{"id":2241,"date":"2009-01-13T14:02:21","date_gmt":"2009-01-13T14:02:21","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:35:10","modified_gmt":"2021-07-10T23:35:10","slug":"estrada_do_colono","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/natural\/artigos\/estrada_do_colono.html","title":{"rendered":"Estrada do Colono"},"content":{"rendered":"\n

O Parque Nacional do Igua\u00e7u foi criado em 1939 e est\u00e1 localizado na regi\u00e3o oeste do Paran\u00e1, na fronteira com Argentina e Paraguai. Na \u00e9poca da sua cria\u00e7\u00e3o, essa regi\u00e3o era uma imensa massa florestal praticamente despovoada. Atualmente abrange \u00e1reas dos munic\u00edpios de Foz do Igua\u00e7u, Medianeira, Matel\u00e2ndia, C\u00e9u Azul e S\u00e3o Miguel do Igua\u00e7u.<\/p>\n\n\n\n

O caminho que hoje se chama de Estrada do Colono foi aberto pelo governo do Paran\u00e1 na d\u00e9cada de 50. A inten\u00e7\u00e3o era favorecer a coloniza\u00e7\u00e3o do oeste. Inicialmente ligava a estrada Foz do Igua\u00e7u-Guarapuava, que acompanhava o limite norte do Parque Nacional do Igua\u00e7u, at\u00e9 a margem do rio. S\u00f3 alguns anos depois foi aberto o trecho que continuava a partir do rio Igua\u00e7u e chegava at\u00e9 Capanema, ent\u00e3o uma vila em in\u00edcio de implanta\u00e7\u00e3o, e acabou por se conectar com as vias de acesso que vinham do sul.<\/p>\n\n\n\n

Sua exist\u00eancia foi admitida porque naquele momento ela era a \u00fanica alternativa de circula\u00e7\u00e3o para os novos habitantes que migravam para a regi\u00e3o, bem como para o fluxo de mercadorias. Seu impacto era muito menos significativo, porque al\u00e9m de um volume de tr\u00e1fego pequeno, o Parque Nacional ainda n\u00e3o estava ilhado como hoje. Todo o seu entorno era completamente coberto pela floresta nativa.<\/p>\n\n\n\n

Mas a regi\u00e3o passou por mudan\u00e7as profundas que alteraram completamente a situa\u00e7\u00e3o do Parque. Onde antes existiam dois munic\u00edpios hoje existem 128. No munic\u00edpio de Foz do Igua\u00e7u, que antes tinha 3 milh\u00f5es de hectares e englobava todo o Parque, viviam menos de 17 mil pessoas. Hoje, com uma \u00e1rea 50 vezes menor, abriga uma popula\u00e7\u00e3o 100 vezes maior. Da imensa e cont\u00ednua floresta que cobria milh\u00f5es de hectares restou apenas o Parque Nacional do Igua\u00e7u.<\/p>\n\n\n\n

Foram constru\u00eddas estradas asfaltadas que ligam todos os pontos da regi\u00e3o e a estrada do Colono passou a ter uma fun\u00e7\u00e3o de menor import\u00e2ncia, tornando-se desnecess\u00e1ria. Uma ponte internacional sobre o rio Santo Ant\u00f4nio, ligando Capanema com a Argentina foi constru\u00edda para compensar o fim daquela via atrav\u00e9s do Parque.<\/p>\n\n\n\n

A Estrada do Colono foi motivo de disc\u00f3rdias no Paran\u00e1 desde a sua cria\u00e7\u00e3o. Com a press\u00e3o de ambientalistas, em 1986, o trecho foi interditado por uma a\u00e7\u00e3o do Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal. Permaneceu fechada durante mais de 10 anos, tendo sido invadida e reaberta \u00e0 for\u00e7a em 1996 e 1997, por moradores e autoridades locais, que se recusaram a atender a ordem judicial de fechamento e at\u00e9 cobraram ilegalmente ped\u00e1gio dos 300 ve\u00edculos que a usavam diariamente.<\/p>\n\n\n\n

Agentes da Pol\u00edcia Federal e soldados do Ex\u00e9rcito fecharam a estrada no dia 13 de junho deste ano, cumprindo ordem judicial do Tribunal Regional Federal da 4\u00aa Regi\u00e3o, em Porto Alegre (RS), que determina o seu fechamento definitivo. Houve conflito entre as for\u00e7as de seguran\u00e7a e os integrantes da Associa\u00e7\u00e3o de Integra\u00e7\u00e3o Pr\u00f3-Estrada do Colono, que tentaram impedir o fechamento da estrada. Os soldados e agentes usaram escavadeiras para fazer buracos no leito da rodovia e usaram explosivos para destruir a balsa que faz a travessia do Rio Igua\u00e7u.<\/p>\n\n\n\n

Mesmo que para uma minoria ela ainda tenha uma import\u00e2ncia significativa, \u00e9 ineg\u00e1vel que seu fechamento n\u00e3o traz nenhum transtorno grave. Para o Parque, ao contr\u00e1rio, sua manuten\u00e7\u00e3o significa o empobrecimento gradativo que fatalmente ir\u00e1 levar \u00e0 extin\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies a m\u00e9dio e longo prazos, comprometendo a fun\u00e7\u00e3o ecol\u00f3gica desta que \u00e9 uma das mais importantes \u00e1reas de preserva\u00e7\u00e3o ambiental do pa\u00eds. Segundo a diretoria do Ibama, a estrada afeta toda a vida do parque, porque impede o fluxo g\u00eanico das esp\u00e9cies (fauna e flora), colocando-as em risco de extin\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

O Parque Nacional do Igua\u00e7u foi a primeira unidade de conserva\u00e7\u00e3o brasileira a ser reconhecida pela Unesco, \u00f3rg\u00e3o da ONU, como Patrim\u00f4nio Natural da Humanidade, em 1986, devido ao seu expressivo papel na conserva\u00e7\u00e3o do meio ambiente. Atualmente corre o risco de perder o t\u00edtulo por causa da Estrada do Colono. A Unesco o incluiu, no ano passado, na lista de patrim\u00f4nio em perigo.<\/p>\n\n\n\n

Reda\u00e7\u00e3o Ambientebrasil<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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