{"id":2301,"date":"2009-01-14T13:57:52","date_gmt":"2009-01-14T13:57:52","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:35:04","modified_gmt":"2021-07-10T23:35:04","slug":"doencas_tropicais_-_leishmaniose","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/natural\/doencas_tropicais\/doencas_tropicais_-_leishmaniose.html","title":{"rendered":"Doen\u00e7as Tropicais – Leishmaniose"},"content":{"rendered":"\n

A Leishmaniose Visceral \u00e9 tamb\u00e9m conhecida como Calazar, Esplenomegalia Tropical, Febre Dundun, dentre outras denomina\u00e7\u00f5es menos conhecidas. \u00c9 uma zoonose que afeta outros animais al\u00e9m do homem. \u00c9 uma doen\u00e7a cr\u00f4nica sist\u00eamica, caracterizada por febre de longa dura\u00e7\u00e3o e outras manifesta\u00e7\u00f5es, e, quando n\u00e3o tratada, evolui para \u00f3bito, em 1 ou 2 anos ap\u00f3s o aparecimento da sintomatologia. Sua transmiss\u00e3o, inicialmente silvestre ou concentrada em pequenas localidades rurais, j\u00e1 est\u00e1 ocorrendo em centros urbanos de m\u00e9dio porte, em \u00e1rea domiciliar ou peri-domiciliar. \u00c9 um crescente problema de sa\u00fade p\u00fablica no pa\u00eds (encontra-se distribu\u00edda em 17 estados) e em outras \u00e1reas do continente americano, sendo uma endemia em franca expans\u00e3o geogr\u00e1fica. Tem-se registrado cerca de 2.000 casos, por ano, no pa\u00eds, com letalidade em torno de 10%.<\/p>\n\n\n\n

Agente etiol\u00f3gico<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Protozo\u00e1rio da fam\u00edlia tripanosomatidae, g\u00eanero Leishmania . Seu ciclo evolutivo \u00e9 caracterizado por apresentar duas formas: a amastigota, que \u00e9 obrigatoriamente parasita intracelular em vertebrados, e a forma promast\u00edgota, que se desenvolve no tubo digestivo dos vetores invertebrados e em meios de culturas artificiais.<\/p>\n\n\n\n

Agente transmissor<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A Leishmaniose Visceral \u00e9 uma antropozoonose transmitida pelo inseto hemat\u00f3fago fleb\u00f3tomo Lutzomia longipalpis , mosquito de pequeno tamanho, cor de palha, grandes asas pilosas dirigidas para tr\u00e1s e para cima, cabe\u00e7a fletida para baixo, aspecto giboso do corpo e longos palpos maxilares. Seu habitat \u00e9 o domic\u00edlio e o peridomic\u00edlio humano onde se alimenta de sangue do c\u00e3o, do homem, de outros mam\u00edferos e aves. <\/p>\n\n\n\n

Sintomas<\/strong><\/p>\n\n\n\n

As manifesta\u00e7\u00f5es cl\u00ednicas da leishmaniose visceral refletem o equil\u00edbrio entre a multiplica\u00e7\u00e3o dos parasitos nas c\u00e9lulas do Sistema Fagoc\u00edtico Mononuclear (SFM), a resposta imunit\u00e1ria do indiv\u00edduo e as altera\u00e7\u00f5es degenerativas resultantes desse processo. Observa-se que muitos infectados apresentam forma inaparente ou oligossintom\u00e1tica da doen\u00e7a, e que o n\u00famero de casos graves ou com o cortejo de sintomatologia manifesta \u00e9 relativamente pequeno em rela\u00e7\u00e3o ao de infectados. Para facilitar pode-se classificar o Calazar da seguinte forma:<\/p>\n\n\n\n

Inaparente:<\/strong> paciente com sorologia positiva, ou teste de leishmanina (IDRM) positivo ou encontro de parasito em tecidos, sem sintomatologia cl\u00ednica manisfesta.<\/p>\n\n\n\n

Cl\u00e1ssica:<\/strong> cursa com febre, astenia, adinamia, anorexia, perda de peso e caquexia. A hepatoesplenomegalia \u00e9 acentuada, micropoliadenopatia generalizada, intensa palidez de pele e mucosas, conseq\u00fc\u00eancia de severa anemia. Observa-se queda de cabelos, crescimento e brilho dos c\u00edlios e edema de membros inferiores. Os fen\u00f4menos hemorr\u00e1gicos s\u00e3o de grande monta: gengivorragias, epistaxes, equimoses e pet\u00e9quias. As mulheres freq\u00fcentemente apresentam amenorr\u00e9ia. A puberdade fica retardada nos adolescentes e o crescimento sofre grande atraso nas crian\u00e7as e jovens. Os exames laboratoriais revelam anemia acentuada, leucopenia, plaquetopenia (pancitopenia), hiperglobulinemia e hipoalbuminemia.<\/p>\n\n\n\n

Oligossintom\u00e1tica:<\/strong> a febre \u00e9 baixa ou ausente, a hepatomegalia est\u00e1 presente, esplenomegalia quando detectada \u00e9 discreta. Observa-se adinamia. Aus\u00eancia de hemorragias e caquexia.<\/p>\n\n\n\n

Aguda:<\/strong> o in\u00edcio pode ser abrupto ou insidioso. Na maioria dos casos, a febre \u00e9 o primeiro sintoma, podendo ser alta e cont\u00ednua ou intermitente, com remiss\u00f5es de uma ou duas semanas. Observa-se hepatoesplenomegalia, adinamia, perda de peso e hemorragias. Ocorre anemia com hiperglobulinemia. Geralmente n\u00e3o se observa leucopenia ou plaquetopenia.<\/p>\n\n\n\n

Refrat\u00e1ria:<\/strong> na realidade \u00e9 uma forma evolutiva do calazar cl\u00e1ssico que n\u00e3o respondeu ao tratamento, ou respondeu parcialmente ao tratamento com antimoniais. \u00c9 clinicamente mais grave, devido ao prolongamento da doen\u00e7a sem resposta terap\u00eautica. Os pacientes com calazar, em geral, t\u00eam como causa de \u00f3bito as hemorragias e as infec\u00e7\u00f5es associadas em virtude da debilidade f\u00edsica e imunol\u00f3gica. <\/p>\n\n\n\n

Profilaxia<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Medidas de Controle<\/strong><\/p>\n\n\n\n

a) Investiga\u00e7\u00e3o epidemiol\u00f3gica procurando definir ou viabilizar os seguintes aspectos: se a \u00e1rea \u00e9 end\u00eamica, procurar verificar se as medidas de controle est\u00e3o sendo sistematicamente adotadas. Se for um novo foco, comunicar imediatamente aos n\u00edveis superiores do sistema de sa\u00fade e iniciar as medidas de controle pertinentes; iniciar busca ativa de casos visando a delimita\u00e7\u00e3o da real magnitude do evento; verificar se o caso \u00e9 importado ou aut\u00f3ctone. Caso seja importado, informar ao servi\u00e7o de sa\u00fade de onde a Leishmaniose Visceral originou; acompanhar a ado\u00e7\u00e3o das medidas de controle, seguindo os dados da popula\u00e7\u00e3o canina infectada, exist\u00eancia de reservat\u00f3rios silvestres, densidade da popula\u00e7\u00e3o de vetores, etc.; acompanhar a taxa de letalidade para discuss\u00e3o e melhoria da assist\u00eancia m\u00e9dica prestada aos pacientes.<\/p>\n\n\n\n

b) Elimina\u00e7\u00e3o dos reservat\u00f3rios: a elimina\u00e7\u00e3o dos c\u00e3es errantes e dom\u00e9sticos infectados, que s\u00e3o as principais fontes de infec\u00e7\u00e3o. Os c\u00e3es dom\u00e9sticos t\u00eam sido eliminados, em larga escala, nas \u00e1reas end\u00eamicas, ap\u00f3s o diagn\u00f3stico, atrav\u00e9s de t\u00e9cnicas sorol\u00f3gicas (ELISA e Imunofluoresc\u00eancia). Os errantes e aqueles clinicamente suspeitos podem ser eliminados sem realiza\u00e7\u00e3o pr\u00e9via de sorologia. <\/p>\n\n\n\n

c) Luta antivetorial: a borrifa\u00e7\u00e3o com inseticidas qu\u00edmicos dever\u00e1 ser efetuada em todas as casas com casos humanos ou caninos aut\u00f3ctones.<\/p>\n\n\n\n

d) Tratamento: o tratamento se constitui em um fator importante na queda da letalidade da doen\u00e7a e, conseq\u00fcentemente, \u00e9 um importante item na luta contra esse tipo de leishmaniose. Secundariamente, pode haver tamb\u00e9m um efeito controlador de poss\u00edveis fontes humanas de infec\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

e) Educa\u00e7\u00e3o em Sa\u00fade: de acordo com o conhecimento dos aspectos culturais, sociais, educacionais, das condi\u00e7\u00f5es econ\u00f4micas e da percep\u00e7\u00e3o de sa\u00fade de cada comunidade, a\u00e7\u00f5es educativas devem ser desenvolvidas no sentido de que as comunidades atingidas aprendam a se proteger e participem ativamente das a\u00e7\u00f5es de controle do calazar.<\/p>\n\n\n\n

f) Busca ativa: para tratar precocemente os casos, a instala\u00e7\u00e3o das medidas citadas podem ser \u00fateis no controle da doen\u00e7a em \u00e1reas end\u00eamicas.<\/p>\n\n\n\n

Fonte:FUNASA – Funda\u00e7\u00e3o Nacional de Sa\u00fade (www.funasa.gov.br) e Secretaria de Estado da Sa\u00fade do Paran\u00e1 (www.saude.pr.gov.br).<\/em>\n<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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