{"id":2367,"date":"2009-02-02T17:30:45","date_gmt":"2009-02-02T17:30:45","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:32:58","modified_gmt":"2021-07-10T23:32:58","slug":"carvao_feito_de_lixo_e_realidade_na_europa","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/residuos\/artigos\/carvao_feito_de_lixo_e_realidade_na_europa.html","title":{"rendered":"Carv\u00e3o feito de lixo \u00e9 realidade na Europa"},"content":{"rendered":"\n

Desde julho de 1997, j\u00e1 est\u00e1 em funcionamento, na Alemanha, uma usina que processa 140.000 toneladas de lixo por ano e produz, concomitantemente, combust\u00edvel, a partir da biomassa.<\/p>\n\n\n\n

Trata-se da Tecnologia de Reprocessamento de Combust\u00edvel que, al\u00e9m da Alemanha e It\u00e1lia (Veneza), j\u00e1 em pleno funcionamento, tem outras usinas sendo constru\u00eddas tamb\u00e9m na B\u00e9lgica e na pr\u00f3pria Alemanha, que dever\u00e3o estar operando a partir de 2005.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o tenho d\u00favidas em afirmar que, conforme estas usinas sejam instaladas pelo Mundo, aos poucos vamos nos livrar dos terr\u00edveis “lix\u00f5es”, graves focos de prolifera\u00e7\u00e3o de doen\u00e7as que chegam at\u00e9 a atrapalhar o turismo, por incr\u00edvel que pare\u00e7a. Em Israel, por exemplo, h\u00e1 poucos anos, um amigo de l\u00e1 brincou comigo quando pass\u00e1vamos em frente a uma verdadeira montanha de lixo \u2013 que eles chamam de algo parecido com o “Monte da Vergonha” – fechando as janelas do carro, por causa do cheiro, e mostrando-me a bela paisagem do outro lado da estrada, tentando me despistar.<\/p>\n\n\n\n

E \u00e9 assim por todo o planeta, inclusive no Brasil, com algumas exce\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

Por aqui, poucos governos t\u00eam mostrado firme preocupa\u00e7\u00e3o em realmente evoluir nesta \u00e1rea. Em recente declara\u00e7\u00e3o a Ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, afirmou que dar\u00e1 prioridade ao problema este ano. Mas como lixo \u00e9 diretamente um problema municipal, cabe \u00e0s prefeituras buscarem as solu\u00e7\u00f5es. E como quase todas est\u00e3o sem capacidade financeira e muitas sem capacidade administrativa e gerencial, com muitos prefeitos sem possibilidades de montarem equipes eficientes, o problema s\u00f3 tende a se agravar.<\/p>\n\n\n\n

O governo mineiro \u00e9 dos poucos que tenta avan\u00e7ar na quest\u00e3o, dando prazo at\u00e9 30 de julho deste ano para que centenas de prefeituras se enquadrem nas diretrizes b\u00e1sicas estabelecidas pelo Conselho Estadual de Pol\u00edtica Ambiental para gerenciamento dos seus “lix\u00f5es”.<\/p>\n\n\n\n

Bem que se poderia come\u00e7ar a pensar grande no Brasil e, ao inv\u00e9s de paliativos, partirmos logo para a implanta\u00e7\u00e3o de tecnologias que acabem com dep\u00f3sitos de lixo a c\u00e9u aberto e passem a gerar energia limpa, como nesse processo bem testado e em funcionamento.<\/p>\n\n\n\n

Nesse conceito, lixo n\u00e3o \u00e9 mais lixo, mas mat\u00e9ria-prima que ser\u00e1 convertida em combust\u00edvel “verde” ap\u00f3s seu processamento em quatro etapas.<\/p>\n\n\n\n

Primeiro o lixo \u00e9 secado, por processo biol\u00f3gico, depois devidamente separado, recebe alguns aditivos e finalmente \u00e9 prensado.<\/p>\n\n\n\n

No processamento biol\u00f3gico de secagem, o que n\u00e3o pode ficar \u00e9 removido e o remanescente fica quase totalmente isento de umidade. Depois o lixo \u00e9 colocado em recipientes espec\u00edficos. Todos os materiais inertes (pedra, vidro, areia, ferro, metais n\u00e3o-ferrosos e baterias) s\u00e3o separados para futuro reprocessamento ou reciclagem. O lixo separado e seco \u00e9, ent\u00e3o, reduzido a p\u00f3. O p\u00f3 \u00e9 misturado com produtos da biomassa e com aditivos espec\u00edficos, dependendo da sua utiliza\u00e7\u00e3o final. A massa combust\u00edvel \u00e9 prensada em paletas de tamanhos diferentes, tamb\u00e9m dependendo do uso final.<\/p>\n\n\n\n

Hoje em dia, com as possibilidades inclusive de comercializa\u00e7\u00e3o dos chamados “cr\u00e9ditos de carbono”, pode-se pensar em projetos desta esp\u00e9cie que juntem na negocia\u00e7\u00e3o, por exemplo, uma empresa nacional, uma ou mais prefeituras, uma empresa internacional detentora da tecnologia e um governo estrangeiro que se interesse pelos “cr\u00e9ditos de carbono”. Os governos da Europa Ocidental, atrav\u00e9s de esfor\u00e7os para a implanta\u00e7\u00e3o de tecnologias como esta, mostram que querem cumprir os prazos para se adequarem ao Protocolo de Kioto, que estabelece prazos e objetivos claros na busca de melhoria da qualidade ambiental, e devem ser procurados.<\/p>\n\n\n\n

Mas com as condi\u00e7\u00f5es favor\u00e1veis que j\u00e1 temos no Brasil, certamente h\u00e1 empresas estrangeiras prontas a estudarem propostas para aqui investirem nesta \u00e1rea, administrando o lixo de cidades em troca de poderem process\u00e1-lo.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m de todas as vantagens j\u00e1 citadas, esta tecnologia traria outras, super-significativas, n\u00e3o s\u00f3 para Minas Gerais mas para todas as regi\u00f5es do Brasil onde se planta eucalipto – e sabemos a que custo ambiental \u2013 para produ\u00e7\u00e3o do carv\u00e3o que \u00e9 utilizado na minera\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

As consequ\u00eancias sociais, pessoais, financeiras e patrimoniais para todos os que tratam mal os ambientes est\u00e3o se agravando de forma firme e acelerada. E j\u00e1 n\u00e3o se admite facilmente a irresponsabilidade social.<\/p>\n\n\n\n

Por Fernando Guida
\nConsultor, Economista e Professor
\nFonte: Jornal Estado de Minas, dia 14\/01\/2004.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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