{"id":2251,"date":"2009-01-06T11:06:23","date_gmt":"2009-01-06T11:06:23","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:35:37","modified_gmt":"2021-07-10T23:35:37","slug":"arqueologia_no_brasil","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/natural\/arqueologia_no_brasil\/arqueologia_no_brasil.html","title":{"rendered":"Arqueologia no Brasil"},"content":{"rendered":"\n

A arqueologia no Brasil teve in\u00edcio em 1834, com o dinamarqu\u00eas Peter Lund, que escavou as grutas de Lagoa Santa (MG), onde foram encontrados ossos humanos misturados com restos animais com data\u00e7\u00e3o de 20 mil anos.<\/p>\n\n\n\n

No segundo reinado, Dom Pedro II implantou as primeiras entidades de pesquisa, como o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Em 1922, surgiram outras organiza\u00e7\u00f5es como o Museu Paulista e o Museu Paraense.<\/p>\n\n\n\n

Alguns estrangeiros come\u00e7aram a vir para o Pa\u00eds em 1950, e passaram a explorar s\u00edtios arqueol\u00f3gicos na Amaz\u00f4nia, no Par\u00e1, no Piau\u00ed, no Mato Grosso e na faixa litor\u00e2nea. Em 1961, todos os s\u00edtios arqueol\u00f3gicos foram transformados por lei em patrim\u00f4nio da Uni\u00e3o, a fim de evitar sua destrui\u00e7\u00e3o pela explora\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica.<\/p>\n\n\n\n

O Instituto do Patrim\u00f4nio Hist\u00f3rico e Art\u00edstico Nacional (IPHAN) registrou 8.562 s\u00edtios arqueol\u00f3gicos. Entre eles, destaca-se o da Pedra Furada (PI), onde a brasileira Ni\u00e8de Guidon localizou, no ano de 1971, restos de alimento e carv\u00e3o com data\u00e7\u00e3o de 48 mil anos. Estas observa\u00e7\u00f5es v\u00eam a contrariar a tese aceita de que o homem teria chegado \u00e0 Am\u00e9rica h\u00e1 cerca de 12 mil anos, pelo Estreito de Bering, entre a Sib\u00e9ria e o Alasca.<\/p>\n\n\n\n

Em 1991, a norte-americana Anna Roosevelt, arque\u00f3loga, descobriu pinturas rupestres  na caverna da Pedra Pintada (PA) com mais de 11 mil anos, e, em 1995, revelou s\u00edtios cer\u00e2micos na Amaz\u00f4nia com data\u00e7\u00e3o de 9 mil anos.<\/p>\n\n\n\n

 
Centros Arqueol\u00f3gicos do Brasil<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Os centros arqueol\u00f3gicos incluem os sambaquis, as estearias, os mounds e tamb\u00e9m hipogeus, cavernas, etc.<\/p>\n\n\n\n

1. Sambaquis: palavra de origem ind\u00edgena que deriva de tamb\u00e1 (concha) e ki (dep\u00f3sito). Possuem forma\u00e7\u00f5es de pequena eleva\u00e7\u00e3o formadas por restos de alimentos de origem animal, esqueletos humanos, artefatos de pedra, conchas e cer\u00e2mica, vestig\u00edos de fogueira e outras evid\u00eancias primitivas.<\/p>\n\n\n\n

2. Estearias: jazidas de qualquer natureza que representam testemunhos da cultura dos povos primitivos brasileiros.<\/p>\n\n\n\n

3. Mounds: monumentos em forma de colinas, que serviam de t\u00famulos, templos e locais para moradia.<\/p>\n\n\n\n

4. Hipogeus: ambientes subterr\u00e2neos, \u00e0s vezes com pequenas galerias, nas quais eram sepultados os mortos.<\/p>\n\n\n\n

Os principais Centros Arqueol\u00f3gicos do Brasil s\u00e3o:<\/p>\n\n\n\n

Centros Arqueol\u00f3gicos  <\/strong><\/td><\/tr>
Bacia Amaz\u00f4nica<\/td>Cunani, Marac\u00e1, Pacoval, Camutins, Sambaqui de Cachoeira, Sambaquis da Foz do Tocantins e de Camet\u00e1, Santa Izabel, Tesos e Mondongos de Maraj\u00f3, Caviana, Santar\u00e9m, Taperinha, Miracanguera, Rio Tef\u00e9, Irapur\u00e1, Cerro do Carmo, Rio I\u00e7ana, Anui\u00e1 Luitera, Apicuns, Tijolo, S\u00e3o Jo\u00e3o e Pinheiro.<\/td><\/tr>
Zona Maranhense<\/td>Marobinha, Pinda\u00ed, Ilha de Cueira, Florante, Lago Jenipapo, Armindo, Lago Cajari e Encantado.<\/td><\/tr>
Zona Costeira do Norte e Centro<\/td>Cunha\u00fa, Valen\u00e7a, Guaratiba, Maca\u00e9, Parati, Saquarema, Feital, Cabo Frio, Cosmos.<\/td><\/tr>
Zona Costeira do Sul<\/td>Santos e S\u00e3o Vicente, Concei\u00e7\u00e3o de Itanha\u00e9m, Iguape, Canan\u00e9ia, Saba\u00fana, Guaraque\u00e7aba, Paranapagu\u00e1, S\u00e3o Francisco, Imbituba, Laguna, Joinvile, Sanha\u00e7u, Arma\u00e7\u00e3o da Piedade, Porto Belo, Rio Tavares, Rio Cachoeiro, Canasvieiras, Rio Ba\u00eda, Ponta do Gua\u00edva, Vila Nova, Itabirub\u00e1, Penha, Rio Una, Magalh\u00e3es, Porto do Rei, Laje, Sambaqui das Cabras, Sambaqui ao sul de Tramanda\u00ed, Sambaquis do Arroio do Sal, Luiz Alves, Carni\u00e7a, Cabe\u00e7uda, Caputera, Perchil, Ponta Rasa, Sambaquis nas proximidades de Torres.<\/td><\/tr>
Zona Central<\/td>Lagoa Santa<\/td><\/tr><\/tbody><\/table><\/figure>\n\n\n\n

Cunani<\/strong>: descoberto por Coudreau (naturalista) em 1883, explorado e descrito por Em\u00edlio Goeldi (1895); urnas antropomorfas guardadas em hipogeus. Hartt descreve as urnas, dizendo que eram empregadas durante as idades da pedra e do bronze, na Europa, e posteriormente por tribos, na Am\u00e9rica. Informa\u00e7\u00f5es apontam que os povos etruscos e eg\u00edpcios tamb\u00e9m as usavam, assim como tamb\u00e9m os povos do M\u00e9xico e Peru.<\/p>\n\n\n\n

Marac\u00e1<\/strong>: localizados na Guiana e conhecidas desde 1879, s\u00e3o urnas funer\u00e1rias em pequenas grutas naturais; nelas aparecem as primeiras formas de corpo humano e animais.

Pacoval<\/strong>: primeiro Mound-builder explorado em Maraj\u00f3. O material extra\u00eddo da pe\u00e7a que primeiro aflorou foi um cachimbo. O artefato mais abundante e precioso, por n\u00e3o ser encontrado em outras paragens, \u00e9 a tanga. Hartt foi quem primeiro estudou seu material, reconhecendo na lou\u00e7aria linhas cl\u00e1ssicas ornamentais, como as gregas e as aspirais e tamb\u00e9m prefer\u00eancia pelas figuras humana e de animais. Foi observada a aus\u00eancia de motivos ornamentais inspirados nas plantas; na cer\u00e2mica ainda distinguiu grande n\u00famero de \u00eddolos.<\/p>\n\n\n\n

Camutins<\/strong>: mounds situados em Maraj\u00f3, pouco distantes do Pacoval, contendo lou\u00e7a de igual qualidade no g\u00eanero das pe\u00e7as.<\/p>\n\n\n\n

Caviana<\/strong>: cer\u00e2mica diferente da de Maraj\u00f3; esse material marca a exist\u00eancia da esta\u00e7\u00e3o l\u00edtica (forma\u00e7\u00e3o do cer\u00e2mio).<\/p>\n\n\n\n

Santar\u00e9m<\/strong>: rico e desenvolvido territ\u00f3rio, onde os resqu\u00edcios do homem s\u00e3o encontrados em lugares que lembram as esta\u00e7\u00f5es e fornecem a melhor cer\u00e2mica recolhida de Maraj\u00f3 e Cunani, toda ela trabalhada em estilo semelhante ao das pe\u00e7as chinesas antigas, sem pintura, mas de relevo aperfei\u00e7oado.<\/p>\n\n\n\n

Miracanguera<\/strong>: une in\u00fameros t\u00famulos, verdadeiros vest\u00edgios de esta\u00e7\u00f5es. Barbosa Rodrigues, em 1870, descobriu v\u00e1rias urnas funer\u00e1rias com formas de seres humanos. Nesta mesma regi\u00e3o, entre os Rio Madeira e Santar\u00e9m, Nimuendaju encontrou pe\u00e7as trabalhadas.<\/p>\n\n\n\n

Rio Tef\u00e9<\/strong>: perto da embocadura desse rio, o padre Tastevin recolheu in\u00fameros vasos estudados por M\u00e9traux. Apesar de certas particularidades, eles demonstram semelhan\u00e7as com o material de Santar\u00e9m e s\u00e3o \u00fateis para estudo da influ\u00eancia que essa regi\u00e3o possa ter exercido na lou\u00e7aria ind\u00edgena. Na margem do Irapur\u00e1, Tastevin deparou-se com uma urna representando o rosto da figura humana, contendo ossos em mau estado de conserva\u00e7\u00e3o. Urnas funer\u00e1rias simples foram tamb\u00e9m descobertas por Nimuendaju em Cerro do Carmo, Rio I\u00e7ana e Anui\u00e1 Iuitera (regi\u00e3o do Rio Uap\u00e9s).<\/p>\n\n\n\n

Sambaquis<\/strong>: o exame da lou\u00e7a dos sambaquis, com especialidades do sul, coloca em relevo a inferioridade do material. Nos sambaquis do norte, as cer\u00e2micas s\u00e3o de m\u00e1 qualidade e escassas.<\/p>\n\n\n\n

Apicuns<\/strong>: localizada ao p\u00e9 de pequeno igarap\u00e9 deste nome, \u00e0 margem direita do Arapip\u00f3.<\/p>\n\n\n\n

Tijolo<\/strong>: situada na pequena ilha Furo, na conflu\u00eancia do Rio Inaj\u00e1 com o Pirabas.<\/p>\n\n\n\n

S\u00e3o Jo\u00e3o<\/strong>: localizada em terra firme \u00e0 margem direita do igarap\u00e9 Avindeua, pr\u00f3ximo \u00e0 jun\u00e7\u00e3o com o Rio Pirabas.<\/p>\n\n\n\n

Hartt encontrou sambaquis no Amazonas (interior) e em Taperinha, pouco abaixo de Santar\u00e9m. Deixando a Amaz\u00f4nia, os sambaquis da ilha do Maranh\u00e3o v\u00eam em primeiro lugar. Na v\u00e1rzea aluvial do Pindar\u00e9, no seu afluente Maracu, no lago e Rio Cajari, aparecem nas estearias e sambaquis pe\u00e7as de cer\u00e2mica quebrada em abund\u00e2ncia, sendo observadas semelhan\u00e7as com a cer\u00e2mica de Cunani.<\/p>\n\n\n\n

Os sambaquis do Rio de Janeiro e do Distrito Federal cont\u00e9m ossos e pequena quantidade de barro fino. J\u00e1 os sambaquis da zona compreendida entre Nordeste e a Bahia tendem a desaparecer.<\/p>\n\n\n\n

Nos sambaquis do Paran\u00e1, Santa Catarina e litoral de S\u00e3o Paulo s\u00e3o encontrados machados polidos, m\u00e3os de pil\u00e3o, poucos utilit\u00e1rios de cer\u00e2micas, morteiros zoomorfos, etc. Ainda se incluem aqui os sambaquis explorados pelo diretor do Museu Nacional, Roquette Pinto, no Rio Grande do Sul, dos quais foram retirados alguns materiais.<\/p>\n\n\n\n

Em Cidreira e Vila das Torres, est\u00e3o: o Sambaqui das Cabras, pr\u00f3ximo \u00e0 Lagoa D. Antonia, a cerca de 17km ao sul de Tramanda\u00ed; outro a cerca de 1km para o sul; outro junto ao Cap\u00e3o do Quirino 16 km perto do Arroio do Sal. Ainda h\u00e1 os quatro sambaquis de Torres, todos de grandes dimens\u00f5es, sendo um ao chegar \u00e0 Vila de S\u00e3o Domingos e outros tr\u00eas pr\u00f3ximos de Mampituba.<\/p>\n\n\n\n

A zona Nordeste, toda faixa litor\u00e2nea subtropical que se estende do norte da Bahia at\u00e9 a embocadura do Para\u00edba, nas proximidades do Maranh\u00e3o, \u00e9 pobre de centros arqueol\u00f3gicos, apesar de ter sido habitada por antigas e variadas na\u00e7\u00f5es ind\u00edgenas.<\/p>\n\n\n\n

Em pedras, os melhores achados da Amaz\u00f4nia s\u00e3o as nefrites trabalhadas (muiraquit\u00e3s), gravadas em forma de animal ou de homem. A outra reminisc\u00eancia que a pedra deixou entre os \u00edndios da plan\u00edcie, revelada recentemente por Vernau e Paul Rivet, \u00e9 a clava, extra\u00edda da rocha, que, devido \u00e0 escassez da pedra na vasta imensid\u00e3o por onde o Amazonas e os seus grandes tribut\u00e1rios derramam suas \u00e1guas, constituiu ativo com\u00e9rcio de trocas entre os povos da bacia.<\/p>\n\n\n\n

As id\u00e9ias e inven\u00e7\u00f5es, do dom\u00ednio da cer\u00e2mica, propagavam\u2013se pelas migra\u00e7\u00f5es e pelas trocas. No territ\u00f3rio que se estende entre os Andes e os vales vizinhos da plan\u00edcie, a economia naturalista possibilitou a penetra\u00e7\u00e3o das civiliza\u00e7\u00f5es. As tribos que residiam nas proximidades da montanha recolheram variados elementos dos povos do planalto.<\/p>\n\n\n\n

Na Amaz\u00f4nia, acentua-se a evolu\u00e7\u00e3o da cer\u00e2mica na passagem para modelo de homens e animais. Essa modifica\u00e7\u00e3o pode ser atribu\u00edda \u00e0 influ\u00eancia andina. Em Santar\u00e9m, \u00e9 dif\u00edcil demonstrar a mesma influ\u00eancia, registrando fortes analogias entre a cer\u00e2mica de Santar\u00e9m e a dos povos istmos da Am\u00e9rica Central.<\/p>\n\n\n\n

Nordenski\u00f6ld pensa na influ\u00eancia centro-americana, que deve ser contempor\u00e2nea da que irradiou do Peru e dela emana a id\u00e9ia dos vasos de tr\u00eas p\u00e9s e de outros tipos de potes encontrados em Santar\u00e9m e Marac\u00e1<\/p>\n\n\n\n

Ambiente Brasil<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"