{"id":2498,"date":"2009-04-02T16:45:15","date_gmt":"2009-04-02T16:45:15","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:01:59","modified_gmt":"2021-07-10T23:01:59","slug":"capim_elefante_uma_nova_fonte_alternativa_de_energia","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agropecuario\/artigo_agropecuario\/capim_elefante_uma_nova_fonte_alternativa_de_energia.html","title":{"rendered":"Capim Elefante: Uma Nova Fonte Alternativa de Energia"},"content":{"rendered":"\n

A cultura de capim-elefante (Pennisetum purpureum) \u00e9 altamente eficiente na fixa\u00e7\u00e3o de CO2 (g\u00e1s carb\u00f4nico) atmosf\u00e9rico durante o processo de fotoss\u00edntese para a produ\u00e7\u00e3o de biomassa vegetal. Esta caracter\u00edstica \u00e9 t\u00edpica de gram\u00edneas tropicais que crescem r\u00e1pidamente e otimizam o uso da \u00e1gua do solo e da energia solar para a produ\u00e7\u00e3o de biomassa vegetal.<\/p>\n\n\n\n

O capim-elefante tem sua origem da \u00c1frica. Apresenta uma grande variabilidade gen\u00e9tica, com caracter\u00edsticas vari\u00e1veis de rendimento, fotoper\u00edodo, perfilhamento, rela\u00e7\u00e3o colmo\/folha e qualidade como forragem. A sele\u00e7\u00e3o de variedades de alto rendimento e qualidade, visando fundamentalmente seu uso como forragem animal, tem sido o principal objetivo dos estudos com essa cultura.<\/p>\n\n\n\n

Por ser uma esp\u00e9cie de r\u00e1pido crescimento e de alta produ\u00e7\u00e3o de biomassa vegetal, o capim-elefante apresenta um alto potencial para uso n\u00e3o apenas como fonte alternativa de energia sen\u00e3o tamb\u00e9m para a obten\u00e7\u00e3o de carv\u00e3o vegetal usado na produ\u00e7\u00e3o industrial de ferro gusa. Al\u00e9m disso, deve-se destacar que o capim-elefante, por apresentar um sistema radicular bem desenvolvido, poderia contribuir de forma eficiente para aumentar o conte\u00fado de mat\u00e9ria org\u00e2nica do solo, ou o seq\u00fcestro de C (carbono) no solo.<\/p>\n\n\n\n

Produ\u00e7\u00e3o de biomassa<\/strong><\/p>\n\n\n\n

\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n
<\/div>\n\n\n\n

O CO2 atmosf\u00e9rico \u00e9 a fonte de C da planta para seu crescimento, utilizado atrav\u00e9s do processo fotossint\u00e9tico. Pode-se considerar que esta fonte de CO2 \u00e9 ilimitada, e, por isso, a acumula\u00e7\u00e3o de biomassa pelas plantas depender\u00e1 apenas de outros fatores que afetam o crescimento vegetal, destacando-se a disponibilidade de nutrientes minerais, as condi\u00e7\u00f5es f\u00edsicas e qu\u00edmicas do solo, a disponibilidade de \u00e1gua e adequada temperatura. Relatos de pesquisa mostram que a produ\u00e7\u00e3o anual de biomassa desta cultura pode chegar a mais de 100 Mg ha-1, desde que gen\u00f3tipos eficientes sejam utilizados e condi\u00e7\u00f5es pr\u00f3ximas das ideais sejam garantidas. Por\u00e9m, quando o capim-elefante \u00e9 cultivado para uso como fonte de energia (produ\u00e7\u00e3o de carv\u00e3o vegetal), \u00e9 interessante que os teores de P e N (nitrog\u00eanio) nos tecidos da planta sejam baixos para garantir a melhor qualidade do carv\u00e3o para uso na siderurgia. Por isso, o uso de fertilizantes deve ser racionalizado, o que faz com que os n\u00edveis de produtividade da cultura normalmente fiquem num patamar bem abaixo do potencial da cultura. A Embrapa Agrobiologia vem desenvolvendo estudos com a cultura para identificar gen\u00f3tipos capazes de acumular n\u00edveis satisfat\u00f3rios de biomassa em solos pobres em N. Nestes estudos, mostrou-se que alguns gen\u00f3tipos recebem contribui\u00e7\u00f5es significativas da fixa\u00e7\u00e3o biol\u00f3gica de nitrog\u00eanio, o que aparentemente lhes garante a condi\u00e7\u00e3o para produzir mais de 30 t\/ha\/ano de colmos secos, com m\u00ednima aplica\u00e7\u00e3o de outras fontes de nutrientes. A qualidade do material produzido tem sido considerada ideal para produ\u00e7\u00e3o de carv\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Capim-elefante para uso em siderurgia.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Em geral, o teor de C nos tecidos vegetais apresenta m\u00ednima varia\u00e7\u00e3o. Na biomassa vegetal do capim elefante o teor de C \u00e9 aproximadamente 42%, na base de mat\u00e9ria seca. Assim, uma produ\u00e7\u00e3o m\u00e9dia de biomassa seca de colmos de capim elefante de 30 t\/ha\/ano, como conseguida na Embrapa Agrobiologia, acumularia um total de 12,6 t C\/ha\/ano Se toda a biomassa \u00e9 utilizada na produ\u00e7\u00e3o de carv\u00e3o vegetal, e considerando que no processo de carvoejamento apenas 30% da biomassa se transforma em carv\u00e3o, deduz-se que cerca de 3,8 Mg C ha-1 ano-1 derivado do capim elefante tem potencial de substituir o carbono mineral usado na produ\u00e7\u00e3o de ferro gusa. Deve-se destacar que o carv\u00e3o derivado da biomassa do capim elefante serve tanto como fonte de energia como na pr\u00f3pria constitui\u00e7\u00e3o do ferro gusa.<\/p>\n\n\n\n

No caso do carv\u00e3o da biomassa de capim elefante substituir, por exemplo, 200.000 toneladas por ano de carv\u00e3o mineral, quantidade m\u00e9dia usada na ind\u00fastria sider\u00fargica de m\u00e9dio porte, pode-se deduzir que o potencial de substitui\u00e7\u00e3o de C derivado do capim elefante seria de 84.000 toneladas de C\/ano, o equivalente a 308.000 toneladas de CO2 \/ano. Para isso seriam necess\u00e1rios 12 mil ha plantados com o esta cultura.<\/p>\n\n\n\n

Faltaria ainda avaliar a possibilidade de se produzir carv\u00e3o vegetal incluindo-se as folhas, pois a rela\u00e7\u00e3o colmo\/folha desta cultura pode variar entre gen\u00f3tipos, assunto que tamb\u00e9m est\u00e1 sendo estudado na Embrapa Agrobiologia em n\u00edvel de campo. Os dados obtidos na \u00e1rea experimental da Embrapa Agrobiologia indicam que nas variedades Gramafante, Cameroon Piracicaba e BAG 02, selecionadas durante 10 anos de pesquisa em coopera\u00e7\u00e3o com a Embrapa Gado de Leite, a rela\u00e7\u00e3o colmo\/folha varia de 1,5 a 2,7. Caso o processo de carvoejamento permita o processamento de folhas sem diminui\u00e7\u00e3o da efici\u00eancia, o potencial de produ\u00e7\u00e3o de carv\u00e3o por hectare para uso em siderurgia aumentaria em 60 a 100%.<\/p>\n\n\n\n

Impacto econ\u00f4mico<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O protocolo de Quioto, assinado por 170 pa\u00edses em 1997, visa reduzir as emiss\u00f5es de CO2 para a atmosfera para valores equivalentes aos observados em 1990. Os pa\u00edses europeus, signat\u00e1rios do Protocolo, dever\u00e3o ter suas metas de emiss\u00e3o atingidas em 2005. Essa determina\u00e7\u00e3o fez com que o chamado \u201cmercado de comodities de carbono\u201d ganhasse maior import\u00e2ncia. A id\u00e9ia \u00e9 a de que pa\u00edses com altos n\u00edveis de emiss\u00e3o de CO2 possam comprar cr\u00e9ditos de C de pa\u00edses que sejam considerados n\u00e3o poluidores e que estejam adotando pr\u00e1ticas que permitam seq\u00fcestrar ainda mais C da atmosfera. Em outras palavras os poluidores pagar\u00e3o para que outros pa\u00edses fa\u00e7am o seq\u00fcestro de C para eles. Embora represente um \u00f4nus para os pa\u00edses poluidores, o mercado de C permite que rapidamente consigam cumprir as metas com Quioto sem que sofram impactos negativos pela obrigatoriedade de reduzir suas atividades (industriais, urbanas, agr\u00edcolas etc) que respondem pelas emiss\u00f5es de CO2 atuais.<\/p>\n\n\n\n

O mercado de comodities de C de empresas europ\u00e9ias considera um pre\u00e7o de US$ 10.oo d\u00f3lares por tonelada de CO2 seq\u00fcestrado ou pela redu\u00e7\u00e3o na emiss\u00e3o. Assim, baseado nos dados apresentados acima, pode-se estimar que uma empresa de minera\u00e7\u00e3o seq\u00fcestrando ou deixando de emitir o equivalente a 308.000 toneladas de CO2 ano-1, poderia captar cerca de US$ 3.080.000.oo a cada ano somente por este mecanismo. Adicionalmente, deve-se destacar que existem fortes ind\u00edcios de que produtos que utilizam fontes de energia renov\u00e1vel ter\u00e3o um valor agregado que facilitar\u00e1 sua inser\u00e7\u00e3o em novos mercados com melhores pre\u00e7os.<\/p>\n\n\n\n

No Pa\u00eds, do ponto de vista socio-econ\u00f4mico, a inser\u00e7\u00e3o da cultura de Capim elefante como fonte de energia renov\u00e1vel contribuir\u00e1 significativamente no agronegocio, diversificando a economia, como tamb\u00e9m aumentado sensivelmente a fonte de empregos. <\/p>\n\n\n\n

Fonte: Embrapa Agrobiologia. Serop\u00e9dica, RJ.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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