{"id":2540,"date":"2009-04-06T11:45:32","date_gmt":"2009-04-06T11:45:32","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:01:52","modified_gmt":"2021-07-10T23:01:52","slug":"acai-solteiro_acai-do-amazonas_euterpe_precatoria_uma_boa_opcao_de_exploracao_agricola_em_rondonia","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agropecuario\/artigo_agropecuario\/acai-solteiro_acai-do-amazonas_euterpe_precatoria_uma_boa_opcao_de_exploracao_agricola_em_rondonia.html","title":{"rendered":"A\u00e7a\u00ed-solteiro, a\u00e7a\u00ed-do-amazonas (Euterpe precatoria), uma boa op\u00e7\u00e3o de explora\u00e7\u00e3o agr\u00edcola em Rond\u00f4nia"},"content":{"rendered":"\n

O a\u00e7aizeiro (Euterpe sp.), palmeira t\u00edpica da Amaz\u00f4nia, de cujos frutos se obt\u00e9m um \u201cvinho\u201d – como \u00e9 chamado a polpa do a\u00e7a\u00ed dilu\u00edda em \u00e1gua – que \u00e9 tradicional na cultura dos povos desta regi\u00e3o, fazendo parte da dieta b\u00e1sica de algumas popula\u00e7\u00f5es locais, atualmente se tornou \u201ca fruta da moda\u201d nas grandes capitais do sudeste brasileiro (Rio, S\u00e3o Paulo, Belo Horizonte), onde o \u201cvinho\u201d, ou suco de a\u00e7a\u00ed, vem sendo muito consumido como energ\u00e9tico, pelos adeptos da vida natural que cultuam a boa forma f\u00edsica do corpo. Esta nova mania de consumo do suco de a\u00e7a\u00ed em outras regi\u00f5es brasileiras, vem em muito boa hora, pois, como o palmito do a\u00e7a\u00ed, que goza de boa reputa\u00e7\u00e3o at\u00e9 mesmo em n\u00edvel internacional e alcan\u00e7a bons pre\u00e7os no mercado, \u00e9 quase na sua totalidade oriundo do extrativismo, corria-se o risco, pela explora\u00e7\u00e3o irracional e desenfreada, de dizima\u00e7\u00e3o de uma das maiores riquezas naturais do Brasil.<\/p>\n\n\n\n

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Com essa \u201ca\u00e7a\u00edmania\u201d e a nova legisla\u00e7\u00e3o vigente, que limita a explora\u00e7\u00e3o extrativista, abrem-se perspectivas de uso mais racional desse recurso natural, estabelecendo um incentivo a mais para a atividade de produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola sustent\u00e1vel na regi\u00e3o, com o cultivo desta preciosa palmeira, e de outras que produzem palmito de boa qualidade, como a pupunha por exemplo, que apresenta potencial muito bom para o incremento desta atividade agroindustrial.<\/p>\n\n\n\n

Na explora\u00e7\u00e3o extrativista do a\u00e7a\u00ed na Amaz\u00f4nia, s\u00e3o produzidos algo em torno de 200 mil toneladas de \u201cvinho\u201d e 150 mil toneladas de palmito, por ano, sendo quase esse total oriundo do Par\u00e1, onde ocorrem grandes concentra\u00e7\u00f5es naturais do a\u00e7a\u00ed-de-touceira (Euterpe oleracea).<\/p>\n\n\n\n

Neste contexto, em Rond\u00f4nia, onde com frutos oriundos do extrativismo j\u00e1 se produz razo\u00e1vel quantidade de \u201cvinho\u201d que abastece o mercado local e d\u00e1 margem a um excedente que \u00e9 exportado para outras regi\u00f5es do pa\u00eds, o cultivo do a\u00e7a\u00ed surge como interessante op\u00e7\u00e3o de produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola, mormente na Agricultura de base familiar.<\/p>\n\n\n\n

Em Rond\u00f4nia, as concentra\u00e7\u00f5es naturais de a\u00e7a\u00ed s\u00e3o da esp\u00e9cie Euterpe precatoria, conhecida popularmente como a\u00e7a\u00ed-do-amazonas, a\u00e7a\u00ed-da-mata, a\u00e7a\u00ed-de-terra-firme e a\u00e7a\u00ed solteiro, pois, ao contr\u00e1rio da outra esp\u00e9cie de a\u00e7a\u00ed-de-touceira de ocorr\u00eancia natural predominante no Par\u00e1, n\u00e3o perfilha, \u00e9 palmeira de estipe \u00fanica. Esta esp\u00e9cie, que era muito comum nas matas da Amaz\u00f4nia Ocidental (Amazonas, Acre, Rond\u00f4nia, Roraima), e que sofreu nas \u00faltimas d\u00e9cadas uma forte press\u00e3o antr\u00f3pica para explora\u00e7\u00e3o do palmito, vindo a ter ultimamente, com a demanda pelo \u201cvinho\u201d, uma explora\u00e7\u00e3o mais racional, possui uma caracter\u00edstica muito interessante para a expans\u00e3o do cultivo racionalizado do a\u00e7a\u00ed visando a produ\u00e7\u00e3o de \u201cvinho\u201d, que \u00e9 a frutifica\u00e7\u00e3o em \u00e9poca alternada com a esp\u00e9cie de a\u00e7a\u00ed-de-touceira, que produz principalmente no 2\u00ba semestre (ver\u00e3o amaz\u00f4nico), enquanto que a produ\u00e7\u00e3o do a\u00e7a\u00ed-solteiro se d\u00e1 principalmente no 1\u00ba semestre, mais ao in\u00edcio do ano (inverno amaz\u00f4nico). Ent\u00e3o, no estabelecimento da cultura do a\u00e7a\u00ed, \u00e9 de todo interessante ter as duas esp\u00e9cies, e melhor ainda, obter tamb\u00e9m o a\u00e7a\u00ed h\u00edbrido (resultante do cruzamento das duas esp\u00e9cies mencionadas), que \u00e9 um trabalho de pesquisa que est\u00e1 na ordem do dia para ser feito com o a\u00e7a\u00ed na Amaz\u00f4nia, obtendo uma palmeira que preservando as boas caracter\u00edsticas presentes no a\u00e7a\u00ed-solteiro, apresente perfilhamento.<\/p>\n\n\n\n

No IAC \u2013 Instituto Agron\u00f4mico de Campinas \u2013 em trabalho desenvolvido pela Dra. Marilene B\u00f3vi, se fez o cruzamento do a\u00e7a\u00ed-de-touceira (Euterpe oleracea) com o ju\u00e7ara (Euterpe edulis) – palmeira nativa no sudeste brasileiro, de estipe \u00fanico, que produz o palmito mais bem conceituado no Brasil – para obten\u00e7\u00e3o de um h\u00edbrido que mantendo as caracter\u00edsticas de excepcionais qualidades do ju\u00e7ara, perfilhe, o que seria muito interessante para o manejo otimizado na cultura do palmito. Este trabalho foi bem sucedido e hoje j\u00e1 se disp\u00f5e do h\u00edbrido para atender aos interessados em seu cultivo. Neste trabalho o a\u00e7a\u00ed-de-touceira funciona como planta receptora do p\u00f3len do ju\u00e7ara.<\/p>\n\n\n\n

Do a\u00e7aizeiro aproveita-se principalmente os frutos e o palmito com as finalidades mencionadas, mas, as sementes, os troncos e as folhas tamb\u00e9m s\u00e3o aproveitados pelas popula\u00e7\u00f5es aut\u00f3ctones, para produ\u00e7\u00e3o de adubo org\u00e2nico, em constru\u00e7\u00f5es rurais, e artesanato, respectivamente. O a\u00e7aizeiro \u00e9 tamb\u00e9m palmeira muito ornamental, prestando-se admiravelmente para compor projetos paisag\u00edsticos.<\/p>\n\n\n\n

No cultivo do a\u00e7a\u00ed-solteiro (Euterpe precatoria) para produ\u00e7\u00e3o de frutos, o espa\u00e7amento deve ser bem mais reduzido do que o recomendado para o a\u00e7a\u00ed-de-touceira (5m x 5m, com 400 plantas\/ha, manejando-se o plantio com 4 estipes por touceira, o que resulta numa densidade de 1600 estipes\/ha). Para o a\u00e7a\u00ed-solteiro deve ser adotado o espa\u00e7amento de 3m x 2m (1666 plantas\/ha). Na explora\u00e7\u00e3o de palmito, para as duas esp\u00e9cies os espa\u00e7amentos devem ser menores que os indicados, buscando-se um maior adensamento dos plantios (no m\u00ednimo 2500 plantas\/ha).<\/p>\n\n\n\n

Na Amaz\u00f4nia, o a\u00e7aizeiro que inicia produ\u00e7\u00e3o de frutos aos 4 – 5 anos de idade, aos 6 – 7 anos produz de 4 a 8 cachos em diferentes est\u00e1gios de desenvolvimento\/estipe\/ano, com peso m\u00e9dio de 2,5 kg\/cacho, portanto, em torno de 10 a 20 toneladas de frutos por hectare\/ano.<\/p>\n\n\n\n

A seguir, s\u00e3o relacionadas algumas caracter\u00edsticas espec\u00edficas do a\u00e7a\u00ed e alguns coeficientes t\u00e9cnicos, que devem ser levadas em conta na implanta\u00e7\u00e3o e no beneficiamento da cultura:<\/p>\n\n\n\n