{"id":2580,"date":"2014-11-18T15:10:13","date_gmt":"2014-11-18T15:10:13","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T19:16:19","modified_gmt":"2021-07-10T22:16:19","slug":"agrotoxicos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agropecuario\/artigo_agropecuario\/agrotoxicos.html","title":{"rendered":"Agrot\u00f3xicos"},"content":{"rendered":"\n
Os agrot\u00f3xicos come\u00e7aram a ser usados em escala mundial ap\u00f3s a segunda grande Guerra Mundial. V\u00e1rios serviram de arma qu\u00edmica nas guerras da Cor\u00e9ia e do Vietn\u00e3, como Agente Laranja, desfolhante que dizimou milhares de soldados e civis.<\/span><\/p>\n\n\n\n Os pa\u00edses que tinham a agricultura como principal base de sustenta\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica – na \u00c1frica, na \u00c1sia e na Am\u00e9rica Latina – sofreram fortes press\u00f5es de organismos financiadores internacionais para adquirir essas subst\u00e2ncias qu\u00edmicas. A alega\u00e7\u00e3o era de que os agrot\u00f3xicos garantiriam a produ\u00e7\u00e3o de alimentos para combater a fome. Com o inofensivo nome de “defensivos agr\u00edcolas”, eles eram inclu\u00eddos compulsoriamente, junto com adubos e fertilizantes qu\u00edmicos, nos financiamentos agr\u00edcolas. Sua utiliza\u00e7\u00e3o na agricultura nacional em larga escala ocorreu a partir da d\u00e9cada de 70.<\/p>\n\n\n\n Anualmente s\u00e3o usados no mundo aproximadamente 2,5 milh\u00f5es de toneladas de agrot\u00f3xicos. O consumo anual de agrot\u00f3xicos no Brasil tem sido superior a 300 mil toneladas de produtos comerciais. Expresso em quantidade de ingrediente-ativo (i.a.), s\u00e3o consumidas anualmente cerca de 130 mil toneladas no pa\u00eds; representando um aumento no consumo de agrot\u00f3xicos de 700% nos \u00faltimos quarenta anos, enquanto a \u00e1rea agr\u00edcola aumentou 78% nesse per\u00edodo.<\/p>\n\n\n\n O Brasil responde por mais de 11% das vendas de agrot\u00f3xicos a n\u00edvel mundial, com mais de R$ 11 bilh\u00f5es por ano, sobre um total de US$ 48 bilh\u00f5es, dominados por seis multinacionais imperialistas: Syngenta, Bayer, Basf, Monsanto, Dow e Dupont.<\/p>\n\n\n\n O DDT (inseticida organoclorado) foi banido em v\u00e1rios pa\u00edses, a partir da d\u00e9cada de 70, quando estudos revelaram que os res\u00edduos clorados persistiam ao longo de toda a cadeia alimentar, contaminando inclusive o leite materno. No Brasil, somente em 1992, ap\u00f3s intensas press\u00f5es sociais, foram banidas todas as f\u00f3rmulas \u00e0 base de cloro (como BHC, Aldrin, Lindano, etc).<\/p>\n\n\n\n V\u00e1rias outras subst\u00e2ncias, como o Amitraz, foram proibidas. A lei de agrot\u00f3xicos n\u00ba 7802, aprovada em 1989, pro\u00edbe o registro de produtos que possam provocar c\u00e2ncer, defeitos na crian\u00e7a em gesta\u00e7\u00e3o (teratog\u00eanese) e nas c\u00e9lulas (mutag\u00eanese). Mas produtos como o Amitraz, e outros que j\u00e1 haviam sido proibidos, continuam sendo comercializados ilegalmente.<\/p>\n\n\n\n J\u00e1 os perigosos fungicidas – Maneb, Zineb e Dithane – embora proibidos em v\u00e1rios pa\u00edses, s\u00e3o muito usados, no Brasil, em culturas de tomate e piment\u00e3o. Os dois primeiros podem provocar doen\u00e7a de Parkinson. O Dithane pode causar c\u00e2ncer, muta\u00e7\u00f5es e teratogenias.<\/p>\n\n\n\n O Graxomone (mata-mato), cujo princ\u00edpio ativo \u00e9 o Paraquat, \u00e9 proibido em diversos pa\u00edses. No Brasil, \u00e9 largamente usado no combate a ervas daninhas. A contamina\u00e7\u00e3o pode provocar fibrose pulmonar, les\u00f5es no f\u00edgado e intoxica\u00e7\u00e3o em crian\u00e7as.<\/p>\n\n\n\n V\u00e1rios estudos feitos com trabalhadores demonstraram que h\u00e1 rela\u00e7\u00e3o entre a exposi\u00e7\u00e3o cr\u00f4nica a agrot\u00f3xicos e doen\u00e7as, principalmente do sistema nervoso (central e perif\u00e9rico). Al\u00e9m disso, tamb\u00e9m ocorrem epis\u00f3dios de intoxica\u00e7\u00e3o aguda, colocando em risco a vida dos trabalhadores rurais.<\/p>\n\n\n\n A fiscaliza\u00e7\u00e3o no campo s\u00f3 se preocupa com a comercializa\u00e7\u00e3o dos agrot\u00f3xicos. N\u00e3o existe vigil\u00e2ncia nem orienta\u00e7\u00e3o para a sua correta aplica\u00e7\u00e3o. Acontece at\u00e9 do trabalhador utilizar um coquetel de produtos semanalmente, de forma \u201cpreventiva\u201d. Ou usar o mesmo princ\u00edpio ativo de marcas distintas na mesma aplica\u00e7\u00e3o. Para o cultivo de batata, tomate e berinjela (p.ex.), que s\u00e3o muito suscept\u00edveis \u00e0s pragas, s\u00e3o utilizadas grandes quantidades de agrot\u00f3xicos. Na cultura do tomate e do morango s\u00e3o usados diferentes tipos de agrot\u00f3xicos, em intervalos muito curtos, alguns deles com princ\u00edpios ativos j\u00e1 banidos em muitos pa\u00edses.<\/p>\n\n\n\n Os riscos n\u00e3o se limitam ao homem do campo. Os res\u00edduos das aplica\u00e7\u00f5es atingem os mananciais de \u00e1gua e o solo. Al\u00e9m disso, os alimentos comercializados nas cidades podem apresentar res\u00edduos t\u00f3xicos.<\/p>\n\n\n\n Trabalho com Agrot\u00f3xicos<\/span><\/strong><\/span><\/p>\n\n\n\n Existem cerca de mil princ\u00edpios ativos de agrot\u00f3xicos comercializados em mais de 10 mil formula\u00e7\u00f5es. \u00c9 importante observar o grupo qu\u00edmico a que pertencem o produto e o grau de toxicidade para o ser humano. \u00c9 indispens\u00e1vel a leitura atenta das recomenda\u00e7\u00f5es sobre como manipular, misturar, aplicar, armazenar e descartar as embalagens.<\/span><\/p>\n\n\n\n Os trabalhadores que aplicam agrot\u00f3xicos precisam ter cuidados especiais, como o uso de luvas para prote\u00e7\u00e3o das m\u00e3os e bra\u00e7os, m\u00e1scaras respirat\u00f3rias e roupas (uniforme) apropriadas, incluindo cal\u00e7ados.<\/p>\n\n\n\n Cultivo sem Agrot\u00f3xicos<\/strong><\/p>\n\n\n\n N\u00facleos de agricultura natural ou org\u00e2nica (sem o uso de agrot\u00f3xicos) surgem como alternativa ao modelo das monoculturas, que privilegiam a produtividade a custa da sa\u00fade dos lavradores e dos consumidores. Assim, os produtores org\u00e2nicos est\u00e3o ganhando cada vez mais espa\u00e7o junto aos consumidores, disponibilizando seus produtos em feiras livres, supermercados e outros locais. Os produtos org\u00e2nicos, em geral, s\u00e3o de menor tamanho e levam mais tempo para serem produzidos e colhidos. O fato \u00e9 que quanto mais bonita a fruta ou hortali\u00e7a, mais se deve desconfiar do uso abusivo de agrot\u00f3xicos.<\/span><\/p>\n\n\n\n A agricultura org\u00e2nica, ap\u00f3s muitos anos de luta, obteve uma importante conquista ao ser aprovada em 28\/11\/2003 pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente Lula, a Lei N\u00b0 10.831 que trata sobre a organiza\u00e7\u00e3o da produ\u00e7\u00e3o, certifica\u00e7\u00e3o e comercializa\u00e7\u00e3o da produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola sem agrot\u00f3xicos.<\/p>\n\n\n\n A Anvisa (Ag\u00eancia Nacional de Vigil\u00e2ncia Sanit\u00e1ria) divulgou uma lista dos alimentos que cont\u00eam os maiores n\u00edveis de contamina\u00e7\u00e3o por agrot\u00f3xicos. As amostras foram analisadas sob tr\u00eas aspectos: a primeira an\u00e1lise verificou alimentos que estavam com agrot\u00f3xicos proibidos; a segunda, os alimentos com n\u00edvel de agrot\u00f3xicos superior ao permitido pela Anvisa e a terceira considerou os alimentos que apresentaram as duas irregularidades.<\/p>\n\n\n\n A Anvisa monitorou em 2010 18 culturas: abacaxi, alface, arroz, batata, beterraba, cebola, cenoura, couve, feij\u00e3o, laranja, ma\u00e7\u00e3, mam\u00e3o, manga, morango, pepino, piment\u00e3o, repolho e tomate. As amostras foram coletadas em 25 estados do Pa\u00eds e no Distrito Federal.<\/p>\n\n\n\n Os tr\u00eas primeiros alimentos que lideram a lista s\u00e3o o piment\u00e3o com 91,4% das amostras contaminadas, o morango com 63,4% e o pepino com 57,4%.<\/p>\n\n\n\n Outras culturas que tamb\u00e9m apresentaram n\u00edveis alarmantes de contamina\u00e7\u00e3o foram a alface com 55% das amostras contendo irregularidades e a cenoura com 50%. J\u00e1 na beterraba, abacaxi, couve e no mam\u00e3o essa taxa foi de 30% das amostras. No balan\u00e7o geral, das 2.488 amostras avaliadas, 28% estavam insatisfat\u00f3rias. Desse total, 24,3% eram relacionadas ao uso de agrot\u00f3xicos n\u00e3o autorizados e o restante estava acima do n\u00edvel permitido.<\/p>\n\n\n\n Fonte: CUT – RJ Comiss\u00e3o de Meio Ambiente O Brasil responde por mais de 11% das vendas de agrot\u00f3xicos a n\u00edvel mundial, com mais de R$ 11 bilh\u00f5es por ano, sobre um total de US$ 48 bilh\u00f5es, dominados por seis multinacionais imperialistas: Syngenta, Bayer, Basf, Monsanto, Dow e Dupont, sendo o maior consumidor de agrot\u00f3xicos do mundo, por\u00e9m n\u00e3o \u00e9 o maior produtor. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":2581,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1551],"tags":[1236,928,46,857],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2580"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2580"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2580\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":3620,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2580\/revisions\/3620"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/2581"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2580"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2580"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2580"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}} Classe <\/strong><\/span><\/td> Faixa<\/strong><\/span><\/td> Classifica\u00e7\u00e3o do produto<\/strong><\/span><\/td><\/tr> I<\/span><\/td> Vermelha <\/span><\/td> Extremamente t\u00f3xico<\/span><\/td><\/tr> II<\/span><\/td> Amarela<\/span><\/td> Altamente t\u00f3xico<\/span><\/td><\/tr> III<\/span><\/td> Azul<\/span><\/td> Medianamente t\u00f3xico<\/span><\/td><\/tr> IV<\/span><\/td> Verde<\/span><\/td> Pouco t\u00f3xico (mas \u00e9 t\u00f3xico) <\/span><\/td><\/tr><\/tbody><\/table><\/figure>\n\n\n\n
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