{"id":2249,"date":"2009-01-13T09:50:20","date_gmt":"2009-01-13T09:50:20","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:35:15","modified_gmt":"2021-07-10T23:35:15","slug":"as_abelhas_indigenas_-_meliponineos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/natural\/abelhas\/as_abelhas_indigenas_-_meliponineos.html","title":{"rendered":"As Abelhas Ind\u00edgenas – Melipon\u00edneos"},"content":{"rendered":"\n
As abelhas nativas sem ferr\u00e3o alcan\u00e7am mais de 300 esp\u00e9cies e s\u00e3o distribu\u00eddas na Zona Tropical e Subtropical, nas Am\u00e9ricas do Sul e Central, mais Mal\u00e1sia, \u00cdndia, Indon\u00e9sia, \u00c1frica e Austr\u00e1lia.<\/p>\n\n\n\n As abelhas nativas s\u00e3o conhecidas no meio cient\u00edfico como Melipon\u00edneos. Pertencem \u00e0 ordem Hymen\u00f3ptera, \u00e0 sub-fam\u00edlia Meliponinae, agrupadas em tr\u00eas tribos: Meliponini, Trigonini e Lestrimelitini.<\/p>\n\n\n\n As abelhas sem ferr\u00e3o brasileiras constituem-se nos polinizadores principais de 90% das \u00e1rvores brasileiras, algumas das quais dependem exclusivamente destes insetos. As esp\u00e9cies possuem tamanhos, formas, colora\u00e7\u00e3o e h\u00e1bitos os mais diversos. Dependendo de cada esp\u00e9cie, os ninhos cont\u00e9m de 500 a 80.000 indiv\u00edduos.<\/p>\n\n\n\n O principal interesse pela cria\u00e7\u00e3o de abelhas sem ferr\u00e3o est\u00e1 no prazer que o manejo di\u00e1rio proporciona ao homem e sua fam\u00edlia, uma vez que esta atividade n\u00e3o representa qualquer risco de acidentes com enxames. \u00c9 a natureza, e indiretamente o homem, os que mais lucram com os efeitos da cria\u00e7\u00e3o e preserva\u00e7\u00e3o destas abelhas, devido aos servi\u00e7os de coleta de p\u00f3len das flores prestados pelas campeiras.<\/p>\n\n\n\n Ao se movimentar sobre as flores em busca do p\u00f3len, as abelhas promovem a fertiliza\u00e7\u00e3o das plantas, assegurando a sua multiplica\u00e7\u00e3o e perpetua\u00e7\u00e3o. Grande parte dos vegetais presentes no Brasil dependem exclusivamente da poliniza\u00e7\u00e3o realizada por estas esp\u00e9cies de abelhas sem ferr\u00e3o. Da\u00ed a grande import\u00e2ncia de se preservar estas abelhas, evitando-se o desmatamento desordenado, as queimadas, o uso indiscriminado de agrot\u00f3xicos e o extrativismo do mel.<\/p>\n\n\n\n Como muitas dessas esp\u00e9cies produzem mel saboroso, \u00e9 muito grande a procura pelos pr\u00f3prios meleiros, que retiram o mel destruindo a colm\u00e9ia, assim contribuindo para a extin\u00e7\u00e3o dessas abelhas em algumas regi\u00f5es. A cria\u00e7\u00e3o dessas abelhas e a sua explora\u00e7\u00e3o racional podem contribuir para a preserva\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies e dar ao meliponicultor oportunidade de obter mel.<\/p>\n\n\n\n As abelhas sem ferr\u00e3o, assim chamadas por apresentarem este instrumento de defesa atrofiado, s\u00e3o verdadeiramente insetos sociais. As col\u00f4nias possuem uma rainha-m\u00e3e, v\u00e1rias gera\u00e7\u00f5es de oper\u00e1rias, al\u00e9m dos machos dependendo da condi\u00e7\u00e3o geral da popula\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n Geralmente, encontramos machos nas \u00e9pocas onde existe bastante alimento e presen\u00e7a de c\u00e9lulas reais, sinal que haver\u00e1 em breve fecunda\u00e7\u00e3o de rainhas virgens. Os machos s\u00e3o menores e n\u00e3o possuem corb\u00edcula, existente nas patas traseiras das oper\u00e1rias, respons\u00e1veis pela coleta de p\u00f3len das flores.<\/p>\n\n\n\n As oper\u00e1rias de melipon\u00edneos vivem, em m\u00e9dia, 30 a 40 dias e s\u00e3o quase brancas ao sa\u00edrem dos favos, escurecendo com o passar do tempo. Na vida adulta, desempenham diversas fun\u00e7\u00f5es no ninho, seguindo normalmente a seguinte ordem: faxineiras – nutrizes – arquitetas – ventiladoras – guardas – campeiras.<\/p>\n\n\n\n A rainha, quando fecundada, apresenta o ventre bem dilatado, podendo ser localizada facilmente a olho nu. Normalmente, habita a \u00e1rea de cria, circulando por entre os favos. Existem poucos relatos de fuga de melipon\u00edneos, devido \u00e0 impossibilidade de v\u00f4o da rainha fecundada.<\/p>\n\n\n\n Elas constroem seus ninhos em ocos de \u00e1rvores, cupinzeiros e formigueiros abandonados, e nos mais variados locais onde encontram espa\u00e7o e seguran\u00e7a suficientes para o desenvolvimento da col\u00f4nia (postes, paredes, muros, caixas de for\u00e7a, arm\u00e1rios, pedreiras, etc.).<\/p>\n\n\n\n Na elabora\u00e7\u00e3o dos ninhos, as abelhas utilizam diversos materiais de constru\u00e7\u00e3o tais como a cera pura, o cerume (mistura de cera + pr\u00f3polis) ou ainda o batume (pr\u00f3polis + barro), destinados \u00e0 delimita\u00e7\u00e3o do espa\u00e7o. Algumas esp\u00e9cies usam cad\u00e1veres e excremento para construir suas moradias, como j\u00e1 observado em Janda\u00edra, Uru\u00e7u e Irapu\u00e1.<\/p>\n\n\n\n Dentro dos ninhos, elas guardam mel e p\u00f3len em potes ovalados de cerume. Eles ficam localizados pr\u00f3ximos aos favos de cria, dependendo do espa\u00e7o dispon\u00edvel na col\u00f4nia. Os favos de cria s\u00e3o normalmente dispostos em forma de discos empilhados, sendo que algumas esp\u00e9cies apresentam favos em forma espiral e em cachos. V\u00e1rias esp\u00e9cies envolvem a \u00e1rea de cria com uma capa folheada de cerume (inv\u00f3lucro), para proteger larvas e abelhas mais jovens das varia\u00e7\u00f5es da temperatura.<\/p>\n\n\n\n No Brasil, existem mais de 300 esp\u00e9cies de abelhas sem ferr\u00e3o, divididas em Meliponas e Trigonas. Atrav\u00e9s de algumas caracter\u00edsticas gerais podemos distinguir esses dois grupos.<\/p>\n\n\n\n Os representantes mais populares s\u00e3o a jata\u00ed (Tetragonisca angustula), uru\u00e7u (Melipona scutellaris), ti\u00faba (Melipona compressipes), janda\u00edra (Melipona subnitida), bor\u00e1 (Tetragona clavipes), manda\u00e7aia (Melipona quadrifasciata), etc.<\/p>\n\n\n\n Seus ninhos s\u00e3o um espet\u00e1culo a parte de arquitetura e organiza\u00e7\u00e3o. Geralmente se alojam em cavidades de tamanhos adequados as quais elas acabam de acondicionar com barro, cera e resina. Estas cavidades podem ser ocos de velhas \u00e1rvores, cip\u00f3s ou bambus, em ninhos (abandonados ou n\u00e3o) de aves, cupins e formigas e at\u00e9 tijolos ocos, frestas nas paredes, caba\u00e7as, panelas. Os ninhos mais f\u00e1ceis de ver s\u00e3o das esp\u00e9cies que constr\u00f3em sobre as \u00e1rvores, e que podem chegar a ter cerca mais de 100.000 indiv\u00edduos, como o da famosa irapu\u00e1 (Trigona spinipes).<\/p>\n\n\n\n A entrada (muito vari\u00e1vel conforme a esp\u00e9cie) nos conduz a um mundo fant\u00e1stico, constru\u00eddo basicamente de uma mistura da cera secretada no dorso das abelhas e resina coletada de plantas (o pr\u00f3polis). Esta combina\u00e7\u00e3o chamada de cerume n\u00e3o \u00e9 casual, pois unem-se as caracter\u00edsticas de maleabilidade e isolamento t\u00e9rmico da cera com o poder antibi\u00f3tico das resinas. Este material \u00e9 manipulado incessantemente por oper\u00e1rias para a constru\u00e7\u00e3o de colunas, potes de p\u00f3len e mel, l\u00e2minas de isolamento t\u00e9rmico e as c\u00e9lulas de cria.<\/p>\n\n\n\n A organiza\u00e7\u00e3o social destas abelhas apresenta assim muitas peculiaridades que s\u00e3o desafios cient\u00edficos:<\/p>\n\n\n\n * muitas esp\u00e9cies produzem um mel de excelente qualidade – incluindo-se alguns dos quais a medicina popular atribui qualidades terap\u00eauticas;<\/p>\n\n\n\n * a cria\u00e7\u00e3o de abelhas sem ferr\u00e3o \u00e9 muito f\u00e1cil at\u00e9 na cidade. A docilidade da maioria das esp\u00e9cies e seu comportamento fascinante as tornam um excelente material l\u00fadico para os adultos e um instrumento de educa\u00e7\u00e3o ambiental para as crian\u00e7as;<\/p>\n\n\n\n * seu papel chave nos ecossistemas dificilmente \u00e9 apreciado na sua plenitude. As abelhas campeiras, ao coletar o n\u00e9ctar e o p\u00f3len, visitam quase todo tipo de arbustos e \u00e1rvores com flores, servindo assim de agentes polinizadores nas matas e planta\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n Para que estes seres t\u00e3o ben\u00e9ficos para os ecossistemas tropicais e para o pr\u00f3prio homem continuem existindo temos que tomar medidas, que ali\u00e1s s\u00e3o as que todos j\u00e1 conhecemos, e que n\u00e3o ajudam s\u00f3 \u00e0s abelhas, mas a muitas outras esp\u00e9cies. <\/p>\n\n\n\n Melipona quadrifasciata quadrifasciata<\/p>\n Melipona quadrifasciata anthidi\u00f3ides<\/p>\n Anthicliodes<\/p>\n Melipona manda\u00e7aia<\/p>\n<\/td><\/tr> Scaptotrigona postica<\/p>\n Scaptotrigona bipuncatea<\/p>\n<\/td><\/tr> Reda\u00e7\u00e3o Ambientebrasil<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" As abelhas nativas s\u00e3o conhecidas no meio cient\u00edfico como Melipon\u00edneos. 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<\/span><\/div>\n\n\n\nTribo Meliponini <\/strong><\/td><\/tr> Nome Popular<\/td> Nome Cient\u00edfico<\/td><\/tr> Uru\u00e7u do litoral baiano, uru\u00e7u gigante, uru\u00e7u da praia, uru\u00e7u verdadeira<\/td> Melipona scutellaris scutellaris<\/td><\/tr> Uru\u00e7u boca-de-renda<\/td> Melipona seminigra<\/td><\/tr> Uru\u00e7u amarela, tuiuva, jandaira<\/td> Melipona rufiventris<\/td><\/tr> Uru\u00e7u mirim, mandari<\/td> Melipona asilavel<\/td><\/tr> Manda\u00e7aia<\/td> \n Guaraipo-manduri, gurupu, p\u00e9-de-pau<\/td> Melipona bicolor<\/td><\/tr><\/tbody><\/table><\/figure>\n\n\n\n Tribo Trigonini<\/strong><\/td><\/tr> Nome Comum<\/td> Nome Cient\u00edfico<\/td><\/tr> Jata\u00ed-itaja\u00f3, inhanti, mosquitinho<\/td> Tetragonisca angustula angustula<\/td><\/tr> Isa\u00ed, lambe-suor<\/td> Nonatrigona testaceicosnis<\/td><\/tr> Marmelada, mo\u00e7a branca, man\u00e9-de-abreu<\/td> Friesemellita varia<\/td><\/tr> Mandaguari-ti\u00faba<\/td> \n Tubi, tiuba amarela, tiuba vernelha<\/td> Scaptotrigona xanthotricha<\/td><\/tr> Tiuba preta<\/td> Scaptotrigona sp<\/td><\/tr> Irapu\u00e1, arapu\u00e1, abelha cachorro<\/td> Trigona spinipes<\/td><\/tr> Tataira, caga fogo<\/td> Oxytrigona tataira<\/td><\/tr> Mirim pregui\u00e7a<\/td> Frisella schrottkyi<\/td><\/tr><\/tbody><\/table><\/figure>\n\n\n\n Principai Esp\u00e9cies Mel\u00edferas<\/strong><\/td><\/tr> Nome Popular<\/strong><\/td> Nome Cient\u00edfico<\/strong><\/td> Fam\u00edlia<\/strong><\/td> Flora\u00e7\u00e3o<\/strong><\/td><\/tr> Ac\u00e1cia negra<\/td> Acacia mearnsii<\/td> Mimosaceae<\/td> jul-ago<\/td><\/tr> A\u00e7oita-cavalo<\/td> Luehea divaricata<\/td> Tiliacease<\/td> jan-fev<\/td><\/tr> Ara\u00e7\u00e1<\/td> Psidium cattleianum<\/td> Myrtaceae<\/td> set-jan<\/td><\/tr> Aroeira<\/td> Schinus terebinthifollius<\/td> Anacardiaceae<\/td> jun-ago<\/td><\/tr> Assa-peixe<\/td> Vernonia beyrichii<\/td> Asteraceae<\/td> jun-ago<\/td><\/tr> Gua\u00e7atunga<\/td> Casearia decandra<\/td> Flacourtiaceae<\/td> jun-jul<\/td><\/tr> Cambar\u00e1<\/td> Gochnatia polymorpha<\/td> Asteraceae<\/td> nov-jan<\/td><\/tr> Camboat\u00e3<\/td> Cupania vernallis<\/td> Sapindaceae<\/td> mar-abr<\/td><\/tr> Canela-lajeana<\/td> Ocotea pulchella<\/td> Lauraceae<\/td> out-nov<\/td><\/tr> Caqui<\/td> Diospyrus kaki<\/td> Ebenaceae<\/td> set-out<\/td><\/tr> Carqueja<\/td> Bacharis spp<\/td> Asteraceae<\/td> mar-abr<\/td><\/tr> Cipo-s\u00e3o-jo\u00e3o<\/td> Pyrostegia venusta<\/td> Bignoniaceae<\/td> jun-ago<\/td><\/tr> Eucalipto<\/td> Eucalyptus spp<\/td> Myrtaceae<\/td> jul-dez<\/td><\/tr> Feij\u00e3o-guandu<\/td> Cajanus indicus<\/td> Fabaceae<\/td> abr-out<\/td><\/tr> Guabiroba<\/td> Campomanesia xanthocarpa<\/td> Myrtaceae<\/td> set-out<\/td><\/tr> Guaco<\/td> Mikania spp<\/td> Asteraceae<\/td> jul-ago<\/td><\/tr> Grevilha<\/td> Grevillea robusta<\/td> Proteaceae<\/td> jul-ago<\/td><\/tr> Cafezeiro-bravo<\/td> Casearia sylvestris<\/td> Flacaourtiaceae<\/td> jul<\/td><\/tr> Jeriv\u00e1<\/td> Syagrus rormanzoffianum<\/td> Arecaceae<\/td> dez-abr<\/td><\/tr> Laranjeira<\/td> Citrus sinensis<\/td> Rutaceae<\/td> ago-set<\/td><\/tr> Limoeiro<\/td> Citrus lemon<\/td> Rutaceae<\/td> ago-set<\/td><\/tr> Leucena<\/td> Leucena leucocephala<\/td> Mimosaceae<\/td> jan-mar<\/td><\/tr> Macieira<\/td> Prunus malus<\/td> Rosaceae<\/td> out-nov<\/td><\/tr> Maric\u00e1<\/td> Mimosa bimucronata<\/td> Mimosaceae<\/td> jan-mar<\/td><\/tr> Miguel-pintado<\/td> Matayba elaeagnoides<\/td> Sapindaceae<\/td> out-nov<\/td><\/tr> Milho<\/td> Zea mays<\/td> Poaceae<\/td> out-dez<\/td><\/tr> Pata-de-vaca<\/td> Bauhinita forficata<\/td> Caesapilnaceae<\/td> jan-fez<\/td><\/tr> P\u00eassego<\/td> Prunus persica<\/td> Rosaceae<\/td> jun-out<\/td><\/tr> P\u00eara<\/td> Pyrus communis<\/td> Rosaceae<\/td> jul-out<\/td><\/tr> Pitango<\/td> Eugenia uniflora<\/td> Myrtaceae<\/td> set-out<\/td><\/tr> Tarum\u00e3<\/td> Vitex megapotamica<\/td> Verbenaceae<\/td> set-out<\/td><\/tr> Trevo-branco<\/td> Trifolium repens<\/td> Polygonaceae<\/td> abr-jun<\/td><\/tr> Trigo-sarraceno<\/td> Fagopyrum sagitatum<\/td> Polygonaceae<\/td> abr-jun<\/td><\/tr> Uva-do-jap\u00e3o<\/td> Houvenia dulcis<\/td> Rhamnaceae<\/td> mar-abr<\/td><\/tr> Vassour\u00e3o-branco<\/td> Piptocarpha abgustifolia<\/td> Asteraceae<\/td> out-jan<\/td><\/tr><\/tbody><\/table><\/figure>\n\n\n\n