{"id":2408,"date":"2009-02-02T10:24:37","date_gmt":"2009-02-02T10:24:37","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:32:59","modified_gmt":"2021-07-10T23:32:59","slug":"os_viloes_do_desperdicio","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/residuos\/artigos\/os_viloes_do_desperdicio.html","title":{"rendered":"Os vil\u00f5es do desperd\u00edcio"},"content":{"rendered":"\n

O transporte de frutas e hortali\u00e7as \u00e9 uma das principais etapas do processo que vai da produ\u00e7\u00e3o ao consumo desses alimentos. A falta de uma estrat\u00e9gia de log\u00edstica adequada, aliada \u00e0s m\u00e1s condi\u00e7\u00f5es das estradas, faz com que 20% da safra colhida sejam desperdi\u00e7ados no caminho entre a lavoura e o consumidor final, ou seja, de cada 10 frutas transportadas, 2 n\u00e3o podem ser consumidas.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m do desperd\u00edcio, os produtos encarecem significativamente at\u00e9 chegarem \u00e0 mesa do consumidor. Os meios de transporte prec\u00e1rios, a utiliza\u00e7\u00e3o de ve\u00edculos sem manuten\u00e7\u00e3o peri\u00f3dica e o uso de embalagens inadequadas contribuem para a prolifera\u00e7\u00e3o de fungos e bact\u00e9rias que aceleram a deteriora\u00e7\u00e3o dos hortifrutis e diminuem sua vida de prateleira. No trajeto entre o produtor e as feiras livres os alimentos t\u00eam um aumento de 32% nos pre\u00e7os para o p\u00fablico final.
Sem as perdas no transporte, uma caixa de banana poderia custar cerca de 10% menos nas CEASAS.<\/p>\n\n\n\n

Os alimentos frescos s\u00e3o produtos vivos que apresentam metabolismo intenso, ou seja, sua estrutura f\u00edsica e qu\u00edmica se modifica mesmo na p\u00f3s-colheita. As mudan\u00e7as de temperatura e umidade sofridas pelas hortifrutis at\u00e9 o ponto de chegada no varejo s\u00e3o respons\u00e1veis pela perda de grande parte da produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola brasileira. A adequa\u00e7\u00e3o da embalagem, neste caso, acaba se tornando o principal instrumento de prote\u00e7\u00e3o contra esses fatores externos.<\/p>\n\n\n\n

O uso de caixas de madeira, por exemplo, n\u00e3o segue o que \u00e9 estabelecido pela nova Lei \u2013 a Instru\u00e7\u00e3o Normativa N\u00b09, de 12\/05\/03 \u2013 que estabelece que as embalagens devam ser descart\u00e1veis ou retorn\u00e1veis; se retorn\u00e1veis, devem ser higienizadas a cada uso.<\/p>\n\n\n\n

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As embalagens, se descart\u00e1veis, devem ser recicl\u00e1veis ou de incinerabilidade limpa. Devem, ainda, ter medidas paletiz\u00e1veis e serem rotuladas, obedecendo \u00e0 regulamenta\u00e7\u00e3o do Governo Federal.<\/p>\n\n\n\n

A Central de Embalagens (CE) j\u00e1 desenvolve um projeto na Companhia de Entrepostos e Armaz\u00e9ns Gerais de S\u00e3o Paulo (CEAGESP) que visa garantir a higieniza\u00e7\u00e3o de embalagens pl\u00e1sticas conforme pede a Lei. Este programa, sob a coordena\u00e7\u00e3o do Centro de Qualidade em Horticultura do entreposto, limpa e repara as caixas pl\u00e1sticas para que elas possam ser reutilizadas. A Central aluga essas embalagens pelo contrato m\u00ednimo de 24 meses. Como elas s\u00e3o reutiliz\u00e1veis, o custo de sua loca\u00e7\u00e3o \u00e9 amortizado facilmente ao longo de sua vida \u00fatil. \u201cEm compara\u00e7\u00e3o com outros tipos, essas caixas, confeccionadas em polietileno, oferecem maior durabilidade e resist\u00eancia mec\u00e2nica, s\u00e3o totalmente recicl\u00e1veis e ergonom\u00e9tricas, n\u00e3o apresentam arestas que podem machucar o produto, al\u00e9m de n\u00e3o absorverem \u00e1gua, dificultando a prolifera\u00e7\u00e3o de microorganismos\u201d, diz Luis Anselmo Ribeiro, coordenador do pavilh\u00e3o de higieniza\u00e7\u00e3o da CE instalado na Companhia. \u201cHoje, a CE higieniza, em m\u00e9dia, 50 mil caixas por m\u00eas somente na CEAGESP\u201d, completa.<\/p>\n\n\n\n

A CE utiliza esse tipo de higieniza\u00e7\u00e3o somente em caixas de pl\u00e1stico de polietileno. Segundo Ribeiro, se as embalagens de papel\u00e3o forem higienizadas elas molham e ficam danificadas e as madeira levam at\u00e9 tr\u00eas dias para secar, por isso, n\u00e3o s\u00e3o recomend\u00e1veis para esse processo. \u201cAl\u00e9m disso, por ficarem \u00famidas, acabam sendo hospedeiras de fungos e bact\u00e9rias\u201d, acrescenta.<\/p>\n\n\n\n

Para Henrique Lewi, diretor comercial da Politeno, empresa petroqu\u00edmica que produz resinas termopl\u00e1sticas (polietilenos) muito utilizadas na produ\u00e7\u00e3o de embalagens flex\u00edveis e r\u00edgidas, entre outras aplica\u00e7\u00f5es, com a nova legisla\u00e7\u00e3o, as embalagens de madeira ser\u00e3o substitu\u00eddas pelas pl\u00e1sticas. \u201cAt\u00e9 se adequarem \u00e0s novas exig\u00eancias da Lei, as embalagens ainda n\u00e3o precisar\u00e3o ser mudadas, mas as de madeira obrigatoriamente n\u00e3o poder\u00e3o ser mais retorn\u00e1veis, o que certamente provocar\u00e1 um avan\u00e7o das caixas pl\u00e1sticas por ser este um material barato, resistente, poss\u00edvel de higieniza\u00e7\u00e3o e paletiz\u00e1vel\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Segundo Anita Gutierrez, Coordenadora do Centro de Qualidade do CEAGESP, a receita para danificar e causar perdas de frutas e hortali\u00e7as frescas resume-se em cinco ingredientes: \u201cO transporte completamente inadequado aliado ao uso de embalagens \u00e1speras s\u00e3o dois dos principais motivos para gerar o desperd\u00edcio de alimentos no Brasil. Al\u00e9m disso, acrescentamos o excesso de manuseio, a exposi\u00e7\u00e3o dos alimentos a granel e o ambiente de conserva\u00e7\u00e3o e exposi\u00e7\u00e3o quente e seco\u201d.<\/p>\n\n\n\n

O Brasil ainda n\u00e3o possui cultura suficiente para investir em embalagem, log\u00edstica e armazenamento de alimentos perec\u00edveis. \u201cO agricultor pode fazer um grande esfor\u00e7o durante a produ\u00e7\u00e3o para oferecer um alimento de qualidade e ter todo o trabalho facilmente destru\u00eddo nos elos seguintes\u201d, completa.<\/p>\n\n\n\n

No Pa\u00eds, poucos produtos s\u00e3o armazenados para a comercializa\u00e7\u00e3o por um longo tempo. A grande exce\u00e7\u00e3o \u00e9 a ma\u00e7\u00e3 colhida de Fevereiro a Mar\u00e7o e dispon\u00edvel durante o ano todo. Apesar disso, a perda de peso de frutas e ra\u00edzes pode chegar a 15% em quatro dias ap\u00f3s a colheita, em temperatura e umidade ambientes. \u201cA solu\u00e7\u00e3o \u00e9 desenvolver um ambiente climatizado, com temperatura em torno de 15\u00baC, umidade relativa de 80 a 85% e constante renova\u00e7\u00e3o do ar\u201d, sugere a coordenadora.<\/p>\n\n\n\n

Na Europa e nos Estados Unidos, a Lei do manuseio m\u00ednimo \u00e9 obedecida com rigor. A exposi\u00e7\u00e3o dos produtos \u00e9 feita na embalagem que vem do produtor. \u201cAqui a impress\u00e3o de fartura e a vantagem de menor reposi\u00e7\u00e3o (quanto maior a quantidade de produto exposto, menos o funcion\u00e1rio tem que comparecer ao setor) faz com que o sistema n\u00e3o funcione como nos paises europeus. O alimento fica deteriorado e \u00e9 descartado porque perde seu valor comercial\u201d, afirma Anita. \u00c9 necess\u00e1ria a implanta\u00e7\u00e3o de um programa que abarque desde a moderniza\u00e7\u00e3o de cada etapa do processo at\u00e9 a inova\u00e7\u00e3o das t\u00e9cnicas de cada elo da cadeia produtiva. \u201cEssas mudan\u00e7as melhorariam todo o processo existente\u201d, conclui.<\/p>\n\n\n\n

Elaine Rebesco – Jornalista
\nFonte: Revista Eco 21, Ano XIV, Edi\u00e7\u00e3o 96, Novembro 2004. (www.eco21.com.br) <\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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