{"id":2369,"date":"2009-02-02T17:46:39","date_gmt":"2009-02-02T17:46:39","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:32:55","modified_gmt":"2021-07-10T23:32:55","slug":"lodo_de_esgoto","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/residuos\/artigos\/lodo_de_esgoto.html","title":{"rendered":"Lodo de Esgoto"},"content":{"rendered":"\n

Lodo de esgoto \u00e9 um res\u00edduo rico em mat\u00e9ria org\u00e2nica gerado durante o tratamento das \u00e1guas residu\u00e1rias nas Esta\u00e7\u00f5es de Tratamento de Esgotos (ETEs). Bioss\u00f3lido \u00e9 o nome dado ao lodo de esgoto, tratado ou processado, com caracter\u00edsticas que permitam sua reciclagem de maneira racional e ambientalmente segura.<\/p>\n\n\n\n

O Uso Agr\u00edcola do Lodo de Esgoto<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A principal op\u00e7\u00e3o para reciclagem de bioss\u00f3lidos \u00e9 o seu uso como condicionador de solos agr\u00edcolas. Entretanto, a poss\u00edvel presen\u00e7a de poluentes como metais pesados, pat\u00f3genos e compostos org\u00e2nicos persistentes s\u00e3o fatores que podem provocar impactos ambientais negativos. V\u00e1rios pa\u00edses do mundo utilizam bioss\u00f3lido na agricultura, seguindo regulamenta\u00e7\u00f5es espec\u00edficas baseadas em resultados obtidos em estudos de avalia\u00e7\u00e3o de risco. No Brasil, ainda n\u00e3o existe uma regulamenta\u00e7\u00e3o para a adi\u00e7\u00e3o do res\u00edduo ao solo. Resultados de estudos que determinem riscos ambientais a curto e longo prazo, para nossas condi\u00e7\u00f5es edafo-clim\u00e1ticas, s\u00e3o essenciais para subsidiar uma regulamenta\u00e7\u00e3o nacional.<\/p>\n\n\n\n

ETEs e o Lodo de Esgoto<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O crescimento urbano do Brasil ocorreu de modo desordenado, resultando na forma\u00e7\u00e3o de cidades sem infra-estrutura e sem disponibilidade de servi\u00e7os urbanos capazes de comportar a popula\u00e7\u00e3o. Com isso, os grandes centros urbanos concentram tamb\u00e9m os maiores problemas ambientais. Neste contexto, h\u00e1 alguns anos atr\u00e1s, a maioria das cidades brasileiras jogava seu esgoto diretamente nas cole\u00e7\u00f5es h\u00eddricas, poluindo-as e resultando em situa\u00e7\u00f5es ca\u00f3ticas como a do rio Tiet\u00ea em S\u00e3o Paulo. Para tentar reverter ou ao menos amenizar o problema, foram criadas pol\u00edticas de incentivo ao saneamento b\u00e1sico e \u00e0 instala\u00e7\u00e3o de Esta\u00e7\u00f5es de Tratamento de Esgotos (ETEs) nas cidades, para que as \u00e1guas residu\u00e1rias sejam coletadas e tratadas devidamente antes da devolu\u00e7\u00e3o aos mananciais. Recentemente, na confer\u00eancia que ficou conhecida como Rio+10 em Joanesburgo, os pa\u00edses participantes estabeleceram metas a serem atingidas a respeito do aumento do tratamento de esgotos em prol da conserva\u00e7\u00e3o do meio ambiente.<\/p>\n\n\n\n

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Com a instala\u00e7\u00e3o das ETEs, um novo problema ambiental \u00e9 gerado: a disposi\u00e7\u00e3o do lodo de esgoto, res\u00edduo produzido durante o processo de tratamento das \u00e1guas residu\u00e1rias.<\/p>\n\n\n\n

Disposi\u00e7\u00e3o do Lodo de Esgoto em Solo Agr\u00edcola<\/strong><\/p>\n\n\n\n

No Brasil, a disposi\u00e7\u00e3o final do lodo geralmente \u00e9 o aterro sanit\u00e1rio. Al\u00e9m do alto custo, que pode chegar a 50 % do custo operacional de uma ETE, a disposi\u00e7\u00e3o de um res\u00edduo com elevada carga org\u00e2nica no aterro, agrava ainda mais o problema com o manejo do lixo urbano. Em pa\u00edses da Europa e Am\u00e9rica do Norte, o lodo geralmente \u00e9 incinerado, depositado em aterros sanit\u00e1rios ou utilizado em \u00e1reas agr\u00edcolas, dependendo das caracter\u00edsticas do res\u00edduo. Na maioria dos pa\u00edses existem normas que regulamentam o destino do lodo, garantindo uma disposi\u00e7\u00e3o segura. A adi\u00e7\u00e3o ao solo parece ser a melhor op\u00e7\u00e3o sob o ponto de vista econ\u00f4mico e ambiental, uma vez que apresenta o menor custo e promove a reciclagem de mat\u00e9ria org\u00e2nica e nutrientes.<\/p>\n\n\n\n

No Brasil o uso agr\u00edcola de bioss\u00f3lidos ainda n\u00e3o foi amplamente difundido, entretanto j\u00e1 faz parte de programas nacionais de controle de impactos ambientais. A Agenda 21 Brasileira possui uma \u00e1rea tem\u00e1tica intitulada \u201cAgricultura Sustent\u00e1vel\u201d, onde v\u00e1rios aspectos da atual situa\u00e7\u00e3o da agricultura brasileira s\u00e3o abordados. A necessidade da recupera\u00e7\u00e3o de solos erodidos e empobrecidos \u00e9 amplamente discutida. Uma das pr\u00e1ticas para conserva\u00e7\u00e3o e recupera\u00e7\u00e3o dos solos incentivada \u00e9 o uso de lodo de esgotos dom\u00e9sticos em solos agr\u00edcolas, mediante a garantia de que n\u00e3o ocorram impactos ambientais negativos. V\u00e1rios estudos no Brasil comprovaram a efic\u00e1cia do uso agr\u00edcola de bioss\u00f3lidos. Entretanto, a poss\u00edvel presen\u00e7a de poluentes como metais pesados, pat\u00f3genos e compostos org\u00e2nicos persistentes s\u00e3o fatores que podem provocar impactos ambientais negativos. O nitrato tamb\u00e9m representa um problema devido \u00e0 falta de sincronismo entre sua mineraliza\u00e7\u00e3o e a absor\u00e7\u00e3o pelas plantas, resultando em risco de contamina\u00e7\u00e3o do len\u00e7ol fre\u00e1tico. Uma vez adicionados ao solo, alguns dos poluentes podem entrar na cadeia alimentar ou acumular-se no pr\u00f3prio solo, no ar, nas \u00e1guas superficiais, nos sedimentos e nas \u00e1guas subterr\u00e2neas. Portanto, \u00e9 necess\u00e1ria uma rigorosa regulamenta\u00e7\u00e3o para a adi\u00e7\u00e3o do res\u00edduo ao solo, bem como estudos que determinem riscos ambientais a curto e longo prazos.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Adriana M. M. Pires (adriana@cnpma.embrapa.br)
\nPesquisadora da Embrapa Meio Ambiente<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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