{"id":2526,"date":"2009-04-03T13:46:36","date_gmt":"2009-04-03T13:46:36","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:01:53","modified_gmt":"2021-07-10T23:01:53","slug":"beneficios_ambientais_do_uso_de_tecnologias_na_pecuaria","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agropecuario\/artigo_agropecuario\/beneficios_ambientais_do_uso_de_tecnologias_na_pecuaria.html","title":{"rendered":"Benef\u00edcios ambientais do uso de tecnologias na pecu\u00e1ria"},"content":{"rendered":"\n

A ado\u00e7\u00e3o de tecnologias na pecu\u00e1ria bovina permitiu evitar o desmatamento de mais de 300 mil hectares de florestas para a implanta\u00e7\u00e3o de pastagens no Acre entre 1970 e 2002. No in\u00edcio da d\u00e9cada de 70, um hectare de pastagem alimentava 1,14 cabe\u00e7a de gado bovino por ano e as pastagens geralmente degradavam 3 a 5 anos depois de formadas. Pastagens estabelecidas com gram\u00edneas e leguminosas recomendadas pela Embrapa Acre, por serem adaptadas \u00e0s condi\u00e7\u00f5es ambientais da regi\u00e3o, atualmente est\u00e3o apresentando capacidade de suporte de at\u00e9 3 cabe\u00e7as de gado por hectare, quando manejadas em sistemas de pastejo rotacionado. Diversas \u00e1reas de pastagens estabelecidas com essas forrageiras e manejadas de forma correta t\u00eam se mantido produtivas e com a presen\u00e7a de leguminosas por mais de 20 anos. Isso tem contribu\u00eddo para aumentar a produtividade, a rentabilidade e, principalmente, a sustentabilidade dos sistemas de produ\u00e7\u00e3o pecu\u00e1rios no Acre.<\/p>\n\n\n\n

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Atualmente, o Acre possui cerca de 2 milh\u00f5es de cabe\u00e7as de gado em aproximadamente 17.500 propriedades com 1.450.000 hectares de pastagens. Mais de 50% do rebanho bovino do Acre encontra-se em cerca de 16.800 pequenas e m\u00e9dias propriedades com at\u00e9 500 cabe\u00e7as de gado. O baixo n\u00edvel tecnol\u00f3gico e o manejo inadequado, com altas taxas de lota\u00e7\u00e3o, v\u00eam causando a degrada\u00e7\u00e3o das pastagens dessas propriedades. Al\u00e9m disso, estudos desenvolvidos pela Embrapa Acre em parceria com o Instituto de Meio Ambiente do Acre – Imac indicam que o problema da morte da Brachiaria brizantha cultivar Marandu poder\u00e1 resultar na degrada\u00e7\u00e3o de mais de 500 mil hectares de pastagens nos pr\u00f3ximos anos no Estado, caso os produtores n\u00e3o ajam preventivamente introduzindo esp\u00e9cies forrageiras adaptadas nessas pastagens.<\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 quase 5 anos, a Embrapa Acre, em parceria com o governo do Estado do Acre (Seap, Seater, Imac), Projeto Fogo: Amaz\u00f4nia Encontrando Solu\u00e7\u00f5es, Faeac-Senar\/Acre, Fundepec, Ibama, Fetacre, Banco da Amaz\u00f4nia, Banco do Brasil, Programa Alternativas a Agricultura de Derruba e Queima (ASB\/Icraf) e Programa Proteger t\u00eam investido em treinamentos constantes de produtores, t\u00e9cnicos, estudantes e multiplicadores e na implanta\u00e7\u00e3o de propriedades de refer\u00eancia no uso de tecnologias nos sistemas de produ\u00e7\u00e3o da pecu\u00e1ria de corte e leite em todo o Estado.<\/p>\n\n\n\n

Em Xapuri e Acrel\u00e2ndia, o modelo de pecu\u00e1ria sustent\u00e1vel n\u00e3o s\u00f3 garantiu aumento da produtividade do gado de corte e leite como tamb\u00e9m evitou o desmatamento de novas \u00e1reas de floresta nativa. A popula\u00e7\u00e3o urbana tamb\u00e9m se beneficiou com a redu\u00e7\u00e3o no volume de queimadas anuais que impregnam as cidades com fuligem. H\u00e1 3 anos, os produtores comprometidos com o programa n\u00e3o fazem uso do fogo para reforma de pastagens. O sucesso da iniciativa conta com o apoio do Minist\u00e9rio das Rela\u00e7\u00f5es Exteriores da It\u00e1lia e tem atra\u00eddo produtores e autoridades p\u00fablicas de diversos estados da Amaz\u00f4nia.<\/p>\n\n\n\n

A moderniza\u00e7\u00e3o da pecu\u00e1ria tem focado a\u00e7\u00f5es de transfer\u00eancia de tecnologia adequadas \u00e0s necessidades de pequenos, m\u00e9dios e grandes produtores. Prova disso s\u00e3o os treinamentos na forma de cursos, palestras, semin\u00e1rios e monitoramento de propriedades demonstrativas que j\u00e1 permitiram a capacita\u00e7\u00e3o de mais de 1.500 pessoas entre extensionistas e produtores.<\/p>\n\n\n\n

O resultado positivo \u00e9 poss\u00edvel gra\u00e7as a um conjunto de tecnologias que envolve desde a recupera\u00e7\u00e3o de \u00e1reas degradadas, uso de gram\u00edneas e leguminosas forrageiras adaptadas \u00e0s condi\u00e7\u00f5es de clima e solo de cada propriedade, divis\u00e3o das pastagens com uso de cercas eletrificadas por energia solar, at\u00e9 o melhoramento gen\u00e9tico do rebanho com insemina\u00e7\u00e3o artificial feita pelos pr\u00f3prios produtores.<\/p>\n\n\n\n

Mantida a taxa de crescimento de 12% ao ano, observada entre 1995 e 2001, \u00e9 poss\u00edvel prever que o rebanho do Acre alcan\u00e7ar\u00e1 cerca de 4 milh\u00f5es de cabe\u00e7as em 2008. Com o n\u00edvel tecnol\u00f3gico atualmente utilizado na maioria das propriedades, o aumento de 100% do rebanho bovino implicar\u00e1 no desmatamento de 1,45 milh\u00e3o de hectares de florestas para a implanta\u00e7\u00e3o de novas \u00e1reas de pastagens no Estado, em apenas 5 anos.<\/p>\n\n\n\n

Entretanto, existem alternativas a esse cen\u00e1rio. A ado\u00e7\u00e3o das tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Acre e pelo setor privado em todas as propriedades do Estado permitir\u00e1 recuperar \u00e1reas degradadas e aumentar a capacidade de suporte das pastagens j\u00e1 existentes. Assim ser\u00e1 poss\u00edvel alimentar adequadamente um rebanho duas vezes maior do que o atual sem aumentar as press\u00f5es de desmatamento.<\/p>\n\n\n\n

Agentes financeiros como o Banco do Brasil e o Banco da Amaz\u00f4nia, respaldados por informa\u00e7\u00f5es t\u00e9cnicas de diversas institui\u00e7\u00f5es, acreditam neste cen\u00e1rio. Tanto que, o Banco do Brasil, por meio do Programa Propasto, s\u00f3 em 2003, destinou mais de R$ 9,8 milh\u00f5es para moderniza\u00e7\u00e3o da pecu\u00e1ria no Estado. Ao mesmo tempo, nos \u00faltimos dois anos, o Banco da Amaz\u00f4nia liberou outros R$ 6,8 milh\u00f5es em financiamentos para reforma de quase 7,5 mil hectares de pastagens degradadas. No entanto, ainda \u00e9 necess\u00e1rio que estas linhas de cr\u00e9dito sejam expandidas para incrementar cada vez mais o n\u00edvel tecnol\u00f3gico e assegurar a sustentabilidade da pecu\u00e1ria no Estado.<\/p>\n\n\n\n

*Judson Ferreira Valentim – Eng. Agr\u00f4n. Ph.D. pesquisador da Embrapa Acre. judson@cpafc.embrapa.br<\/em>\n<\/em><\/p>\n\n\n\n

*Carlos Maur\u00edcio Soares de Andrade – Eng. Agr\u00f4n. M.Sc. pesquisador da Embrapa Acre. mauricio@cpafac.embrapa.br<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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