{"id":2355,"date":"2009-01-30T17:09:35","date_gmt":"2009-01-30T17:09:35","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:33:01","modified_gmt":"2021-07-10T23:33:01","slug":"o_lixo_e_o_fator_10","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/residuos\/artigos\/o_lixo_e_o_fator_10.html","title":{"rendered":"O lixo e o Fator 10"},"content":{"rendered":"\n

Esfor\u00e7os internacionais convocam governos, empresas e sociedade civil para adotar o \u201cFator 10\u201d, isto \u00e9, aumentar em 10 vezes a eco-efici\u00eancia no processo produtivo nos pr\u00f3ximos 30 anos, buscando um desenvolvimento que promova o progresso das gera\u00e7\u00f5es presentes, mas que tamb\u00e9m garanta o das gera\u00e7\u00f5es futuras.<\/p>\n\n\n\n

Em 1900 havia 1,5 bilh\u00e3o de pessoas no mundo. Hoje existem seis bilh\u00f5es. A \u201cpegada ecol\u00f3gica\u201d conceito surgido na d\u00e9cada passada, fornece uma medida aproximada do impacto que a produ\u00e7\u00e3o e o consumo de materiais, de alimentos, de combust\u00edveis, etc., est\u00e1 tendo sobre o ambiente, mostrando a dimens\u00e3o das armadilhas criadas pela civiliza\u00e7\u00e3o moderna para si mesma.<\/p>\n\n\n\n

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A economia do \u201cjogar fora\u201d est\u00e1 come\u00e7ando a dar sinais de transforma\u00e7\u00e3o. A Bahia que recicla 21% do seu lixo, ainda tem mais de 90% das suas cidades sem esgotamento sanit\u00e1rio. Os esgotos s\u00e3o levados para as fossas ou despejados nas \u00e1guas dos rios que abastecem campos e as cidades. Segundo a Organiza\u00e7\u00e3o Mundial de Sa\u00fade – OMS, 80% de todas as doen\u00e7as nos pa\u00edses em desenvolvimento adv\u00eam do consumo de \u00e1gua contaminada.<\/p>\n\n\n\n

O conceito da minimiza\u00e7\u00e3o de res\u00edduos, antes da reciclagem, pode ser inclu\u00eddo nas pol\u00edticas de compras p\u00fablicas nos tr\u00eas n\u00edveis: federal, estadual e municipal, estimulando o mercado nesta dire\u00e7\u00e3o. Mecanismos sintonizados com o \u201cFator 10\u201d, se introduzidos na Lei das licita\u00e7\u00f5es, induzir\u00e3o \u00e0 aquisi\u00e7\u00e3o de produtos eco-eficientes pelos governos. Fica a sugest\u00e3o para os congressistas eleitos e para os reeleitos.<\/p>\n\n\n\n

Dados curiosos demonstram o estrago que, inadvertidamente, estamos causando ao Planeta. John Young, pesquisador da organiza\u00e7\u00e3o n\u00e3o-governamental Worldwatch Institute – WWI, calculou que para criar um simples par de alian\u00e7as de ouro, s\u00e3o processados materiais equivalentes a um buraco de tr\u00eas metros de comprimento, por um e meio de largura e um e meio de profundidade. Tivemos duas grandes revolu\u00e7\u00f5es em termos de mudan\u00e7as nas atividades econ\u00f4micas, afirmou o cientista Lester Brown, fundador do WWI, em entrevista nas p\u00e1ginas amarelas da Veja. \u201cA primeira foi a revolu\u00e7\u00e3o agr\u00edcola, h\u00e1 dez mil anos. A segunda foi a industrial, que come\u00e7ou h\u00e1 dois s\u00e9culos.<\/p>\n\n\n\n

Estamos agora diante de outra grande reestrutura\u00e7\u00e3o, que chamamos de revolu\u00e7\u00e3o ambiental. A diferen\u00e7a \u00e9 que uma durou muitos mil\u00eanios e a outra, dois s\u00e9culos. A revolu\u00e7\u00e3o ambiental precisar\u00e1 acontecer em poucas d\u00e9cadas se quiser resultados\u201d. Cerca de 150 mil brasileiros hoje vivem da coleta de latas de alum\u00ednio e geram uma renda que varia de R$ 200 a 600\/m\u00eas. 45 latas de alum\u00ednio podem ser trocadas por um quilo de feij\u00e3o e 35 por um quilo de arroz.<\/p>\n\n\n\n

Cerca de 65% das latas de alum\u00ednio e 21% dos vasilhames de refrigerante (Pets) s\u00e3o reciclados no Brasil, o resto, com o nome one way (via \u00fanica), n\u00e3o voltam para as f\u00e1bricas. Ficam nas praias, ruas e rios; s\u00e3o parte do velho paradigma econ\u00f4mico do \u201cjogar fora\u201d.<\/p>\n\n\n\n

A econologia – vis\u00e3o socioecon\u00f4mico-ecol\u00f3gica integrada – ajuda na montagem da nova equa\u00e7\u00e3o. O \u201cFator 10\u201d \u00e9 um aliado do programa \u201cFome Zero\u201d, prioridade do governo eleito. Pode ajudar na redu\u00e7\u00e3o da fome e ir al\u00e9m, gerando o lucro social, econ\u00f4mico e ecol\u00f3gico, integrados.<\/p>\n\n\n\n

A polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica mata tr\u00eas vezes mais que o tr\u00e2nsito. Pequenas part\u00edculas com dez micr\u00f4metros de di\u00e2metro (1\/2.400 de uma polegada) ou menores, podem se alojar nas alve\u00f3las do pulm\u00e3o, como afirma o cientista Bernie Fischlowitz-Roberts, pesquisador do Earth Policy Institute – EPI. Na prov\u00edncia canadense de Ont\u00e1rio a polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica custa aos contribuintes cerca US$ 1 bi\/ano em hospitaliza\u00e7\u00f5es, emerg\u00eancias e aus\u00eancias ao trabalho.<\/p>\n\n\n\n

Quanto ser\u00e1 que custa a polui\u00e7\u00e3o do ar, da terra e da \u00e1gua, aos cofres p\u00fablicos aqui? A River Rouge, f\u00e1brica da Ford em Michigan, considerada um emblema da Segunda Revolu\u00e7\u00e3o Industrial h\u00e1 70 anos, foi modernizada. A Ford investiu US$ 2 bilh\u00f5es na sua reforma transformando o telhado de 4 ha num \u201cteto vivo\u201d, uma \u00e1rea plantada que baixa o custo de refrigera\u00e7\u00e3o do ambiente interno, enquanto clarab\u00f3ias inundam a f\u00e1brica de luz natural. Os economistas e engenheiros gostaram das mudan\u00e7as tanto quanto os ecologistas.<\/p>\n\n\n\n

Deram os primeiros passos. \u201cA mente que se abre a uma nova id\u00e9ia jamais voltar\u00e1 ao tamanho original\u201d, lembrava Einstein.<\/p>\n\n\n\n

Como a River Rouge, os carros que hoje poluem, poder\u00e3o no futuro pr\u00f3ximo ser modernizados, substitu\u00eddos por ve\u00edculos F-10 (Fator 10), movidos a combust\u00edveis limpos, eco-eficientes, levando as montadoras a usar a imagem dos seus presidentes, nas telas da TV, para mostrar os seus investimentos na melhoria da qualidade de vida da popula\u00e7\u00e3o, com a redu\u00e7\u00e3o do n\u00edvel de polui\u00e7\u00e3o na atmosfera urbana.<\/p>\n\n\n\n

Cada cidad\u00e3o \u00e9 parte ativa neste processo, o consumo sustent\u00e1vel pede a sua aten\u00e7\u00e3o e o seu voto. O papel de um jornal pode ser mais um item no seu lixo do dia, ou, pode entrar no \u201cFator 10\u201d da sua casa ou trabalho. Este \u00e9 um dos muitos recicl\u00e1veis com os quais temos contato no dia-a-dia, materiais que podem gerar neg\u00f3cios – emprego e renda – ajudando a reduzir a fome, a manter o Hospital do C\u00e2ncer ou tantos outros \u00e0 sua escolha. O poder do voto s\u00f3 \u00e9 lembrado quando somos convocados compulsoriamente para elei\u00e7\u00f5es, de dois em dois anos. Voto \u00e9 exerc\u00edcio da vontade, continua v\u00e1lido todos os dias. A livre escolha \u00e9 nossa.<\/p>\n\n\n\n

Eduardo Athayde
\nDiretor da UMA – Universidade Livre da Mata Atl\u00e2ntica e do WWI – Worldwatch Institute no Brasil <\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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