{"id":222,"date":"2009-02-20T15:57:11","date_gmt":"2009-02-20T15:57:11","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:16:00","modified_gmt":"2021-07-10T23:16:00","slug":"bacia_do_sao_francisco","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agua\/locais_de_pesca\/bacia_do_sao_francisco.html","title":{"rendered":"Bacia do S\u00e3o Francisco"},"content":{"rendered":"\n
A bacia do rio S\u00e3o Francisco \u00e9 a terceira bacia hidrogr\u00e1fica do Brasil e a \u00fanica totalmente brasileira. Drena uma \u00e1rea de 640.000km2 e ocupa 8% do territ\u00f3rio nacional. Cerca de 83% da bacia encontra-se nos Estados de Minas Gerais e Bahia, 16% em Pernambuco, Sergipe e Alagoas e 1% em Goi\u00e1s e Distrito Federal. Entre as cabeceiras, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e a foz, no oceano Atl\u00e2ntico, localizada entre os Estados de Sergipe e Alagoas, o rio S\u00e3o Francisco percorre cerca de 2.700km. Sua calha est\u00e1 situada na depress\u00e3o s\u00e3o-franciscana, entre os terrenos cristalinos a leste (serra do Espinha\u00e7o, Chapada Diamantina e Planalto Nordeste) e os planaltos sedimentares do Espig\u00e3o Mestre a oeste, conferindo diferen\u00e7as quanto aos tipos de \u00e1guas dos afluentes. Os rios da margem direita, que nascem nos terrenos cristalinos, possuem \u00e1guas mais claras, enquanto os da margem esquerda, terrenos sedimentares, s\u00e3o mais barrentos.<\/p>\n\n\n\n
O rio S\u00e3o Francisco tem 36 tribut\u00e1rios de porte significativo, dos quais apenas 19 s\u00e3o perenes. Os principais contribuintes s\u00e3o os da margem esquerda, rios Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Corrente e Grande, que fornecem cerca de 70% das \u00e1guas em um percurso de apenas 700km. Na margem direita, os principais tribut\u00e1rios s\u00e3o os rios Paraopeba, das Velhas, Jequita\u00ed e Verde Grande. A bacia do S\u00e3o Francisco \u00e9 dividida em quatro regi\u00f5es: Alto S\u00e3o Francisco, das nascentes at\u00e9 Pirapora-MG; M\u00e9dio S\u00e3o Francisco, entre Pirapora e Remanso-BA; Subm\u00e9dio S\u00e3o Francisco, de Remanso at\u00e9 a Cachoeira de Paulo Afonso; e, Baixo S\u00e3o Francisco, de Paulo Afonso at\u00e9 a foz no oceano Atl\u00e2ntico.<\/p>\n\n\n\n
Desde as nascentes e ao longo de seus rios, a bacia do S\u00e3o Francisco vem sofrendo degrada\u00e7\u00f5es com s\u00e9rios impactos sobre as \u00e1guas e, consequentemente, sobre os peixes. A maioria dos povoados n\u00e3o possui nenhum tratamento de esgotos dom\u00e9sticos e industriais, lan\u00e7ando-os diretamente nos rios. Os despejos de garimpos, mineradoras e ind\u00fastrias aumentam a carga de metais pesados, incluindo o merc\u00fario, em n\u00edveis acima do permitido. Na cabeceira principal do rio S\u00e3o Francisco, o maior problema \u00e9 o desmatamento para produ\u00e7\u00e3o de carv\u00e3o vegetal utilizado pela ind\u00fastria sider\u00fagica de Belo Horizonte, o que tem reduzido as matas ciliares a 4% da \u00e1rea original. O uso intensivo de fertilizantes e defensivos agr\u00edcolas tamb\u00e9m tem contribu\u00eddo para a polui\u00e7\u00e3o das \u00e1guas. Al\u00e9m disso, os garimpos, a irriga\u00e7\u00e3o e as barragens hidrel\u00e9tricas s\u00e3o respons\u00e1veis pelo desvio do leito dos rios, redu\u00e7\u00e3o da vaz\u00e3o, altera\u00e7\u00e3o da intensidade e \u00e9poca das enchentes, transforma\u00e7\u00e3o de rios em lagos etc. com impactos diretos sobre os recursos pesqueiros.<\/p>\n\n\n\n
As barragens hidrel\u00e9tricas e para irriga\u00e7\u00e3o transformaram o rio S\u00e3o Francisco e alguns de seus tribut\u00e1rios. Atualmente, o rio S\u00e3o Francisco possui apenas dois trechos de \u00e1guas correntes: 1.100km entre as barragens de Tr\u00eas Marias e Sobradinho, com v\u00e1rios tribut\u00e1rios de grande porte e in\u00fameras lagoas marginais; e 280km da barragem de Sobradinho at\u00e9 a entrada do reservat\u00f3rio de Itaparica. Da\u00ed para baixo, transforma-se em uma cascata de reservat\u00f3rios da Companhia Hidrel\u00e9trica do S\u00e3o Francisco-CHESF (Itaparica, Complexo Moxot\u00f3 com Paulo Afonso I, II, III, IV e Xing\u00f3). Estes dois trechos e os grandes tribut\u00e1rios, onde existem as lagoas marginais, ainda permitem a exist\u00eancia de esp\u00e9cies de peixes migradores, importantes para as pescarias comerciais e esportivas.<\/p>\n\n\n\n
J\u00e1 foram identificadas 152 esp\u00e9cies de peixes nativos da bacia. Entre as esp\u00e9cies nativas mais importantes nos rios e lagoas naturais da bacia destacam-se as migradoras, curimat\u00e3-pacu (Prochilodus marggravii), dourado (Salminus brasiliensis), surubim (Pseudoplatystoma corruscans), matrinx\u00e3 (Brycon lundii), mandi-amarelo (Pimelodus maculatus), mandi-a\u00e7u (Duopalatinus emarginatus), pir\u00e1 (Conostome conirostris) e piau-verdadeiro (Leporinus elongatus), e as sedent\u00e1rias, pacam\u00e3o (Lophiosilurus alexandri), piau-branco (Schizodon knerii), tra\u00edra (Hoplias malabaricus), corvinas (Pachyurus francisci e P. squamipinnis), piranha-vermelha (Pygocentrus nattereri) e piranha-preta (Serrasalmus piraya). Muitos g\u00eaneros de peixes encontrados na bacia do S\u00e3o Francisco s\u00e3o comuns \u00e0s bacias amaz\u00f4nica e do Prata. O dourado \u00e9 um pouco maior que a esp\u00e9cie da bacia do Prata, alcan\u00e7ando 30kg e 1,50m de comprimento. Os pintados s\u00e3o famosos pelo tamanho que atingem, mais de 100kg, embora peixes desse porte n\u00e3o sejam muito comuns.<\/p>\n\n\n\n
Vale ressaltar que muitas esp\u00e9cies de outras bacias hidrogr\u00e1ficas, ou mesmo esp\u00e9cies ex\u00f3ticas, j\u00e1 foram introduzidas na bacia, quando do povoamento de seus reservat\u00f3rios e a\u00e7udes. Entre elas, encontram-se os tucunar\u00e9s (Cichla spp.), introduzidos nos reservat\u00f3rios de Tr\u00eas Marias e Itaparica, em 1982 e 1989, respectivamente, mostrando aumento acentuado de ano para ano; a pescada (Plagioscion sp.), introduzida em Sobradinho pelo DNOCS no final da d\u00e9cada de 70 e, posteriormente, tamb\u00e9m em Itaparica, com abund\u00e2ncia crescente com o passar dos anos, al\u00e9m de diversas outras esp\u00e9cies introduzidas no sistema a partir de experimentos de cultivo como carpas, til\u00e1pias, tambaqui (Colossoma macropomum), pacu-caranha (Piaractus mesopotamicus), apaiari (Astronotus ocellatus) e o bagre-africano (Clarias lazera).<\/p>\n\n\n\n
Apesar dos s\u00e9rios problemas ambientais que se observam na bacia do S\u00e3o Francisco, algumas \u00e1reas ainda oferecem condi\u00e7\u00f5es para uma boa pescaria. Dourados, surubins, matrinx\u00e3s, piaparas, curvinas, tra\u00edras, mandis, pir\u00e1 (um bagre end\u00eamico da bacia), tucunar\u00e9s (introduzidos em alguns reservat\u00f3rios e no baixo S\u00e3o Francisco), e outras esp\u00e9cies introduzidas e bem sucedidas podem ser capturadas em suas \u00e1guas, freq\u00fcentadas principalmente por pescadores de Minas Gerais, S\u00e3o Paulo, Goi\u00e1s e Distrito Federal. <\/p>\n\n\n\n
Fonte: PNDPA<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" J\u00e1 foram identificadas 152 esp\u00e9cies de peixes nativos da bacia. Entre as esp\u00e9cies nativas mais importantes nos rios e lagoas naturais da bacia destacam-se as migradoras, curimat\u00e3-pacu (Prochilodus marggravii), dourado (Salminus brasiliensis), surubim (Pseudoplatystoma corruscans), matrinx\u00e3 (Brycon lundii), mandi-amarelo (Pimelodus maculatus), mandi-a\u00e7u (Duopalatinus emarginatus), pir\u00e1 (Conostome conirostris) e piau-verdadeiro (Leporinus elongatus). <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1389],"tags":[287,250,281],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/222"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=222"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/222\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":4836,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/222\/revisions\/4836"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=222"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=222"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=222"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}