n\n Poss\u00edveis causas da desertifica\u00e7\u00e3o podem ser apuradas.<\/strong><\/p>\n\n\n\n O desmatamento, que al\u00e9m de comprometer a biodiversidade, deixa os solos descobertos e expostos \u00e0 eros\u00e3o, ocorre como resultado das atividades econ\u00f4micas, seja para fins de agricultura de sequeiro ou irrigada, seja para a pecu\u00e1ria, quando a vegeta\u00e7\u00e3o nativa \u00e9 substitu\u00edda por pasto, seja diretamente para o uso da madeira como fonte de energia (lenha e carv\u00e3o).<\/p>\n\n\n\n O uso intensivo do solo, sem descanso e sem t\u00e9cnicas de conserva\u00e7\u00e3o, provoca eros\u00e3o e compromete a produtividade, repercutindo diretamente na situa\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica do agricultor. A cada ano, a colheita diminui, e tamb\u00e9m a possibilidade de ter reservas de alimento para o per\u00edodo de estiagem. \u00c9 comum verificar-se, no semi-\u00e1rido, a atividade da pecu\u00e1ria ser desenvolvida sem considerar a capacidade de suporte da regi\u00e3o, o que pressiona tanto pasto nativo como plantado, al\u00e9m de tornar o solo endurecido, compacto.<\/p>\n\n\n\n A irriga\u00e7\u00e3o mal conduzida provoca a saliniza\u00e7\u00e3o dos solos, inviabilizando algumas \u00e1reas e per\u00edmetros irrigados do semi-\u00e1rido, o problema tem sido provocado tanto pelo tipo de sistema de irriga\u00e7\u00e3o, muitas vezes inadequado \u00e0s caracter\u00edsticas do solo, quanto, principalmente, pela maneira como a atividade \u00e9 executada, fazendo mais uma molha\u00e7\u00e3o do que irrigando.<\/p>\n\n\n\n Al\u00e9m de serem correlacionados, esses problemas desencadeiam outros, de extrema gravidade para a regi\u00e3o. \u00c9 o caso do assoreamento de cursos d’\u00e1gua e reservat\u00f3rios, provocado pela eros\u00e3o, que, por sua vez, \u00e9 desencadeada pelo desmatamento e por atividades econ\u00f4micas desenvolvidas sem cuidados com o meio ambiente.<\/p>\n\n\n\n Conseq\u00fc\u00eancias da desertifica\u00e7\u00e3o:<\/strong><\/p>\n\n\n\n Como perda de biodiversidade (flora e fauna), a perda de solos por eros\u00e3o, a diminui\u00e7\u00e3o da disponibilidade de recursos h\u00eddricos, resultado tanto dos fatores clim\u00e1ticos adversos quando do mau e a perda da capacidade produtiva dos solos em raz\u00e3o da baixa umidade provocada, tamb\u00e9m, pelo manejo inadequado da cobertura vegetal.<\/p>\n\n\n\n Abandono das terras por partes das popula\u00e7\u00f5es mais pobres, a diminui\u00e7\u00e3o da qualidade de vida e aumento da mortalidade infantil, a diminui\u00e7\u00e3o da expectativa de vida da popula\u00e7\u00e3o e a desestrutura\u00e7\u00e3o das fam\u00edlias como unidades produtivas. Acrescente-se, tamb\u00e9m, o crescimento da pobreza urbana devido \u00e0s migra\u00e7\u00f5es, a desorganiza\u00e7\u00e3o das cidades, o aumento da polui\u00e7\u00e3o e problemas ambientais urbanos.<\/p>\n\n\n\n Destacam-se a queda na produtividade e produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcolas, a diminui\u00e7\u00e3o da renda do consumo das popula\u00e7\u00f5es, dificuldade de manter uma oferta de produtos agr\u00edcolas de maneira constante, de modo a atender os mercados regional e nacional, sobretudo a agricultura de sequeiro que \u00e9 mais dependente dos fatores clim\u00e1ticos.<\/p>\n\n\n\n H\u00e1 uma perda da capacidade produtiva do Estado, sobretudo no meio rural, que repercute diretamente na arrecada\u00e7\u00e3o de impostos e na circula\u00e7\u00e3o da renda e, por outro lado, criam-se novas demandas sociais que extrapolam a capacidade do Estado de atend\u00ea-las.<\/p>\n\n\n\n As \u00e1reas desertificadas brasileiras apresentam caracter\u00edsticas geoclim\u00e1ticas e ecol\u00f3gicas, as quais contribu\u00edram para que o processo fosse acelerado. Diversas regi\u00f5es brasileiras padecem deste problema, como por exemplo:<\/p>\n\n\n\n Sua \u00e1rea total \u00e9 de aproximadamente 1.150.662 Km\u00b2 o que corresponde a 74,30% da superf\u00edcie nordestina e 13,52% do Brasil.<\/p>\n\n\n\n Corresponde a 9,3% da superf\u00edcie estadual (52,5 mil Km\u00b2) em processo de desertifica\u00e7\u00e3o. Localiza-se na margem direita do rio S\u00e3o Francisco abrangendo o sert\u00e3o de Paulo Afonso.<\/p>\n\n\n\n Dados (Sema 1986) mostram que cerca de 25 Km\u00b2 (25%) do estado est\u00e3o tomados pela desertifica\u00e7\u00e3o atingindo os munic\u00edpios de Itacombira, Cabrob\u00f3, Salgueiro e Parnamirim.<\/p>\n\n\n\n 1.241 Km\u00b2 da \u00e1rea piauiense encontram-se em acelerado processo de desertifica\u00e7\u00e3o, exemplo deste fen\u00f4meno pode ser visto na regi\u00e3o de Chapadas do Vale do Gurg\u00e9ia, munic\u00edpio de Gilbu\u00e9s.<\/p>\n\n\n\n Est\u00e3o em processo de desertifica\u00e7\u00e3o no Sergipe cerca de 223Km\u00b2.<\/p>\n\n\n\n Representa 40% do estado tomado pela desertifica\u00e7\u00e3o; a intensiva extra\u00e7\u00e3o de argila e a retirada da cobertura vegetal para a obten\u00e7\u00e3o de lenha para as olarias acelera ainda mais o processo.<\/p>\n\n\n\n A \u00e1rea desertificada corresponde a 1.451 Km\u00b2 no munic\u00edpio de Irau\u00e7uba.<\/p>\n\n\n\n A regi\u00e3o do semi-\u00e1rido \u00e9 a mais propensa ao processo de desertifica\u00e7\u00e3o, principalmente onde os solos s\u00e3o utilizados de maneira irracional. A desertifica\u00e7\u00e3o atinge cerca de 27.750 Km\u00b2 (49,2%), abrangendo 68 munic\u00edpios.<\/p>\n\n\n\n Tamb\u00e9m apresenta \u00e1reas em processo de savaniza\u00e7\u00e3o decorrentes de desmatamentos indiscriminados.<\/p>\n\n\n\n Corre grande risco de in\u00edcio do processo de desertifica\u00e7\u00e3o; v\u00e1rias \u00e1reas s\u00e3o desmatadas para fins agr\u00edcolas e ocupa\u00e7\u00e3o indiscriminada do solo.<\/p>\n\n\n\n Apresenta problemas de degrada\u00e7\u00e3o nas \u00e1reas de ocorr\u00eancia do arenito Caiu\u00e1; a agricultura \u00e9 praticada sem haver uma preocupa\u00e7\u00e3o com o manejo e a conserva\u00e7\u00e3o do solo, problema acentuado pela devasta\u00e7\u00e3o de florestas nativas.<\/p>\n\n\n\n O processo ocorre principalmente na regi\u00e3o sudoeste do estado, \u00e1rea de ocorr\u00eancia do Arenito Caiu\u00e1, apresentando aspectos avan\u00e7ados de degrada\u00e7\u00e3o (50 mil hectares).<\/p>\n\n\n\n Dados da SEMA de 1986 j\u00e1 identificavam que, aproximadamente 70% das \u00e1reas agricultur\u00e1veis do estado estavam tomadas por intenso processo erosivo.<\/p>\n\n\n\n \u00c1rea do sudoeste do estado como os munic\u00edpios de Alegrete, S\u00e3o Francisco de Assis, Santana do Livramento, Ros\u00e1rio do Sul, Uruguaiana, Quara\u00ed, Santiago e Cacequ\u00ed s\u00e3o atingidos pela desertifica\u00e7\u00e3o. Outras \u00e1reas pass\u00edveis de degrada\u00e7\u00e3o est\u00e3o presentes no sul-riograndense, em especial onde predominam os solos origin\u00e1rios do Arenito Botucatu; faz-se necess\u00e1rio um estudo de capacidade de uso, conserva\u00e7\u00e3o e manejo para que tais \u00e1reas n\u00e3o iniciem rapidamente o processo de degradador.<\/p>\n\n\n\n De acordo com estudos realizados, 12.862 Km\u00b2 est\u00e3o propensos \u00e0 desertifica\u00e7\u00e3o, sendo divididos em 3 \u00e1reas:<\/p>\n\n\n\n I – engloba as bacias dos rios Abaet\u00e9, Borrachudo e Indai\u00e1 na regi\u00e3o centro-oeste do estado (11.446 Km\u00b2).<\/p>\n\n\n\n II – ocorre na bacia do rio Gorotuba, regi\u00e3o centro-norte ocupando 42 Km\u00b2 de \u00e1rea.<\/p>\n\n\n\n III – localizada nas bacias dos M\u00e9dios e Baixos S\u00e3o Pedro e S\u00e3o Domingos compreendendo 1.375 Km\u00b2 de \u00e1rea.<\/p>\n\n\n\n Diante de tudo o que foi abordado, conclui-se que o processo de recupera\u00e7\u00e3o de uma \u00e1rea desertificada \u00e9 complexo, pois necessita de a\u00e7\u00f5es capazes de controlar, prevenir e recuperar as \u00e1reas degradadas. Paralelamente a estas a\u00e7\u00f5es, cabe uma maior conscientiza\u00e7\u00e3o pol\u00edtica, econ\u00f4mica e social no sentido de minimizar e\/ou combater a eros\u00e3o, a saliniza\u00e7\u00e3o, o assoreamento entre outros.<\/p>\n\n\n\n Est\u00e1 previsto no Cap\u00edtulo 12 da Agenda 21, a cria\u00e7\u00e3o de seis \u00e1reas-programas para combate a desertifica\u00e7\u00e3o com a\u00e7\u00f5es regionais.<\/p>\n\n\n\n Fonte: CAVALCANTI, E. Para Compreender a Desertifica\u00e7\u00e3o: Uma abordagem did\u00e1tica e integrada. Instituto Desert. Julho de 2001.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" A Desertifica\u00e7\u00e3o \u00e9 definida como processo de destrui\u00e7\u00e3o do potencial produtivo da terra nas regi\u00f5es de clima \u00e1rido, semi-\u00e1rido e sub-\u00famido seco. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":2583,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1551],"tags":[1237],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2582"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2582"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2582\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":4230,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2582\/revisions\/4230"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/2583"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2582"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2582"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2582"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}<\/figure>\n\n\n\n