{"id":2229,"date":"2009-01-13T15:08:01","date_gmt":"2009-01-13T15:08:01","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:35:08","modified_gmt":"2021-07-10T23:35:08","slug":"salvamento_arqueologico_do_sitio_engenho_pacuiba_i","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/natural\/artigos\/salvamento_arqueologico_do_sitio_engenho_pacuiba_i.html","title":{"rendered":"Salvamento Arqueol\u00f3gico do S\u00edtio Engenho Pacu\u00edba I"},"content":{"rendered":"\n

Foi iniciado no \u00faltimo dia 08 de abril as escava\u00e7\u00f5es arqueol\u00f3gicas do s\u00edtio Engenho Pacu\u00edba I, localizado ao norte da Ilha de S\u00e3o Sebasti\u00e3o, munic\u00edpio de Ilhabela – SP.<\/p>\n\n\n\n

Trata-se das ru\u00ednas de uma constru\u00e7\u00e3o do s\u00e9culo XIX, mais precisamente um engenho de cana movido \u00e0 tra\u00e7\u00e3o animal.<\/p>\n\n\n\n

Este projeto est\u00e1 sendo coordenado pelo arque\u00f3logo Pl\u00e1cido Cali e financiado pela Associa\u00e7\u00e3o da Praia da Pacu\u00edba. Na \u00e1rea onde est\u00e1 localizado o referido s\u00edtio arqueol\u00f3gico pretende-se a implanta\u00e7\u00e3o de um condom\u00ednio. Sendo todo patrim\u00f4nio arqueol\u00f3gico um Bem da Uni\u00e3o e protegido por lei federal, qualquer empreendimento imobili\u00e1rio somente receber\u00e1 aprova\u00e7\u00e3o ap\u00f3s os respons\u00e1veis promoverem o salvamento arqueol\u00f3gico do s\u00edtio e de garantida a preserva\u00e7\u00e3o das ru\u00ednas.<\/p>\n\n\n\n

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A \u00e1rea do s\u00edtio \u00e9 composta por duas ru\u00ednas e por uma grande \u00e1rea ao redor com material arqueol\u00f3gico no terreno, como lou\u00e7as do s\u00e9culo XIX importadas da Europa, cer\u00e2mica neobrasileira, cachimbos, moedas, etc. Esse material, embora n\u00e3o tenha valor comercial, constitui-se em importantes elementos para a compreens\u00e3o da sociedade da \u00e9poca e para o funcionamento do engenho. Esses objetos coletados ser\u00e3o, depois, higienizados, catalogados e estudados em laborat\u00f3rio.<\/p>\n\n\n\n

O Projeto de salvamento arqueol\u00f3gico foi aprovado pelo Instituto do Patrim\u00f4nio Hist\u00f3rico e Art\u00edstico Nacional (IPHAN), atrav\u00e9s da Portaria n. 56, de 2 de abril de 2002.<\/p>\n\n\n\n

Este trabalho somente foi poss\u00edvel gra\u00e7as \u00e0 identifica\u00e7\u00e3o e cadastramento do s\u00edtio durante a realiza\u00e7\u00e3o do Projeto Arqueol\u00f3gico de Ilhabela, realizado em Parceria com a Prefeitura Municipal de Ilhabela, trabalho este que resultou na identifica\u00e7\u00e3o de 44 s\u00edtios arqueol\u00f3gicos.<\/p>\n\n\n\n

Junto com as pesquisas arqueol\u00f3gicas a equipe de arque\u00f3logos estar\u00e1 desenvolvendo um trabalho de divulga\u00e7\u00e3o e conscientiza\u00e7\u00e3o com a comunidade e estudantes de Ilhabela. O s\u00edtio arqueol\u00f3gico estar\u00e1 aberto \u00e0 visita\u00e7\u00e3o p\u00fablica todas as ter\u00e7as e quintas-feiras. Escolas e interessados em visitar o local, que contar\u00e1 com monitoria dos t\u00e9cnicos, dever\u00e3o agendar previamente a visita atrav\u00e9s do telefone (12) 9765-7435 ou atrav\u00e9s do e-mail: pcali@uol.com.br<\/p>\n\n\n\n

Contribui\u00e7\u00e3o cient\u00edfica do projeto<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A Hist\u00f3ria de Ilhabela \u00e9 conhecida apenas atrav\u00e9s de documentos textuais esparsos e por tradi\u00e7\u00e3o oral. Com a realiza\u00e7\u00e3o do Projeto Arqueol\u00f3gico de Ilhabela, entre os anos de 1999 e 2000, novos dados surgiram e novas interpreta\u00e7\u00f5es hist\u00f3ricas foram realizadas. Contudo, mesmo as informa\u00e7\u00f5es arqueol\u00f3gicas at\u00e9 agora dispon\u00edveis baseiam-se em observa\u00e7\u00e3o e registro dos s\u00edtios e na cultura material coletada em superf\u00edcie.<\/p>\n\n\n\n

O s\u00edtio Engenho Pacu\u00edba I ser\u00e1 o primeiro s\u00edtio arqueol\u00f3gico a ser escavado no munic\u00edpio. Essa pesquisa deve ajudar a entender a hist\u00f3ria local, a economia ligada \u00e0 produ\u00e7\u00e3o de cana no arquip\u00e9lago, o funcionamento dos engenhos e as outras poss\u00edveis atividades presentes na mesma \u00e1rea. Sabe-se que os engenhos coexistiram com outras manufaturas paralelas e anexas. \u00c9 o caso da exist\u00eancia de olarias para a fabrica\u00e7\u00e3o de f\u00f4rmas e de caixotaria ou tanoaria para a fabrica\u00e7\u00e3o de caixas ou barricas de embalagem.<\/p>\n\n\n\n

A fabrica\u00e7\u00e3o do a\u00e7\u00facar nos engenhos associa-se, no Brasil e nas Am\u00e9ricas, \u00e0 escravid\u00e3o, ao contr\u00e1rio do processo na Europa, que estava apoiado no trabalho livre, familiar e artesanal. \u00c9 poss\u00edvel que a pesquisa ajude a entender a escravid\u00e3o no munic\u00edpio.<\/p>\n\n\n\n

Considerando a geografia da \u00e1rea onde est\u00e1 localizado o s\u00edtio, o engenho deveria ser de tra\u00e7\u00e3o animal (moenda de almajarra). Este s\u00edtio pode elucidar algumas quest\u00f5es referentes ao funcionamento desses engenhos na regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

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Existiram v\u00e1rios engenhos de cana em Ilhabela. Atrav\u00e9s do Projeto Arqueol\u00f3gico de Ilhabela, foram identificados vinte e um. Feitos quase todos em alvenaria de pedra e cal, em sua maioria encontram-se em ru\u00ednas. Quase n\u00e3o existem informa\u00e7\u00f5es sobre esses engenhos. Os dois \u00fanicos mais conhecidos s\u00e3o aqueles tombados. \u00c9 o caso do Engenho d’\u00c1gua, tombado em n\u00edvel estadual pelo Condephaat, e da Fazenda S\u00e3o Mathias, tombado em n\u00edvel federal pelo Iphan. Mesmo esses dois engenhos, por estarem em propriedade privada, onde n\u00e3o \u00e9 permitida a entrada para visita\u00e7\u00e3o, s\u00e3o desconhecidos pela comunidade local.<\/p>\n\n\n\n

Pelas raz\u00f5es acima expostas, esse projeto proporcionar\u00e1 uma significativa contribui\u00e7\u00e3o \u00e0 Hist\u00f3ria local e \u00e0 Arqueologia, em especial \u00e0 Arqueologia que trata dos s\u00edtios a partir da coloniza\u00e7\u00e3o portuguesa no Brasil e \u00e0s quest\u00f5es ligadas \u00e0 preserva\u00e7\u00e3o e promo\u00e7\u00e3o do patrim\u00f4nio arqueol\u00f3gico local.<\/p>\n\n\n\n

Proposta de utiliza\u00e7\u00e3o do material arqueol\u00f3gico<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O material arqueol\u00f3gico coletado em campo, ficar\u00e1 sob a guarda da Prefeitura Municipal de Ilhabela, atrav\u00e9s de seu Instituto Hist\u00f3rico, Geogr\u00e1fico e Arqueol\u00f3gico.<\/p>\n\n\n\n

As informa\u00e7\u00f5es produzidas pelo Projeto, bem como o material arqueol\u00f3gico coletado em campo e o s\u00edtio escavado ser\u00e3o utilizados em tr\u00eas diferentes n\u00edveis, abaixo descritos:<\/p>\n\n\n\n

1. Educa\u00e7\u00e3o:<\/strong> as informa\u00e7\u00f5es obtidas nesse estudo ser\u00e3o aproveitadas na forma\u00e7\u00e3o educacional dos estudantes do munic\u00edpio, principalmente por n\u00e3o existir, at\u00e9 hoje, qualquer material de refer\u00eancia para pesquisa escolar sobre a hist\u00f3ria e a arqueologia de Ilhabela. O trabalho com estudantes ser\u00e1 feito atrav\u00e9s de visita\u00e7\u00e3o monitorada ao s\u00edtio, durante a escava\u00e7\u00e3o e, posteriormente, nas escolas, atrav\u00e9s de palestras. Ap\u00f3s a conclus\u00e3o do projeto ser\u00e1 feita a distribui\u00e7\u00e3o de material did\u00e1tico nas escolas.<\/p>\n\n\n\n

2. Museologia:<\/strong> o material coletado deve compor o acervo de um Museu Hist\u00f3rico e Arqueol\u00f3gico de Ilhabela que a Prefeitura pretende criar, sendo um espa\u00e7o destinado a receber o acervo de pe\u00e7as arqueol\u00f3gicas coletadas durante as pesquisas do Projeto Arqueol\u00f3gico de Ilhabela.<\/p>\n\n\n\n

3. Turismo:<\/strong> pretende-se permitir a visita\u00e7\u00e3o de pessoas ao s\u00edtio em determinados dias e hor\u00e1rios visando conscientizar a comunidade da import\u00e2ncia desse tipo de trabalho. O aproveitamento tur\u00edstico do patrim\u00f4nio arqueol\u00f3gico dever\u00e1 obedecer \u00e0 legisla\u00e7\u00e3o federal de prote\u00e7\u00e3o ao patrim\u00f4nio arqueol\u00f3gico, atrav\u00e9s de propostas de interpreta\u00e7\u00e3o de s\u00edtio, com pain\u00e9is e outros meios de comunica\u00e7\u00e3o visual de forma a permitir, atrav\u00e9s de visitas monitoradas, o acesso ao conhecimento produzido pelo Projeto.<\/p>\n\n\n\n

Proposta de publica\u00e7\u00e3o dos trabalhos realizados<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A empresa financiadora do Projeto ir\u00e1 custear a publica\u00e7\u00e3o de um livro contendo o resultado das pesquisas arqueol\u00f3gicas realizadas durante o salvamento do S\u00edtio Engenho Pacu\u00edba I, contendo as informa\u00e7\u00f5es arqueol\u00f3gicas, informa\u00e7\u00f5es hist\u00f3ricas, plantas e fotografias a fim de cumprir com o estabelecido na Portaria IPHAN 07\/88. Tal publica\u00e7\u00e3o ser\u00e1 distribu\u00edda gratuitamente \u00e0s escolas do munic\u00edpio e \u00e0 comunidade arqueol\u00f3gica brasileira.<\/p>\n\n\n\n

Reda\u00e7\u00e3o Ambientebrasil<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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