{"id":2226,"date":"2009-01-13T15:24:39","date_gmt":"2009-01-13T15:24:39","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:35:08","modified_gmt":"2021-07-10T23:35:08","slug":"serra_do_mar_paranaense","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/natural\/artigos\/serra_do_mar_paranaense.html","title":{"rendered":"Serra do Mar Paranaense"},"content":{"rendered":"\n

Geomorfologia
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A Serra do Mar \u00e9 um grande sistema montanhoso que corre pela costa brasileira, desde o Esp\u00edrito Santo at\u00e9 o Sul de Santa Catarina. No Paran\u00e1 a Serra do Mar n\u00e3o \u00e9 apenas o degrau entre o litoral e o primeiro planalto do interior, mas constitui tamb\u00e9m uma serra marginal t\u00edpica que se eleva de 500 a 1.000 m sobre o n\u00edvel m\u00e9dio do planalto. \u00c9 dividida em diversos maci\u00e7os por blocos altos e baixos, os quais t\u00eam denomina\u00e7\u00f5es regionais especiais de serras.<\/p>\n\n\n\n

O primeiro bloco isolado de montanha, que se destaca mais ao norte denomina-se Serra Capivari Grande, com altitudes de 1.640 a 1.676 m. Um pouco mais ao sul fica a Serra Ibitiraquire onde ocorrem as maiores eleva\u00e7\u00f5es do estado, sendo ponto culminante o Pico Paran\u00e1 com 1.877 m., seguido do Pico Caratuva com 1.860 m.<\/p>\n\n\n\n

Atr\u00e1s de um bloco baixo da Serra S\u00e3o Jo\u00e3o e do Chap\u00e9u do Sol ressalta a Serra da Graciosa, entre a estrada hom\u00f4nima e a ferrovia, que atinge 1.472m no Alto da Graciosa e 1.453 m no bloco da M\u00e3e Catira. A partir da\u00ed a cadeia da serra perde altitude para sudoeste, revelando somente eleva\u00e7\u00f5es de 1.123 e 1.181 m na Serra da Farinha Seca.<\/p>\n\n\n\n

A Serra atinge novamente altitude elevada na Serra Marumbi, cujo cume mais alto \u00e9 o Pico do Olimpo com 1.539 m. Na Serra do Le\u00e3o o mais alto \u00e9 o Morro do Le\u00e3o com 1.564 m. Continuando para sudoeste surge a longa e entalhada Serra dos Castelhanos, que avan\u00e7a entre os vales profundos dos rios S\u00e3o Jo\u00e3o e Arraial.<\/p>\n\n\n\n

\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n

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Na Serra Ara\u00e7atuba, pr\u00f3ximo \u00e0 Santa Catarina, come\u00e7a novamente a serra marginal alta. Continua como Serra Iqueririm, sendo sua eleva\u00e7\u00e3o mais alta o Morro do Fund\u00e3o com 1.450 m. Em seguida desvia-se para sudoeste como Serra S\u00e3o Miguel (WAGNER, 1981).<\/p>\n\n\n\n

A Serra do Mar teve seu embasamento na Era Pr\u00e9-Cambriana a 4,5 bilh\u00f5es de anos. Entre os per\u00edodos Terci\u00e1rio e Cret\u00e1ceo, originaram-se diques de diab\u00e1sio e granitos alcalinos com biotita e barkevicita.<\/p>\n\n\n\n

Novas Altitudes no Paran\u00e1: At\u00e9 1940, o ponto considerado culminante do Estado do Paran\u00e1 era o Pico do Marumbi, hoje Olimpo, com aproximadamente 1.547 m, altitude determinada por Reinhard Maack atrav\u00e9s de nivelamento barom\u00e9trico. A partir do cume do Olimpo, Maack observou os picos vizinhos com seu teodolito e constatou a exist\u00eancia de acidentes geogr\u00e1ficos ainda mais elevados. Com os meios dispon\u00edveis, efetuou c\u00e1lculos que lhe permitiram obter as suas prov\u00e1veis altitudes, resultando, para o Pico Paran\u00e1, o valor de 1.930 m. Este pico veio a ser conquistado em 1941 pelos pioneiros Rudolf Stamm (1910 – 1959) e Alfred Mysing.<\/p>\n\n\n\n

Nos dias 14 e 15 de junho de 1992, tr\u00eas equipes coordenadas pelo professor Paulo C. L. Krelling, do curso de P\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o em Ci\u00eancias Geod\u00e9sicas da UFPR, desenvolveram o trabalho in\u00e9dito de determinar as altitudes precisas do Pico Paran\u00e1 e Pico do Olimpo. Esta opera\u00e7\u00e3o foi feita atrav\u00e9s do rastreamento dos sat\u00e9lites artificiais do sistema NAVSTAR – GPS no cume destas montanhas. O resultado final determinou as altitudes de 1877, 392 m para o Pico Paran\u00e1 e 1539, 361 m para o Pico do Olimpo (KRELLING, 1992).
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Flora<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A totalidade da Serra do Mar no Paran\u00e1 \u00e9 coberta por forma\u00e7\u00f5es da Floresta Ombr\u00f3fila Densa, classificadas como Floresta Ombr\u00f3fila Densa de Terras Baixas (de 5 a 50 m de altitude), Floresta Ombr\u00f3fila Densa Sub-Montana (de 50 a 500 m), Floresta Ombr\u00f3fila Densa Montana (de 500 a 1200 m) e Floresta Ombr\u00f3fila Densa Alto-Montana (de 1200 a 1400 m). Acima de 1400 m, na cumeada das montanhas, situam-se os Ref\u00fagios Ecol\u00f3gicos. Essas altitudes foram estabelecidas para localidades entre 24 \u00b0S e 32\u00b0 O no Projeto Radam Brasil.<\/p>\n\n\n\n

A Floresta Ombr\u00f3fila Densa Sub-Montana caracteriza-se por uma cobertura arb\u00f3rea densa e uniforme, bem desenvolvida, atingindo 25 a 30 m de altura. O clima tipicamente tropical mostra sua influ\u00eancia no crescimento cont\u00ednuo da vegeta\u00e7\u00e3o, assim como no interior destas florestas, bastante \u00famido e mal ventilado, rico em ep\u00edfitas e espesso manto de detritos vegetais. Encontramos esp\u00e9cies como guapuruvu, bocuva, figueira, canela-nhutinga, pinho-bravo, palmito, emba\u00faba e erva-de-macuco. O estrato herb\u00e1ceo-arbustivo \u00e9 caracterizado principalmente pelos xaxins, que em conjunto com abundantes bromeli\u00e1ceas de h\u00e1bitos terrestres e ep\u00edfitas, imprimem os aspectos mais vistosos do ambiente tropical sob influ\u00eancia atl\u00e2ntica.<\/p>\n\n\n\n

A Floresta Ombr\u00f3fila Densa Montana difere pelas declividades mais acentuadas e pelo ambiente super\u00famido provocado pela eleva\u00e7\u00e3o, resfriamento e precipita\u00e7\u00e3o das massas \u00famidas do oceano. As esp\u00e9cies de clima tropical escasseiam ou desaparecem por completo. A fam\u00edlia das leguminosas \u00e9 representada por \u00e1rvores de grande porte, com copas amplas e dominantes, n\u00e3o raro emergentes, ultrapassando os 30 m de altura. Dentre elas destacam-se o caou\u00ed e o pau-\u00f3leo tidos como as \u00e1rvores mais altas da floresta Montana. O ambiente no interior das florestas montanas assemelha-se ao dos n\u00edveis inferiores sub-montanos, notando-se, por\u00e9m a redu\u00e7\u00e3o na ocorr\u00eancia do palmito como elemento caracter\u00edstico.<\/p>\n\n\n\n

Na Floresta Ombr\u00f3fila Densa Alto-Montana os solos apresentam-se mais rasos e erodidos, impossibilitando o desenvolvimento da exuberante vegeta\u00e7\u00e3o arb\u00f3rea Montana. Nestas altitudes, sobre solos localmente favorecidos, observa-se o avan\u00e7o de esp\u00e9cies caracter\u00edsticas da forma\u00e7\u00e3o Montana, mostrando por\u00e9m desenvolvimento reduzido. Nestas condi\u00e7\u00f5es observamos o guaraper\u00ea ou guaper\u00ea, o ip\u00ea-amarelo ou ip\u00ea-da-serra, o carvalho-brasileiro, a caroba, o cuvat\u00e3, o miguel-pintado e a carne-de-vaca, entre outras. Os limites superiores s\u00e3o n\u00edtidos, atingindo altitudes at\u00e9 1400-1500 m, quando a fisionomia caracter\u00edstica dos campos de altitude determina o contato Floresta Ombr\u00f3fila Densa Alto Montana \/ Ref\u00fagio Ecol\u00f3gico.<\/p>\n\n\n\n

Os Ref\u00fagios Ecol\u00f3gicos se constituem de grupamentos vegetais que imprimem a uma \u00e1rea ambientes dissonantes ao reflexo normal da vegeta\u00e7\u00e3o regional. Enquadra-se nesta classifica\u00e7\u00e3o os campos de altitude ou regi\u00f5es altas das serras e a vegeta\u00e7\u00e3o rupestre, t\u00edpica de paredes rochosas. Os solos rasos ou incipientes n\u00e3o permitem o desenvolvimento de vegeta\u00e7\u00e3o arb\u00f3rea, restringindo-se, portanto a forma\u00e7\u00f5es gramin\u00f3ide-arbustivas, entremeadas por ervas e arbustos. Comumente observa-se tamb\u00e9m a domin\u00e2ncia localizada da caratuva (Chusquea pinnifolia), esp\u00e9cie de bambu-an\u00e3o. Entre as orqu\u00eddeas destacam-se os belos exemplares vermelhos de Sophronites coccinea (ITCF,1987).<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 a cobertura vegetal da Serra do Mar que assegura a firmeza do solo, mant\u00e9m o ritmo das chuvas e garante a sobreviv\u00eancia dos mananciais que abastecem Curitiba. A maior quantidade de \u00e1gua armazenada na serra flui em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 bacia do Rio Paran\u00e1, a oeste. Uma parcela menor dirige-se para a plan\u00edcie litor\u00e2nea, formando rios como o Nhundiaquara, Ipiranga, Cubat\u00e3o, Arraial, Guaratubinha e S\u00e3o Jo\u00e3o. (WAGNER, 1981).
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Fauna <\/strong><\/p>\n\n\n\n

A Serra do Mar \u00e9 um importante bioma local, onde se encontra o maior \u00edndice de esp\u00e9cies residentes do Estado. Mesmo considerando-se a falta de dados pertinentes, a diversidade de topografia, solos, vegeta\u00e7\u00e3o e ainda, a alta porcentagem da cobertura vegetal primitiva, n\u00e3o deixam d\u00favidas de que a fauna nativa ainda presente, \u00e9 altamente rica e diversificada. (ITCF, 1987).<\/p>\n\n\n\n

Existem tamb\u00e9m esp\u00e9cies raras cujas densidades populacionais s\u00e3o baixas, quer por causas naturais, quer por a\u00e7\u00e3o antr\u00f3pica. Muitas destas esp\u00e9cies, por serem ou se tornarem mais vulner\u00e1veis, encontram-se hoje amea\u00e7adas de extin\u00e7\u00e3o, constando como tal em listagens oficiais como a do RED DATA BOOK, do CITES ou do IBAMA.<\/p>\n\n\n\n

A Serra do Mar paranaense \u00e9 o ref\u00fagio de quatis, iraras, fur\u00f5es, ouri\u00e7os, cu\u00edcas, tatus; macacos, como o bugio e macaco-prego; felinos, como on\u00e7a-pintada, su\u00e7uarana, jaguatirica, gato-do-mato e gato-mourisco. Abriga tamb\u00e9m diversas esp\u00e9cies de aves como gavi\u00f5es, jandaias, juritis, sa\u00edras, pica-paus, macucos, jacus e tucanos.<\/p>\n\n\n\n

Remanescentes da Floresta Atl\u00e2ntica<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A Floresta Ombr\u00f3fila Densa, que cobria 1,3 milh\u00f5es de quil\u00f4metros quadrados da costa brasileira, est\u00e1 reduzida hoje a pouco mais de 152 mil (CIMA, 1991). O maior conjunto de remanescentes da Floresta Atl\u00e2ntica se estende na Serra do Mar, do Esp\u00edrito Santo \u00e0 Santa Catarina, sendo que o Estado do Paran\u00e1 det\u00e9m a maior \u00e1rea, 12% do total (IUCN, 1991).<\/p>\n\n\n\n

Na \u00e9poca do descobrimento do Brasil, a \u00e1rea florestada do Paran\u00e1 (Fl. Ombr\u00f3fila Densa, Fl. Ombr\u00f3fila Mista e Fl. Estacional Semidecidual) correspondia \u00e0 cerca de 16.782.000 ha, 84,5 % da \u00e1rea total do estado. Atualmente a \u00e1rea de remanescentes corresponde a 1.503.098 ha, ou seja, 7,59% da \u00e1rea total (Funda\u00e7\u00e3o SOS Mata Atl\u00e2ntica-INPE, 1993).<\/p>\n\n\n\n

\u00c1reas Protegidas no Paran\u00e1<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A Serra do Mar foi colocada sob prote\u00e7\u00e3o p\u00fablica em 1952. O ato considerou que esta mata \u00e9 vital para a cidade de Curitiba e regi\u00e3o metropolitana, que n\u00e3o podem viver sem a \u00e1gua da Serra do Mar. Da mesma forma, sua conserva\u00e7\u00e3o \u00e9 de absoluta necessidade para as ba\u00edas de Paranagu\u00e1 e Guaratuba, que de outra forma sofreriam r\u00e1pido processo de assoreamento (WAGNER, 1981).<\/p>\n\n\n\n

Em 1978, por ocasi\u00e3o do Congresso Pr\u00f3-Implanta\u00e7\u00e3o do Parque Marumbi, o Governador do Estado, atrav\u00e9s dos Decretos n\u00ba 5.589, 5.590, 5.591 e 5.592, criou os Parques Estaduais do Marumbi I e II.<\/p>\n\n\n\n

O Tombamento da Serra do Mar se deu em 25 de julho de 1986, com superf\u00edcie aproximada de 386.000 ha. A \u00c1rea Especial de Interesse Tur\u00edstico do Marumbi (AEIT-Marumbi) foi criada e regulamentada pela Lei n\u00ba 7.919, de 22 de outubro de 1984 e Decreto n\u00ba 5.308 de 18 de abril de 1985. \u00c9 baseada em Legisla\u00e7\u00e3o Federal, lei n\u00ba 6.513\/77, que disp\u00f5e sobre a cria\u00e7\u00e3o de \u00e1reas especiais e de locais de interesse tur\u00edstico. Sua superf\u00edcie abrange parte dos munic\u00edpios de Campina Grande do Sul, Antonina, Morretes, S\u00e3o Jos\u00e9 dos Pinhais, Piraquara e Quatro Barras num total de 66.732,99 hectares. Dentro do per\u00edmetro da AEIT-Marumbi se localizam os seguintes Parques Estaduais (P. E’s): P.E. Agudo da Cotia com 1.009 ha, P. E. M\u00e3e Catira com 1.500 ha, P.E. Serra da Graciosa com 1.189 ha, P. E. Pico do Marumbi com 2.342 ha, P. E. Mananciais da Serra com 2.340 ha e P.E. do Pau Oco com 1.700 ha.<\/p>\n\n\n\n

COSMO – Corpo de Socorro em Montanha (http:\/\/www.cosmo.org.br)<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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